PETRÓLEO (ECONOMIA E POLÍTICA)

PETRÓLEO
PETRÓLEO BRUTO
GLP (GÁS DE COZINHA)
ÓLEO DIESEL
GASOLINA
QUEROSENE
BETUME


INTRODUÇÃO

O petróleo é uma valiosa mistura bruta e inflamável de substâncias orgânicas e oleosas obtidas a partir da extração em camadas inferiores do solo continental ou a partir de camadas inferiores de rochas abaixo dos leitos dos mares e oceanos, geralmente menos densa que a água, com cheiro característico e coloração que pode variar desde o incolor ou castanho claro até o preto, passando por verde e marrom, dependendo de cada caso.


Ele é o resultado natural da decomposição de matéria orgânica (restos de animais e vegetais mortos há milênios ou milhões de anos atrás) depositada naturalmente no subsolo continental ou em camadas de rochas abaixo dos leitos dos oceanos e mares. Essa camada foi se formando, gradativamente, lentamente, por milênios ou milhões de anos, dependendo de cada caso e dependendo da fonte consultada.


A partir do moderno processo industrial de refinamento do petróleo se obtêm substâncias valiosas e lucrativas, como, por exemplo, o óleo diesel, a gasolina, o GLP – Gás Liquefeito de Petróleo ou gás de cozinha, o querosene e os plásticos em geral, dentre outros produtos úteis.


Trata-se de uma combinação complexa de hidrocarbonetos composta, na sua maioria, de hidrocarbonetos alifáticos, alicíclicos e aromáticos, podendo conter também quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons metálicos, principalmente de níquel e vanádio. Esta categoria inclui petróleos leves, médios e pesados, assim como os óleos extraídos de areias impregnadas de alcatrão.


Materiais hidrocarbonatados, que requerem grandes alterações químicas para a sua recuperação ou conversão em matérias-primas para a refinação do petróleo, tais como petróleos de xisto crus, óleos de xisto enriquecidos e combustíveis líquidos de hulha, não se incluem nessa definição.


A palavra petróleo teve origem na palavra em latim petroleum, que, por sua vez, teve origem nas palavras petrus = pedra e oleum = óleo, e nas palavras em grego πετρέλαιον, petrélaion, "óleo da pedra", do grego antigo πέτρα (petra), pedra + έλαιον (elaion) azeite, qualquer substância oleosa, no sentido de óleo bruto inflamável.


O processo de fraturamento hidráulico (em inglês, fracking) possibilita explorar combustíveis não convencionais, como o gás de xisto. Com o uso desse mesmo método, campos de petróleo e gás natural, antes tidos como esgotados por serem inacessíveis aos métodos de extração convencionais, podem voltar a ser plenamente produtivos.


A petrologia é o estudo científico das rochas em geral, sua composição mineral, textura, ocorrência e origem. Já a indústria petroquímica é aquele tipo de indústria que está diretamente relacionada com a produção de petróleo e seus derivados.


Até o momento, não há nenhuma evidência da existência de petróleo em outros planetas do sistema solar.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O petróleo é um recurso natural valioso e abundante no planeta em que vivemos, porém sua prospecção e mineração ou extração envolvem elevados custos e complexidade técnica, além do seu consumo pelo ser humano, ao longo das décadas, resultar em um impacto ambiental há muito tempo discutido na sociedade e nos meios científicos e acadêmicos.


Apesar disso, ele é, atualmente, a principal fonte de energia (a palavra energia, utilizada aqui, está num contexto mais amplo, não significando apenas energia elétrica), servindo também como base para fabricação dos mais variados produtos, dentre os quais destacam-se o óleo diesel, a gasolina, o gás de cozinha, o querosene, o alcatrão, a benzina, os polímeros plásticos e até mesmo medicamentos.


Por outro lado, o petróleo e o seu primo natural mais próximo, o gás natural, já foram e, infelizmente, ainda são a causa de inúmeras guerras e guerrilhas, principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, principalmente em países de democracia mais frágil ou inexistente.


Atualmente, ele é a principal ou uma das principais fontes de renda de muitos países, sobretudo nos países do Oriente Médio, a maioria deles altamente dependente da riqueza gerada pela comercialização do petróleo e seus derivados.


Além de gerar o óleo diesel, a gasolina e o querosene, que servem de combustível para grande parte dos caminhões, automóveis e aeronaves que circulam no mundo, vários outros produtos são derivados do petróleo como, por exemplo, a parafina; o GLP, que é o gás liquefeito de petróleo, conhecido também como gás de cozinha; os produtos asfálticos, utilizados na pavimentação de rodovias, avenidas, ruas e pistas de pouso de aeronaves; a nafta petroquímica, os polímeros ou plásticos, a maioria deles; os solventes; e os óleos lubrificantes, utilizados na lubrificação de motores a combustão interna, comuns em caminhões e automóveis.


Basicamente, de forma resumida, a perfuração de depósitos subterrâneos para extração de petróleo é realizada por meio de estruturas metálicas que utilizam brocas rotativas com arestas de corte feitas com diamante industrial. A grosso modo, apenas para exemplificar e tornar didático o assunto, esse trabalho de perfuração de depósitos de petróleo lembra vagamente, pelo menos em parte, a perfuração de um poço semiprofundo ou um poço artesiano de água, mas com uma complexidade e nível tecnológico muito maior, é claro.


A broca de perfuração é fixada na extremidade de uma tubulação, posicionada verticalmente, que, por sua vez, vai ganhando novas peças tubulares, na medida em a perfuração vai sendo aprofundada. Essa mesma tubulação recebe, internamente, uma substância apelidada de “lama”, composta por barrilha, sal grosso, soda cáustica, amido e detergentes, principalmente para manter a temperatura da própria tubulação e da broca sob controle, lembrando que materiais que sofrem fricção contínua ou atrito contínuo, de qualquer tipo, tendem a se aquecer.


Durante o processo de perfuração, as paredes do poço de petróleo recebem um revestimento para evitar eventuais desmoronamentos da própria perfuração. Quando a perfuração é concluída, a própria pressão a que está submetido o depósito natural de petróleo é responsável por enviar o petróleo para cima, que jorra de forma análoga a um poço artesiano de água.


HISTÓRIA DO PETRÓLEO


NA ANTIGUIDADE

Os registros históricos da utilização do petróleo remontam a cerca de 5.000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, devido a exsudações e afloramentos frequentes no Oriente Médio, principalmente. Por exemplo, o betume já era conhecido e utilizado na região de Hit, no vale do Eufrates, onde hoje está localizado o Iraque.


Mais tarde, pelo menos 1.000 anos depois, os povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e da Judeia já utilizavam o betume para pavimentação de estradas, calafetação de grandes construções, assentamento de tijolos, aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes, impermeabilizantes de obras de construção civil e até laxativo.


Os chineses já perfuravam poços, usando hastes de bambu, no mínimo em 347 a.C.. Cerca de 200 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, foi encontrado petróleo durante as escavações de poços de sal na China. Heródoto, por exemplo, citou processos de obtenção do petróleo e do betume no Oriente Médio, no século V a.C..


O historiador Amiano Marcelino, do período final do Império Romano, mencionou o óleo da Media, usado em flechas incendiárias, e que não era apagado com água, apenas com areia; um outro óleo, mais viscoso, era produzido na Pérsia, e chamado na língua persa de nafta. No início da era cristã, os árabes davam ao petróleo fins bélicos e de iluminação de ambientes e ruas. O petróleo de Bacu, no Azerbaijão, por exemplo, já era produzido em escala comercial, para os padrões da época, quando Marco Polo viajou pelo norte da Pérsia, em 1271.


A INDÚSTRIA PETROLÍFERA

A moderna indústria petrolífera data de meados do século XIX, com os primeiros processos de refinamento de petróleo ocorridos nesse século. Em 1850, James Young, na Escócia, descobriu que o petróleo podia ser extraído do carvão e xisto betuminoso, e criou processos de refinação. Até então, os navios eram movidos a vela ou por motores a vapor e os trens eram movidos por motores a vapor.


O primeiro poço de petróleo moderno foi perfurado em Bibiheybət ou Bibi-Heybat, próximo a Bacu, no Azerbaijão, no ano de 1846. O Azerbaijão foi o maior produtor de petróleo no século XIX e no final desse século sua produção era de mais da metade da produção mundial. O primeiro poço comercial da Romênia foi perfurado em 1857.


O primeiro poço nas Américas foi perfurado no Canadá, em 1858. Em agosto de 1859 o norte-americano Edwin Laurentine Drake perfurou o primeiro poço nos Estados Unidos para a procura do petróleo, a uma profundidade de 21 metros, no estado da Pensilvânia. O poço revelou-se produtor e a data passou a ser considerada, pelos norte-americanos, a do nascimento da moderna indústria petrolífera. A produção de petróleo, conhecido também como óleo cru, nos Estados Unidos, de 2.000 barris em 1859, aumentou para aproximadamente 3.000.000 de barris em 1863 e para 10.000.000 de barris em 1874.


NO ORIENTE MÉDIO

É impossível falar em petróleo e não falar em Oriente Médio, essa região ainda é a mais influente no mercado internacional de petróleo. A história da exploração petrolífera no Oriente Médio nasceu da rivalidade entre a Grã-Bretanha e o Império Russo. O barão britânico e francês Paul Julius Reuter (fundador da Reuters) negociava acordos industriais e de mineração com a Pérsia desde 1872, renovados em 1889, que previam a exploração de petróleo na região, de maneira a neutralizar os interesses russos. Uma vez que o regime czarista russo temia a aproximação britânica da sua fronteira sul, as suas pressões diplomáticas levaram à anulação temporária desses acordos.


No entanto, algum tempo depois, as negociações com Teerã foram retomadas por William Knox d'Arcy. Uma vez que o Xá (um dos líderes governamentais árabes da época) necessitava de recursos financeiros, acabou sendo assinado um novo contrato nesse sentido, em 1901, pois somente alguns países europeus, asiáticos e norte-americanos dominavam a tecnologia de extração e refinamento de petróleo.


Pelos seus termos, mediante o pagamento de £ 20 mil (libras esterlinas, a moeda britânica), em dinheiro, à vista, idêntico montante em ações e uma porcentagem de 16% sobre os eventuais lucros da extração do petróleo, era garantida a concessão da exploração por 60 anos, sobre dois terços do território do país.


Para explorá-la, William Knox d'Arcy contratou o engenheiro George Reynolds, que priorizou uma região continental (de terra firme) entre a Pérsia (atual Irã) e a Mesopotâmia (atual Iraque), a cerca de 500 quilômetros do Golfo Pérsico, que, por sua vez, é uma extensão do Mar da Arábia, que, por sua vez, é parte do Oceano Índico.


A primeira perfuração iniciou-se em 1902, sob temperaturas de até 50° Celsius à sombra, numa área desértica e inóspita, habitada por tribos nômades hostis. Finalmente, em 1904, uma das perfurações começou a produzir, demonstrando, mesmo em quantidade insuficiente, a existência de petróleo na região.


Porém, os problemas da empreitada eram financeiros, uma vez que a estimativa inicial de investimento para a perfuração de dois poços havia sido de cerca de £ 10 mil (libras) e, em quatro anos de trabalho, William Knox d'Arcy já havia investido £ 200 mil (libras). Necessitando de mais capital, d'Arcy negociou com a Burmah Oil Company, de Glasgow, na Escócia, a quem cedeu parte das suas ações no negócio.


De comum acordo foi escolhida uma nova zona de prospecção: a chamada "planície do óleo", a sudoeste de Teerã, perto do Xatalárabe. Novamente os gastos mostraram-se pesados, pois foi necessário abrir uma estrada e o transporte de 40 toneladas de equipamentos e materiais para que se começasse a perfurar, em 1908.


Insatisfeita com a falta de resultados mais imediatos, a Burmah Oil determinou que George Reynolds abandonasse as perfurações. Entretanto, ele insistiu na empreitada e o petróleo jorrou em Masjed Soleiman. De acordo com a lenda, Reynolds enviou um telegrama à empresa: "Ver Salmo 104, versículo 15, terceiro parágrafo".


Para custear os pesados investimentos necessários à exploração, transporte e refino do produto, a Burmah Oil fundou em 1909 a Anglo-Persian Oil Company, conhecida atualmente como BP – British Petroleum, cujas ações dispararam na época. Foi construído um oleoduto de 225 quilômetros e instalada uma refinaria em Abadã, próximo à fronteira com o Iraque.


Entretanto, as dificuldades financeiras retornaram em 1912, quando a companhia esgotou o seu capital de giro. Impunha-se uma fusão com a sua rival, a anglo-holandesa Royal Dutch Shell que, na época, dominava o mercado. Entretanto, para o governo britânico o controle sobre o fornecimento de petróleo era estratégico, inclusive porque os programas navais de sua Royal Navy ou Marinha Real Britânica, para 1912, 1913 e 1914, estabelecidos para confrontar o Império Alemão, dependiam da construção de navios movidos a óleo, e não mais a carvão.


Ao mesmo tempo, no Iraque, a Turkish Petroleum Company, fundada em 1912 por iniciativa da Royal Dutch Shell e do Deutsche Bank, cada um com 50% das ações, em colaboração com o armênio Calouste Gulbenkian, manifestava interesse no negócio. Nesse cenário, alguns dias antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, o então jovem parlamentar Winston Churchill colocou em votação na Câmara dos Comuns a proposta de nacionalização da Anglo-Persian, através da qual o governo britânico adquiria 50% das ações da companhia pelo montante de £ 2,2 milhões (libras).


Em seguida, os britânicos se esforçaram para obter a fusão da Turkish Petroleum Company com a Anglo-Persian. Ainda em 1914, o novo consórcio passou a ser controlado em 50% pelos ingleses, ficando a Shell e o Deutsche Bank com 25% cada um; 5% dos lucros eram destinados a Gulbenkian, que passou a ser conhecido desde então como o "Senhor 5%".


Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, a cooperação anglo-germânica (britânica e alemã) para a exploração petrolífera na região foi anulada, pois, como o próprio nome diz, o Deutsche Bank era (e é) alemão. Alguns anos depois, com a rendição alemã e o desmembramento do Império Otomano, as potências vencedoras e/ou aliadas passaram a controlar a extração de petróleo na região.


O primeiro-ministro britânico Lloyd George e o presidente do Conselho francês Alexandre Millerand firmaram o acordo de San Remo, através do qual o instrumento do desenvolvimento petrolífero ficou sendo a Turkish Petroleum Company; os franceses receberam a parte alemã da companhia, que havia sido sequestrada pelos britânicos durante a guerra.


Em troca, os franceses renunciaram às suas pretensões territoriais sobre a região de Mossul, no norte do Iraque, conhecida anteriormente como Nínive. A Grã-Bretanha, por sua vez, declarou que qualquer companhia privada que explorasse jazidas de petróleo na região ficaria sob o seu controle. O acordo de San Remo representou um duro golpe para os Estados Unidos, que, diante da hegemonia britânica, passaram a demonstrar preocupação com o seu abastecimento. Um acordo entre ambas as nações só foi firmado mais adiante, alguns anos depois, em 1925.


Enquanto isso, Faiçal I, o rei do Iraque, confirmou oficialmente a concessão celebrada em 1912, permitindo o início da prospecção em seu país. Observe atentamente aqui que, na época, as nações árabes precisavam e confiavam no capital e na tecnologia europeia e norte-americana para a exploração de seus recursos naturais. A solução adotada por elas era permitir, por meio de concessão, que as nações ocidentais explorassem seu território, em troca, naturalmente, de royalties e/ou participações nos lucros dessa exploração, já que a Rússia, já naquela época, não era confiável…


Finalmente, em 1927, perto de Quircuque, ecoou um imenso estrondo, sucedido por um jorro de petróleo de 15 metros acima da torre. Para explorá-lo, foi assinado um contrato, em 1928, no hotel das Termas de Ostrende, nos Países Baixos, conhecidos também como Holanda.


Pelos seus termos, estabelecia-se a Iraq Petroleum Company, em substituição à Turkish Petroleum Company, cujo capital foi repartido entre a britânica Anglo-Persian (23,75%), a Companhia Francesa de Petróleos (23,75%), uma sociedade estadunidense (Gulf, Texaco, Exxon e Mobil, com 23,75%) e os 5% de Gulbenkian.


Reunidos, os representantes dessas companhias traçaram uma linha vermelha em torno do território do antigo Império Otomano, onde apenas a Pérsia e o Kuwait foram excluídos. No interior dessa zona, todas as operações petrolíferas deveriam ser desenvolvidas em colaboração entre elas, e apenas entre elas.


De acordo com os relatórios dos geólogos da época, a Arábia parecia "desprovida de qualquer perspectiva de petróleo" e a prospecção ali deveria "ser classificada na categoria do puro jogo". Era um equívoco, pois o fato do petróleo ocorrer em abundância no Irã e no Iraque indicava que o mesmo poderia ocorrer na Arábia (região que abrange, atualmente, Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Omã e Kuwait), uma região próxima, levando a que o neozelandês Frank Holmes, com experiência em extração de petróleo na África do Sul e em Aden, no Iémen, se estabelecesse na pequena ilha de Bahrein. Holmes obteve do xeque ou sheik local, o líder governamental da época, uma concessão para a prospecção de petróleo, em 1925.


Em 1926, com seus recursos esgotados, Frank Holmes propôs vender a sua concessão aos britânicos, mas foi rechaçado, uma vez que, mesmo duvidando da presença de óleo na região, percebiam-no como um intruso. Holmes então dirigiu-se a Nova York, nos Estados Unidos, e propôs a venda da sua concessão aos estadunidenses, adquirida pela Gulf Oil em 1927.


Essa companhia, entretanto, tornou-se parte da Iraq Petroleum Company em 1928. Como esta era signatária do acordo da Linha Vermelha, tornava-se impossível para a Gulf Oil operar sozinha no Bahrein. Desse modo, revendeu as suas ações à SOCAL – Standard Oil of California, ex-Standard Oil Company, que havia ratificado o acordo.


Essa operação irritou os britânicos, que não admitiam que os estadunidenses se instalassem no Oriente Médio. Sob a influência britânica, os xeques ou sheiks não podiam agir por conta própria. Uma cláusula de nacionalidade britânica era exigida para explorar o petróleo. Para contornar o impedimento, a SOCAL – Standard Oil of California estabeleceu uma filial no Canadá, um território britânico, na época.


Curiosamente, um ano mais tarde, convencidos de que não havia petróleo em Bahrein, os britânicos acabaram concordando. As perfurações iniciaram-se, desse modo, em 1931 e em 1932 uma jazida de petróleo foi descoberta no local, vindo a inverter o equilíbrio regional e mundial, e criando uma situação que dura até aos dias de hoje.


Na Arábia Saudita, um dos países formadores da península arábica, em 1933, o rei Ibn Saud, concedeu à SOCAL – Standard Oil of California o direito de exploração do petróleo de seu país por 60 anos, mediante um pagamento de 35.000 peças de ouro. Curiosamente, o articulador do acordo foi Saint John Philby, antigo funcionário britânico do Império das Índias, que, na época, era conselheiro de Ibn Saud.


Derrotados na Arábia Saudita, os britânicos associaram-se aos estadunidenses, um ano e meio mais tarde, em partes iguais, no Kuwait, a última zona de prospecção disponível na região. As seis primeiras perfurações foram infrutíferas até que, em 1938, vastas reservas foram descobertas no Kuwait.


PÓS SEGUNDA GUERRA

Após a Segunda Guerra Mundial, terminada em 1945, o movimento pela descolonização dos territórios / países em geral foi seguido pelo direito das nações disporem livremente dos próprios recursos naturais. Nesse contexto, os países do Oriente Médio passaram a manifestar o desejo de libertar-se da influência das companhias petrolíferas ocidentais, inclusive com revoltas populares.


Porém, por outro lado, nem sempre essas revoltas populares trouxeram um resultado prático de estabilidade política e econômica, pelo contrário, uma parte delas piorou ainda mais as coisas por lá, tornando parte desses países ainda mais instáveis:


O “BENDITO” PETRÓLEO E AS GUERRAS NO ORIENTE MÉDIO

PERÍODO

ACONTECIMENTO

1966-1970

Guerra civil no Iêmen

1974

Revolta civil no Iraque, pelos Curdos

1979-1980

Revolta xiita no Iraque, “contida” por Saddam Hussein, com assassinatos, prisões e torturas

1979

Revolução Iraniana, com a expulsão do xá Pahlavi para o Egito e a imposição, à força, de um regime governamental religioso radical pelo aiatolá Khomeini

1979

Tentativa de golpe na Arábia Saudita, contra a família real, evento conhecido como Grand Mosque Seizure

1979

Invasão do Afeganistão pela União Soviética

1981

Assassinato do então presidente do Egito, Anuar Sadat, por grupos terroristas islâmicos, logo após ele firmar um acordo de paz com Israel

1980-1988

Guerra Irã versus Iraque, iniciada com a invasão iraquiana de território iraniano, pelo ditador Saddam Hussein

1988

Atentado contra o jato comercial da Pan Am, com explosão sobre a Escócia, no Reino Unido, segundo investigações tramada por organizações terroristas protegidas pela Líbia, governada pelo então  ditador Muammar Kadafi

1990-1991

Invasão do Kuwait por Saddam Hussein, com a fuga da família real kuwaitiana para a Arábia Saudita e intervenção militar dos Estados Unidos e aliados, conhecida como Guerra do Golfo

1991

Revolta curda no Iraque, com a criação de uma zona de exclusão aérea sobre território iraquiano, pela ONU, para evitar eventuais agressões por parte de Saddam Hussein

1991

Revolta xiita no Iraque, também com a criação de uma zona de exclusão aérea.

1992

Início da guerra civil no Afeganistão, causada pelo grupo religioso sunita talibã ou taleban. Esse país árabe é rico em recursos naturais, mas, infelizmente, instável politicamente, o que causa a extrema pobreza de sua população até hoje

1997

Atendado terrorista na cidade de Luxor, no Egito, por terroristas islâmicos, com 57 civis mortos, a maioria turistas estrangeiros

2001

Atentado contra os dois edifícios do World Trade Center, nos Estados Unidos, tramado pelo terrorista árabe Osama Bin Laden, com a consequente declaração de guerra deste país norte-americano contra Afeganistão e Iraque

2001

Ação militar internacional liderada pelos Estados Unidos sobre o Afeganistão, para a retirada do grupo religioso radical talibã do poder

2003

Ação militar internacional liderada pelos Estados Unidos sobre o Iraque, para a retirada de Saddam Hussein do poder

2009

Guerra civil no Iêmen

2021

Retorno do talibã ao poder no Afeganistão


Não está claro se esse desejo de “libertação” dos árabes tinha relação com o preconceito e a aversão que as nações árabes tinham (e ainda têm) contra as culturas, as línguas, as religiões, o modo de vida ou costumes e as etnias ocidentais ou se era um desejo legítimo de explorar seus próprios recursos naturais. Provavelmente ambos os fatores pesaram nas decisões dos líderes árabes, neste sentido.


Assim, em 1948, com o apoio dos Estados Unidos enquanto superpotência, obtiveram o fim do "acordo da Linha Vermelha". Empresas recém-chegadas, como a estadunidense Getty Oil Company, ofereceram melhores condições de exploração de petróleo à Arábia Saudita, obrigando as companhias petrolíferas até então estabelecidas, determinadas a manter as suas posições, a conceder à Arábia Saudita, em 1950, uma fatia de 50% dos lucros da exploração petrolífera. Essa concessão foi estendida ao Bahrein e, posteriormente, ao Kuwait e ao Iraque.


Como as multinacionais anglo-americanas, apelidadas de as Sete Irmãs, ainda conservavam o controle dos preços do petróleo árabe e dos volumes de produção, em 1950 foi realizada a primeira tentativa de contestação desse status. No Irã, por exemplo, o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh nacionalizou as jazidas do país. Os britânicos, prejudicados por esse contestação, organizaram um bloco militar em favor das exportações. Durante quatro anos os iranianos resistiram até que, em 1954, os estadunidenses eliminaram Mossadegh, assumiram o controle do petróleo iraniano e, de passagem, afastaram os ingleses.


Mais adiante, em 1960, a Arábia Saudita, o Kuwait, o Irã, o Iraque e a Venezuela, um país sul-americano, criaram a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo com o objetivo, segundo a organização, de permitir aos países produtores de petróleo de exercerem soberania sobre suas reservas de petróleo, em um momento em que o mercado internacional estava dominado pelas Sete Irmãs.

 

Esse foi um marco histórico, para o bem ou para o mal, dependendo do ponto de vista de cada pessoa. Foi o início da consolidação da posição de influência econômica (e, talvez, até política) dos países exportadores de petróleo no mundo, principalmente dos países árabes. Porém, demoraria uma década ainda, ou seja, somente a partir da década de 1970, para que a correlação de forças entre países consumidores de petróleo e países produtores da valiosa substância fosse alterada.


Na época, o mundo já estava “viciado” em petróleo, com carros beberrões, por exemplo. E para piorar as coisas, houve um acidente que danificou o oleoduto entre a Arábia Saudita e o mar Mediterrâneo, levando a uma diminuição da oferta de 5.000 barris / dia no mercado. Como consequência, os preços do petróleo subiram, e a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo percebeu seu poder de influência.


As nacionalizações voltaram a ganhar força nos países árabes, inclusive com revoltas populares. Em 1972, por exemplo, o Iraque recuperou o controle da sua indústria petrolífera, nacionalizando-a em 1975. Sem desejar ser reduzidas a meros compradores de petróleo, as companhias ocidentais introduziram uma nova figura jurídica para manter o seu status na atividade de extração de petróleo, os chamados contratos de partilha da produção, nos quais elas passaram a se associar à produção local do petróleo e a comercializar por sua própria conta uma parte da produção da jazida.


Em 1973, a Guerra do Yom Kipur, entre Israel, de um lado, e Egito, Síria e Iraque, do outro lado, provocou o primeiro choque petrolífero mundial. Propositalmente, os países formadores da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a maioria deles árabe, elevou o preço do barril em 70% e limitou a sua produção, como forma de pressionar a comunidade mundial, principalmente os países alinhados politicamente aos Estados Unidos, a manter-se neutra nessa guerra.


No ano seguinte, o Kuwait e o Catar assumiram o controle, em até 60%, das companhias que atuavam em seu território. A Arábia Saudita fez o mesmo antes de nacionalizar completamente a ARAMCO – Arabian-American Oil Company, em 1976, que é, atualmente, a Saudi Aramco, a maior empresa petrolífera do mundo e a maior empresa do planeta, avaliada em mais de US$ 1,8 trilhão, em 2019, quando teve ações colocadas no mercado.


No final da década de 1970, os preços do barril de petróleo chegaram a US$ 40 dólares, em valores da época, o equivalente hoje a cerca de US$ 130 dólares. Na época o planeta já produzia e consumia diariamente cerca de 30.000.000 de barris de petróleo por dia.


Esses fatos levaram a que os países produtores de petróleo passassem a controlar o mercado, tendo as companhias ocidentais perdido a capacidade de ditar os preços do petróleo. Por outro lado, as empresas ocidentais mantêm, até hoje, a primazia sobre as tecnologias de extração, refinamento, transporte e comercialização do óleo e derivados, principalmente fora dos territórios árabes.


A Petrobras, por exemplo, detém altíssima tecnologia de extração de petróleo em águas profundas, na camada de rocha do pré-sal, abaixo do leito do Oceano Atlântico, aqui no Brasil.


Se, em 1940, o Oriente Médio produzia 5% do petróleo consumido pelo mercado mundial, em 1973, na época do choque petrolífero, atingia quase 37%. Acredita-se que se, por um lado, a extração, o refino e a comercialização do petróleo garantem aos países produtores influência econômica (e, talvez, até política) sobre os países consumidores, por outro lado há o inconveniente desses países produtores serem alvos da cobiça constante de outros países e, portanto, a necessidade de manter, sempre, força militar própria e aliados razoavelmente confiáveis com poder militar.


Por exemplo, na década de 1990 o Kuwait foi invadido por um dos seus países vizinhos, o Iraque. Esse problema só foi resolvido com a ação militar de uma coalisão externa, liderada pelos Estados Unidos, que conseguiu devolver o controle do estado kuwaitiano aos seus soberanos.


PETRÓLEO NO BRASIL

No Brasil, o primeiro trabalho de prospecção de petróleo, baseado em sondagens, foi realizado no município de Bofete, no estado de São Paulo, entre 1892 e 1896, por iniciativa de Eugênio Ferreira de Camargo, um fazendeiro. Ele foi responsável pela primeira perfuração, até à profundidade de 488 metros, que teve como resultado apenas água sulfurosa.


Em 1932 foi instalada a primeira refinaria de petróleo do país, a Refinaria Rio-Grandense de Petróleo, em Uruguaiana, no estado do Rio Grande do Sul, a qual utilizava petróleo importado do Chile, dentre outros países. Somente no ano de 1939 foi descoberto petróleo no bairro do Lobato, em Salvador, no estado da Bahia.


Desde os anos 1930 o tema do petróleo é amplamente discutido no Brasil, principalmente entre partidos de esquerda, que costumam defender o amplo monopólio da União sobre as reservas, as tecnologias de extração, as instalações de refinamento e até a comercialização; os partidos de direita, que costumam defender uma ampla privatização de toda a cadeia produtiva e do comércio do petróleo; e os partidos de centro, que costumam defender uma combinação mais equilibrada, mais moderada e menos radical, com a presença harmônica do Estado e da iniciativa privada no setor, com uma agência reguladora pública capaz de inibir os eventuais abusos da iniciativa privada.


Nas primeiras décadas do século XX, o Governo Brasileiro decidiu investir diretamente em prospecções para encontrar e explorar reservas de petróleo em solo nacional, por meio do então Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, subordinado ao Departamento Nacional de Produção Mineral.


Naquela época, as primeiras descobertas significativas de petróleo em solo nacional ocorreram entre 1939 e 1954, com a constatação de petróleo no estado da Bahia, próximas a Salvador, na chamada região do Recôncavo Baiano. Entretanto, em nível nacional, nas décadas de 1930, 1940 e 1950, o país ainda dependia muito das empresas privadas multinacionais para todas as etapas da cadeia produtiva do petróleo, desde a sua extração e o seu refino até a distribuição de combustíveis.


Após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se no Brasil um movimento popular e político em prol da nacionalização da produção petrolífera. Naquela época o Brasil era um grande importador de petróleo e as reservas brasileiras constatadas eram pequenas, quase insignificantes.


Mesmo assim diversos movimentos sociais e setores organizados da sociedade civil mobilizaram a campanha "O petróleo é Nosso!", que resultou na criação da Petrobrás em 1953, no segundo governo de Getúlio Vargas, o presidente da República, na época. Então, a Lei 2.004, de 1953, também garantia ao Estado Brasileiro o monopólio da extração de petróleo do subsolo, que foi incorporado como artigo da Constituição de 1967 (Carta Política de 1967), através da Emenda nº 1, de 1969.


Décadas mais tarde, já no governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, tipicamente um partido de centro, o monopólio da União foi eliminado, em 1995, com a Emenda Constitucional n. 9/1995 que modificou o Art. 177 da Constituição Federal de 1988.


Voltando no tempo, em 1972, a Petrobrás iniciou a produção de gás e óleo de xisto, em São Mateus do Sul, no interior do estado do Paraná, na formação Irati, que é uma formação geológica da bacia do Paraná. A produção em Irati emprega um processo patenteado pela Petrobrás, denominado processo Petrosix.


Durante o século XX, os principais estados produtores de petróleo, aqui no Brasil, foram Bahia, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Pará, Maranhão, Amazonas, Rio Grande do Norte, Ceará, Amapá e Paraná.


Após ou durante a crise petrolífera da década de 1970, a Petrobrás modificou sua estratégia de exploração petrolífera, que até então priorizava parcerias internacionais e a exploração de campos mais rentáveis no exterior. Entretanto, naquela época o Brasil importava 90% do petróleo que consumia e o novo patamar de preços, mais alto, tornou mais interessante explorar petróleo nas áreas de maior custo do país, então a Petrobrás passou a procurar petróleo em alto mar.


Em 1974 a Petrobrás descobriu indícios de petróleo na Bacia de Campos, confirmados com a perfuração do primeiro poço, em 1976. Desde então essa região da Bacia de Campos tornou-se a principal região petrolífera do país, chegando a responder por mais de 66% do consumo nacional até o início da década de 1990, e ultrapassando 90% da produção petrolífera nacional na década de 2000.


No entanto, é necessário ressaltar aqui o Brasil ainda tem sérios problemas de incapacidade instalada para processar (refinar) o petróleo que ele mesmo extrai, principalmente por meio da Petrobrás, ou seja, ele manda para o exterior parte do petróleo que produz e importa derivados de petróleo para compor o chamado blend. Por isso, o consumidor brasileiro é fortemente impactado pelo preço do barril do petróleo no mercado internacional e pela cotação do dólar.


O ideal ou desejável é que o país seja totalmente autônomo na extração, refino e comercialização de petróleo e derivados, isso, é claro, até o petróleo perder o protagonismo de principal fonte de energia do planeta, o que não deve demorar muito, graças ao avanço de novas tecnologias de geração de eletricidade, como eólica e solar, por exemplo, e novas tecnologias de mobilidade, como automóveis elétricos, por exemplo.


Voltando no tempo, em 2007, a Petrobrás anunciou a descoberta de petróleo na camada denominada pré-sal, que, posteriormente, verificou-se ser um grande campo petrolífero, estendendo-se ao longo de 800 quilômetros na costa brasileira, do estado do Espírito Santo ao estado de Santa Catarina, abaixo de espessa camada de sal (rocha salina) e englobando as bacias sedimentares do Espírito Santo, de Campos e de Santos.


O primeiro petróleo do pré-sal foi extraído em 2008, alguns poços de lá, como o Campo Tupi, por exemplo, iniciaram a fase comercial por volta de 2010. O maior campo de petróleo do pré-sal, o Campo de Libra, foi leiloado em 2013. Estima-se que o óleo recuperável na área do Campo de Libra, varie de 8 a 12 bilhões de barris.


De 2010 a 2014, a média anual de extração de petróleo do pré-sal cresceu quase doze vezes, avançando de uma média inicial de 42.000 barris por dia, em 2010, para 492.000 barris por dia, na média de 2014. Em 2015, por exemplo, essa produção correspondia a cerca de 20% do total de produção de petróleo da Petrobras e em 2018 chegou a 50%.


Atualmente, o Brasil produz cerca de 3.000.000 de barris de petróleo por dia, o que seria o suficiente para atender a demanda interna, embora na prática o país precise exportar petróleo e importar derivados de petróleo. O país alcançou a chamada autossuficiência de petróleo na década de 2010, mas algumas deficiências e/ou problemas na cadeia produtiva do petróleo ainda atrapalham a formação de preços mais razoáveis dos derivados de petróleo no mercado interno.


CRONOLOGIA DA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA BRASILEIRA

ANO

ACONTECIMENTO

1953

Criação da Petrobras

1955

Inauguração da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão

1958

Fábrica de Fertilizantes de Cubatão (Petrobras)

1960

Companhia Brasileira de Estireno (Union Carbide)

1960

Fábrica de Isopropanol (Rhodia)

1960

Companhia Petroquímica Brasileira (Alba S.A.)

1962

Fábrica de borracha sintética Petroflex (Petrobras)

1967

Inauguração da Petroquisa, da Petrobrás

1971

Inauguração da Copene

1983

Criação de um polo petroquímico no Rio Grande do Sul

1987

Criação de um polo petroquímico no Rio de Janeiro

 

 

 

 

 2015

 A chamada autossuficiência em petróleo foi alcançada


Desde a década de 1950, o Brasil tem reduzido lentamente a sua dependência do petróleo importado, gradativamente, até alcançar a chamada autossuficiência, em 2015, que, na verdade, não é bem uma autossuficiência completa. Na década de 2000, por exemplo, o país conseguiu reduzir sua dependência de petróleo produzido no exterior para 20%, em relação aos 35% da década anterior.


PRINCIPAIS REFINARIAS DE PETRÓLEO BRASILEIRAS

LOCALIZAÇÃO

REFINARIA

Mauá – São Paulo

Capuava (Petrobras)

Ipojuca – Pernambuco

Abreu e Lima (Petrobras)

Canoas – Rio Grande do Sul

Alberto Pasqualini (Petrobras)

Itaboraí – Rio de Janeiro

COMPERJ – Complexo Petroquímico (Petrobras)

Duque de Caxias – Rio

REDUC – Duque de Caxias (Petrobras)

Betim – Minas Gerais

Gabriel Passos (Petrobras)

Araucária - Paraná

Presidente Getúlio Vargas (Petrobras)

São José dos Campos – S.P.

REVAP – Henrique Lage (Petrobras)

Manaus - Amazonas

REMAN – Isaac Sabbá (Grupo Atem)

Francisco do Conde - Bahia

Mataripe (fundo árabe Mubadala)

Fortaleza - Ceará

LUBNOR – Petróleo do Nordeste (Petrobras)

Rio de Janeiro – R.J.

REFIT - Manguinhos (Grupo Magro)

Paulínia – São Paulo

REPLAN – Paulínia (Petrobras)

Guamaré – Rio Grande do Norte

RPCC – Potiguar Clara Camarão (Petrobras)

Cubatão – São Paulo

RPBC – Refinaria Presidente Bernardes (Petrobras)

Rio Grande – R.S.

Riograndense de Petróleo (Petrobras)

Itupeva – São Paulo

Univen Petróleo

São Mateus do Sul – PR

SIX – Unidade de Industrialização (Petrobras)

 

 

 

 


GEOLOGIA DO PETRÓLEO

O petróleo está associado a grandes estruturas que comunicam a crosta e o manto da Terra, sobretudo nos limites entre placas tectônicas. O petróleo e gás natural são encontrados tanto em terra quanto no mar, principalmente nas bacias sedimentares, onde se encontram meios mais porosos / reservatórios, mas também em rochas do embasamento cristalino.


Os hidrocarbonetos, portanto, ocupam espaços porosos nas rochas, sejam eles entre grãos ou fraturas. São efetuados estudos das potencialidades das estruturas acumuladoras (armadilhas ou trapas), principalmente através de sísmica que é o principal método geofísico para a pesquisa dos hidrocarbonetos.


Durante a perfuração de um poço, as rochas atravessadas são descritas, pesquisando-se a ocorrência de indícios de hidrocarbonetos. Logo após a perfuração são investigadas as propriedades radioativas, elétricas, magnéticas e elásticas das rochas da parede do poço através de ferramentas especiais (perfilagem) as quais permitem ler as propriedades físicas das rochas, identificar e avaliar a ocorrência de hidrocarbonetos.


É quase um consenso entre geólogos e geoquímicos que o petróleo e o gás natural são o resultado da lentíssima decomposição de matéria orgânica (restos de animais mortos e plantas) naturalmente cobertos por camadas de rocha, areia e terra, ao longo de milhares ou milhões de anos. De modo geral, o petróleo é formado, naturalmente, antes do gás natural, mas o processo natural de formação de ambos é semelhante.


Uma outra hipótese, ainda defendida por um número muito menor de cientistas e acadêmicos, foi levantada no século XIX: Ela defende que o petróleo teve uma origem inorgânica, a partir dos depósitos de carbono que possivelmente surgiram durante a formação da Terra, há milhões ou bilhões de anos atrás.


No entanto, a hipótese mais aceita leva em conta que, com o aumento da temperatura, as moléculas do querogênio começariam a ser quebradas, gerando compostos orgânicos líquidos e gasosos, num processo denominado catagênese.


Para se ter uma acumulação de petróleo seria necessário que, após o processo de geração (cozinha de geração) e expulsão, ocorresse a migração do óleo e/ou gás através das camadas de rochas adjacentes e porosas, até encontrar uma rocha selante e uma estrutura geológica que detenha seu caminho, sobre a qual ocorrerá a acumulação do óleo e/ou gás em uma rocha porosa chamada rocha reservatório.


OUTROS ASPECTOS


INDÚSTRIA DO PETRÓLEO

A indústria petrolífera é, geralmente e conceitualmente, dividida em três grandes segmentos denominados upstream, midstream e downstream, em inglês. No entanto, o American Petroleum Institute divide a indústria do petróleo em cinco setores: upstream, downstream, oleodutos, marinas e fornecimento de serviços.


Quanto ao aspecto de propriedade, as companhias petrolíferas se subdividem em três grupos principais:

  • Empresas petrolíferas estatais;
  • Empresas petrolíferas de capital misto;
  • Empresas petrolíferas privadas;


USO DO PETRÓLEO

Segundo a AIE – Agência Internacional de Energia ou IEA - International Energy Agency, em 2013, por exemplo, cerca de 63% do petróleo produzido no mundo, naqueles anos mais recentes, foi destinado ao setor de transporte, o que inclui o segmento aéreo, marítimo e rodoviário. A tendência para o futuro é, portanto, de uma redução gradativa do consumo de combustíveis fósseis pelo setor de transporte, principalmente automóveis, graças ao avanço das tecnologias de mobilidade totalmente elétrica.


Segundo essa agência, aproximadamente 25% do petróleo produzido no mundo foi utilizado pelo setor industrial, sendo que cerca de 16% foi utilizado como subproduto ou matéria-prima.


REFINO

Ao chegar nas refinarias, o petróleo extraído dos reservatórios é submetido a uma separação gás-óleo-água livre e desidratação do óleo para retirada de água e sais presentes no petróleo. O óleo bruto resultante é bombeado a um forno e, em seguida, é encaminhado a uma torre de destilação atmosférica, também conhecida como destilação fracionada, onde ocorrerá a primeira etapa de separação de seus derivados.


Ao longo da torre de destilação fracionada, há uma série de pratos, cerca de 30, onde é efetuada a separação dos derivados do petróleo de acordo com seus pontos de ebulição. Como o petróleo é composto por hidrocarbonetos, as frações mais pesadas dele são destiladas na parte inferior da torre e as frações mais leves na parte superior.


Nessa etapa, são obtidos derivados de petróleo como:

  • Gás combustível;
  • GLP ou Gás Liquefeito de Petróleo;
  • Gasolina e/ou nafta;
  • Querosene;
  • Óleo diesel;


Aqui no Brasil, o produto que tem o nome de gasolina é diferente do produto vendido em outros países do mundo, com o nome petrol ou gas, em inglês, e gasolina ou nafta, em espanhol, por exemplo. Ele é vendido no varejo brasileiro com uma mistura de cerca de 75% de gasolina, de fato, o produto diretamente derivado de petróleo, misturado com cerca de 25% de etanol anidro ou álcool anidro, este um produto combustível de origem vegetal, obtido principalmente pelo processamento de cana-de-açúcar.


A razão disso é reduzir o máximo possível a dependência do país dos grandes produtores internacionais de petróleo e, consequentemente, reduzir o máximo possível sua influência política e econômica sobre o país; reduzir a poluição, já que o etanol é considerado um combustível bem menos nocivo à natureza; e reduzir o máximo possível o desequilíbrio da chamada balança comercial, que, geralmente, provoca pressões sobre a cotação do dólar no mercado interno.  


Voltando aos aspectos técnicos, a etapa posterior do processamento consiste na destilação a vácuo dos resíduos da destilação atmosférica após seu aquecimento no forno. Devido à ação do vácuo, esta unidade opera com pressões inferiores à pressão atmosférica, possibilitando que o sistema de calor e pratos efetue a separação de novos derivados do petróleo, como óleo combustível ou asfalto, gasóleo pesado e gasóleo leve.


Nas refinarias ainda ocorrem outros processos para obtenção de derivados diversos, como o craqueamento, que transforma frações mais pesadas em frações mais leves através da quebra de moléculas dos compostos de cadeias longas em cadeias menores, e alquilação catalítica, onde há a reação de adição de duas moléculas leves para a síntese de uma terceira molécula, de maior peso molecular, catalisada por um agente de forte caráter ácido.


MERCADO MUNDIAL

O mercado mundial de petróleo não é estável, há uma variedade de fatores geopolícos, politicos, tecnológicos, ambientais e sociais que sempre afetaram a quantidade produzida e os preços do barril do petróleo ao longo de seu “reinado” de mais de 170 anos, desde o início de sua exploração em larga escala, em 1846, no Azerbaijão.


De lá pra cá ele teve alguns picos de preços, como, por exemplo, em 2012, quando chegou a cerca de US$ 110 dólares o barril, quatro vezes mais que o preço de 2003, por exemplo, mais uma vez influenciado pela OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, cuja sigla internacional é OPEC – Organisation of the Petroleum Exporting Countries.


Vale lembrar que a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que, na prática, é um cartel, concentra cerca de 44% da produção e exportação mundial de petróleo. Ela é formada por 13 países, no total, incluindo Argélia, Angola, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, República do Congo, Emirados Árabes Unidos e Venezuela, dentre outros. Além disso, esses 13 países concentram cerca de 83% das reservas mundiais de petróleo.


Cinco países do Oriente Médio estão entre os 30 países mais ricos do mundo, incluindo Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar e Kuwait, sendo justamente o petróleo o principal integrante da base da economia desses países, embora eles já tenham iniciado, há algumas décadas atrás, programas governamentais de diversificação de suas economias, baseada inclusive em fundos soberanos de investimentos empresariais internacionais.


O Brasil não faz parte da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo e nem precisa fazer parte dela, pois seu foco principal é produzir e refinar petróleo para seu consumo próprio. As reservas de petróleo conhecidas do Brasil são o suficiente para os próximos 50 anos, já considerando uma gradativa redução do consumo de derivados, na medida em que seja realizada a transição energética. Se não houvesse a transição essas reservas durariam apenas 20 anos.


PAÍSES PRODUTORES

PRODUÇÃO EM 2020, EM MILHÕES DE BARRIS POR DIA

1.

Estados Unidos

11,307

2.

Rússia

9,865

3.

Arábia Saudita (OPEP)

9,264

4.

Canadá

4,201

5.

Iraque (OPEP)

4,102

6.

China

3,888

7.

Emirados Árabes Unidos (OPEP)

3,138

8.

Brasil

2,939

9.

Irã (OPEP)

2,665

10.

Kuwait (OPEP)

2,625

11.

Nigéria (OPEP)

1,775

12.

Cazaquistão

1,756

13.

Noruega

1,712

14.

México

1,710

15.

Catar

1,530

16.

Angola (OPEP)

1,249

17.

Argélia (OPEP)

1,112

18.

Omã

0,948

19.

Reino Unido

0,947

20.

Colômbia

0,791

Fonte: Governo dos Estados Unidos


PAÍSES EXPORTADORES

EXPORTAÇÃO EM 2020, EM MILHÕES DE BARRIS POR DIA

1.

Arábia Saudita (OPEP)

10,600

2.

Rússia

5,225

3.

Iraque (OPEP)

3,800

4.

Estados Unidos

3,770

5.

Canadá

3,596

6.

Emirados Árabes Unidos (OPEP)

2,296

7.

Kuwait (OPEP)

2,050

8.

Nigéria (OPEP)

1,979

9.

Catar (OPEP)

1,477

10.

Angola (OPEP)

1,420

11.

Cazaquistão

1,292

12.

México

1,285

13.

Venezuela

1,245

14.

Noruega

1,254

15.

Omã

1,000

Fonte: Governo dos Estados Unidos


PAÍSES CONSUMIDORES

CONSUMO EM 2019, EM MILHÕES DE BARRIS POR DIA

1.

Estados Unidos

19,400

2.

China

14,056

3.

Índia

5,271

4.

Japão

3,812

5.

Arábia Saudita

3,788

6.

Rússia

3,317

7.

Coreia do Sul

2,760

8.

Canadá

2,403

9.

Brasil

2,398

10.

Alemanha

2,281

11.

Irã

2,018

12.

México

1,733

13.

Indonésia

1,628

14.

França

1,530

15.

Tailândia

1,344

Fonte: Statistical Review of World Energy


PAÍSES IMPORTADORES

IMPORTAÇÃO EM 2018, EM MILHÕES DE BARRIS POR DIA

1.

China

8,400

2.

Estados Unidos

7,900

3.

Índia

5,123

4.

Japão

3,147

5.

Coreia do Sul

2,949

6.

Alemanha

1,830

7.

Filipinas

1,503

8.

Itália

1,346

9.

Espanha

1,224

10.

Reino Unido

1,221

11.

Países Baixos

1,204

12.

França

1,129

13.

Singapura

0,976

14.

Tailândia

0,898

15.

Taiwan

0,841

Fonte: Governo dos Estados Unidos


MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEO

EM BILHÕES DE BARRIS, À ESQUERDA DA VÍRGULA

1.

Arábia Saudita

264,6

2.

Venezuela

209,4

3.

Canadá

173,6

4.

Irã

151,2

5.

Iraque

143,1

6.

Kuwait

101,5

7.

Emirados Árabes Unidos

97,8

8.

Rússia

60,0

9.

Argélia

12,26

10.

Líbia

48,1

11.

Nigéria

38,5

12.

Cazaquistão

30,0

13.

Brasil

25,21

14.

Estados Unidos

19,1

15.

China

16,1

Fonte: Governo dos Estados Unidos


Um barril de petróleo equivale a 159 litros.


PETRÓLEO E MEIO AMBIENTE

Como o petróleo é uma substância que ocorre naturalmente no planeta a sua eventual presença indesejável no ambiente não é necessariamente resultado da atividade humana, tais como acidentes durante a extração, refino, combustão, transporte e comercialização. Fenômenos naturais, como exsudações e poços de piche, são exemplos de casos em que o petróleo afeta o meio ambiente, mas sem a culpa do ser humano.


Independentemente da causa da contaminação, os efeitos do petróleo no meio ambiente, quando liberado de forma inadequada, naturalmente ou artificialmente, são semelhantes:


ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS

.

A acidificação dos oceanos é o aumento da acidez dos oceanos da Terra causado pela absorção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Esse aumento da acidez inibe ou prejudica o desenvolvimento de toda a vida marinha, com um primeiro impacto sobre organismos menores e, posteriormente, um impacto sobre organismos maiores.


AQUECIMENTO GLOBAL

Quando queimado, o petróleo libera dióxido de carbono na atmosfera, um gás que causa o chamado efeito estufa, cuja principal consequência é o aquecimento médio da atmosfera do planeta. Junto com a queima de carvão mineral, a combustão de petróleo é, segundo cientistas e acadêmicos, um dos maiores contribuintes para o aumento do CO2 atmosférico, que tem aumentado, ao longo dos últimos 150 anos, em pelo menos 2° Celsius ou centígrados a temperatura média do planeta.


Acredita-se que esse aumento da temperatura média do planeta Terra, que, atualmente, é de cerca de 15° Celsius ou centígrados, pode ter reduzido a área da calota de gelo do Ártico (Polo Norte e Oceano Ártico) para 2,8 milhões km², a menor já registrada. Devido ao derretimento, mais reservas de petróleo foram reveladas. A Agência Internacional de Energia estima que cerca de 13% do petróleo ainda não descoberto do planeta está no Ártico.


EXTRAÇÃO

A extração do petróleo é simplesmente a remoção do recurso a partir da reserva no subsolo continental ou em rochas abaixo do leito dos oceanos e mares. O petróleo é frequentemente recuperado como uma emulsão de água e óleo. Produtos químicos especiais, chamados demulsificadores, são utilizados para separar o petróleo da água.


As etapas de prospecção (descoberta e avaliação do volume e qualidade das reservas), instalação de equipamentos para extração, extração em si, processamento ou refinamento, transporte e comercialização são todas caras, por isso o preço do petróleo (gasolina, óleo diesel e querosene de aviação, por exemplo) na bomba costuma ser alvo de reclamação por parte dos consumidores.


De acordo com dados de 1981, do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, mais de 70% das reservas de petróleo conhecidas do mundo estão associadas com sinais visíveis de sua presença nessas regiões e muitos campos de petróleo são encontrados devido à exsudações naturais, ou seja, “o aparecimento visível” na superfície, que lembra vagamente, pelo menos em parte, os fenômenos naturais das nascentes d’água.


Ainda não há consenso entre cientistas e acadêmicos se a exploração offshore (nos oceanos e/ou mares) de petróleo perturbam o ambiente marinho circundante, sendo que é, geralmente, recomendado que cada caso seja tratado individualmente, portanto sem generalizações, por meio de licenças ambientais dos respectivos governos.


DERRAMAMENTOS DE PETRÓLEO

Ao longo da história, a quantidade de petróleo derramado ou vazado durante acidentes variou de algumas centenas de toneladas a várias centenas de milhares de toneladas, como, por exemplo, o acidente com a plataforma Deepwater Horizon, em 2010, localizada no Golfo do México, nos Estados Unidos, de propriedade da Transocean Ltd, mas operada pela empresa exploradora britânica BP – British Petroleum, com quase 5.000.000 de barris vazados, e o acidente com o navio petroleiro Amoco Cadiz, em 1973, entre a Inglaterra e França, resultando também em um grande dano ambiental.


Até mesmo os derramamentos menores já demonstraram ter um grande impacto nos ecossistemas, como, por exemplo, o derramamento de óleo do navio petroleiro Exxon Valdez, em 1989, quando foram vazados 750.000 barris de petróleo na costa do Alasca, um estado norte-americano próximo ao Polo Norte.


Os derrames ou vazamentos de petróleo no mar são geralmente muito mais prejudiciais do que aqueles em terra, uma vez que eles podem se espalhar sobre a água, por centenas de quilômetros, em uma mancha de óleo que pode cobrir praias com uma fina camada de óleo. Isso pode matar aves marinhas, mamíferos, moluscos e outros organismos, porque o petróleo gruda em seus corpos, dificultando sua movimentação, dificultando sua respiração e provocando intoxicação.


Os derramamentos de petróleo em terra são mais facilmente controláveis se uma barragem de terra improvisada for rapidamente construída em torno do local do derramamento antes que a maioria do petróleo escape. Além disso, os animais terrestres, neste caso, podem evitar ou manter-se afastados, instintivamente, do óleo com mais facilidade ou podem ser impedidos de se aproximar por meio de barreiras improvisadas ou artificiais.


Embora o petróleo bruto seja predominantemente composto de vários hidrocarbonetos, certos compostos heterocíclicos de azoto, tais como piridina, picolina e quinolina, são relatados como contaminantes associados com o petróleo bruto, assim como as instalações de processamento de óleo de xisto ou carvão.


Estes compostos têm uma solubilidade muito elevada na água e, assim, tendem a mover-se com a água. Certas bactérias que ocorrem naturalmente, tais como Micrococcus, Arthrobacter e Rhodococcus degradam estes contaminantes.


BOLA DE PETRÓLEO

.

A chamada bola de petróleo é uma porção de petróleo bruto (que não deve ser confundido com o alcatrão, que é um produto sintético derivado de refinos a partir do petróleo) que resistiu depois de flutuar no oceano. Esses aglomerados de petróleo são um poluente aquático na maioria dos ambientes, embora possam ocorrer naturalmente, como, por exemplo no Canal de Santa Bárbara, na Califórnia, ou no Golfo do México, no Texas.


A sua concentração e características têm sido utilizadas para avaliar a extensão de derramamentos de óleo. A sua composição pode ser utilizada para identificar as suas fontes de origem, e elas podem ser dispersas ao longo de grandes distâncias por correntes de profundidade. Elas são lentamente decompostas por bactérias, como Chromobacterium violaceum, Cladosporium resinae, Bacillus submarinus, Micrococcus varians, Pseudomonas aeruginosa, Candida marina e Saccharomyces estuari.


BALEIAS

Alguns estudiosos da cadeia do petróleo argumentam que o advento do querosene refinado, obtido a partir do processamento de petróleo, salvou algumas espécies de grandes baleias da extinção, fornecendo um substituto barato para o óleo de baleia e eliminando assim a pressão econômica favorável à captura e morte de baleias.


Antigamente, o óleo de baleia era utilizado como combustível para lamparinas, para iluminação noturna das ruas e avenidas, na fabricação de sabão e até na fabricação de margarinas.


DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA

Muitos microrganismos, como bactérias, fungos e algumas microalgas, por exemplo, expostos a derrames de óleo, têm a capacidade de desenvolver mecanismos necessários para a degradação de hidrocarbonetos. As bactérias, por exemplo, adaptam-se muito rapidamente através de mutações ou transferência horizontal de genes, adquirindo assim a maquinaria catabólica responsável pela degradação dos hidrocarbonetos.


O grande desafio da remediação de locais contaminados por petróleo é permitir a restauração de ecossistemas biológicos. Contrariamente à remediação através de processos químicos e físicos, a remediação através de microrganismos, conhecida como biorremediação, não é invasiva e tem uma relação custo-benefício bastante elevada, tornando-se assim uma estratégia ecologicamente sustentada para uma limpeza eficaz de locais contaminados.


Nos últimos anos tem-se intensificado a investigação nesta área através da otimização de inóculos de bactérias dos gêneros Pseudomonas, Aeromonas e Bacillus, de forma a melhorar as taxas de eficiência da biorremediação. Os fungos Coriolopsis rigida e Marasmius quercophilus são algumas das espécies mais utilizadas com esse fim.


Esses microrganismos produzem surfactantes, compostos que aumentam a biodisponibilidade do óleo, permitindo a solubilização e incorporação do mesmo. Os microrganismos rodeiam as gotículas de óleo, de modo a aumentar a área de contacto entre ambos. Geralmente, esses microrganismos degradam os hidrocarbonetos (em condições aeróbicas ou anaeróbicas) e utilizam-nos como fonte de carbono e energia. A degradação aeróbica é mais eficiente e rápida, tendo vantagens relativamente à degradação anaeróbica.


O componente crucial na degradação aeróbica de hidrocarbonetos é a atividade das enzimas oxigenases, responsáveis pela introdução de átomos de oxigênio nos hidrocarbonetos e pela completa oxidação desses a dióxido de carbono, com os elétrons resultantes dessa degradação entrando na cadeia transportadora de elétrons, através do NADH/NADPH, sendo o oxigênio o aceitador de elétrons e ocorrendo formação de ATP por fosforilação oxidativa através de uma ATP sintetase.


Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos são os mais complexos, pois possuem vários anéis benzênicos, comparativamente com os hidrocarbonetos alifáticos, sendo assim mais difíceis de degradar. Quanto mais anéis benzênicos um hidrocarboneto tiver, mais hidrofóbico, estável, e menos biologicamente disponível se encontra.


Existem muitos microrganismos capazes de degradar hidrocarbonetos simples, mas pouquíssimos conseguem degradar totalmente hidrocarbonetos complexos, como os aromáticos policíclicos. Isso acontece porque para a sua degradação é necessária a presença de várias oxigenases com diferentes especificidades e que raramente são produzidas pelo mesmo microrganismo.


Assim, tem sido sugerida a utilização de populações microbianas de diferentes espécies, um consórcio de microrganismos, que possuam diferentes capacidades enzimáticas e metabólicas, e permitam a degradação completa dos hidrocarbonetos mais complexos existentes no petróleo.


Nesses consórcios ou combinações de microrganismos, há microrganismos que degradam compostos complexos em produtos mais simples, que vão então poder ser utilizados e degradados por outros organismos. Isso permite que ocorra uma degradação total e mais eficaz do hidrocarboneto, através da criação de uma rede metabólica entre diferentes organismos.


A eficiência dos processos de biorremediação dos hidrocarbonetos é influenciada por diversos fatores, como por exemplo, o Ph (nível de acidez), salinidade, temperatura, disponibilidade de nutrientes, disponibilidade de oxigênio e presença de surfactantes, dentre outros.


Tendo em conta a disponibilidade de nutrientes e oxigênio, os microrganismos necessitam de quantidades adequadas de nutrientes inorgânicos, principalmente azoto e fósforo, para que possam degradar os hidrocarbonetos com mais eficácia. Por exemplo, a temperatura é um fator muito importante, uma vez que a solubilidade dos hidrocarbonetos aumenta com a temperatura, resultando numa maior biodisponibilidade para degradação microbiana.


GALERIA DE IMAGENS


REFINARIA (ARÁBIA SAUDITA)


EXTRAÇÃO MARÍTIMA


EXTRAÇÃO MARÍTIMA


EXTRAÇÃO CONTINENTAL




REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Nova Enciclopédia Ilustrada Folha - Larousse / Oxford / Webster / Cambridge
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fundo_soberano
  • Petrobras (divulgação): Imagens
  • TV Brasil / EBC: Imagem
  • Wikimedia: Imagens

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