PETRÓLEO (ECONOMIA E POLÍTICA)
PETRÓLEO
PETRÓLEO BRUTO
GLP (GÁS DE COZINHA)
ÓLEO DIESEL
GASOLINA
QUEROSENE
BETUME
INTRODUÇÃO
O petróleo é uma valiosa mistura bruta e inflamável de substâncias orgânicas e oleosas obtidas a partir da extração em camadas inferiores do solo continental ou a partir de camadas inferiores de rochas abaixo dos leitos dos mares e oceanos, geralmente menos densa que a água, com cheiro característico e coloração que pode variar desde o incolor ou castanho claro até o preto, passando por verde e marrom, dependendo de cada caso.
Ele é o
resultado natural da decomposição de matéria orgânica (restos de animais e
vegetais mortos há milênios ou milhões de anos atrás) depositada naturalmente no
subsolo continental ou em camadas de rochas abaixo dos leitos dos oceanos e
mares. Essa camada foi se formando, gradativamente, lentamente, por milênios ou milhões de
anos, dependendo de cada caso e dependendo da fonte consultada.
A partir do moderno
processo industrial de refinamento do petróleo se obtêm substâncias valiosas e
lucrativas, como, por exemplo, o óleo diesel, a gasolina, o GLP – Gás
Liquefeito de Petróleo ou gás de cozinha, o querosene e os plásticos em geral,
dentre outros produtos úteis.
Trata-se de
uma combinação complexa de hidrocarbonetos composta, na sua maioria, de
hidrocarbonetos alifáticos, alicíclicos e aromáticos, podendo conter também
quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio, compostos de enxofre e íons
metálicos, principalmente de níquel e vanádio. Esta categoria inclui petróleos
leves, médios e pesados, assim como os óleos extraídos de areias impregnadas de
alcatrão.
Materiais
hidrocarbonatados, que requerem grandes alterações químicas para a sua
recuperação ou conversão em matérias-primas para a refinação do petróleo, tais
como petróleos de xisto crus, óleos de xisto enriquecidos e combustíveis
líquidos de hulha, não se incluem nessa definição.
A palavra
petróleo teve origem na palavra em latim petroleum, que, por sua vez, teve
origem nas palavras petrus = pedra e oleum = óleo, e nas palavras em grego πετρέλαιον, petrélaion,
"óleo da pedra", do grego antigo πέτρα (petra), pedra + έλαιον (elaion) azeite, qualquer substância oleosa, no sentido de óleo bruto inflamável.
O processo de
fraturamento hidráulico (em inglês, fracking) possibilita explorar combustíveis
não convencionais, como o gás de xisto. Com o uso desse mesmo método, campos de
petróleo e gás natural, antes tidos como esgotados por serem inacessíveis aos
métodos de extração convencionais, podem voltar a ser plenamente produtivos.
A petrologia
é o estudo científico das rochas em geral, sua composição mineral, textura,
ocorrência e origem. Já a indústria petroquímica é aquele tipo de indústria que
está diretamente relacionada com a produção de petróleo e seus derivados.
Até o momento, não há nenhuma evidência da existência de petróleo em outros planetas do sistema solar.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
O petróleo é um recurso natural valioso e abundante no planeta em que vivemos, porém sua prospecção e mineração ou extração envolvem elevados custos e complexidade técnica, além do seu consumo pelo ser humano, ao longo das décadas, resultar em um impacto ambiental há muito tempo discutido na sociedade e nos meios científicos e acadêmicos.
Apesar disso,
ele é, atualmente, a principal fonte de energia (a palavra energia, utilizada
aqui, está num contexto mais amplo, não significando apenas energia elétrica),
servindo também como base para fabricação dos mais variados produtos, dentre os
quais destacam-se o óleo diesel, a gasolina, o gás de cozinha, o querosene, o alcatrão,
a benzina, os polímeros plásticos e até mesmo medicamentos.
Por outro
lado, o petróleo e o seu primo natural mais próximo, o gás natural, já foram e,
infelizmente, ainda são a causa de inúmeras guerras e guerrilhas, principalmente
em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, principalmente em países de
democracia mais frágil ou inexistente.
Atualmente,
ele é a principal ou uma das principais fontes de renda de muitos países,
sobretudo nos países do Oriente Médio,
a maioria deles altamente dependente da riqueza gerada pela comercialização do
petróleo e seus derivados.
Além de gerar
o óleo diesel, a gasolina e o querosene, que servem de combustível para grande
parte dos caminhões, automóveis e aeronaves que circulam no mundo, vários outros
produtos são derivados do petróleo como, por exemplo, a parafina; o GLP, que é
o gás liquefeito de petróleo, conhecido também como gás de cozinha; os produtos
asfálticos, utilizados na pavimentação de rodovias, avenidas, ruas e pistas de
pouso de aeronaves; a nafta petroquímica, os polímeros ou plásticos, a maioria
deles; os solventes; e os óleos lubrificantes, utilizados na lubrificação de
motores a combustão interna, comuns em caminhões e automóveis.
Basicamente,
de forma resumida, a perfuração de depósitos subterrâneos para extração de
petróleo é realizada por meio de estruturas metálicas que utilizam brocas
rotativas com arestas de corte feitas com diamante industrial. A grosso modo,
apenas para exemplificar e tornar didático o assunto, esse trabalho de perfuração
de depósitos de petróleo lembra vagamente, pelo menos em parte, a perfuração de
um poço semiprofundo ou um poço artesiano de água, mas com uma complexidade e
nível tecnológico muito maior, é claro.
A broca de
perfuração é fixada na extremidade de uma tubulação, posicionada verticalmente, que, por sua vez, vai
ganhando novas peças tubulares, na medida em a perfuração vai sendo
aprofundada. Essa mesma tubulação recebe, internamente, uma substância
apelidada de “lama”, composta por barrilha, sal grosso, soda cáustica, amido e
detergentes, principalmente para manter a temperatura da própria tubulação e da
broca sob controle, lembrando que materiais que sofrem fricção contínua ou atrito contínuo, de qualquer tipo, tendem a se aquecer.
Durante o
processo de perfuração, as paredes do poço de petróleo recebem um revestimento
para evitar eventuais desmoronamentos da própria perfuração. Quando a
perfuração é concluída, a própria pressão a que está submetido o depósito
natural de petróleo é responsável por enviar o petróleo para cima, que jorra de
forma análoga a um poço artesiano de água.
HISTÓRIA DO PETRÓLEO
NA
ANTIGUIDADE
Os registros históricos da utilização do petróleo remontam a cerca de 5.000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, devido a exsudações e afloramentos frequentes no Oriente Médio, principalmente. Por exemplo, o betume já era conhecido e utilizado na região de Hit, no vale do Eufrates, onde hoje está localizado o Iraque.
Mais tarde, pelo menos 1.000 anos depois, os povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e da Judeia já utilizavam o betume para pavimentação de estradas, calafetação de grandes construções, assentamento de tijolos, aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes, impermeabilizantes de obras de construção civil e até laxativo.
Os chineses já perfuravam poços, usando hastes de bambu, no mínimo em 347 a.C.. Cerca de 200 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, foi encontrado petróleo durante as escavações de poços de sal na China. Heródoto, por exemplo, citou processos de obtenção do petróleo e do betume no Oriente Médio, no século V a.C..
O historiador
Amiano Marcelino, do período final do Império Romano, mencionou o óleo da
Media, usado em flechas incendiárias, e que não era apagado com água, apenas
com areia; um outro óleo, mais viscoso, era produzido na Pérsia, e chamado na
língua persa de nafta. No início da era cristã, os árabes davam ao petróleo
fins bélicos e de iluminação de ambientes e ruas. O petróleo de Bacu, no
Azerbaijão, por exemplo, já era produzido em escala comercial, para os padrões
da época, quando Marco Polo viajou pelo norte da Pérsia, em 1271.
A INDÚSTRIA
PETROLÍFERA
A moderna indústria petrolífera data de meados do século XIX, com os primeiros processos de refinamento de petróleo ocorridos nesse século. Em 1850, James Young, na Escócia, descobriu que o petróleo podia ser extraído do carvão e xisto betuminoso, e criou processos de refinação. Até então, os navios eram movidos a vela ou por motores a vapor e os trens eram movidos por motores a vapor.
O primeiro
poço de petróleo moderno foi perfurado em Bibiheybət ou Bibi-Heybat, próximo a
Bacu, no Azerbaijão, no ano de 1846. O Azerbaijão foi o maior produtor de
petróleo no século XIX e no final desse século sua produção era de mais da
metade da produção mundial. O primeiro poço comercial da Romênia foi perfurado
em 1857.
O primeiro
poço nas Américas foi perfurado no Canadá, em 1858. Em agosto de 1859 o
norte-americano Edwin Laurentine Drake perfurou o primeiro poço nos Estados
Unidos para a procura do petróleo, a uma profundidade de 21 metros, no estado
da Pensilvânia. O poço revelou-se produtor e a data passou a ser considerada,
pelos norte-americanos, a do nascimento da moderna indústria petrolífera. A
produção de petróleo, conhecido também como óleo cru, nos Estados Unidos, de 2.000
barris em 1859, aumentou para aproximadamente 3.000.000 de barris em 1863 e
para 10.000.000 de barris em 1874.
NO ORIENTE
MÉDIO
É impossível falar em petróleo e não falar em Oriente Médio, essa região ainda é a mais influente no mercado internacional de petróleo. A história da exploração petrolífera no Oriente Médio nasceu da rivalidade entre a Grã-Bretanha e o Império Russo. O barão britânico e francês Paul Julius Reuter (fundador da Reuters) negociava acordos industriais e de mineração com a Pérsia desde 1872, renovados em 1889, que previam a exploração de petróleo na região, de maneira a neutralizar os interesses russos. Uma vez que o regime czarista russo temia a aproximação britânica da sua fronteira sul, as suas pressões diplomáticas levaram à anulação temporária desses acordos.
No entanto,
algum tempo depois, as negociações com Teerã foram retomadas por William Knox
d'Arcy. Uma vez que o Xá (um dos líderes governamentais árabes da época)
necessitava de recursos financeiros, acabou sendo assinado um novo contrato
nesse sentido, em 1901, pois somente alguns países europeus, asiáticos e
norte-americanos dominavam a tecnologia de extração e refinamento de petróleo.
Pelos seus termos, mediante o
pagamento de £ 20 mil (libras esterlinas, a moeda britânica), em
dinheiro, à vista, idêntico montante em ações e uma porcentagem de 16% sobre os
eventuais lucros da extração do petróleo, era garantida a concessão da
exploração por 60 anos, sobre dois terços do território do país.
Para explorá-la, William Knox d'Arcy
contratou o engenheiro George Reynolds, que priorizou uma região continental
(de terra firme) entre a Pérsia (atual Irã) e a Mesopotâmia (atual Iraque), a
cerca de 500 quilômetros do Golfo Pérsico, que, por sua vez, é uma extensão do
Mar da Arábia, que, por sua vez, é parte do Oceano Índico.
A primeira perfuração
iniciou-se em 1902, sob temperaturas de até 50° Celsius à sombra, numa área
desértica e inóspita, habitada por tribos nômades hostis. Finalmente, em 1904,
uma das perfurações começou a produzir, demonstrando, mesmo em quantidade
insuficiente, a existência de petróleo na região.
Porém, os
problemas da empreitada eram financeiros, uma vez que a estimativa
inicial de investimento para a perfuração de dois poços havia sido de cerca de £ 10
mil (libras) e, em quatro anos de trabalho, William Knox d'Arcy já havia
investido £ 200 mil (libras). Necessitando de mais capital, d'Arcy
negociou com a Burmah Oil Company, de Glasgow, na Escócia, a quem cedeu parte
das suas ações no negócio.
De comum
acordo foi escolhida uma nova zona de prospecção: a chamada "planície do
óleo", a sudoeste de Teerã, perto do Xatalárabe. Novamente os gastos
mostraram-se pesados, pois foi necessário abrir uma estrada e o transporte de
40 toneladas de equipamentos e materiais para que se começasse a perfurar, em
1908.
Insatisfeita
com a falta de resultados mais imediatos, a Burmah Oil determinou que George Reynolds
abandonasse as perfurações. Entretanto, ele insistiu na empreitada e o petróleo
jorrou em Masjed Soleiman. De acordo com a lenda, Reynolds enviou um telegrama
à empresa: "Ver Salmo 104, versículo 15, terceiro parágrafo".
Para custear
os pesados investimentos necessários à exploração, transporte e refino do
produto, a Burmah Oil fundou em 1909 a Anglo-Persian Oil Company, conhecida
atualmente como BP – British Petroleum,
cujas ações dispararam na época. Foi construído um oleoduto de 225 quilômetros
e instalada uma refinaria em Abadã, próximo à fronteira com o Iraque.
Entretanto,
as dificuldades financeiras retornaram em 1912, quando a companhia esgotou o
seu capital de giro. Impunha-se uma fusão com a sua rival, a anglo-holandesa
Royal Dutch Shell que, na época, dominava o mercado. Entretanto, para o governo
britânico o controle sobre o fornecimento de petróleo era estratégico,
inclusive porque os programas navais de sua Royal Navy ou Marinha Real
Britânica, para 1912, 1913 e 1914, estabelecidos para confrontar o Império
Alemão, dependiam da construção de navios movidos a óleo, e não mais a carvão.
Ao mesmo
tempo, no Iraque, a Turkish Petroleum Company, fundada em 1912 por iniciativa
da Royal Dutch Shell e do Deutsche
Bank, cada um com 50% das ações, em colaboração com o armênio Calouste
Gulbenkian, manifestava interesse no negócio. Nesse cenário, alguns dias antes
da eclosão da Primeira Guerra Mundial, o então jovem parlamentar Winston Churchill colocou em votação na
Câmara dos Comuns a proposta de nacionalização da Anglo-Persian, através da
qual o governo britânico adquiria 50% das ações da companhia pelo montante de £ 2,2
milhões (libras).
Em seguida,
os britânicos se esforçaram para obter a fusão da Turkish Petroleum Company com
a Anglo-Persian. Ainda em 1914, o novo consórcio passou a ser controlado em 50%
pelos ingleses, ficando a Shell e o Deutsche Bank com 25% cada um; 5% dos
lucros eram destinados a Gulbenkian, que passou a ser conhecido desde então
como o "Senhor 5%".
Com a eclosão
da Primeira Guerra Mundial, a cooperação anglo-germânica (britânica e alemã) para a exploração
petrolífera na região foi anulada, pois, como o próprio nome diz, o Deutsche
Bank era (e é) alemão. Alguns anos depois, com a rendição alemã e o desmembramento
do Império Otomano, as potências vencedoras e/ou aliadas passaram a controlar a
extração de petróleo na região.
O
primeiro-ministro britânico Lloyd George e o presidente do Conselho francês
Alexandre Millerand firmaram o acordo de San Remo, através do qual o
instrumento do desenvolvimento petrolífero ficou sendo a Turkish Petroleum
Company; os franceses receberam a parte alemã da companhia, que havia sido
sequestrada pelos britânicos durante a guerra.
Em troca, os
franceses renunciaram às suas pretensões territoriais sobre a região de Mossul,
no norte do Iraque, conhecida anteriormente como Nínive. A Grã-Bretanha, por
sua vez, declarou que qualquer companhia privada que explorasse jazidas de
petróleo na região ficaria sob o seu controle. O acordo de San Remo representou
um duro golpe para os Estados Unidos, que, diante da hegemonia britânica,
passaram a demonstrar preocupação com o seu abastecimento. Um acordo entre
ambas as nações só foi firmado mais adiante, alguns anos depois, em 1925.
Enquanto isso,
Faiçal I, o rei do Iraque, confirmou oficialmente a concessão celebrada em
1912, permitindo o início da prospecção em seu país. Observe atentamente aqui que, na época, as nações árabes precisavam e confiavam no capital e na
tecnologia europeia e norte-americana para a exploração de seus recursos
naturais. A solução adotada por elas era permitir, por meio de concessão, que
as nações ocidentais explorassem seu território, em troca, naturalmente, de
royalties e/ou participações nos lucros dessa exploração, já que a Rússia, já naquela
época, não era confiável…
Finalmente, em
1927, perto de Quircuque, ecoou um imenso estrondo, sucedido por um jorro de
petróleo de 15 metros acima da torre. Para explorá-lo, foi assinado um
contrato, em 1928, no hotel das Termas de Ostrende, nos Países Baixos,
conhecidos também como Holanda.
Pelos seus
termos, estabelecia-se a Iraq Petroleum Company, em substituição à Turkish
Petroleum Company, cujo capital foi repartido entre a britânica Anglo-Persian
(23,75%), a Companhia Francesa de Petróleos (23,75%), uma sociedade
estadunidense (Gulf, Texaco, Exxon e Mobil, com 23,75%) e os 5% de Gulbenkian.
Reunidos, os
representantes dessas companhias traçaram uma linha vermelha em torno do
território do antigo Império Otomano, onde apenas a Pérsia e o Kuwait foram
excluídos. No interior dessa zona, todas as operações petrolíferas deveriam ser
desenvolvidas em colaboração entre elas, e apenas entre elas.
De acordo com
os relatórios dos geólogos da época, a Arábia parecia "desprovida de
qualquer perspectiva de petróleo" e a prospecção ali deveria "ser
classificada na categoria do puro jogo". Era um equívoco, pois o fato do
petróleo ocorrer em abundância no Irã e no Iraque indicava que o mesmo poderia
ocorrer na Arábia (região que abrange, atualmente, Arábia Saudita, Bahrein,
Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Omã e Kuwait), uma região próxima, levando
a que o neozelandês Frank Holmes, com experiência em extração de petróleo na
África do Sul e em Aden, no Iémen, se estabelecesse na pequena ilha de Bahrein.
Holmes obteve do xeque ou sheik local, o líder governamental da época, uma concessão
para a prospecção de petróleo, em 1925.
Em 1926, com
seus recursos esgotados, Frank Holmes propôs vender a sua concessão aos britânicos,
mas foi rechaçado, uma vez que, mesmo duvidando da presença de óleo na região,
percebiam-no como um intruso. Holmes então dirigiu-se a Nova York, nos Estados
Unidos, e propôs a venda da sua concessão aos estadunidenses, adquirida pela
Gulf Oil em 1927.
Essa
companhia, entretanto, tornou-se parte da Iraq Petroleum Company em 1928. Como
esta era signatária do acordo da Linha Vermelha, tornava-se impossível para a
Gulf Oil operar sozinha no Bahrein. Desse modo, revendeu as suas ações à SOCAL – Standard
Oil of California, ex-Standard Oil Company, que havia ratificado o acordo.
Essa operação
irritou os britânicos, que não admitiam que os estadunidenses se instalassem no
Oriente Médio. Sob a influência britânica, os xeques ou sheiks não podiam agir por conta
própria. Uma cláusula de nacionalidade britânica era exigida para explorar o
petróleo. Para contornar o impedimento, a SOCAL – Standard Oil of California estabeleceu
uma filial no Canadá, um território britânico, na época.
Curiosamente,
um ano mais tarde, convencidos de que não havia petróleo em Bahrein, os
britânicos acabaram concordando. As perfurações iniciaram-se, desse modo, em
1931 e em 1932 uma jazida de petróleo foi descoberta no local, vindo a inverter
o equilíbrio regional e mundial, e criando uma situação que dura até aos dias
de hoje.
Na Arábia
Saudita, um dos países formadores da península arábica, em 1933, o rei Ibn
Saud, concedeu à SOCAL – Standard Oil of California o direito de exploração do
petróleo de seu país por 60 anos, mediante um pagamento de 35.000 peças de
ouro. Curiosamente, o articulador do acordo foi Saint John Philby, antigo
funcionário britânico do Império das Índias, que, na época, era conselheiro de
Ibn Saud.
Derrotados na
Arábia Saudita, os britânicos associaram-se aos estadunidenses, um ano e meio
mais tarde, em partes iguais, no Kuwait, a última zona de prospecção disponível
na região. As seis primeiras perfurações foram infrutíferas até que, em 1938,
vastas reservas foram descobertas no Kuwait.
PÓS SEGUNDA
GUERRA
Após a Segunda Guerra Mundial, terminada em 1945, o movimento pela descolonização dos territórios / países em geral foi seguido pelo direito das nações disporem livremente dos próprios recursos naturais. Nesse contexto, os países do Oriente Médio passaram a manifestar o desejo de libertar-se da influência das companhias petrolíferas ocidentais, inclusive com revoltas populares.
Porém, por outro lado, nem sempre essas revoltas
populares trouxeram um resultado prático de estabilidade política e econômica,
pelo contrário, uma parte delas piorou ainda mais as coisas por lá, tornando parte desses países ainda mais instáveis:
O
“BENDITO” PETRÓLEO E AS GUERRAS NO ORIENTE MÉDIO |
|
PERÍODO |
ACONTECIMENTO |
1966-1970 |
Guerra civil no Iêmen |
1974 |
Revolta civil no Iraque, pelos Curdos |
1979-1980 |
Revolta xiita no Iraque, “contida” por Saddam
Hussein, com assassinatos, prisões e torturas |
1979 |
Revolução Iraniana, com a expulsão do xá Pahlavi
para o Egito e a imposição, à força, de um regime governamental religioso radical
pelo aiatolá Khomeini |
1979 |
Tentativa de golpe na Arábia Saudita, contra a
família real, evento conhecido como Grand Mosque Seizure |
1979 |
Invasão do Afeganistão pela União Soviética |
1981 |
Assassinato do então presidente do Egito, Anuar
Sadat, por grupos terroristas islâmicos, logo após ele firmar um acordo de
paz com Israel |
1980-1988 |
Guerra Irã versus Iraque, iniciada com a invasão
iraquiana de território iraniano, pelo ditador Saddam Hussein |
1988 |
Atentado contra o jato comercial da Pan Am, com
explosão sobre a Escócia, no Reino Unido, segundo investigações tramada por
organizações terroristas protegidas pela Líbia, governada pelo então ditador Muammar Kadafi
|
1990-1991 |
Invasão do Kuwait por Saddam Hussein, com a fuga da
família real kuwaitiana para a Arábia Saudita e intervenção militar dos
Estados Unidos e aliados, conhecida como Guerra do Golfo |
1991 |
Revolta curda no Iraque, com a criação de uma zona
de exclusão aérea sobre território iraquiano, pela ONU, para evitar eventuais
agressões por parte de Saddam Hussein |
1991 |
Revolta xiita no Iraque, também com a criação de uma
zona de exclusão aérea. |
1992 |
Início da guerra civil no Afeganistão, causada pelo
grupo religioso sunita talibã ou taleban. Esse país árabe é rico em recursos
naturais, mas, infelizmente, instável politicamente, o que causa a extrema
pobreza de sua população até hoje |
1997 |
Atendado terrorista na cidade de Luxor, no Egito,
por terroristas islâmicos, com 57 civis mortos, a maioria turistas
estrangeiros |
2001 |
Atentado contra os dois edifícios do World Trade
Center, nos Estados Unidos, tramado pelo terrorista árabe Osama Bin Laden, com
a consequente declaração de guerra deste país norte-americano contra
Afeganistão e Iraque |
2001 |
Ação militar internacional liderada pelos Estados
Unidos sobre o Afeganistão, para a retirada do grupo religioso radical talibã
do poder |
2003 |
Ação militar internacional liderada pelos Estados
Unidos sobre o Iraque, para a retirada de Saddam Hussein do poder |
2009 |
Guerra civil no Iêmen |
2021 |
Retorno do talibã ao poder no Afeganistão |
Não está
claro se esse desejo de “libertação” dos árabes tinha relação com o preconceito
e a aversão que as nações árabes tinham (e ainda têm) contra as culturas, as línguas,
as religiões, o modo de vida ou costumes e as etnias ocidentais ou se era um
desejo legítimo de explorar seus próprios recursos naturais. Provavelmente
ambos os fatores pesaram nas decisões dos líderes árabes, neste sentido.
Assim, em
1948, com o apoio dos Estados Unidos enquanto superpotência, obtiveram o fim do
"acordo da Linha Vermelha". Empresas recém-chegadas, como a
estadunidense Getty Oil Company, ofereceram melhores condições de exploração de
petróleo à Arábia Saudita, obrigando as companhias petrolíferas até então
estabelecidas, determinadas a manter as suas posições, a conceder à Arábia
Saudita, em 1950, uma fatia de 50% dos lucros da exploração petrolífera. Essa
concessão foi estendida ao Bahrein e, posteriormente, ao Kuwait e ao Iraque.
Como as
multinacionais anglo-americanas, apelidadas de as Sete Irmãs, ainda conservavam
o controle dos preços do petróleo árabe e dos volumes de produção, em 1950 foi realizada
a primeira tentativa de contestação desse status. No Irã, por exemplo, o
primeiro-ministro Mohammed Mossadegh nacionalizou as jazidas do país. Os
britânicos, prejudicados por esse contestação, organizaram um bloco militar em
favor das exportações. Durante quatro anos os iranianos resistiram até que, em
1954, os estadunidenses eliminaram Mossadegh, assumiram o controle do petróleo
iraniano e, de passagem, afastaram os ingleses.
Mais adiante,
em 1960, a Arábia Saudita, o Kuwait, o Irã, o Iraque e a Venezuela, um país
sul-americano, criaram a OPEP – Organização
dos Países Exportadores de Petróleo com o objetivo, segundo a organização,
de permitir aos países produtores de petróleo de exercerem soberania sobre suas
reservas de petróleo, em um momento em que o mercado internacional estava
dominado pelas Sete Irmãs.
Esse foi um
marco histórico, para o bem ou para o mal, dependendo do ponto de vista de cada
pessoa. Foi o início da consolidação da posição de influência econômica (e, talvez, até política) dos
países exportadores de petróleo no mundo, principalmente dos países árabes.
Porém, demoraria uma década ainda, ou seja, somente a partir da década de 1970,
para que a correlação de forças entre países consumidores de petróleo e países
produtores da valiosa substância fosse alterada.
Na época, o
mundo já estava “viciado” em petróleo, com carros beberrões, por exemplo. E
para piorar as coisas, houve um acidente que danificou o oleoduto entre a
Arábia Saudita e o mar Mediterrâneo, levando a uma diminuição da oferta de 5.000 barris / dia no mercado. Como consequência, os preços do petróleo subiram,
e a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo percebeu seu poder de
influência.
As
nacionalizações voltaram a ganhar força nos países árabes, inclusive com
revoltas populares. Em 1972, por exemplo, o Iraque recuperou o controle da sua
indústria petrolífera, nacionalizando-a em 1975. Sem desejar ser reduzidas a
meros compradores de petróleo, as companhias ocidentais introduziram uma nova
figura jurídica para manter o seu status na atividade de
extração de petróleo, os chamados contratos de partilha da produção, nos quais elas
passaram a se associar à produção local do petróleo e a comercializar por sua
própria conta uma parte da produção da jazida.
Em 1973, a
Guerra do Yom Kipur, entre Israel, de um lado, e Egito, Síria e Iraque, do
outro lado, provocou o primeiro choque petrolífero mundial. Propositalmente, os
países formadores da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a
maioria deles árabe, elevou o preço do barril em 70% e limitou a sua produção,
como forma de pressionar a comunidade mundial, principalmente os países
alinhados politicamente aos Estados Unidos, a manter-se neutra nessa guerra.
No ano
seguinte, o Kuwait e o Catar assumiram o controle, em até 60%, das companhias
que atuavam em seu território. A Arábia Saudita fez o mesmo antes de
nacionalizar completamente a ARAMCO – Arabian-American
Oil Company, em 1976, que é, atualmente, a Saudi Aramco, a maior empresa petrolífera do mundo e a maior
empresa do planeta, avaliada em mais de US$ 1,8 trilhão, em 2019, quando teve
ações colocadas no mercado.
No final da
década de 1970, os preços do barril de petróleo chegaram a US$ 40 dólares, em
valores da época, o equivalente hoje a cerca de US$ 130 dólares. Na época o
planeta já produzia e consumia diariamente cerca de 30.000.000 de barris de
petróleo por dia.
Esses fatos
levaram a que os países produtores de petróleo passassem a controlar o mercado,
tendo as companhias ocidentais perdido a capacidade de ditar os preços do petróleo.
Por outro lado, as empresas ocidentais mantêm, até hoje, a primazia sobre as
tecnologias de extração, refinamento, transporte e comercialização do óleo e
derivados, principalmente fora dos territórios árabes.
A Petrobras, por exemplo, detém altíssima
tecnologia de extração de petróleo em águas profundas, na camada de rocha do
pré-sal, abaixo do leito do Oceano Atlântico, aqui no Brasil.
Se, em 1940,
o Oriente Médio produzia 5% do petróleo consumido pelo mercado mundial, em
1973, na época do choque petrolífero, atingia quase 37%. Acredita-se que se,
por um lado, a extração, o refino e a comercialização do petróleo garantem aos
países produtores influência econômica (e, talvez, até política) sobre os países
consumidores, por outro lado há o inconveniente desses países produtores serem
alvos da cobiça constante de outros países e, portanto, a necessidade de
manter, sempre, força militar própria e aliados razoavelmente confiáveis com
poder militar.
Por exemplo,
na década de 1990 o Kuwait foi invadido por um dos seus países vizinhos, o
Iraque. Esse problema só foi resolvido com a ação militar de uma coalisão
externa, liderada pelos Estados Unidos, que conseguiu devolver o controle do
estado kuwaitiano aos seus soberanos.
PETRÓLEO NO BRASIL
No Brasil, o primeiro trabalho de prospecção de petróleo, baseado em sondagens, foi realizado no município de Bofete, no estado de São Paulo, entre 1892 e 1896, por iniciativa de Eugênio Ferreira de Camargo, um fazendeiro. Ele foi responsável pela primeira perfuração, até à profundidade de 488 metros, que teve como resultado apenas água sulfurosa.
Em 1932 foi
instalada a primeira refinaria de petróleo do país, a Refinaria Rio-Grandense
de Petróleo, em Uruguaiana, no estado do Rio Grande do Sul, a qual utilizava
petróleo importado do Chile, dentre outros países. Somente no ano de 1939 foi
descoberto petróleo no bairro do Lobato, em Salvador, no estado da Bahia.
Desde os anos
1930 o tema do petróleo é amplamente discutido no Brasil, principalmente entre partidos
de esquerda, que costumam defender o amplo monopólio da União sobre as
reservas, as tecnologias de extração, as instalações de refinamento e até a
comercialização; os partidos de direita, que costumam defender uma ampla
privatização de toda a cadeia produtiva e do comércio do petróleo; e os
partidos de centro, que costumam defender uma combinação mais equilibrada, mais
moderada e menos radical, com a presença harmônica do Estado e da iniciativa
privada no setor, com uma agência reguladora pública capaz de inibir os
eventuais abusos da iniciativa privada.
Nas primeiras
décadas do século XX, o Governo Brasileiro decidiu investir diretamente em
prospecções para encontrar e explorar reservas de petróleo em solo nacional,
por meio do então Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, subordinado ao
Departamento Nacional de Produção Mineral.
Naquela
época, as primeiras descobertas significativas de petróleo em solo nacional
ocorreram entre 1939 e 1954, com a constatação de petróleo no estado da Bahia, próximas
a Salvador, na chamada região do Recôncavo Baiano. Entretanto, em nível
nacional, nas décadas de 1930, 1940 e 1950, o país ainda dependia muito das
empresas privadas multinacionais para todas as etapas da cadeia produtiva do
petróleo, desde a sua extração e o seu refino até a distribuição de
combustíveis.
Após a
Segunda Guerra Mundial iniciou-se no Brasil um movimento popular e político
em prol da nacionalização da produção petrolífera. Naquela época o Brasil era
um grande importador de petróleo e as reservas brasileiras constatadas eram pequenas,
quase insignificantes.
Mesmo assim
diversos movimentos sociais e setores organizados da sociedade civil
mobilizaram a campanha "O petróleo é Nosso!", que resultou na criação
da Petrobrás em 1953, no segundo governo de Getúlio Vargas, o presidente da República, na época. Então, a Lei
2.004, de 1953, também garantia ao Estado
Brasileiro o monopólio da extração de petróleo do subsolo, que foi
incorporado como artigo da Constituição de 1967 (Carta Política de 1967), através
da Emenda nº 1, de 1969.
Décadas mais
tarde, já no governo de Fernando
Henrique Cardoso, do PSDB, tipicamente um partido de centro, o monopólio da
União foi eliminado, em 1995, com a Emenda Constitucional n. 9/1995 que
modificou o Art. 177 da Constituição
Federal de 1988.
Voltando no
tempo, em 1972, a Petrobrás iniciou a produção de gás e óleo de xisto, em São
Mateus do Sul, no interior do estado do Paraná, na formação Irati, que é uma formação
geológica da bacia do Paraná. A produção em Irati emprega um processo
patenteado pela Petrobrás, denominado processo Petrosix.
Durante o
século XX, os principais estados produtores de petróleo, aqui no Brasil, foram
Bahia, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Pará, Maranhão, Amazonas,
Rio Grande do Norte, Ceará, Amapá e Paraná.
Após ou
durante a crise petrolífera da década de 1970, a Petrobrás modificou sua
estratégia de exploração petrolífera, que até então priorizava parcerias
internacionais e a exploração de campos mais rentáveis no exterior. Entretanto,
naquela época o Brasil importava 90% do petróleo que consumia e o novo patamar
de preços, mais alto, tornou mais interessante explorar petróleo nas áreas de
maior custo do país, então a Petrobrás passou a procurar petróleo em alto mar.
Em 1974 a
Petrobrás descobriu indícios de petróleo na Bacia de Campos, confirmados com a perfuração do primeiro poço, em
1976. Desde então essa região da Bacia de Campos tornou-se a principal região
petrolífera do país, chegando a responder por mais de 66% do consumo nacional
até o início da década de 1990, e ultrapassando 90% da produção petrolífera
nacional na década de 2000.
No entanto, é
necessário ressaltar aqui o Brasil ainda tem sérios problemas de incapacidade
instalada para processar (refinar) o petróleo que ele mesmo extrai,
principalmente por meio da Petrobrás, ou seja, ele manda para o exterior parte
do petróleo que produz e importa derivados de petróleo para compor o chamado
blend. Por isso, o consumidor brasileiro é fortemente impactado pelo preço do
barril do petróleo no mercado internacional e pela cotação do dólar.
O ideal ou
desejável é que o país seja totalmente autônomo na extração, refino e
comercialização de petróleo e derivados, isso, é claro, até o petróleo perder o
protagonismo de principal fonte de energia do planeta, o que não deve demorar
muito, graças ao avanço de novas tecnologias de geração de eletricidade, como
eólica e solar, por exemplo, e novas tecnologias de mobilidade, como automóveis
elétricos, por exemplo.
Voltando no
tempo, em 2007, a Petrobrás anunciou a descoberta de petróleo na camada
denominada pré-sal, que, posteriormente, verificou-se ser um grande campo
petrolífero, estendendo-se ao longo de 800 quilômetros na costa brasileira, do
estado do Espírito Santo ao estado de Santa Catarina, abaixo de espessa camada
de sal (rocha salina) e englobando as bacias sedimentares do Espírito Santo, de
Campos e de Santos.
O primeiro petróleo
do pré-sal foi extraído em 2008, alguns poços de lá, como o Campo Tupi, por
exemplo, iniciaram a fase comercial por volta de 2010. O maior campo de
petróleo do pré-sal, o Campo de Libra, foi leiloado em 2013. Estima-se que o
óleo recuperável na área do Campo de Libra, varie de 8 a 12 bilhões de barris.
De 2010 a
2014, a média anual de extração de petróleo do pré-sal cresceu quase doze
vezes, avançando de uma média inicial de 42.000 barris por dia, em 2010, para
492.000 barris por dia, na média de 2014. Em 2015, por exemplo, essa produção
correspondia a cerca de 20% do total de produção de petróleo da Petrobras e em
2018 chegou a 50%.
Atualmente, o
Brasil produz cerca de 3.000.000 de barris de petróleo por dia, o que seria o
suficiente para atender a demanda interna, embora na prática o país precise exportar
petróleo e importar derivados de petróleo. O país alcançou a chamada autossuficiência
de petróleo na década de 2010, mas algumas deficiências e/ou problemas na
cadeia produtiva do petróleo ainda atrapalham a formação de preços mais razoáveis
dos derivados de petróleo no mercado interno.
CRONOLOGIA DA INDÚSTRIA
PETROQUÍMICA BRASILEIRA |
|
ANO |
ACONTECIMENTO |
1953 |
Criação
da Petrobras |
1955 |
Inauguração
da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão |
1958 |
Fábrica
de Fertilizantes de Cubatão (Petrobras) |
1960 |
Companhia
Brasileira de Estireno (Union Carbide) |
1960 |
Fábrica
de Isopropanol (Rhodia) |
1960 |
Companhia
Petroquímica Brasileira (Alba S.A.) |
1962 |
Fábrica
de borracha sintética Petroflex (Petrobras) |
1967 |
Inauguração
da Petroquisa, da Petrobrás |
1971 |
Inauguração
da Copene |
1983 |
Criação
de um polo petroquímico no Rio Grande do Sul |
1987 |
Criação
de um polo petroquímico no Rio de Janeiro |
|
|
|
|
|
|
Desde a
década de 1950, o Brasil tem reduzido lentamente a sua dependência do petróleo
importado, gradativamente, até alcançar a chamada autossuficiência, em 2015, que,
na verdade, não é bem uma autossuficiência completa. Na década de 2000, por
exemplo, o país conseguiu reduzir sua dependência de petróleo produzido no
exterior para 20%, em relação aos 35% da década anterior.
PRINCIPAIS REFINARIAS DE
PETRÓLEO BRASILEIRAS |
|
LOCALIZAÇÃO |
REFINARIA |
Mauá
– São Paulo |
Capuava
(Petrobras) |
Ipojuca
– Pernambuco |
Abreu
e Lima (Petrobras) |
Canoas
– Rio Grande do Sul |
Alberto
Pasqualini (Petrobras) |
Itaboraí
– Rio de Janeiro |
COMPERJ
– Complexo Petroquímico (Petrobras) |
Duque
de Caxias – Rio |
REDUC
– Duque de Caxias (Petrobras) |
Betim
– Minas Gerais |
Gabriel
Passos (Petrobras) |
Araucária
- Paraná |
Presidente
Getúlio Vargas (Petrobras) |
São
José dos Campos – S.P. |
REVAP
– Henrique Lage (Petrobras) |
Manaus
- Amazonas |
REMAN
– Isaac Sabbá (Grupo Atem) |
Francisco
do Conde - Bahia |
Mataripe
(fundo árabe Mubadala) |
Fortaleza
- Ceará |
LUBNOR
– Petróleo do Nordeste (Petrobras) |
Rio
de Janeiro – R.J. |
REFIT
- Manguinhos (Grupo Magro) |
Paulínia
– São Paulo |
REPLAN
– Paulínia (Petrobras) |
Guamaré
– Rio Grande do Norte |
RPCC
– Potiguar Clara Camarão (Petrobras) |
Cubatão
– São Paulo |
RPBC
– Refinaria Presidente Bernardes (Petrobras) |
Rio
Grande – R.S. |
Riograndense
de Petróleo (Petrobras) |
Itupeva
– São Paulo |
Univen
Petróleo |
São
Mateus do Sul – PR |
SIX
– Unidade de Industrialização (Petrobras) |
|
|
|
|
GEOLOGIA DO PETRÓLEO
O petróleo está associado a grandes estruturas que comunicam a crosta e o manto da Terra, sobretudo nos limites entre placas tectônicas. O petróleo e gás natural são encontrados tanto em terra quanto no mar, principalmente nas bacias sedimentares, onde se encontram meios mais porosos / reservatórios, mas também em rochas do embasamento cristalino.
Os
hidrocarbonetos, portanto, ocupam espaços porosos nas rochas, sejam eles entre
grãos ou fraturas. São efetuados estudos das potencialidades das estruturas
acumuladoras (armadilhas ou trapas), principalmente através de sísmica que é o
principal método geofísico para a pesquisa dos hidrocarbonetos.
Durante a
perfuração de um poço, as rochas atravessadas são descritas, pesquisando-se a
ocorrência de indícios de hidrocarbonetos. Logo após a perfuração são
investigadas as propriedades radioativas, elétricas, magnéticas e elásticas das
rochas da parede do poço através de ferramentas especiais (perfilagem) as quais
permitem ler as propriedades físicas das rochas, identificar e avaliar a
ocorrência de hidrocarbonetos.
É quase um consenso
entre geólogos e geoquímicos que o petróleo e o gás natural são o resultado da
lentíssima decomposição de matéria orgânica (restos de animais mortos e
plantas) naturalmente cobertos por camadas de rocha, areia e terra, ao longo de
milhares ou milhões de anos. De modo geral, o petróleo é formado, naturalmente,
antes do gás natural, mas o processo natural de formação de ambos é semelhante.
Uma outra
hipótese, ainda defendida por um número muito menor de cientistas e acadêmicos,
foi levantada no século XIX: Ela defende que o petróleo teve uma origem
inorgânica, a partir dos depósitos de carbono que possivelmente surgiram durante
a formação da Terra, há milhões ou bilhões de anos atrás.
No entanto, a
hipótese mais aceita leva em conta que, com o aumento da temperatura, as
moléculas do querogênio começariam a ser quebradas, gerando compostos orgânicos
líquidos e gasosos, num processo denominado catagênese.
Para se ter
uma acumulação de petróleo seria necessário que, após o processo de geração
(cozinha de geração) e expulsão, ocorresse a migração do óleo e/ou gás através
das camadas de rochas adjacentes e porosas, até encontrar uma rocha selante e
uma estrutura geológica que detenha seu caminho, sobre a qual ocorrerá a
acumulação do óleo e/ou gás em uma rocha porosa chamada rocha reservatório.
OUTROS ASPECTOS
INDÚSTRIA DO
PETRÓLEO
A indústria petrolífera é, geralmente e conceitualmente, dividida em três grandes segmentos denominados upstream, midstream e downstream, em inglês. No entanto, o American Petroleum Institute divide a indústria do petróleo em cinco setores: upstream, downstream, oleodutos, marinas e fornecimento de serviços.
Quanto ao
aspecto de propriedade, as companhias petrolíferas se subdividem em três grupos
principais:
- Empresas petrolíferas estatais;
- Empresas petrolíferas de capital misto;
- Empresas petrolíferas privadas;
USO DO
PETRÓLEO
Segundo a AIE – Agência Internacional de Energia ou IEA - International Energy Agency, em 2013, por exemplo, cerca de 63% do petróleo produzido no mundo, naqueles anos mais recentes, foi destinado ao setor de transporte, o que inclui o segmento aéreo, marítimo e rodoviário. A tendência para o futuro é, portanto, de uma redução gradativa do consumo de combustíveis fósseis pelo setor de transporte, principalmente automóveis, graças ao avanço das tecnologias de mobilidade totalmente elétrica.
Segundo essa
agência, aproximadamente 25% do petróleo produzido no mundo foi utilizado pelo setor industrial,
sendo que cerca de 16% foi utilizado como subproduto ou matéria-prima.
REFINO
Ao chegar nas refinarias, o petróleo extraído dos reservatórios é submetido a uma separação gás-óleo-água livre e desidratação do óleo para retirada de água e sais presentes no petróleo. O óleo bruto resultante é bombeado a um forno e, em seguida, é encaminhado a uma torre de destilação atmosférica, também conhecida como destilação fracionada, onde ocorrerá a primeira etapa de separação de seus derivados.
Ao longo da torre de destilação fracionada, há uma série de pratos, cerca de 30, onde é efetuada a separação dos derivados do petróleo de acordo com seus pontos de ebulição. Como o petróleo é composto por hidrocarbonetos, as frações mais pesadas dele são destiladas na parte inferior da torre e as frações mais leves na parte superior.
Nessa etapa, são obtidos derivados de petróleo como:
- Gás combustível;
- GLP ou Gás Liquefeito de Petróleo;
- Gasolina e/ou nafta;
- Querosene;
- Óleo diesel;
Aqui no
Brasil, o produto que tem o nome de gasolina é diferente do produto vendido em
outros países do mundo, com o nome petrol ou gas, em inglês, e gasolina ou nafta, em espanhol, por exemplo. Ele é vendido no varejo brasileiro com uma mistura de
cerca de 75% de gasolina, de fato, o produto diretamente derivado de petróleo,
misturado com cerca de 25% de etanol anidro ou álcool anidro, este um produto combustível
de origem vegetal, obtido principalmente pelo processamento de cana-de-açúcar.
A razão disso
é reduzir o máximo possível a dependência do país dos grandes produtores
internacionais de petróleo e, consequentemente, reduzir o máximo possível sua
influência política e econômica sobre o país; reduzir a poluição, já que o
etanol é considerado um combustível bem menos nocivo à natureza; e reduzir o máximo
possível o desequilíbrio da chamada balança comercial, que, geralmente, provoca
pressões sobre a cotação do dólar no mercado interno.
Voltando aos
aspectos técnicos, a etapa posterior do processamento consiste na destilação a
vácuo dos resíduos da destilação atmosférica após seu aquecimento no forno.
Devido à ação do vácuo, esta unidade opera com pressões inferiores à pressão
atmosférica, possibilitando que o sistema de calor e pratos efetue a separação
de novos derivados do petróleo, como óleo combustível ou asfalto, gasóleo
pesado e gasóleo leve.
Nas
refinarias ainda ocorrem outros processos para obtenção de derivados diversos,
como o craqueamento, que transforma frações mais pesadas em frações mais leves
através da quebra de moléculas dos compostos de cadeias longas em cadeias
menores, e alquilação catalítica, onde há a reação de adição de duas moléculas
leves para a síntese de uma terceira molécula, de maior peso molecular,
catalisada por um agente de forte caráter ácido.
MERCADO MUNDIAL
O mercado mundial de petróleo não é estável, há uma variedade de fatores geopolícos, politicos, tecnológicos, ambientais e sociais que sempre afetaram a quantidade produzida e os preços do barril do petróleo ao longo de seu “reinado” de mais de 170 anos, desde o início de sua exploração em larga escala, em 1846, no Azerbaijão.
De lá pra cá
ele teve alguns picos de preços, como, por exemplo, em 2012, quando chegou a
cerca de US$ 110 dólares o barril, quatro vezes mais que o preço de 2003, por
exemplo, mais uma vez influenciado pela OPEP – Organização dos Países Exportadores
de Petróleo, cuja sigla internacional é OPEC – Organisation of the Petroleum
Exporting Countries.
Vale lembrar
que a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que, na prática, é um cartel, concentra cerca de
44% da produção e exportação mundial de petróleo. Ela é formada por 13 países, no
total, incluindo Argélia, Angola, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia,
Nigéria, República do Congo, Emirados Árabes Unidos e Venezuela, dentre outros.
Além disso, esses 13 países concentram cerca de 83% das reservas mundiais de petróleo.
Cinco países
do Oriente Médio estão entre os 30 países mais ricos do mundo, incluindo Arábia
Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar e Kuwait, sendo justamente o petróleo o
principal integrante da base da economia desses países, embora eles já tenham
iniciado, há algumas décadas atrás, programas governamentais de diversificação de
suas economias, baseada inclusive em fundos soberanos de investimentos empresariais internacionais.
O Brasil não
faz parte da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo e nem
precisa fazer parte dela, pois seu foco principal é produzir e refinar petróleo
para seu consumo próprio. As reservas de petróleo conhecidas do Brasil são o suficiente para os próximos 50 anos, já considerando uma gradativa redução do consumo de derivados, na medida em que seja realizada a transição energética. Se não houvesse a transição essas reservas durariam apenas 20 anos.
PAÍSES PRODUTORES
PRODUÇÃO EM 2020, EM MILHÕES DE BARRIS POR DIA
1. |
Estados
Unidos |
11,307 |
2. |
Rússia |
9,865 |
3. |
Arábia
Saudita (OPEP) |
9,264 |
4. |
Canadá |
4,201 |
5. |
Iraque (OPEP) |
4,102 |
6. |
China |
3,888 |
7. |
Emirados Árabes Unidos (OPEP) |
3,138 |
8. |
Brasil |
2,939 |
9. |
Irã (OPEP) |
2,665 |
10. |
Kuwait (OPEP) |
2,625 |
11. |
Nigéria (OPEP) |
1,775 |
12. |
Cazaquistão |
1,756 |
13. |
Noruega |
1,712 |
14. |
México |
1,710 |
15. |
Catar |
1,530 |
16. |
Angola (OPEP) |
1,249 |
17. |
Argélia (OPEP) |
1,112 |
18. |
Omã |
0,948 |
19. |
Reino
Unido |
0,947 |
20. |
Colômbia |
0,791 |
Fonte: Governo dos Estados
Unidos
PAÍSES EXPORTADORES
EXPORTAÇÃO
EM 2020, EM MILHÕES DE BARRIS POR DIA
1. |
Arábia
Saudita (OPEP) |
10,600 |
2. |
Rússia |
5,225 |
3. |
Iraque (OPEP) |
3,800 |
4. |
Estados
Unidos |
3,770 |
5. |
Canadá |
3,596 |
6. |
Emirados Árabes Unidos (OPEP) |
2,296 |
7. |
Kuwait (OPEP) |
2,050 |
8. |
Nigéria (OPEP) |
1,979 |
9. |
Catar (OPEP) |
1,477 |
10. |
Angola (OPEP) |
1,420 |
11. |
Cazaquistão |
1,292 |
12. |
México |
1,285 |
13. |
Venezuela |
1,245 |
14. |
Noruega |
1,254 |
15. |
Omã |
1,000 |
Fonte: Governo dos Estados
Unidos
PAÍSES CONSUMIDORES
CONSUMO EM 2019,
EM MILHÕES DE BARRIS POR DIA
1. |
Estados
Unidos |
19,400 |
2. |
China |
14,056 |
3. |
Índia |
5,271 |
4. |
Japão |
3,812 |
5. |
Arábia
Saudita |
3,788 |
6. |
Rússia |
3,317 |
7. |
Coreia do Sul |
2,760 |
8. |
Canadá |
2,403 |
9. |
Brasil |
2,398 |
10. |
Alemanha |
2,281 |
11. |
Irã |
2,018 |
12. |
México |
1,733 |
13. |
Indonésia |
1,628 |
14. |
França |
1,530 |
15. |
Tailândia |
1,344 |
Fonte: Statistical Review of World Energy
PAÍSES IMPORTADORES
IMPORTAÇÃO
EM 2018, EM MILHÕES DE BARRIS POR DIA
1. |
China |
8,400 |
2. |
Estados
Unidos |
7,900 |
3. |
Índia |
5,123 |
4. |
Japão |
3,147 |
5. |
Coreia do Sul |
2,949 |
6. |
Alemanha |
1,830 |
7. |
Filipinas |
1,503 |
8. |
Itália |
1,346 |
9. |
Espanha |
1,224 |
10. |
Reino
Unido |
1,221 |
11. |
Países
Baixos |
1,204 |
12. |
França |
1,129 |
13. |
Singapura |
0,976 |
14. |
Tailândia |
0,898 |
15. |
Taiwan |
0,841 |
Fonte: Governo dos Estados Unidos
MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEO
EM BILHÕES
DE BARRIS, À ESQUERDA DA VÍRGULA
1. |
Arábia
Saudita |
264,6 |
2. |
Venezuela |
209,4 |
3. |
Canadá |
173,6 |
4. |
Irã |
151,2 |
5. |
Iraque |
143,1 |
6. |
Kuwait |
101,5 |
7. |
Emirados Árabes Unidos |
97,8 |
8. |
Rússia |
60,0 |
9. |
Argélia |
12,26 |
10. |
Líbia |
48,1 |
11. |
Nigéria |
38,5 |
12. |
Cazaquistão |
30,0 |
13. |
Brasil |
25,21 |
14. |
Estados
Unidos |
19,1 |
15. |
China |
16,1 |
Fonte:
Governo dos Estados Unidos
Um barril de
petróleo equivale a 159 litros.
PETRÓLEO E MEIO AMBIENTE
Como o petróleo é uma substância que ocorre naturalmente no planeta a sua eventual presença indesejável no ambiente não é necessariamente resultado da atividade humana, tais como acidentes durante a extração, refino, combustão, transporte e comercialização. Fenômenos naturais, como exsudações e poços de piche, são exemplos de casos em que o petróleo afeta o meio ambiente, mas sem a culpa do ser humano.
Independentemente
da causa da contaminação, os efeitos do petróleo no meio ambiente, quando
liberado de forma inadequada, naturalmente ou artificialmente, são semelhantes:
ACIDIFICAÇÃO
DOS OCEANOS
.
A acidificação
dos oceanos é o aumento da acidez dos oceanos da Terra causado pela absorção de
dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Esse aumento da acidez inibe ou
prejudica o desenvolvimento de toda a vida marinha, com um primeiro impacto
sobre organismos menores e, posteriormente, um impacto sobre organismos
maiores.
AQUECIMENTO
GLOBAL
Quando queimado, o petróleo libera dióxido de carbono na atmosfera, um gás que causa o chamado efeito estufa, cuja principal consequência é o aquecimento médio da atmosfera do planeta. Junto com a queima de carvão mineral, a combustão de petróleo é, segundo cientistas e acadêmicos, um dos maiores contribuintes para o aumento do CO2 atmosférico, que tem aumentado, ao longo dos últimos 150 anos, em pelo menos 2° Celsius ou centígrados a temperatura média do planeta.
Acredita-se
que esse aumento da temperatura média do planeta Terra, que, atualmente, é de
cerca de 15° Celsius ou centígrados, pode ter reduzido a área da
calota de gelo do Ártico (Polo Norte e Oceano Ártico) para 2,8 milhões km², a
menor já registrada. Devido ao derretimento, mais reservas de petróleo foram
reveladas. A Agência Internacional de Energia estima que cerca de 13% do
petróleo ainda não descoberto do planeta está no Ártico.
EXTRAÇÃO
A extração do petróleo é simplesmente a remoção do recurso a partir da reserva no subsolo continental ou em rochas abaixo do leito dos oceanos e mares. O petróleo é frequentemente recuperado como uma emulsão de água e óleo. Produtos químicos especiais, chamados demulsificadores, são utilizados para separar o petróleo da água.
As etapas de
prospecção (descoberta e avaliação do volume e qualidade das reservas),
instalação de equipamentos para extração, extração em si, processamento ou
refinamento, transporte e comercialização são todas caras, por isso o preço do
petróleo (gasolina, óleo diesel e querosene de aviação, por exemplo) na bomba
costuma ser alvo de reclamação por parte dos consumidores.
De acordo com
dados de 1981, do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, mais de 70% das
reservas de petróleo conhecidas do mundo estão associadas com sinais visíveis de
sua presença nessas regiões e muitos campos de petróleo são encontrados devido
à exsudações naturais, ou seja, “o aparecimento visível” na superfície, que
lembra vagamente, pelo menos em parte, os fenômenos naturais das nascentes
d’água.
Ainda não há
consenso entre cientistas e acadêmicos se a exploração offshore (nos oceanos e/ou mares) de petróleo perturbam o ambiente
marinho circundante, sendo que é, geralmente, recomendado que cada caso seja
tratado individualmente, portanto sem generalizações, por meio de licenças
ambientais dos respectivos governos.
DERRAMAMENTOS
DE PETRÓLEO
Ao longo da história, a quantidade de petróleo derramado ou vazado durante acidentes variou de algumas centenas de toneladas a várias centenas de milhares de toneladas, como, por exemplo, o acidente com a plataforma Deepwater Horizon, em 2010, localizada no Golfo do México, nos Estados Unidos, de propriedade da Transocean Ltd, mas operada pela empresa exploradora britânica BP – British Petroleum, com quase 5.000.000 de barris vazados, e o acidente com o navio petroleiro Amoco Cadiz, em 1973, entre a Inglaterra e França, resultando também em um grande dano ambiental.
Até mesmo os
derramamentos menores já demonstraram ter um grande impacto nos ecossistemas,
como, por exemplo, o derramamento de óleo do navio petroleiro Exxon Valdez, em
1989, quando foram vazados 750.000 barris de petróleo na costa do Alasca, um
estado norte-americano próximo ao Polo Norte.
Os derrames ou
vazamentos de petróleo no mar são geralmente muito mais prejudiciais do que
aqueles em terra, uma vez que eles podem se espalhar sobre a água, por centenas
de quilômetros, em uma mancha de óleo que pode cobrir praias com uma fina
camada de óleo. Isso pode matar aves marinhas, mamíferos, moluscos e outros
organismos, porque o petróleo gruda em seus corpos, dificultando sua
movimentação, dificultando sua respiração e provocando intoxicação.
Os
derramamentos de petróleo em terra são mais facilmente controláveis se uma
barragem de terra improvisada for rapidamente construída em torno do local do
derramamento antes que a maioria do petróleo escape. Além disso, os animais
terrestres, neste caso, podem evitar ou manter-se afastados, instintivamente, do
óleo com mais facilidade ou podem ser impedidos de se aproximar por meio de
barreiras improvisadas ou artificiais.
Embora o
petróleo bruto seja predominantemente composto de vários hidrocarbonetos,
certos compostos heterocíclicos de azoto, tais como piridina, picolina e
quinolina, são relatados como contaminantes associados com o petróleo bruto,
assim como as instalações de processamento de óleo de xisto ou carvão.
Estes
compostos têm uma solubilidade muito elevada na água e, assim, tendem a
mover-se com a água. Certas bactérias que ocorrem naturalmente, tais como
Micrococcus, Arthrobacter e Rhodococcus degradam estes contaminantes.
BOLA DE
PETRÓLEO
.
A chamada bola
de petróleo é uma porção de petróleo bruto (que não deve ser confundido com o
alcatrão, que é um produto sintético derivado de refinos a partir do petróleo)
que resistiu depois de flutuar no oceano. Esses aglomerados de petróleo são um
poluente aquático na maioria dos ambientes, embora possam ocorrer naturalmente,
como, por exemplo no Canal de Santa Bárbara, na Califórnia, ou no Golfo do
México, no Texas.
A sua
concentração e características têm sido utilizadas para avaliar a extensão de
derramamentos de óleo. A sua composição pode ser utilizada para identificar as
suas fontes de origem, e elas podem ser dispersas ao longo de grandes
distâncias por correntes de profundidade. Elas são lentamente decompostas por
bactérias, como Chromobacterium violaceum, Cladosporium resinae, Bacillus submarinus,
Micrococcus varians, Pseudomonas aeruginosa, Candida marina e Saccharomyces
estuari.
BALEIAS
Alguns estudiosos da cadeia do petróleo argumentam que o advento do querosene refinado, obtido a partir do processamento de petróleo, salvou algumas espécies de grandes baleias da extinção, fornecendo um substituto barato para o óleo de baleia e eliminando assim a pressão econômica favorável à captura e morte de baleias.
Antigamente,
o óleo de baleia era utilizado como combustível para lamparinas, para iluminação
noturna das ruas e avenidas, na fabricação de sabão e até na fabricação de
margarinas.
DEGRADAÇÃO
BIOLÓGICA
Muitos microrganismos, como bactérias, fungos e algumas microalgas, por exemplo, expostos a derrames de óleo, têm a capacidade de desenvolver mecanismos necessários para a degradação de hidrocarbonetos. As bactérias, por exemplo, adaptam-se muito rapidamente através de mutações ou transferência horizontal de genes, adquirindo assim a maquinaria catabólica responsável pela degradação dos hidrocarbonetos.
O grande desafio da remediação de locais contaminados por petróleo é permitir a restauração
de ecossistemas biológicos. Contrariamente à remediação através de processos
químicos e físicos, a remediação através de microrganismos, conhecida como biorremediação,
não é invasiva e tem uma relação custo-benefício bastante elevada, tornando-se
assim uma estratégia ecologicamente sustentada para uma limpeza eficaz de
locais contaminados.
Nos últimos
anos tem-se intensificado a investigação nesta área através da otimização de
inóculos de bactérias dos gêneros Pseudomonas, Aeromonas e Bacillus, de forma a
melhorar as taxas de eficiência da biorremediação. Os fungos Coriolopsis
rigida e Marasmius quercophilus são algumas das espécies mais utilizadas com
esse fim.
Esses
microrganismos produzem surfactantes, compostos que aumentam a
biodisponibilidade do óleo, permitindo a solubilização e incorporação do mesmo.
Os microrganismos rodeiam as gotículas de óleo, de modo a aumentar a área de
contacto entre ambos. Geralmente, esses microrganismos degradam os
hidrocarbonetos (em condições aeróbicas ou anaeróbicas) e utilizam-nos como
fonte de carbono e energia. A degradação aeróbica é mais eficiente e rápida,
tendo vantagens relativamente à degradação anaeróbica.
O componente
crucial na degradação aeróbica de hidrocarbonetos é a atividade das enzimas
oxigenases, responsáveis pela introdução de átomos de oxigênio nos
hidrocarbonetos e pela completa oxidação desses a dióxido de carbono, com os elétrons
resultantes dessa degradação entrando na cadeia transportadora de elétrons,
através do NADH/NADPH, sendo o oxigênio o aceitador de elétrons e ocorrendo
formação de ATP por fosforilação oxidativa através de uma ATP sintetase.
Os hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos são os mais complexos, pois possuem vários anéis benzênicos,
comparativamente com os hidrocarbonetos alifáticos, sendo assim mais difíceis
de degradar. Quanto mais anéis benzênicos um hidrocarboneto tiver, mais hidrofóbico,
estável, e menos biologicamente disponível se encontra.
Existem
muitos microrganismos capazes de degradar hidrocarbonetos simples, mas pouquíssimos
conseguem degradar totalmente hidrocarbonetos complexos, como os aromáticos
policíclicos. Isso acontece porque para a sua degradação é necessária a
presença de várias oxigenases com diferentes especificidades e que raramente
são produzidas pelo mesmo microrganismo.
Assim, tem
sido sugerida a utilização de populações microbianas de diferentes espécies, um
consórcio de microrganismos, que possuam diferentes capacidades enzimáticas e
metabólicas, e permitam a degradação completa dos hidrocarbonetos mais
complexos existentes no petróleo.
Nesses
consórcios ou combinações de microrganismos, há microrganismos que degradam
compostos complexos em produtos mais simples, que vão então poder ser
utilizados e degradados por outros organismos. Isso permite que ocorra uma
degradação total e mais eficaz do hidrocarboneto, através da criação de uma
rede metabólica entre diferentes organismos.
A eficiência
dos processos de biorremediação dos hidrocarbonetos é influenciada por diversos
fatores, como por exemplo, o Ph (nível de acidez), salinidade, temperatura,
disponibilidade de nutrientes, disponibilidade de oxigênio e presença de
surfactantes, dentre outros.
Tendo em
conta a disponibilidade de nutrientes e oxigênio, os microrganismos necessitam
de quantidades adequadas de nutrientes inorgânicos, principalmente azoto e
fósforo, para que possam degradar os hidrocarbonetos com mais eficácia. Por
exemplo, a temperatura é um fator muito importante, uma vez que a solubilidade
dos hidrocarbonetos aumenta com a temperatura, resultando numa maior
biodisponibilidade para degradação microbiana.
GALERIA DE IMAGENS
REFINARIA (ARÁBIA SAUDITA)
EXTRAÇÃO MARÍTIMA
EXTRAÇÃO MARÍTIMA
EXTRAÇÃO CONTINENTAL
REFERÊNCIAS E
SUGESTÃO DE LEITURA
- Google / Blogger: https://sites.google.com/site/curiosidadescombustiveis/derivados-do-petroleo-1/lubrificantes
- Nova Enciclopédia Ilustrada Folha - Larousse / Oxford / Webster / Cambridge
- História – Direto ao Assunto /
Netflix:
https://www.netflix.com/watch/81187214
- Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo
- Época / Globo.com: https://epocanegocios.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/Energia/noticia/2014/11/tempo-de-perfuracao-de-pocos-do-pre-sal-cai-60.html
- Refinaria Riograndense: http://www.refinariariograndense.com.br/site/Pages/produtos/processo-produtivo/processo-produtivo.aspx
- Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fundo_soberano
- Jornal Estadão: http://m.acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,brasil-teve-racionamento-e-postos-fechados-nas-crises-do-petroleo-dos-anos-1970,70004005438,0.htm
- Economia / UOL: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/04/17/por-que-o-brasil-importa-combustiveis-se-e-autossuficiente-em-petroleo.htm
- Flávia Rita (blog): https://blog.flaviarita.com/a-expressao-devido-a-tem-crase/#.ZGYarnbMLIU
- G1 / Globo.com: https://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/recordar-e-aprender-uso-do-acento-indicativo-da-crase.html
- Veja / Abril: https://veja.abril.com.br/coluna/radar-economico/refit-ex-manguinhos-perde-no-supremo-mas-recomeca-na-primeira-instancia/
- Petrobras (divulgação): Imagens
- TV Brasil / EBC: Imagem
- Wikimedia: Imagens
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