POÇOS DE ÁGUA (GEOLOGIA)

POÇO ARTESIANO
POÇO SEMIARTESIANO
POÇO PROFUNDO
POÇO SEMIPROFUNDO
POÇO TUBULAR
LENÇOL FREÁTICO
LENÇOL D'ÁGUA
POÇO CAIPIRA
POÇO SIMPLES
POÇO RASO
AQUÍFERO


INTRODUÇÃO

Em geologia, considera-se um poço de água uma obra qualquer, simples ou sofisticada, profunda ou rasa, de captação de água subterrânea, geralmente água potável, feita por meio da escavação manual e/ou perfuração mecanizada com o emprego de perfuratriz, geralmente em um furo vertical, portanto em posição perpendicular em relação ao lençol freático, conhecido também como lençol d’água, e com acesso ao lençol freático ou ao aquífero abaixo.


Existem pelo menos três tipos de poços de água, o poço artesiano, geralmente de maior profundidade e capacidade de vazão maior, em que, geralmente, a água flui espontaneamente para cima; o poço semiartesiano, de profundidade média e de boa capacidade de vazão, em que há necessidade de bombeamento da água; e o poço simples, de capacidade menor, este conhecido também como poço caipira, em que a escavação é manual ou não tão sofisticada como a perfuração do poço artesiano e do poço semiartesiano, estes dois conhecidos também como poços tubulares.


Em algumas regiões do Nordeste do Brasil, quando cavado na rocha ou originado das cheias dos rios, o poço simples denomina-se cacimba, mas pode levar também outros nomes em outras regiões, como, por exemplo, poço raso.


Já o poço natural de água é uma fissura ou orifício ocorrido naturalmente na crosta terrestre, ao longo dos séculos ou milênios, portanto sem intervenção humana, que possibilita o acesso de humanos e animais a uma fonte ou nascente natural de água na superfície.


Além dos poços de água existem também os poços de petróleo, que não são abordados neste artigo ou página, por se tratar de outro assunto.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Um poço de água é uma obra humana de escavação ou perfuração do solo para captação de água, geralmente potável e geralmente a pequenas e médias profundidades. Ele é uma obra realizada pelo ser humano para a prospecção de água para consumo próprio, tanto na zona urbana quanto na zona rural, tanto para uso residencial quanto para uso comercial e industrial, ou para o abastecimento coletivo de populações urbanas, no caso específico das empresas de saneamento básico, públicas ou privadas.


Para que sua água seja potável, um poço tem que estar, em média, a pelo menos 30 metros de qualquer fossa de esgoto, por uma razão de higiene, e ter profundidade superior a 10 metros, para poder atingir o lençol freático ou lençol d’água. Além disso, o poço deve estar a no mínimo 2.000 metros longe do mar para evitar a contaminação da água pelo sal marinho.


Para perfurar um poço profundo (artesiano) e/ou semiprofundo (semiartesiano) é necessário conhecer antes as características geológicas do local onde será perfurado o poço, como, por exemplo, a natureza do solo, o local mais adequado para perfurá-lo e o método ideal de perfuração.


Os sistemas mecânicos mais utilizados para perfuração de um poço profundo e/ou semiprofundo são o cabo ou trado, para abrir o tubo, com análise do material retirado por meio de amostras em balde de testemunhagem; martelo de fundo turbinado, para o processo rotativo de perfuração, mais usado em solos sedimentares; e os equipamentos rodopneumáticos, com haste dupla e martelo, com circulação reversa de fluido, usados em diversos tipos de solos.


Geralmente, quando se fala em lençol freático e lençol d'água se refere à camada horizontal de água presente entre camadas de solo não tão profundas, entre 20 e 100 metros, mas quando se fala em aquífero se refere às gigantescas camadas horizontais de água presentes entre camadas de solo mais profundas, entre 100 e 2.000 metros. Mas há casos em que se utiliza a expressão aquífero livre para se referir ao lençol freático, não tão profundo.


O Brasil, por exemplo, tem dois aquíferos principais, os gigantescos Aquífero Guarani e Aquífero Alter do Chão. O imenso Aquífero Guarani, por exemplo, com mais de 1,2 milhão de km² ou quilômetros quadrados, é uma das maiores reservas de água potável do mundo. Ele abastece cidades como São José do Rio Preto – S.P., Ribeirão Preto – S.P., Sertãozinho – S.P., São Carlos – S.P., Franca – S.P., Matão – S.P., Olímpia – S.P. e Dourados – M.S., por exemplo, atendendo mais de 15.000.000 de pessoas, no total, segundo levantamento disponível no site da BBC Brasil, a partir de dados públicos de prefeituras, governos de estados e Governo Federal.


Ele atende oito estados brasileiros, Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.


Atualmente, mais da metade das cidades brasileiras é servida por águas captadas de lençóis freáticos e aquíferos em geral. Atualmente, há cerca de 2.500.000 poços tubulares, profundos e semiprofundos, no Brasil, jorrando mais de 500.000 litros de água por segundo, no total. Na zona rural, o uso também é intenso, mais de 1.000.000 de propriedades rurais no Brasil usam água de poços profundos e semiprofundos.


Segundo geólogos independentes, a extração de águas subterrâneas profundas já está próxima do limite suportável em algumas regiões do Brasil, como no estado de São Paulo, por exemplo, responsável por mais de 70% do volume total de água extraído diariamente do Aquífero Guarani. Na cidade de Ribeirão Preto - S.P., por exemplo, já houve casos de poços artesianos que deixaram de jorrar água porque secaram.


Isso significa que a capacidade de recomposição natural (recarga) do volume total de água desse aquífero, daqui a uma ou duas décadas, não será mais suficiente para cobrir o volume extraído pelo ser humano, ou seja, caso o número de novos poços artesianos continue aumentando muito haverá um decréscimo ou diminuição do estoque, relativo ao volume de água da chuva que chega muito lentamente até o aquífero, naturalmente, e o volume que sai, rapidamente, por meio dos poços artesianos.


ORIGEM DOS POÇOS

Os poços de água simples, conhecidos também como poços caipiras, poços amazonas, poços rasos e poços cacimbas, são quase tão antigos quanto a própria humanidade. É impossível saber com precisão o local de origem deles e data de origem deles. Acredita-se que os primeiros poços simples neolíticos, ou seja, da época conhecida como pré-história, foram escavados na Região Mediterrânea Oriental, onde estão localizados hoje países próximos do Mar Mediterrâneo, como Grécia, Egito e Israel, por exemplo. O poço mais antigo datado de forma confiável é o do local neolítico pré-cerâmico de Kissonerga-Mylouthkia no Chipre, próximo da Turquia.


Milênios depois, nos séculos mais recentes, surgiram os poços artesianos e os poços semiartesianos, ambos considerados poços tubulares, pois possuem uma estrutura tubular utilizada para evitar assoreamento / desmoronamento ou entupimento de sua estrutura. O poço artesiano, por exemplo, é um sistema de prospecção e captação de água localizada nos aquíferos mais profundos, geralmente entre 50 metros e 2.000 metros, mas com a maioria dos poços artesianos já perfurados pela humanidade concentrada entre 50 e 600 metros.


Também aqui não há consenso entre historiadores sobre a origem dos poços artesianos. Parte dos historiadores acredita que o primeiro poço artesiano que se tem conhecimento na história da humanidade foi escavado ou perfurado na província francesa de Artois (pronuncia-se Arrtoá, em francês), no condado de Artésia, no século XII, por isso a denominação de poço artesiano. Outra parte dos historiadores afirma que os primeiros poços artesianos escavados ou perfurados pelo ser humano podem ter surgido na região onde hoje está localizada a China, há cerca de 1.200 anos antes do nascimento de Jesus Cristo. E, para completar, há outra parte dos historiadores que afirma que os primeiros poços artesianos foram escavados ou perfurados na Grécia antiga.


TIPOS DE POÇOS


De modo geral, os poços mais profundos e sofisticados, que são o poço artesiano e o poço semiartesiano, são perfurados, portanto eles são, geralmente tubulares, enquanto os poços mais simples e de menor vazão de água, que são os poços rasos, são escavados. A nomenclatura utilizada para os principais tipos de poços de água varia mas, de modo geral, podem ser estabelecidas as seguintes categorias:


POÇO RASO

Também chamado cacimba, cisterna, poço amazonas, poço caipira, poço freático ou poço simples, ele é aquele em que se retira água a partir do lençol freático, conhecido também como lençol d’água ou aquífero livre, tendo profundidade entre 20 metros e 50 metros. Em geral, ele é escavado manualmente ou por meio de equipamentos, ou seja, ele é mais largo, tem diâmetro maior, mas existem também poços rasos tubulares, construídos por meio de perfuração com trado e revestidos;


POÇO TUBULAR SEMIPROFUNDO

Também conhecido como poço semiartesiano, é o tipo mais comum de poço de água que existe. Ele é muito comum em propriedades rurais pequenas, médias e grandes aqui no Brasil e é usado para captação de água para abastecimento dos bebedouros de gado e residências rurais. É aquele poço em que há perfuração feita por meio de máquinas perfuratrizes à percussão, rotativas e rotopneumáticas, com revestimento tubular em metal ou PVC, para evitar o desmoronamento ou assoreamento. Nele, retira-se água de lençóis freáticos, em profundidades de até 100 metros, mas, geralmente, na maioria dos casos, até 50 metros. Pode ser construído em rochas cristalinas ou sedimentares.


O poço semiprofundo é um poço tubular cuja pressão da água não é suficiente para a sua subida até a superfície, necessitando de instalação de um conjunto de bombeamento, geralmente elétrico, e tubulação para efetuar o bombeamento da água até a superfície.


A princípio, o custo de perfuração de um poço semiprofundo no Brasil, para uso rural, está em torno de R$ 300,00 por metro perfurado, mas há outros custos associados ao custo principal, como por exemplo, o custo de deslocamento do maquinário da empresa perfuradora até o local da obra, em torno de R$ 3,00 por quilômetro percorrido, e os custos do sistema em si, como, por exemplo, o preço da bomba submersa, do reservatório principal e da tubulação. Mas os valores podem chegar até R$ 300 mil, no caso específico dos poços artesianos, que são bem mais profundos e difíceis de acessar.


POÇO ARTESIANO

Conhecido também como poço profundo ou poço tubular jorrante, pois a água jorra naturalmente. Ele é um tipo de poço tubular, mas é mais profundo, chegando até 2.000 metros de profundidade, embora a maioria dos poços aqui no Brasil tenha até 600 metros. Com sua origem de mais de um milênio antes do nascimento de Jesus Cristo, na China, ganhou o nome, posteriormente, a partir dos poços escavados no condado francês de Artésia.


Aqui no Brasil, ele é mais comum no abastecimento de cidades médias e grandes, geralmente mantido por prefeituras e/ou empresas de saneamento, como a Sabesp e a Sanesul, por exemplo, nas cidades de São José do Rio Preto - S.P., Ribeirão Preto – S.P., Sertãozinho – S.P., São Carlos – S.P., Franca – S.P., Matão – S.P., Olímpia – S.P. e Dourados – M.S., dentre outras.


Um poço artesiano é uma categoria de poço tubular, de perfuração mais sofisticada e cara, pois exige o uso de equipamentos especiais, cujas águas subterrâneas fluem espontaneamente para a superfície, devido à diferença de pressão entre da zona saturada do fundo do poço perfurado e a altura do nível freático na zona de recarga, sendo esta a área em que a água das chuvas penetra no solo para chegar até o aquífero.


Geralmente, os poços artesianos são abertos em um aquífero confinado entre dois aquicludes, com o intuito de aproveitar a pressão da água, o suficiente para promover a sua subida para a superfície. Assim, não há a necessidade de bombeamento mecânico da água, necessitando apenas de instalação de equipamentos para controlar a saída da água.


A sua profundidade é maior que a de um poço convencional e, muitas vezes, suas águas têm uma pureza microbiológica maior e com mais sais minerais. Em sua utilização normal para uso residencial, as águas são captadas através de canos.


Considerada uma obra de engenharia moderna, projetada e construída para a exploração de águas subterrâneas, a perfuração de um poço artesiano pode atingir as profundidades mais variadas, de 50 até 2.000 metros, sendo o poço total ou parcialmente revestido, conforme as condições geológicas.


LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

A perfuração de poços tubulares profundos no Brasil precisa obedecer, naturalmente, à legislação brasileira, especialmente a Lei n. 9.433, de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, e a Lei n. 9.605, de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.


Esse tipo de obra de captação de águas profundas também precisa obedecer à norma técnica 12.212, da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, que estabelece os requisitos para a elaboração de projeto de poço para captação de água subterrânea e estabelece os requisitos para a construção de poço para captação de água subterrânea, ou seja, os procedimentos técnicos para uma extração de água segura, eficiente e sustentável.


Pela legislação sobre poços tubulares profundos, pode ser necessário obter documentos, como, por exemplo, uma licença ambiental ou autorização de perfuração, bem como uma outorga (autorização) de uso dessa água, concedidos por órgãos estaduais competentes.


Naturalmente, poços profundos cujos projetos e cuja utilização diária não respeitam a legislação em vigor estão sujeitos às penalidades das autoridades. De acordo com os fundamentos da Lei n. 9.433, de 1997, "a água é um bem de domínio público", sejam elas as águas superficiais, de rios e córregos, por exemplo, ou subterrâneas, de poços, por exemplo, portanto todas as pessoas físicas e jurídicas têm direito ao acesso e utilização, cabendo ao Poder Público a sua administração, fiscalização e controle, ou seja, para utilizar a água de um poço artesiano, é preciso pedir outorga para o órgão estadual competente que regula esse acesso.


ANÁLISE DA ÁGUA

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Embora a água de poços tubulares costume ter boa qualidade, é importante realizar uma análise físico-química e bacteriológica periódica, pelo menos uma vez por ano. Isso vai mostrar se a água é segura para consumo humano e animal, ou seja, se é considerada potável e livre de contaminantes e bactérias ou se precisa de tratamento antes do consumo.


Vale observar que, em cumprimento à Portaria de Consolidação nº 5, do Ministério da Saúde, é necessário tratar a água com o teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/l (miligrama por litro) para ela ser considerada potável, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/l em qualquer ponto da rede de distribuição, ou seja, torneiras, chuveiros, bebedouros, etc.


MANUTENÇÃO

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Os poços tubulares profundos precisam de manutenção regular, a cada um ou dois anos. Se for antigo, é necessário verificar seus materiais com mais frequência. Normalmente, é realizada uma limpeza do poço, bem como a retirada da bomba submersa, para checar seu estado de conservação. Se o equipamento estiver danificado ou desgastado, portanto prestes a apresentar problema de funcionamento, é necessário substituí-lo ou consertá-lo, de acordo com as especificações de operação do poço.


Esse trabalho consiste em recuperar as características operacionais e originais dos poços tubulares, quando ocorre o depósito de matérias sólidas no fundo, assoreamento de fraturas, filtros, turbidez na água bombeada, etc. Na execução desse serviço, deve ser feita uma análise detalhada do estado de conservação dos equipamentos instalados e do estado de conservação dos tubos. Para fazer a limpeza podem ser usados equipamentos com alto poder de bombeamento, ou um caminhão pipa, introduzindo uma mangueira e injetando água com alta pressão.


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Po%C3%A7o_artesiano
  • Nova Enciclopédia Ilustrada Folha – Larousse / Cambridge / Oxford / Webster
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Po%C3%A7o
  • Wikimedia: Imagens

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