VOLKSWAGEN BRASÍLIA

VOLKSWAGEN BRASÍLIA (NO BRASIL)
VOLKSWAGEN BRASILIA (SEM ACENTO)
VOLKSWAGEN IGALA (NA NIGÉRIA)
VOLKSWAGEN VARIANT II (PERUA)
PROJETO VW-321 OU VW-102


INTRODUÇÃO

O Volkswagen Brasília é um econômico e clássico automóvel compacto, criado e desenvolvido no Brasil na década de 1970 pela Volkswagen do Brasil, uma subsidiária da multinacional alemã Volkswagen A.G. (chamada Volkswagenwerk A.G., na época) e fabricado em série e em larga escala pela Volkswagen do Brasil nas décadas de 1970 e 1980, principalmente para atender o mercado interno brasileiro e para exportação para os demais países da América Latina, tanto em versões hatchback de três portas quanto em versões hatchback de cinco portas, embora tenha sido montado a partir de kits CKD na Nigéria.


Ele também foi fabricado em série no México, por alguns anos, entre 1974 e 1981.


Ao longo de sua trajetória de cerca de 10 anos, começando em 1973, quando foi iniciada a sua fabricação em série no Brasil pela Volkswagen do Brasil, o Volkswagen Brasília teve apenas dois formatos de carroceria, um hatchback de três portas, sendo duas portas laterais e uma porta traseira para acesso ao seu pequeno porta-malas; e um hatchback de cinco portas, sendo quatro portas laterais e uma porta traseira para acesso ao porta-malas. Aqui no Brasil, a grande maioria das unidades comercializadas possuía três portas, na época um gosto curioso do consumidor familiar brasileiro.


Não há consenso entre publicações especializadas no universo automobilístico ou automotivo sobre se a station wagon ou perua Volkswagen Variant II pode ser considerada como parte da família Volkswagen Brasília, pois o número de diferenças técnicas entre os dois projetos é significativo, incluindo o conjunto de suspensão mais moderno da Variant II, as dimensões da sua carroceria e outros detalhes. Neste blog ela está sendo considerada parte da mesma família.


Aqui no Brasil, o Volkswagen Brasília foi o segundo modelo de automóvel projetado e desenvolvido exclusivamente no Brasil pela marca Volkswagen, lançado aqui em 1973, apenas um ano depois do lançamento aqui do esportivo Volkswagen SP2, também um modelo criado e desenvolvido exclusivamente no Brasil. Na época de seu lançamento, o Volkswagen Brasília se juntou a outros modelos de automóveis fabricados e/ou comercializados no Brasil pela marca Volkswagen, incluindo o Volkswagen Fusca / Volkswagen Sedan, o Volkswagen Karmann-Ghia, a Volkswagen Variant e o Volkswagen 1600 / Volkswagen TL, todos eles baseados no antigo chassi do Volkswagen Fusca original, todos com motorização boxer traseira refrigerada a ar e tração traseira.


No Brasil, o Volkswagen Brasília foi um sucesso de vendas, com mais de 1.000.000 de unidades fabricadas em São Bernardo do Campo - S.P. e Taubaté – S.P., sendo que mais de 90% da produção brasileira foi direcionada para atender o mercado interno e o restante para exportação, principalmente para países da América Latina, também com o nome Volkswagen Brasília, embora também tenha sido exportado para a Nigéria, desmontados em kits CKD, mas lá com o nome Volkswagen Igala.


Ele ocupou a posição de segundo modelo de automóvel mais vendido do Brasil por seis anos seguidos, uma posição honrosa, o resultado de uma combinação equilibrada de características estéticas que agradaram ao seu típico consumidor familiar de classe média e características mecânicas amplamente testadas no Brasil, inclusive adaptadas para as duras condições das estradas, rodovias, ruas e avenidas brasileiras. Não por acaso, ele foi escolhido para ser exportado por meio de kits do tipo CKD para a Nigéria, que, assim como o Brasil, possuía (e possui) rodovias mal conservadas.


Aqui no Brasil, durante as décadas de 1970 e 1980, os principais concorrentes do Volkswagen Brasília foram o Chevrolet Chevette, o Ford Corcel e o Ford Corcel II, o Fiat Prêmio, o Ford Escort e o Fiat Oggi, dentre mais alguns. Esses modelos concorrentes também foram projetados para suportar as rodovias brasileiras mal conservadas. Também figurava como concorrente o Dodge 1800 / Dodge Polara, mas este é um caso à parte, mais complicado.


O GRUPO VOLKSWAGEN

O grupo alemão Volkswagen AG é um dos maiores fabricantes de automóveis e utilitários do mundo, incluindo caminhões e ônibus. Também fazem parte do Grupo Volkswagen a Porsche, famosa fabricante de automóveis esportivos de alto luxo; a Scania e a MAN, duas grandes e conhecidas fabricantes de caminhões para transporte rodoviário de cargas; a Audi, uma das maiores e mais conceituadas fabricantes de automóveis de alto luxo do planeta; a Lamborghini, da Itália, uma fabricante de automóveis esportivos de alto luxo; a Seat, uma fabricante espanhola de automóveis populares; e a Ducati, uma fabricante de motos premium, de alta performance.


Em 2017 e 2018, por exemplo, o Grupo Volkswagen foi o maior fabricante de automóveis do planeta, com mais de 10.400.000 e mais de 10.080.000 unidades fabricadas, respectivamente, incluindo os números de vendas da Audi, da Seat e da Porsche. Em 2019, o Grupo Volkswagen fabricou mais de 10.900.000 unidades, com mais de € 234 bilhões de receita bruta (o equivalente a mais de US$ 262 bilhões) e mais de 640.000 empregados, enquanto a Volkswagen do Brasil foi a segunda maior fabricante de automóveis do Brasil, com mais 414.000 unidades fabricadas.


Aqui no Brasil, em 2016, por exemplo, a Volkswagen do Brasil foi a 3ª maior fabricante de veículos do Brasil, com quase 230.000 unidades fabricadas.


Atualmente, o Grupo Volkswagen possui 342 empresas subsidiárias, no total, em todos os continentes, comercializando seus produtos em mais de 150 países, com mais de 100 instalações de engenharia, desenvolvimento e produção de veículos e motores, em 27 países. A holding alemã Grupo Volkswagen é controlada pelo Governo Alemão, pela Família Porsche e pelo fundo de investimentos governamental árabe Qatar Investments, do Governo do Qatar.


Por razões óbvias, o Grupo Volkswagen anunciou, em 2022, que todas as suas marcas estavam abandonando o mercado russo de automóveis e utilitários...


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O Volkswagen Brasília é um clássico automóvel hatchback compacto e econômico, com acabamento simples, para uso moderado, urbano e rodoviário, com estrutura de carroceria sobre chassi, comercializado, aqui no Brasil, nas décadas de 1970 e 1980, principalmente com duas portas laterais e uma porta traseira para acesso ao porta-malas, com motorização traseira do tipo boxer (quatro cilindros horizontais opostos) refrigerada a ar, na posição longitudinal, combinada com tração traseira, suspensão dianteira independente, com braços arrastados duplos, combinados com lâminas, barras ou feixes de torção; e suspensão traseira independente, com semi-eixos articulados ou oscilantes ou eixo de torção. Ele se encaixa na categoria conhecida no Brasil como automóvel compacto, geralmente composta por automóveis menos espaçosos que os automóveis de tamanho médio.


Aqui no Brasil, a fabricante Volkswagen do Brasil o classificou como um automóvel do tipo station wagon ou perua, em razão principalmente da carga tributária mais branda para automóveis desse tipo, na época.


Ele também foi exportado do Brasil para Portugal e Filipinas.


Aqui no Brasil, as versões do Volkswagen Brasília com quatro portas laterais teve baixa procura pelos consumidores, provavelmente causada pelo medo dos pais de que os filhos abrissem inadvertidamente as portas laterais com o carro em movimento, lembrando que na época ainda não existia a trava central elétrica.


Ele faz parte da família Volkswagen Brasília, um projeto nacional da Volkswagen do Brasil, conhecido como Projeto VW-321 ou Projeto VW-102, uma família de automóveis bem sucedida no mercado brasileiro, mas que durou apenas 10 anos, apenas em uma geração, principalmente em razão de se tratar do aproveitamento de um chassi já antigo, portanto sem margens para melhorias, o chassi Tipo-14 / Tipo-34, do clássico cupê de luxo Volkswagen Karmann-Ghia das décadas de 1950, 1960 e 1970, que, por sua vez, foi o resultado do aproveitamento de outro chassi mais antigo ainda, o chassi Tipo-1, do Volkswagen Fusca, com fabricação em série iniciada na década de 1940.


No caso específico do Volkswagen Brasília, um projeto original da Volkswagen do Brasil, o carro foi projetado para cinco pessoas adultas no total, incluindo o condutor, mas na prática só é possível transportar com razoável conforto quatro pessoas adultas e mais uma criança no centro do banco traseiro, com ou sem assento de elevação fixado, dependendo da idade, principalmente em razão do espaço interno limitado do veículo, já que se trata de um automóvel compacto, com entre-eixos de apenas 2,4 metros. Um quinto ocupante adulto é possível, mas viajaria com algum desconforto.


No Brasil, nos primeiros anos de fabricação, lá atrás, na década de 1970, a família Volkswagen Brasília foi vendida em poucas versões, dentre elas a Volkswagen Brasília LS, considerada a top de linha da família, com motor Volkswagen 1.6 do tipo boxer a gasolina, com quatro cilindros horizontais opostos, com 1.584 cilindradas, com refrigeração a ar, duas válvulas por cilindro e comando de válvulas no bloco, carburador de corpo simples Solex 30 ou duplo Solex 32, dependendo do ano de fabricação, com 60 cavalos de potência (carburador simples) ou 65 cavalos (carburador duplo) e 12 kgfm de torque, o suficiente para uma aceleração modesta de 23 segundos para atingir os 100 km/h, segundo publicações especializadas da época, como Quatro Rodas e Auto Esporte, por exemplo.


Vale ressaltar que, de modo geral, o limite médio atual de velocidade estabelecido para as rodovias brasileiras é de cerca de 100 km/h para os chamados veículos leves de passeio, praticamente o mesmo limite de velocidade estabelecido por lei nas décadas de 1970 e 1980. Portanto, a motorização boxer de 1.584 cilindradas do Volkswagen Brasília combinava com a proposta do fabricante de um veículo leve de passeio de uso moderado, dedicado a transportar a família, na cidade e na rodovia, nos dias se semana, para ir ao trabalho, para fazer compras e levar os filhos à escola, e nos finais de semana e feriados, para ir à praia de dia e para ir à igreja à noite.


CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

A família Volkswagen Brasília foi o resultado do projeto VW-321 ou VW-102, da década de 1970,  conhecido também pelo nome Projeto Brasília, baseado no chassi VW-Tipo 14 / VW-Tipo 34, o mesmo chassi usado para a montagem da carroceria do clássico e charmoso cupê Volkswagen Karmann-Ghia, também com motorização traseira e tração traseira, por sua vez substituído, a partir da década de 1970, por outros modelos de automóveis da marca Volkswagen com estrutura monobloco muito mais modernos, como, por exemplo, o cupê ou fastback Volkswagen Passat de 1ª geração, com carroceria monobloco, motorização dianteira e tração dianteira.


O Volkswagen Brasília foi criado pela Volkswagen do Brasil a partir de um pedido direto do então presidente da empresa, o executivo alemão Rudolf Leiding, para os projetistas da subsidiária brasileira da multinacional alemã Volkswagenwerk A.G. (atualmente Volkswagen A.G.), em regime de urgência. Quando o Volkswagen Brasília foi lançado no Brasil, em 1973, as configurações de carrocerias com motorização traseira e tração traseira em automóveis familiares já estavam caindo em desuso pelas fabricantes de automóveis em todo o mundo. Mas, havia um porém, como a Volkswagen do Brasil já sabia, no início da década de 1970, que um forte concorrente, o Chevrolet Chevette, estava chegando ao Brasil, houve uma “correria” dentro da empresa para criar e desenvolver, em apenas três anos, um concorrente à altura.


A única solução então foi aproveitar um chassi já existente, amplamente testado e aprovado, o mesmo chassi do cupê Volkswagen Karmann-Guia, para montagem de uma carroceria totalmente nova de automóvel familiar, o Volkswagen Brasília. A equipe de projetistas brasileiros, liderada pelo designer brasileiro Marcio Piancastelli, mas que também incluía os designers Gunther Hix e José Martins, teve que “se virar nos 30” para dar conta do recado, criar e desenvolver um automóvel familiar com estrutura, mecânica e elétrica confiável, com carroceria razoavelmente confortável, com manutenção simples e de baixo custo, e, se possível, bonito.


Não havia tempo suficiente para criar e desenvolver (testar) um carro familiar de tamanho compacto a partir do zero, a partir de uma folha de papel em branco. Na época, os projetos totalmente novos de automóveis levavam no mínimo, na melhor das hipóteses, 5 anos para serem projetados e testados, e, na pior das hipóteses, se algo errado fosse identificado no projeto para ser corrigido durantes os testes, mais 2 ou 3 anos para corrigir.


A solução então foi aproveitar o máximo possível o que já existia para criar um modelo de automóvel para competir com o Chevrolet Chevette e para reduzir o máximo possível o risco de algo dar errado, praticamente todo o chassi (base estrutural sobre a qual se assenta a carroceria e na qual é fixado o motor, o câmbio e a suspensão do veículo) e toda a parte mecânica (motor e câmbio, principalmente), elétrica e eletrônica do Volkswagen Brasília foi trazida ou aproveitada de outros modelos de automóveis já fabricados pela Volkswagen na época, incluindo o Volkswagen Fusca, o Volkswagen Karmann-Ghia, o Volkswagen 1.600 (um sedan antigo, de quatro portas), o Volkswagen TL (um cupê antigo) e a perua Volkswagen Variant, todos eles com motorização traseira e tração traseira.


“Na falta de algo novo, vamos dar uma melhorada no que já existe”. O Volkswagen Brasília era um carro híbrido, não era uma maravilha tecnológica, mas era o possível fazer com o tempo limitado disponível. Alguns anos depois, a partir de 1974, foi lançado no Brasil o fastback de tamanho médio Volkswagen Passat, um projeto trazido ou aproveitado da Audi, este sim um modelo de automóvel familiar muito superior, muito mais moderno, tecnologicamente avançado para os padrões da época, com carroceria monobloco, motorização dianteira refrigerada a água e tração dianteira.


A FAMÍLIA BRASÍLIA


A família Volkswagen Brasília é composta por pelo menos três configurações básicas de carrocerias fabricadas e disponíveis no Brasil entre 1973 e 1983, o Volkswagen Brasília com carroceria hatchback de duas portas laterais, o Volkswagen Brasília hatchback de quatro portas laterais e a station wagon ou perua Volkswagen Variant II com duas portas laterais, mas neste caso com um número significativo de melhorias técnicas de projeto em relação ao projeto original do Volkswagen Brasília.


A partir de 1968 foi lançado no Brasil o sedan / cupê de luxo Ford Corcel, um automóvel relativamente moderno para a época. Então, alguns anos depois, a fabricação em série do Volkswagen Brasília e do Chevrolet Chevette começou no Brasil, em 1973, o que já sinalizava a importância do mercado brasileiro em relação aos mercados europeu, norte-americano e asiático. Mais adiante, alguns anos depois, foram lançados o fastback Volkswagen Passat e o hatchback compacto Fiat 147, consolidando o mercado automotivo brasileiro como um dos principais mercados mundiais.


No caso específico do Volkswagen Brasília, somente a sua carroceria, os assentos e o painel eram totalmente novos, pois as demais partes, peças e componentes estruturais, mecânicos e elétricos eram aproveitados de outros modelos de automóveis que a marca Volkswagen já fabricava.


A proposta da Volkswagen do Brasil era o desenvolvimento e a fabricação em larga escala de uma família original de automóveis de tamanho compacto no Brasil, com um índice majoritário de nacionalização de peças, partes, componentes e mão de obra nos processos de fabricação. Em caso de sucesso do modelo hatchback Volkswagen Brasília, a maior parte das ideias criadas e desenvolvidas para ele seria estendida para outro modelo derivado, o que, de fato, ocorreu, a perua Volkswagen Variant II, mas neste caso com nova suspensão, carroceria mais comprida, com 30 centímetros a mais, com entre-eixos aumentado para 2,5 metros e porta-malas dianteiro e traseiro maiores, mais volumosos.


Na época, quando o Volkswagen Brasília foi lançado, em 1973, o mundo estava sofrendo com a Crise Mundial do Petróleo, com os preços subindo vertiginosamente de US$ 3 (valores da época) para US$ 12 (valores da época), justamente no ano de lançamento do Chevrolet Chevette em vários mercados mundiais, o que impulsionou fortemente as vendas de ambos os modelos compactos, tanto da Volkswagen do Brasil quanto da General Motors do Brasil.


Desde o início, o nome Volkswagen Brasília sempre esteve associado a características de robustez estrutural, economia de combustível, manutenção simples e barata e padrão de acabamento razoável, esta última característica tendo evoluído, mais tarde, a partir da década de 1980, para um padrão mais elevado nas versões mais caras, principalmente a versão Volkswagen Brasília LS, mas, é claro, não chegando ao nível de carros chiques, como Mercedes-Benz, BMW, Audi, Alfa Romeo, Volvo e Jaguar.


Inicialmente, na década de 1970, a Volkswagen do Brasil optou pela fabricação em larga escala, aqui mesmo no Brasil, nas suas fábricas de São Bernardo do Campo e Taubaté, ambas no estado de São Paulo, da família Volkswagen Brasília de automóveis compactos, com opções de carrocerias hatchback de duas portas laterais e quatro portas laterais, inicialmente com motores Volkswagen 1.6 boxer aspirados a gasolina (lembrando que na época ainda não existia motor flex) e refrigeração a ar, com quatro cilindros horizontais opostos e 1.584 cilindradas, com carburador simples ou duplo, dependendo da versão e do ano de fabricação, com comando de válvulas no bloco, com potências variando entre 60 cavalos e 65 cavalos, dependendo da versão, e torque de 12 kgfm, combinados com câmbio manual de quatro velocidades ou marchas, comuns na época.


O mercado brasileiro está, atualmente, entre os dez mais importantes no mundo para praticamente todas as grandes montadoras multinacionais. Entretanto, nas décadas de 1970, 1980 e 1990 este mesmo mercado já era grande. O sucesso do Volkswagen Voyage, do Chevrolet Chevette, do Fiat Uno, do Volkswagen Brasília, do Ford Escort e do Volkswagen Passat reforçou essa impressão na época e despertou a atenção e curiosidade de praticamente todas as grandes montadoras multinacionais americanas, japonesas, europeias e sul-coreanas, embora somente na década de 1990 a maioria delas tenha decidido entrar definitivamente no mercado brasileiro, seja por meio de importações ou seja por meio de fabricação própria, em larga escala, em território nacional.


As gigantes multinacionais General Motors / Chevrolet, Volkswagen, Ford e Fiat já estavam no Brasil naquela época e a abertura do mercado para produtos importados acelerou os planos de investimentos de várias outras montadoras estrangeiras, que queriam entender melhor o mercado nacional e identificar os nichos de mercado mais adequados para serem explorados comercialmente. A fórmula ou receita de sucesso dessas quatro grandes multinacionais americanas e europeias que já estavam instaladas no Brasil foi seguida pelas demais estreantes: Robustez; manutenção simples e barata; baixo e/ou razoável custo de aquisição; e bom e/ou razoável valor de revenda;


VOLKSWAGEN BRASÍLIA


O pequeno Volkswagen Brasília foi o segundo modelo de automóvel compacto da marca Volkswagen a ser projetado e desenvolvido inteiramente no Brasil, a partir de 1970, sendo o automóvel cupê esportivo Volkswagen SP2 o primeiro a ser criado, desenvolvido e fabricado no Brasil, a partir de 1968. Na época, o mercado nacional de automóveis estava sendo fechado pelo Governo Brasileiro, ou seja, não era mais possível importar automóveis, o que configurava uma reserva de mercado para os fabricantes instalados no Brasil.


Apesar de já ter nascido sem margens para melhorias, pois se tratava de um chassi antigo e ultrapassado, a Volkswagen do Brasil conseguiu fazer “alguns milagres” no Volkswagen Brasília. Por exemplo: Ele recebeu uma coluna de direção não penetrante, em caso de forte impacto frontal, um item de segurança louvável na época, uma exigência do CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito, além de contar com duplo circuito de freios, um para os freios dianteiros, a discos, e um para os freios traseiros, a tambores.


Durante as décadas de 1970 e 1980 o Volkswagen Brasília esteve disponível com opções de carrocerias sedan de duas portas laterais, mas, por alguns anos, ele esteve disponível também com quatro portas laterais. Porém, por causa do baixo volume de vendas das versões com quatro portas esta opção foi descontinuada. A capacidade do porta-malas traseiro era muito limitada, pois ali estava instalado o motor do carro, uma herança do antigo Volkswagen Fusca. Além disso, o porta-malas dianteiro não cabia lá muita coisa, pois os elementos da suspensão dianteira ocupavam espaço, o que só foi resolvido com o lançamento da Volkswagen Variant II, que usava suspensão dianteira McPherson. E como se tudo isso não bastasse, tinha ainda o problema do ruído interno, também herança do Fusca.


Assim, a grande maioria dos modelos Volkswagen Brasília fabricados nas décadas de 1970 e 1980 tinha duas portas laterais, com motores Volkswagen 1.6 boxer a gasolina e refrigeração a ar, com quatro cilindros horizontais opostos e 1.584 cilindradas, com carburador simples ou duplo, dependendo da versão, com comando de válvulas no bloco, com potências variando entre 60 cavalos e 65 cavalos, dependendo da versão e do ano de fabricação, e torque de 12 kgfm, combinados com câmbio manual Volkswagen de quatro velocidades ou marchas, com números de consumo adequados para os novos tempos de gasolina cara, até 10 quilômetros com 1 litro de gasolina na cidade, vazio, ou 13 quilômetros na rodovia, a 100 km/h, também vazio.


Mais adiante, já na década de 1980, a Volkswagen do Brasil tomou a iniciativa de lançar o Volkswagen Brasília movido a álcool, incentivada pelo programa governamental Proálcool, com motor Volkswagen 1.3 boxer movido a álcool combustível ou etanol, com quatro cilindros horizontais opostos e 1.300 cilindradas, também com comando de válvulas no bloco, mas com potência de apenas 50 cavalos e torque de apenas 8 kgfm, combinado com câmbio manual de quatro velocidades ou marchas, resultando em um conjunto de baixo desempenho, o que se refletiu no baixo volume de vendas, apenas 31.000 unidades.


Obviamente, o nome Volkswagen Brasília era uma homenagem da Volkswagen do Brasil à Brasília, a capital do Brasil, construída na década de 1950, no governo do presidente Juscelino Kubitschek, e inaugurada na década de 1960. A ideia era transmitir essa impressão ao consumidor, um automóvel projetado e desenvolvido por brasileiros, fabricado principalmente no Brasil, principalmente para atender o mercado nacional.


O carro foi projetado para cinco pessoas adultas no total, incluindo o condutor, mas na prática é possível transportar com razoável conforto quatro pessoas adultas e mais uma criança no centro do banco traseiro, com ou sem assento de elevação fixado, dependendo da idade. Um quinto ocupante adulto é possível, mas viajaria com algum desconforto.


Na década de 1970, o hatchback compacto Volkswagen Brasília foi projetado e fabricado desde o início com duas portas laterais. A tampa do porta-malas é bem definida e dá acesso ao compartimento traseiro para apenas 150 litros de bagagens e um compartimento dianteiro para apenas 150 litros de bagagens, totalizando cerca de 300 litros, o suficiente para uma família de quatro pessoas, no máximo, transportar somente o essencial em suas bolsas e malas.


VOLKSWAGEN VARIANT II

A perua Volkswagen Variant II é um econômico automóvel do tipo perua, com dimensões compactas, fabricado em larga escala no Brasil entre 1977 e 1981. Assim como o hatchback compacto Volkswagen Brasília, que foi o modelo de automóvel que lhe deu origem, a perua compacta Volkswagen Variant II foi fabricada com motorização boxer longitudinal traseira  refrigerada ou arrefecida a ar para uso moderado, urbano e rodoviário, com cilindrada de 1,6 litro, com carroceria de aço sobre chassi, fabricada apenas com três portas, ou seja, com duas portas laterais e a porta traseira que dá acesso ao seu porta-malas.


O nome Volkswagen Variant II é uma alusão ao modelo de automóvel que lhe precedeu, a perua Volkswagen 1600 Variant, lançada em 1969, por sua vez diretamente derivada do sedan Volkswagen 1600, embora o nome Variant também tenha sido usado no exterior para nomear a versão station wagon ou perua do Volkswagen Passat.


De forma semelhante ao Volkswagen Brasília, a Volkswagen Variant II foi pensada pelos seus projetistas para transportar cinco pessoas adultas no total, incluindo o condutor, mas desta vez com um pouco mais de conforto para quem vai atrás graças ao aumento de 10 centímetros na distância entre-eixos. Assim como o hatchback Brasília, a Variant II tem um comportamento normal na rodovia, com estabilidade razoável, apenas para uso moderado.


A Volkswagen Variant II foi criada e desenvolvida exclusivamente no Brasil, principalmente por projetistas brasileiros, principalmente para atender o mercado nacional, e o resultado final foi considerado satisfatório pelo mercado nacional e considerado bem razoável pela imprensa. Ela era melhor que o Volkswagen Brasília em alguns aspectos, incluindo a distância entre-eixos melhorada em 10 centímetros, o comprimento total melhorado em 30 centímetros, resultando em um porta-malas traseiro de melhor capacidade, aproximadamente 300 litros, além da adoção de uma suspensão dianteira mais compacta, a independente McPherson com molas helicoidais, que liberou espaço no porta-malas dianteiro em mais 150 litros, totalizando aproximadamente 300 litros na frente e totalizando 600 litros nos dois porta-malas.


MERCADO

A linha de automóveis Volkswagen Brasília foi fabricada no Brasil em apenas uma geração, nas décadas de 1970 e 1980, e não era possível introduzir mais melhorias no projeto do Volkswagen Brasília, pois se tratava de um projeto tecnologicamente ultrapassado. Assim, a partir de 1980, a Volkswagen do Brasil decidiu substituir o Volkswagen Brasília por um projeto quase totalmente novo, o Projeto BX, que deu origem ao hatchback compacto Volkswagen Gol, ao sedan compacto Volkswagen Voyage, à perua compacta Volkswagen Parati e à pickup leve Volkswagen Saveiro, todos com motorização dianteira e tração dianteira.


Apenas mudanças estéticas pontuais foram realizadas na linha Volkswagen Brasília enquanto fabricada e comercializada no Brasil, já que o chassi foi mantido quase inalterado de 1973 até 1983, em cerca de 10 anos de fabricação seriada.


Aqui no Brasil foram mais de 1.000.000 unidades fabricadas do Volkswagen Brasília, sendo que mais de 90% da produção foi direcionada para atender o mercado interno, enquanto o restante 10% foi direcionado para exportação para Portugal, Colômbia, Chile, Filipinas, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Uruguai e Nigéria. Além disso, mais de 72.000 unidades do Volkswagen Brasília foram fabricadas no México, entre 1974 e 1982.


Já a perua Volkswagen Variant II foi fabricada apenas no Brasil, na mesma época, entre 1977 e 1981, com mais de 290.000 unidades fabricadas.


A linha Volkswagen Brasília foi uma das principais responsáveis por manter a Volkswagen do Brasil numa posição confortável entre as quatro maiores fabricantes de automóveis do país durante as décadas de 1970 e 1980. Ele era um dos principais produtos do portfólio da empresa na época e desfrutava de uma posição privilegiada na preferência do consumidor brasileiro de classe média, embora não fosse considerado um veículo de luxo, como, por exemplo, seu companheiro Volkswagen Passat.


Nas décadas de 1970 e 1980, toda a linha de automóveis compactos Volkswagen Brasília, incluindo os modelos Volkswagen Brasília e Volkswagen Variant II, foram amplamente testados e/ou ensaiados pelas revistas especializadas Quatro Rodas e Autoesporte.


ONDE COMPRAR


GALERIA DE IMAGENS


BRASÍLIA LS (1980)


BRASÍLIA LS (1980)


PORTA-MALAS DIANTEIRO


ASSENTO TRASEIRO


MOTOR BOXER TRASEIRO


VERSÃO 5 PORTAS


VARIANT II

REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Volkswagen_Bras%C3%ADlia
  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Volkswagen_Karmann_Ghia
  • Volkswagen (divulgação): Imagens
  • Wikimedia: Imagens

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