PLANTAS DANINHAS (AGRICULTURA)

PLANTAS DANINHAS
ERVAS DANINHAS
ESPÉCIES INVASORAS
MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS DANINHAS
HERBICIDAS


INTRODUÇÃO


De modo geral, a expressão genérica planta daninha é utilizada na agricultura, na agropecuária e na agroindústria para descrever uma planta não desejada, exótica ou não, em meio a uma cultura desejada, que nasce, cresce e se reproduz naturalmente em determinado local onde não é esperada ou semeada inadvertidamente ou acidentalmente junto com as sementes da cultura esperada, muitas vezes interferindo negativamente na produtividade da cultura desejada.


O conceito de planta daninha é amplo e relativo, ou seja, depende do contexto específico, vai desde uma espécie de cultura que nasce, cresce e se reproduz indesejadamente e naturalmente em determinado local, no meio de determinada plantação desejada, com sementes trazidas naturalmente pelo vento ou distribuída naturalmente por animais ou é introduzida na cultura desejada de forma inadvertida e/ou acidental, em uma determinada propriedade rural, por meio da compra de sacas de sementes com baixo grau de pureza, por exemplo, até o caso de plantas indesejadas que nascem naturalmente em hortas caseiras, gramados residenciais, estufas diversas e jardins residenciais.


A expressão planta daninha, conhecida também como erva daninha, é considerada por biólogos como antropocêntrica (relativa apenas aos seres humanos e relacionada apenas aos seus interesses econômicos ou de conveniência), ou seja, é um conceito relativo e não totalmente preciso, não é um conceito absoluto, principalmente por considerar a utilidade das plantas para o uso, contemplação ou consumo humano apenas, ou seja, em um determinado contexto, pois até mesmo uma planta considerada de utilidade ecológica pode ser considerada uma planta daninha pelos humanos, apenas porque não é desejável em um determinado local, em uma determinada plantação, ou porque não se encaixa em uma determinada cultura agrícola, por exemplo.


Por outro lado, analisando a questão por outro ângulo, realmente as plantas daninhas causam prejuízo econômico ao produtor rural, na maioria dos casos, e demandam pesquisas e ações planejadas de cultivo e manejo integrado do proprietário rural e/ou de seus empregados para se encontrar uma solução equilibrada, sem perda significativa na produção rural. Na cultura da soja, por exemplo, as plantas daninhas fedegoso e corda-de-viola podem causar embuchamento das colheitadeiras durante a fase da colheita.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

De modo geral e de forma resumida, as plantas daninhas são todas aquelas que crescem em locais onde não são desejadas pelos seres humanos, como, por exemplo, em meio a culturas agrícolas, culturas agropecuárias (pastagens) e culturas agroindustriais, ou seja, lavouras em geral, além de estar presente de forma inconveniente também em jardins residenciais, estufas em geral e cultivos de plantas ornamentais e medicinais. Portanto, elas competem com as plantas cultivadas ou desejadas por água, luz solar, nutrientes e espaço, com risco real de reduzir a produtividade agrícola ou até inviabilizar a colheita da lavoura.


De modo geral, dentre as características mais comuns das plantas daninhas estão as seguintes:

  • Crescem rápido, possuem alta eficiência no consumo ou uso dos recursos naturais locais, como, por exemplo, água, nutrientes e luz;
  • Se adaptam facilmente ao clima local;
  • Apresentam um curto intervalo de germinação, crescimento, floração e liberação de sementes, por isso elas se espalham pelo local de forma indesejada com muito mais rapidez que a cultura desejada;
  • Apresentam estruturas para dispersão de sementes e germinam em quase todos os substratos úmidos sem uma fertilização específica, ou seja, se adaptam facilmente em solos não preparados previamente, com corretivos (calcário / óxido e gesso agrícola) e fertilizantes e/ou adubos;
  • Alta dormência, alta longevidade, alta produção e produção contínua;


De modo geral, as plantas daninhas são consideradas pragas agrícolas, mas há casos em que elas são consideradas plantas daninhas apenas em determinado contexto, como, por exemplo, o caso dos capins em geral utilizados para consumo de bovinos, equinos e caprinos, cujas sementes foram parar, naturalmente ou acidentalmente, em meio a lavouras de consumo humano em geral, como soja e milho, por exemplo. Significa o seguinte, apenas naquela determinada lavoura de consumo humano eles são considerados pragas, pois em outro contexto, agropecuária por exemplo, eles são desejáveis.


Atualmente, a técnica mais recomendada de controle de plantas daninhas é o MIPD – Manejo Integrado de Plantas Daninhas, que é uma combinação de várias técnicas de controle, focada principalmente na rotação de culturas, quando possível; no uso da técnica de plantio direto, quando possível; na redução da dispersão de sementes invasoras; na rotação ou diversificação dos mecanismos de ação dos herbicidas, evitando usar continuamente apenas um tipo de herbicida, principalmente para evitar a resistência das plantas daninhas; e, obviamente, no controle mecânico, como capina manual, se possível, ou no uso da roçadeira mecânica acoplada ao trator, por exemplo.


Dentre as estratégias utilizadas pelos produtores rurais mais bem informados para reduzir o impacto das plantas daninhas nas lavouras não perenes estão a escolha de áreas cultiváveis livres ou com baixa infestação de plantas daninhas, ou seja, o proprietário rural e/ou seus empregados mantêm-se atentos a qualquer foco, por menor que seja, de plantas daninhas em meio à lavoura ou no terreno que será cultivado, sempre que possível realizando a roça, mecânica ou manual; o preparo adequado do solo, com a aplicação na dosagem correta de calcário / óxido e/ou gesso agrícola para que a cultura desejada (milho e soja, por exemplo) brote, cresça e cubra o terreno o mais rápido possível, “não dando chance” para as plantas daninhas competirem por luz, água, espaço e nutrientes; a semeadura em época favorável à germinação e crescimento rápido das sementes da cultura desejada, também pelo mesmo motivo citado anteriormente; e o uso de cobertura morta ou plantio direto, se possível, pois sabe-se que a cobertura de palhada, por exemplo, tem o benefício de dificultar a brota das sementes indesejadas ou eliminar as sementes indesejadas.


No contexto de controle químico, que é o caso específico da grande maioria das principais culturas anuais de larga escala (milho, soja, algodão e amendoim, por exemplo) do Brasil, o uso de herbicidas deve ser sempre realizado com planejamento prévio por engenheiros agrícolas e/ou técnicos agrícolas, com uma combinação de herbicidas com adjuvantes agrícolas, para melhorar o desempenho dos herbicidas e evitar a resistência das plantas daninhas aos herbicidas. Sempre que possível, portanto, deve-se usar uma combinação ou associação de herbicidas para aumentar o espectro de controle e evitar resistência.


CLASSIFICAÇÃO

De modo geral, existem vários tipos de plantas daninhas, sendo que a maioria delas é realmente invasiva. Elas são classificadas com base no formato das folhas (largas ou estreitas), em seu ciclo de vida (anuais ou perenes) e em sua preferência por um clima ou estação (geralmente inverno ou verão), como, por exemplo, as plantas daninhas com folhas largas, como picão-preto, corda-de-viola, caruru e buva, ou folhas estreitas ou gramíneas, como capins em geral.


As folhas das ervas daninhas têm vários formatos, mas as gramíneas, de folhas estreitas e longas, por exemplo, se distinguem claramente, sendo que todas as demais pertencem ao grupo de folhas largas ou dicotiledôneas. As plantas daninhas de folhas largas têm sementes com um par de órgãos de armazenamento os quais, após a germinação, se transformam nas primeiras “folhas”, os cotilédones (gênero masculino mesmo), daí o outro nome usado com frequência, as plantas dicotiledôneas.


De modo geral, as gramíneas são monocotiledôneas. Há algumas exceções nas quais uma monocotiledônea incomum pode ter folhas largas, como as plantas daninhas do gênero Commelina, importantes na região tropical. Outra classe semelhante às gramíneas, com relativamente poucos membros, são os caniços. Elas são importantes (a palavra importante, usada aqui, tem o sentido de impacto na produção agrícola ou agropecuária) porque são difíceis de controlar. Na verdade, a tiririca, a junça ou a “barba de bode” (Cyperus rotundus) já foi chamada de “pior erva daninha do mundo”.


As plantas daninhas são classificadas também em anuais ou perenes. As anuais germinam, crescem, florescem e produzem sementes em um ano ou menos. As perenes são aquelas que vivem por mais de um ano e elas podem ter órgãos de armazenamento subterrâneos, geralmente rizomas, que possibilitam seu crescimento por muitos anos. Elas podem se reproduzir tanto através de sementes quanto pela extensão do rizoma, do qual crescem plantas filhas. Um terceiro tipo germina em uma estação e floresce na outra. São as chamadas bianuais.


Com o passar dos anos, dos séculos ou milênios, as ervas daninhas evoluíram para crescer melhor em locais de climas específicos, com alta ou baixa incidência de luz, com alta ou baixa (geralmente baixa) fertilidade de solo, dentre outras características das regiões onde se proliferaram. Isso tende a definir o tipo de lavoura onde são encontradas e também em que época germinam, por exemplo, anuais de inverno ou anuais de verão. Além disso, em climas tropicais com estações secas e chuvosas, algumas espécies tendem a predominar mais em uma estação do que na outra.


Do ponto de vista conceitual, as plantas daninhas podem ser definidas como todas as plantas cujas vantagens econômicas não foram ainda descobertas ou como as plantas que interferem com os objetivos econômicos, ornamentais (de contemplação) ou de conveniência do ser humano, o que pode significar que uma determinada cultivar pode ser considerada útil para uma determinada lavoura, mas pode ser considerada uma planta daninha em outro local, onde não é desejada. De modo geral, a maioria dos estudiosos e acadêmicos em agronomia e biologia definem planta daninha como sendo a planta que cresce onde não é desejada. Assim, uma planta de algodão, por exemplo, é considerada planta daninha num plantio de mamona, por exemplo.


MIPD – MANEJO INTEGRADO

Atualmente, aqui no Brasil, o método de MIPD – Manejo Integrado de Plantas Daninhas é o conjunto de procedimentos de controle de plantas daninhas mais recomendado por engenheiros agrícolas e técnicos agrícolas aos proprietários rurais, pois acredita-se que se trata do conjunto mais adequado para a otimização das tecnologias de produção agrícola, com o menor custo possível, com a maior eficiência ou eficácia possível e um dos mais ambientalmente sustentáveis, principalmente para áreas agrícolas médias e grandes, portanto de produção agrícola de larga escala.


Segundo o SINDIVEG – Sindicado Nacional da Indústria dos Produtos Voltados para a Defesa Vegetal, cerca de 60% do volume total dos defensivos agrícolas utilizados no Brasil, atualmente, são herbicidas, usados principalmente nas lavouras médias e grandes, nas quais as capinas manuais são tecnicamente e economicamente inviáveis, em razão principalmente do tamanho das lavouras, que são maiores; do custo de mão de obra, que é considerado inviável (não fazendo aqui juízo de valor); da ausência de mão de obra, geralmente escassa (também aqui não fazendo juízo de valor); e do tempo necessário para concluir o trabalho manual.


Na prática, até mesmo em áreas de lavouras menores, muitos pequenos produtores rurais estão dando preferência, na medida do possível, pelas tecnologias mecânicas (roçadeiras acopladas a tratores, por exemplo) e químicas (herbicidas) para o controle de plantas daninhas, principalmente em razão da escassez de mão de obra para capina manual e/ou pelo custo dessa mão de obra, que inviabiliza a competitividade da lavoura. Lembra da expressão “boia-fria”, de 30 ou 40 anos atrás? Pois é, está caindo no esquecimento.


Embora o uso de herbicidas seja viável tecnicamente e economicamente, até mesmo em pequenas propriedades rurais é necessário que os proprietários rurais, tanto o grande, quanto o médio e o pequeno, entendam a importância de evitar o desperdício dos herbicidas, com a necessidade de otimização das tecnologias de aplicação e formulações disponíveis. Portanto, para maior eficiência ou eficácia do uso dos herbicidas deve-se levar em consideração, durante o planejamento prévio do manejo integrado, os seguintes fatores:

  • Aspectos climáticos do momento da preparação da calda e da aplicação (umidade do ar, temperatura do ar e, principalmente, velocidade e direção do vento);
  • Características do solo;
  • O princípio ativo do produto herbicida a ser usado;
  • O acréscimo de adjuvantes agrícolas (siliconados, minerais ou biológicos, como o óleo de laranja, por exemplo) durante a preparação da calda, para a quebra de tensão superficial, antiespuma, antideriva, redução de pH (se necessária), sequestrante de cátions, antievaporante, antiumectante ou umectante, homogeneizante de calda, espalhante adesivo / dispersante, tamponante, penetrante, redução da tensão superficial das gotas, dispersante de calda, surfactante e detergente para limpeza dos implementos;
  • Condições de conservação e regulagem do maquinário usado na preparação da calda e na aplicação, incluindo o tanque, a bomba, o agitador, o regulador de pressão e o bico pulverizador;
  • Estádio fenológico da planta invasora;


Aqui no Brasil é mais comum o uso dos pulverizadores não autopropelidos, acoplados aos tratores (principalmente em propriedades pequenas e médias); dos pulverizadores autopropelidos (principalmente nas propriedades agrícolas maiores e de terrenos planos ou não tão inclinados), dos aviões (principalmente em áreas maiores e mais planas ou não tão inclinadas, em que há necessidade de mais agilidade e/ou rapidez na execução do serviço, em larga escala, e necessidade de evitar o amassamento) e dos drones (nas áreas menores e/ou médias e em terrenos irregulares, íngremes ou inclinados, em que o avião é tecnicamente e economicamente inviável).


A chamada deriva, por exemplo, é um dos principais problemas encontrados durante a aplicação de produtos defensivos agrícolas, incluindo os herbicidas. Trata-se da perda de produto durante e/ou após a aplicação por dois motivos principais, sendo o primeiro a simples pulverização fora do alvo pretendido ou até mesmo levada pelo vento, atingindo diretamente o solo e não atingindo a planta, e o segundo causada principalmente pelo acúmulo das gotas do produto pulverizado nas folhas em volume maior do que o recomendado pelo fabricante do produto e do equipamento, com o consequente escorrimento da calda pela folha, atingindo o solo.


FÓRMULAS DOS HERBICIDAS

Os principais herbicidas utilizados no Brasil possuem diferentes mecanismos de ação e/ou modos de ação, com diferentes ingredientes ativos, dentre eles os inibidores de ACCase, os inibidores de ALS e inibidores dos fotossistemas I e II, os inibidores da protoporfirinogen oxidase (protox), inibidores da biossíntese de carotenóides, inibidores da glutamina sintetase (GS) e os herbicidas mimetizados de auxina:


ATUAM NO CLOROPLASTO

  • ACCase – Primeira etapa na síntese de lipídios. Eles inibem a enzima Acetil-CoA carboxilase e agem somente em gramíneas, portanto não costumam atingir dicotiledôneas;
  • ALS, EPSPs e GS – Síntese de aminoácidos;
  • Fotossistemas I e II – Atuam em reações fotossintéticas;


NÃO ATUAM NO CLOROPLASTO
  • Mimetizados de auxinas;
  • Inibidores da formação de microtúbulos;
  • Inibidores da divisão celular;


De modo geral, os herbicidas são considerados seletivos quando não atingem a planta que se quer preservar na lavoura, quando não atingem a planta de interesse econômico, ornamental e/ou medicinal, dependendo do contexto. De modo geral, as plantas daninhas prejudicam a lavoura porque competem com as plantas de interesse econômico do agricultor por água, luz, espaço, nutrientes e gás carbônico. O principal método de controle físico de plantas daninhas é a capina manual. O principal método de controle mecânico é a roçadeira acoplada ao trator. O principal método de controle químico é o uso de herbicidas. Os principais métodos de controle cultural é a rotação de culturas e o plantio direto.


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Erva_daninha
  • Wikimedia: Imagens

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