PIPER PA-47 PIPERJET

PIPER PIPERJET
PIPER PA-47 PIPERJET
PIPER PIPERJET ALTAIRE
PIPER AIRCRAFT
WILLIAMS FJ44-3AP


INTRODUÇÃO

O Piper PA-47 PiperJet é um projeto de uma ousada e inovadora aeronave monomotor executiva de pequeno porte, com capacidade para transportar até cinco ou sete passageiros, dependendo da configuração de assentos adotada, com moderna e econômica motorização turbofan da marca americana Williams International, projetada para viagens interestaduais e internacionais, com os voos de desenvolvimento (testes) realizados entre 2008 e 2011 pela empresa americana Piper Aircraft, porém cancelado por esta fabricante, mas dando origem a um novo projeto, um projeto substituto, com algumas melhorias importantes, chamado Piper PiperJet Altaire, quase integralmente baseado no projeto original Piper PA-47 PiperJet, mas com nova fuselagem, mais espaçosa, e novo posicionamento das asas, mais adequado, principalmente para melhor aproveitamento de espaço interno na cabine de passageiros.


Até 2013, a fabricante Piper Aircraft planejava introduzir no mercado mundial uma aeronave a jato monomotora mais econômica que as demais opções de jatinhos bimotores disponíveis no mercado, na época. Ela dependia das certificações das autoridades aeronáuticas americana, europeia e de outros países, incluindo o Brasil, para dar início à fase de fabricação em série do jatinho executivo monomotor Piper PA-47 PiperJet ou do seu substituto, mais moderno e confortável, o Piper PiperJet Altaire, em suas instalações de fabricação no estado americano da Flórida, nos Estados Unidos, um grande desafio a ser superado, já que, em geral, os processos de criação, desenvolvimento (testes) e certificação de aeronaves em geral costumam ser caríssimos.


Na década de 2010, os principais concorrentes do jatinho executivo Piper PA-47 PiperJet e do seu substituto Piper PiperJet Altaire no mercado mundial foram o americano Cessna Citation M2, conhecido anteriormente como Cessna Citation CJ1 e Cessna CitationJet, um grande sucesso de vendas; o também americano Beechcraft Premier IA, moderno, confortável e econômico, conhecido anteriormente como Beechcraft Premier I, bem vendido, mas que não é mais fabricado em série; o brasileiro Embraer Phenom 100, também considerado um jatinho e também um sucesso de vendas; o japonês e americano Honda HA-420 HondaJet, também um sucesso de vendas, fabricado em material composto; o americano Cessna Citation Mustang, também dentro da categoria entry-level ou very light; o americano Eclipse 550, também entry-level, conhecido anteriormente como Eclipse 500, que também não é mais fabricado; o jatinho bimotor americano SyberJet SJ30, veloz e com design ousado; e o americano Cirrus SF50 Vision, o primeiro monojato fabricado em larga escala no mundo, um sucesso de vendas.


Alguns modelos de aeronaves de categoria diferentes, como os icônicos turboélices Beechcraft King Air, bimotores; o Pilatus PC-12, monomotor; o Daher Socata TBM, monomotor; e o Beechcraft Denali, monomotor; podem ser considerados concorrentes indiretos do pequeno jato executivo Piper PA-47 PiperJet, embora aviões turboélice, em geral, voem mais baixo e numa velocidade menor que jatinhos em geral.


Uma parte desses concorrentes citados nos parágrafos acima não é mais fabricada.


A PIPER AIRCRAFT

A Piper Aircraft Incorporated é, atualmente, uma grande fabricante norte-americana de aeronaves monomotoras e bimotoras leves a pistão e aeronaves monomotoras turboélice de pequeno porte para a chamada aviação geral, incluindo a aviação de treinamento e a aviação executiva. A sua fábrica e sede estão localizadas em Vero Beach, no estado da Flórida, nos Estados Unidos. Ela é uma das mais tradicionais fabricantes de aviões leves para a aviação geral, principalmente a aviação executiva.


Atualmente, ela é propriedade do Governo de Brunei, um pequeno país monárquico do sudeste asiático e é uma das maiores fabricantes de aviões certificados de pequeno porte, a pistão e turboélice, para uso executivo e de treinamento no mundo, incluindo best sellers como o monomotor Piper Malibu, conhecido atualmente como Piper Malibu M350, que está entre os aviões executivos de pequeno porte mais vendidos no mundo.


Conhecida anteriormente, até 1930, como Taylor Brothers Aircraft, até 1937, como Taylor Aircraft, quando foi renomeada para Piper Aircraft, e conhecida a partir de 1995 como New Piper Aircraft, até 2006, quando voltou a se chamar Piper Aircraft, é uma das maiores, mais tradicionais e mais conhecidas fabricantes de aeronaves executivas do mundo.


Atualmente, a Piper Aircraft fabrica o monomotor turboélice premium Piper Malibu M500, conhecido também como Piper Malibu Meridian, o bimotor leve a pistão Piper Seminole e o monomotor a pistão premium Piper Malibu M350, conhecido anteriormente como Piper Malibu Mirage. Há décadas, a Piper Aircraft fabrica também o pequeno, simples e extremamente econômico Piper Archer, para treinamento ou para transporte pessoal e/ou executivo, com capacidade para transportar um piloto e três passageiros em viagens intermunicipais e interestaduais.


A fabricação em larga escala do bimotor executivo a pistão Piper Seneca e dos monomotores executivos, para transporte pessoal e/ou para treinamento Piper Saratoga, Piper Arrow, Piper Cherokee Six e Piper Warrior está suspensa por tempo indeterminado.


Desde sua fundação em 1937, por William Piper, a empresa já fabricou mais de 144.000 aviões, entre monomotores e bimotores leves, entre tracionados por motores a pistão e turboélices. Atualmente, há mais de 90.000 aviões fabricados pela Piper Aircraft em condições normais de operação, nos cinco continentes do planeta.


As principais concorrentes da Piper Aircraft no mercado mundial de aviões leves a pistão e turboélice são a Textron Aviation (Cessna e Beechcraft), a Cirrus Aircraft e a Mooney Aircraft, essas quatro nos Estados Unidos; a Daher-Socata, da França; a Pilatus Aircraft, da Suíça; e a Vulcanair, da Itália.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O Piper PA-47 PiperJet é um ousado, inovador e visionário projeto de uma moderna aeronave monomotor executiva de pequeno porte e de alcance interestadual e internacional, com construção convencional semimonocoque metálica (principalmente alumínio) da fuselagem de perfil semiquadrado e construção também convencional das asas retas de perfil laminar em alumínio e ligas metálicas, com uma configuração convencional de asas baixas e retas, mas com um grande estabilizador horizontal com leve enflechamento, combinada com um trem de pouso triciclo retrátil, com uma moderna e confiável motorização turbofan Williams FJ44-3AP com alta taxa de bypass e com capacidade para transportar confortavelmente até cinco ou sete passageiros, dependendo da configuração de assentos adotada, projetada e desenvolvida entre 2006 e 2011, quando, a partir de 2011, foi substituído por outro projeto mais moderno e confortável, o Piper PiperJet Altaire, com algumas melhorias importantes, incluindo uma fuselagem com perfil transversal circular, em substituição ao perfil transversal semiquadrado do seu antecessor, e com asas retas metálicas fixadas bem abaixo da fuselagem, liberando mais espaço na cabine de passageiros, até 2013, quando, infelizmente, ambos os projetos foram cancelados pela fabricante americana.


O objetivo principal da americana Piper Aircraft em relação ao seu projeto do jatinho executivo Piper PA-47 PiperJet era tornar acessível para um número maior de clientes, inclusive para a classe média (neste caso específico táxi-aéreo e propriedade compartilhada), o conceito de jato executivo, com uma velocidade de cruzeiro de cerca de 650 km/h, com a redução do custo de aquisição e do custo operacional, principalmente por se tratar de um avião monomotor, realizando assim o desejo ou sonho de consumo de muitos potenciais clientes em viajar de jatinho, mas a um custo mais razoável, digamos, já que até o momento os jatinhos estão acessíveis apenas para a classe alta, principalmente em razão do preço elevado da hora de voo.


CUSTO OPERACIONAL APROXIMADO DE JATOS EXECUTIVOS (EM US$)

MODELO OU FAMÍLIA

HORA DE VOO

ASSENTO / KM VOADO

Learjet 25

3.000,00

0,50

Citation II

2.650,00

0,54

Citation I / Citation 500

2.000,00

0,54

Citation CJ2

2.400,00

0,45

Citation CJ1 / Citation M2

2.200,00

0,58

Learjet 35

3.000,00

0,50

Learjet 55

3.500,00

0,58

Phenom 300

2.500,00

0,42

Phenom 100

2.000,00

0,53

Citation Mustang

1.600,00

0,42

Eclipse 500 / Eclipse 550

1.600,00

0,57

King Air 350

1.850,00

0,42

King Air 200

1.600,00

0,53

King Air C90

1.400,00

0,56

Embraer Xingu

1.400,00

0,51

HondaJet

2.200,00

0,56

Citation III / Citation VII

3.500,00

0,58

Challenger 605 / Challenger 604

6.500,00

0,83

Learjet 60

3.800,00

0,63

Gulfstream IV / Gulfstream G450

8.000,00

0,78

Gulfstream V / Gulfstream G550

10.000,00

0,84

Observação: Os valores citados acima foram extraídos de diversas fontes, uma média simples das fontes mais confiáveis encontradas. De modo geral, os custos operacionais de uma aeronave englobam duas subdivisões, uma chamada custos fixos (salários dos tripulantes, hangaragem, seguros, manutenção programada, impostos, etc) e custos variáveis (combustível, manutenção não programada, taxas aeroportuárias e de navegação, etc). Na prática, é impossível calcular com absoluta precisão qual será o custo operacional de uma aeronave durante a sua utilização, pois são inúmeros fatores que pesam nesses cálculos, como, por exemplo, a quantidade de horas anuais que o atual proprietário precisa voar. O quadro acima serve apenas para dar uma base razoável ao leitor, sem compromisso com uma precisão absoluta, já que há inúmeros fatores que podem alterar esses mesmos valores para cima ou para baixo. Além disso, mais importante até que o custo por hora de voo é o custo por assento (passageiro) / km voado, é o número que realmente importa, pois assim você tem uma noção melhor do quanto uma aeronave pode ser mais adequada para você, especificamente. Para números mais precisos consulte o respectivo fabricante ou o representante de vendas de cada um dos modelos citados acima.


Voltando ao Piper PA-47 PiperJet, embora com uma proposta bem intencionada, a Piper Aircraft, uma icônica fabricante de aeronaves, com décadas de experiência na fabricação de aviões executivos, utilitários e de treinamento, não conseguiu concluir o programa de desenvolvimento e certificação do jatinho Piper PA-47 PiperJet, realmente uma pena, principalmente em razão desses custos de desenvolvimento e certificação. Ele não é fabricado em série, pois seu longo e caríssimo programa de desenvolvimento e certificação, avaliado em mais de US$ 300 milhões, em valores da época, esbarrou em incertezas da própria fabricante quanto ao futuro mercadológico do programa, já que, em relação às questões técnicas, estava tudo bem encaminhado.


O modelo atual Piper PiperJet Altaire não chegou a voar, mesmo contando com uma carteira de encomendas de mais de 180 unidades. Curiosamente, o seu programa foi cancelado antes do primeiro voo, mesmo contando com um bom número de encomendas, pois, segundo o fabricante, havia incertezas mercadológicas sobre o futuro do projeto. Ele é diferente do protótipo original Piper PA-47 PiperJet da década de 2000, incluindo as seguintes mudanças, melhorias e modernizações introduzidas no então novo projeto:

  • Fuselagem cerca de 20 centímetros mais comprida, com perfil transversal circular da fuselagem, em substituição ao perfil semiquadrado do modelo anterior, liberando pelo menos 10 centímetros de altura livre interna para os passageiros e mais 10 centímetros para os ombros;
  • Instalação de galley na configuração executiva, para cinco passageiros, sendo quatro passageiros na cabine de passageiros e mais um passageiro ao lado do piloto; ou instalação de um pequeno toalete básico (com cinto de segurança homologado) nessa mesma configuração executiva, em substituição à galley;
  • Asas fixadas bem abaixo da fuselagem, com longarinas fixadas fora do espaço interno na cabine de passageiros, para liberar mais espaço na cabine para as pernas dos ocupantes da aeronave;
  • Troca da configuração do cockpit, anteriormente com controle de voo por sidesticks (semelhantes aos joysticks de videogames), por uma configuração mais convencional, com manches para piloto (de série) e copiloto (opcional);
  • Capacidade do bagageiro interno melhorada, para 570 litros, com pressurização e aquecimento; e capacidade do bagageiro dianteiro também melhorada para 570 litros, mas neste caso sem pressurização;
  • Aviônicos Garmin G3000 do tipo touch screen, com visão sintética e pouso automático;
  • Iluminação LED na cabine de passageiros;
  • Desenho da empenagem melhorado, com estabilizador horizontal levemente enflechado;
  • Nova padronagem de acabamento interno;
  • Introdução da Internet por satélite e do telefone por satélite;
  • Gravador de dados (caixa-preta), disponível como opcional;


Trata-se de um modelo de aeronave a jato com apenas um motor, o que significa, e tese, menor peso estrutural; menor consumo de combustível e, portanto, maior eficiência energética, resultando logicamente em maior alcance; e custo operacional menor, pois em vez de realizar a manutenção preventiva e corretiva de dois motores você reduz pela metade esse custo. Além disso, trata-se de um modelo de jato executivo de alcance interestadual e de alcance internacional para viagens dentro de um mesmo continente, com alcance de 2.100 quilômetros, com quatro passageiros e bagagem leve, graças ao seu projeto que, desde o início, privilegiou a redução de peso estrutural, menor consumo de combustível e o melhor aproveitamento de espaço interno, mas mantendo uma estrutura convencional semimonocoque pressurizada em alumínio e ligas metálicas.


Na prática, o Piper PiperJet Altaire (pronuncia-se PaipârDjét Altér) e seu principal concorrente Cirrus SR50 VisionJet, que também é americano, também é um jatinho monomotor, mas é fabricado quase inteiramente em material composto, são projetos de aviões quase completamente novos, eles não foram baseados em nenhum outro modelo de aeronave, foram projetados a partir de folhas de papel em branco. A diferença é que o projeto do Cirrus SF50 VisionJet foi concluído, ele conseguiu alcançar a certificação em 2016, entrou na fase de fabricação seriada e já é um sucesso de vendas, com mais de 600 unidades já entregues aos clientes, enquanto o PiperJet Altaire não teve a mesma sorte, infelizmente.


Voltando ao caso específico do Piper PA-47 PiperJet, ele é um avião de pequeno porte, pois seu peso máximo de decolagem está bem abaixo de 5.700 kg (essa é uma das principais vantagens dos aviões monomotores, a leveza), portanto a fabricante Piper Aircraft pretendia certificá-lo dentro das regras FAR Part 23, menos rígidas, na categoria dos aviões de pequeno porte, ou seja, dentro da categoria dos jatinhos, conhecidos também como very-light-jets ou entry-level-jets, o que significa que ele poderia ser operado por apenas um piloto na cabine de comando.


Por exemplo:


REGRAS DE CERTIFICAÇÃO DE AERONAVES EXECUTIVAS

ALE / LSA (MENOS EXIGENTE)

FAR PART 23 / RBAC 23 (INTERMEDIÁRIA)

FAR PART 25 / RBAC 25  (MAIS EXIGENTE)

Inpaer Conquest e Excel

Embraer Phenom 100

Citation Excel / XLS

Edra Petrel e Dynamic

Beechcraft Bonanza

Falcon 2000

Seamax (anfíbio)

Piper Seneca

Embraer Legacy

Volato 200

Beecraft King Air

Gulfstream V

Lancair Legacy

Cirrus SR22

Learjet 45

Zenith Stol

Pilatus PC-12

Hawker 800

Ikarus C42

HondaJet

Citation X

Super Coyote

Piper Malibu

Bombardier Challenger

Inpaer Colt

Cessna 206 Stationair

Beechjet 400A

Vans RV-10

Cessna 208 Caravan

 


Isso não significa necessariamente que os aviões da categoria ALE / LSA sejam menos seguros que os aviões da categoria FAR Part 23 e que os aviões da categoria FAR Part 23 sejam menos seguros que os aviões da categoria FAR Part 25. Significa que os aviões certificados sob as regras mais brandas não são obrigados a possuírem a redundância de sistemas e mecanismos, a resistência estrutural e os equipamentos de segurança dos aviões certificados sob a regra mais rígida FAR Part 25.


Por exemplo, o Pilatus PC-12 e o Cirrus SR22 são aviões muito seguros, mesmo possuindo a certificação intermediária, com baixíssima porcentagem de acidentes graves com vítimas fatais, em relação ao número total de aeronaves fabricadas.


Voltando ao Piper PA-47 PiperJet, dentre os destaques do projeto de aeronave estão a velocidade de cruzeiro de até 650 km/h; a altitude de cruzeiro de até 11.000 metros, sendo que ele consegue manter uma pressurização de cabine de até 10 psi em até 10.000 metros de altitude de cruzeiro; o alcance de até 2.100 quilômetros, mesmo com a cabine lotada de passageiros adultos e bagagem leve; o confiável motor turbofan Williams FJ44-3AP, que faz parte da mesma família de motores que impulsiona os best-sellers Citation CJ2 e Pilatus PC-24, por exemplo; e galley básica na frente ou toalete básico na frente da cabine de passageiros (configuração executiva, de baixa densidade, para até cinco passageiros); dentre outros itens de conforto, segurança e desempenho.


O projeto da aeronave incluía, em 2011, um moderno e sofisticado conjunto de aviônicos do tipo EFIS – Electronic Flight Instrument System, modelo Garmin G3000 Touchscreen, composto por duas telas PFD - Primary Flight Display, as telas primárias, uma do lado esquerdo do painel, para o piloto, e outra do lado direito, para o co-piloto, e uma tela MFD - Multi Function Display, ou multifunção, no centro do painel, fabricado pela americana Garmin Ltd, uma das mais tradicionais fabricantes de aviônicos do mundo.


O projeto e o programa de desenvolvimento do Piper PA-47 PiperJet foi liderado pelos projetistas americanos John Becker e Albert Mill, com a participação de mais de 150 profissionais durante essa fase, resultando em um avião ousado e inovador, com fuselagem e asas construídos em alumínio e ligas metálicas, com trem de pouso do tipo triciclo retrátil, com freios com discos de aço, com asas retas e motor fixado no estabilizador vertical, com a possibilidade de operação tranquila em pistas de pouso pavimentadas de comprimento limitado.


Por exemplo: Em um dia quente, com quatro passageiros adultos a bordo, bagagem leve e metade dos tanques com combustível seria possível decolar de uma pista de pouso pavimentada de apenas 1.000 metros de uma fazenda no interior do estado de Goiás, no interior do estado de Mato Grosso do Sul ou no interior do estado de Santa Catarina e pousar em Campinas, por exemplo, apenas uma hora e meia depois, com reservas de combustível.


Porém, para quem precisa viajar com frequência para Europa, África, Ásia e América do Norte é aconselhável comprar ou alugar um avião de alcance maior, um avião intercontinental.


CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

A tradicional fabricante de aeronaves executivas de pequeno porte Piper Aircraft começou a projetar, desenvolver e fabricar as primeiras três unidades (protótipos, na verdade) do Piper PA-47 PiperJet a partir de 2006, um modelo de jato executivo de pequeno porte quase totalmente novo, aproveitando apenas parte da fuselagem do monomotor turboélice de pequeno porte Piper Malibu Meridian, como base para um modelo diferente de aeronave.


O desenho elegante do Piper PA-47 PiperJet possui o motor turbofan William FJ44-3AP fixado no estabilizado vertical, portanto numa posição alta, evitando assim a aspiração de pedras, detritos ou peças sobre a pista de pouso, durante a corrida para a decolagem. Por outro lado, essa mesma posição mais alta do motor exigiu uma solução dos projetistas em relação à reação de arfagem (nariz pra baixo) do avião no momento da aceleração dos motores, o que foi resolvido com o uso de um sistema automático de compensação acoplado aos profundores, num primeiro momento, mas posteriormente substituído por uma solução mais simples sugerida pela fabricante William International, o uso do fenômeno aerodinâmico Coanda, com um bocal de empuxo vetorial simplificado.


A empresa americana Piper Aircraft e seus parceiros comerciais da época, pagaram caro por essa ousadia, literalmente, algo em torno de US$ 150 milhões (valores da época), para dar andamento ao longo e caríssimo programa de desenvolvimento e certificação do jatinho Piper PA-47 PiperJet, mas, na prática, o custo médio para projetar, desenvolver, certificar e iniciar a fabricação em série de um jato executivo monomotor de pequeno porte totalmente novo, de modo geral, é de pelo menos US$ 300 milhões. A fabricante americana até teria condições financeiras de concluir o programa, mas esbarrou em incertezas sobre o mercado de aviação executiva na década de 2010, afetado indiretamente pela Crise dos Subprimes de 2008, com origem nos Estados Unidos, mas causando recessão econômica em grande parte do planeta.


Agora você entende porque é “tão caro” (na sua opinião) viajar de jatinho executivo? Todo o processo de criação, desenvolvimento, certificação e fabricação é muito trabalhoso, e tudo isso custa caro. Além disso, os custos em geral, como combustível, manutenção e salários de tripulação, na operação diária desses aviões, também são caros. Não é um “brinquedo de rico”, é um meio de transporte, está disponível para qualquer pessoa que tem condições de pagar por ele.


Durante a década de 2000 havia no mercado internacional de aeronaves executivas seis grandes fabricantes de jatos executivos, as americanas Cessna Aircraft e Raytheon Aircraft, ambas conhecidas atualmente como Textron Aviation; a americana Gulfstream Aerospace; a francesa Dassault Falcon; a canadense Bombardier Aerospace, com as marcas Learjet, Global e Challenger; e, é claro, a brasileira Embraer S.A.. Havia outros fabricantes de aeronaves executivas, mas que ainda não competiam no segmento de jatos executivos, como a Cirrus Aircraft e a Pilatus Aircraft, por exemplo. Anos depois, a partir de 2014 e 2018, estas duas fabricantes entraram definitivamente para o mercado de jatos executivos, com o Cirrus SF50 VisionJet e Pilatus PC-24, respectivamente.


Na década de 2000, o objetivo da Piper Aircraft era fabricar um jato executivo para competir em um segmento de mercado da aviação executiva formada por clientes com poder aquisitivo suficiente para viagens non-stop interestaduais e internacionais, ou com apenas uma escala para reabastecimento, a bordo de um jato executivo confortável, porém com tamanho e alcance menores que os do segmento logo acima, chamado light jet ou, traduzindo, jato leve, no qual estão os jatos Cessna Citation CJ2, Beechcraft Hawker 400XP, Embraer Phenom 300 e Bombardier Learjet 45, por exemplo.

-*

Se por um lado o Piper PA-47 PiperJet foi concebido com o máximo de simplicidade possível para os padrões de um jato executivo, com motor relativamente simples, o Williams FJ44-3AP, por exemplo, com o objetivo de reduzir seus custos operacionais o máximo possível, mas sem comprometer a segurança de voo, por outro lado ele foi concebido e desenvolvido para apresentar itens de conforto, segurança e desempenho respeitáveis, o máximo possível na categoria dos jatinhos, com conforto biológico de uma pressurização de 12 psi em uma altitude de até 10.000 metros; velocidade bastante razoável de 650 km/h, graças ao seu motor potente e graças a uma fuselagem com aerodinâmica refinada, com ensaios em túnel de vento, inclusive; com uma capacidade bastante razoável de transportar bagagens.


Até onde se sabe, não há data prevista para certificação e início de fabricação seriada do Piper PA-47 PiperJet, o projeto foi cancelado pelo fabricante americano, que também cancelou o projeto sucessor dele, chamado Piper PiperJet Altaire, com algumas melhorias importantes.


MOTOR FJ44

O confiável motor turbofan americano Williams FJ44-3AP de alto desempenho que impulsiona o Piper PA-47 PiperJet é uma das versões da consagrada série Williams FJ44, uma opção moderna, racional e eficiente de propulsão projetada principalmente para jatos executivos, usada também para impulsionar outros modelos de sucesso no mercado mundial de aviação executiva, dentre eles o Cessna Citation CJ2, o Pilatus PC-24 e o Beechcraft Premier I, totalizando mais de 5.000 motores fabricados.


Projetado nos Estados Unidos, pela fabricante americana Williams International, e na Inglaterra, pela Rolls-Royce PLC, a partir de um projeto de turbofan usado para impulsionar mísseis de cruzeiro, neste caso para uso exclusivamente militar, é claro, esse turbofan civil possui um fan de estágio único acoplado a uma turbina de baixa pressão com dois estágios. O seu projeto é composto também por um compressor centrífugo de alta pressão acoplado a uma turbina de alta pressão com um estágio.


FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS


PIPER PA-47 PIPERJET

  • Capacidade: 5 ou 7 passageiros;
  • Tripulação: 1 piloto e 1 co-piloto (opcional);
  • Velocidade de cruzeiro máxima: Aprox. 650 km/h;
  • Velocidade de cruzeiro econômica: Aprox. 580 km/h;
  • Comprimento da aeronave: Aprox. 10,9 metros;
  • Envergadura: Aprox. 13,5 metros;
  • Altura da aeronave: Aprox. 4,8 metros;
  • Largura da cabine: Aprox. 1,5 metro;
  • Altura da cabine: Aprox. 1,5 metro;
  • Motorização (potência): Williams FJ44-3AP (2.800 libras);
  • TBO dos motores (tempo entre revisões): 3.500 horas;
  • Vida útil da aeronave:
  • Consumo médio (QAV): Aprox.
  • Consumo médio (QAV): Aprox.
  • Aviônicos: EFIS Garmin G3000 Touchscreen (três telas);
  • Aviônicos:
  • Opcionais:
  • Freios: Aço;
  • Sistema elétrico:
  • Sistema hidráulico:
  • Climb (subida):
  • Peso máximo decolagem: Aprox.
  • Alcance: Aprox. 2.100 quilômetros (quatro passageiros / 75% potência / com reservas);
  • Pista de pouso: Aprox. 1.000 metros (quatro passageiros / bagagem leve / dias quentes);
  • Pista de pouso: Aprox. 1.500 metros (seis passageiros / bagagem leve / dias quentes);
  • Teto de serviço: Aprox. 11.000 metros;
  • Preço (no exterior): Aprox. US$ 2,2 milhões (década de 2010);


GALERIA DE IMAGENS


PA-47 PIPERJET


ALTAIRE




PA-47 (INTERIOR)


PA-47 (DESENVOLVIMENTO)


PA-47 (CONFIGURAÇÃO EXECUTIVA)


PA-47 PIPERJET


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Piper_PA-47_PiperJet
  • Piper Aircraft (divulgação): Imagens
  • Wikimedia: Imagens

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