EMBRAER EMB-312 TUCANO

EMBRAER T-27 TUCANO (NA FAB)
EMBRAER EMB-312A TUCANO (VÁRIOS PAÍSES)
SHORT BROTHERS EMB-312S TUCANO (REINO UNIDO)
EMBRAER EMB-312F TUCANO (FRANÇA)
PROJETO T-27 TUCANO


INTRODUÇÃO

O clássico Embraer EMB-312 Tucano é uma robusta e eficiente aeronave monomotor de pequeno porte para uso exclusivamente militar, em missões de treinamento avançado, patrulhamento, reconhecimento, interceptação de aeronaves lentas e ataque leve ao solo, com motorização turboélice e asa baixa, de construção convencional em alumínio e ligas metálicas, projetada na década de 1970, desenvolvida na década de 1980 e fabricada em série e em larga escala nas décadas de 1980 e 1990, principalmente no Brasil, principalmente pela Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica, com participação e acompanhamento da FAB – Força Aérea Brasileira.


Na década de 1980, a aeronave também foi fabricada sob licença no Reino Unido, pela fabricante norte-irlandesa Short Bothers, principalmente para atender uma importante encomenda da Força Aérea do Reino Unido ou Royal Air Force e também para exportação para algumas nações amigas do Reino Unido e do Brasil.


Nas décadas de 1980 e 1990, os principais concorrentes do Embraer EMB-312 Tucano eram os turboélices monomotores para treinamento militar KAI KT-1 Woongbi, fabricado na Coreia do Sul pela Korea Aerospace Industries, com desenho semelhante ao do Tucano; Pilatus PC-9, fabricado na Suíça pela Pilatus Aircraft, com mais de 260 unidades fabricadas; PZL-130 Orlik, fabricado na Polônia pela PZL Mielec, atualmente uma subsidiária da americana Sikorsky Aircraft; e o Beechcraft T-6 Texan II, fabricado nos Estados Unidos pela então Raytheon Aircraft / Beechcraft, conhecida atualmente como Textron Aviation.


A EMBRAER S.A.

A Embraer S.A. é uma grande fabricante brasileira de aviões comerciais, executivos, militares e utilitários. Atualmente, ela é uma empresa de capital misto, com predominância de capital privado, com acionistas estrangeiros, inclusive. A sua sede está localizada em São José dos Campos, interior do estado de São Paulo. Ela foi privatizada na década de 1990 e entregou 246 aviões em 2023, por exemplo, incluindo 64 jatos comerciais, 115 jatos executivos e 64 aviões agrícolas.


Considerando receitas e número de aeronaves fabricadas, a empresa brasileira Embraer S.A. é a terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do planeta e a quinta maior fabricante de jatos executivos. Ela foi fundada como uma estatal no início da década de 1970 e, desde a sua fundação, fabricou mais de 9.000 unidades, incluindo aviões comerciais para a aviação regional; aviões executivos em geral, dentre eles jatos bimotores, turboélices bimotores, bimotores a pistão e monomotores a pistão; aviões utilitários para aviação agrícola; e aviões militares para treinamento, logística e combate; sendo que a maioria deles ainda está em condições de voo.


Em unidades vendidas, a empresa brasileira Embraer S.A. é uma das maiores fabricantes de aeronaves comerciais, aeronaves executivas, aeronaves utilitárias para uso agrícola e aeronaves militares. Comparando receitas, a Embraer foi o quarto maior grupo fabricante de aeronaves civis do planeta em 2014, por exemplo, somando os números de todas as unidades da empresa, no Brasil e no exterior, com receita bruta de aproximadamente US$ 5,6 bilhões. Com o recuo gradativo da canadense Bombardier Incorporated no mercado de aviação comercial, nas décadas de 2010 e atual, a Embraer S.A. assumiu a terceira posição entre as maiores fabricantes de aviões civis do mundo, atrás apenas da Airbus e da Boeing.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O clássico Embraer EMB-312 Tucano, aqui no Brasil conhecido também como Embraer T-27 Tucano (treinamento) e Embraer AT-27 Tucano (ataque leve), estes os nomes usados pela FAB – Força Aérea Brasileira, é um bem sucedido modelo de turboélice monomotor militar de pequeno porte, criado na década de 1970, desenvolvido na década de 1980 e fabricado em série e em larga escala nas décadas de 1980 e 1990 pela então Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica, atualmente Embraer S.A., para atender os requisitos de seu principal cliente, a FAB - Força Aérea Brasileira, com flexibilidade operacional e versatilidade para uma variedade de missões, incluindo treinamento avançado; reconhecimento (espionagem); interdição ou interceptação de aeronaves de baixa performance, principalmente aviões a pistão e helicópteros; patrulhamento de territórios (ar, terra e mar); apoio a operações militares em geral, com ataques ao solo, no mar e no ar; e até exibições aéreas militares, no caso específico do Brasil por meio da Esquadrilha da Fumaça.


Ele é um treinador por excelência, um monomotor turboélice com construção convencional em alumínio e ligas metálicas, com asas baixas e trem de pouso triciclo retrátil, considerado na época, por várias forças armadas, o melhor treinador militar avançado do mundo, projetado, desenvolvido e fabricado principalmente para essa função, mas que também podia (e pode) ser utilizado para missões de ataque leve ao solo e interceptação aérea de aeronaves de baixa performance, fabricado principalmente no Brasil, embora cerca de 160 unidades também tenham sido fabricadas sob licença na Irlanda do Norte (um dos países formadores do Reino Unido) e no Egito, nestes dois casos específicos para atender uma encomenda do Reino Unido (Royal Air Force) e uma encomenda do Egito (Força Aérea do Egito), dentre outras encomendas.


As unidades fabricadas no Brasil pela então Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica foram e/ou são operadas pela FAB – Força Aérea Brasileira, pela Força Aérea da França (Armée de L’air), pela Força Aérea Nacional (Angola), pela Força Aérea da Colômbia (Fuerza Aérea); pela Força Aérea de Honduras (Fuerza Aérea); pela Força Aérea da Mauritânia (continente africano), pela Força Aérea do Paraguai (Fuerza Aérea), pela Força Aérea do Peru (Fuerza Aérea) e pela Força Aérea da Venezuela (Aviación Bolivariana).


A aeronave foi vendida em três versões principais, o modelo Embraer EMB-312A Tucano, biposto para treinamento e ataque leve, conhecido também como Embraer T-27 Tucano (“T” de treinamento) e/ou Embraer AT-27 Tucano (“A” de ataque), operado principalmente pela FAB – Força Aérea Brasileira, com mais de 136 unidades entregues à Aeronáutica Brasileira, com dois assentos em tandem (um atrás do outro), principalmente para treinamento avançado de novos pilotos que estudavam na Academia da Força Aérea Brasileira e estavam na fase de transição para operação de jatos militares de alta e altíssima performance; o modelo Embraer EMB-312F Tucano, fabricado no Brasil e exportado para a França, operado principalmente pela Força Aérea Francesa, conhecida também como Armée de L’Air, também usado para treinamento avançado e ataque leve, com 50 unidades fabricadas; e o modelo Short Brothers EMB-312S Tucano, fabricado sob licença na Irlanda do Norte, pela fabricante aeronáutica Short Brothers, principalmente para atender uma encomenda da Força Aérea Inglesa, conhecida também como Royal Air Force, assim como seus dois irmãos também usado para treinamento e operações militares reais de patrulhamento, interceptação e apoio a missões militares em solo, com cerca de 160 unidades fabricadas, inclusive para exportação para a Força Aérea do Quênia, na África, e para a Força Aérea do Kuwait, no Oriente Médio.


O potente Embraer EMB-312 Tucano foi projetado para uma variedade de missões militares, portanto é uma aeronave militar multifunção, ou seja, versátil e flexível, projetada para desempenhar uma variedade de missões aéreas ou de apoio a operações militares terrestres, incluindo operações de policiamento / patrulhamento de fronteiras; dissuasão (desencorajamento); interceptação de aeronaves clandestinas de baixo desempenho, principalmente aviões a pistão e helicópteros; e treinamento avançado.


Com esse projeto de aeronave militar de treinamento e ataque leve a Embraer pretendia, na década de 1980, oferecer à FAB – Força Aérea Brasileira um substituto mais eficiente ao jato bimotor de treinamento militar Cessna T-37C Tweet, também biposto, um bom avião, mas cujos custos de operação estavam ficando proibitivos, principalmente em razão da Crise do Petróleo da década de 1970. Então, a partir de 1983, o Embraer EMB-312 Tucano passou a desempenhar também a função de demonstração aérea (acrobacias em exibições públicas), pela Esquadrilha da Fumaça, da FAB – Força Aérea Brasileira, oficialmente EDA - Esquadrão de Demonstração Aérea.


Na década de 1980, o fabricante destacava que entre as principais vantagens do Embraer EMB-312 Tucano, em relação ao bimotor a jato Cessna T-37C Tweet, estavam o custo operacional mais baixo (menor consumo de combustível e menor custo de manutenção), pois se tratava de um modelo turboélice monomotor; a modernidade, pois era o primeiro avião de treinamento avançado com assentos ejetáveis e posição mais alta do instrutor, atrás do aprendiz; a flexibilidade operacional, afinal é um turboélice monomotor para uso militar potente e com trem de pouso reforçado para operação em pistas de pouso curtas, podendo até usar trechos de rodovias, se necessário, dependendo de cada caso, a pedido do cliente governamental; e capacidade de ataque leve, com quatro hard points sob as asas, totalizando até 1.000 kg de armas, incluindo metralhadoras / canhões, foguetes / mísseis e bombas; dentre outras vantagens.


O avião militar brasileiro era um projeto totalmente novo, uma criação totalmente original da Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica, com asas reforçadas para uma boa capacidade de carga útil, incluindo armamentos leves e/ou de médio poder de fogo e/ou tanques auxiliares, alijáveis ou externos, resultando numa melhoria de alcance, e com alta tecnologia de aviônicos e outros sistemas, considerando o padrão da época, é claro, semelhantes aos aviônicos de caças militares da época, facilitando assim a transição dos pilotos para os jatos de alta e/ou altíssima performance.


O projeto Embraer T-27, um dos mais avançados programas militares criados e desenvolvidos em território brasileiro nas décadas de 1970 e 1980, um projeto criado e desenvolvido pela Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica para atender os requisitos da FAB – Força Aérea Brasileira, que foi a operadora governamental de lançamento da aeronave, resultou em um avião militar monomotor turboélice com um alto nível de eficiência e sofisticação, considerando os padrões da época, nunca antes encontrados em um modelo de aeronave de treinamento militar avançado, incluindo assentos ejetáveis Martin Baker MK8L; canopy de plexiglass (para-brisa de acrílico); facilidade no acesso dos mecânicos aos sistemas, para agilizar a manutenção preventiva e corretiva; alta manobrabilidade, posteriormente comprovada em operações militares reais de patrulhamento, ataque leve e interceptação, tanto no Brasil quanto no exterior, e pelas demonstrações aéreas da Esquadrilha da Fumaça, principalmente no Brasil; e estabilidade em baixas velocidades, uma característica fundamental para aviões treinadores; dentre outras características.


Nas décadas de 1980, 1990 e 2000, o monomotor turboélice brasileiro Embraer EMB-312 Tucano podia ser armado com metralhadoras / canhões, foguetes / mísseis e bombas em seus quatro hard points (pontos de fixação) sob as asas e passou a ser utilizado por forças armadas da América Latina para combater guerrilhas, inclusive na Colômbia, contra o tráfico de drogas e armas. A partir de 2004, ele foi substituído, em vários países, na função de ataque leve pelo seu derivado direto, o Embraer EMB-314 Super Tucano, com melhor performance e maior capacidade de armamentos militares, inclusive no Brasil e na Colômbia.


CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Depois de criar, desenvolver e dar início à fabricação em série e em larga escala do bimotor turboélice comercial Embraer EMB-110 Bandeirante, para transporte de passageiros em rotas regionais, por meio de companhias aéreas regionais, um sucesso de vendas, a Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica deu um passo adiante com a criação, o desenvolvimento e a fabricação seriada do turboélice monomotor de treinamento e ataque leve Embraer EMB-312 Tucano, com o acompanhamento da FAB – Força Aérea Brasileira nas fases de criação e desenvolvimento, já que se tratava da principal cliente militar da empresa aeronáutica brasileira.


O Projeto T-27 foi liderado pelos projetistas Guido Pessoti e Joseph Kovács, principalmente para atender uma lista de requisitos do então Ministério da Aeronáutica do Brasil, atualmente Ministério da Defesa, principalmente para ser operado pela FAB – Força Aérea Brasileira. Dentre as exigências estava a praticidade, ou seja, tinha que ser um avião eficiente; versátil ou multifuncional, ou seja, capaz de desempenhar missões diferentes; econômico, com baixo consumo de combustível e baixo custo de manutenção; robusto; com boa manobrabilidade, inclusive com capacidade acrobática; dócil, ou seja, fácil de pilotar, afinal tratava-se (e trata-se) de um avião de treinamento; com bom alcance de translado e bom raio de ação; e com boa velocidade de cruzeiro, de cerca de 500 km/h; dentre outros requisitos.


É consenso no meio aeronáutico que a Embraer deu um passo adiante em termos de capacidade tecnológica militar, inclusive com a integração de sistemas militares avançados, com o desenvolvimento de um produto militar eficiente e altamente tecnológico, considerando os padrões da época, é claro, com a consequente fabricação em larga escala de um modelo de destaque no segmento de turboélices monomotores de treinamento e ataque leve, considerado o melhor de sua classe, na época. Na verdade, havia pouquíssimos modelos de monomotores turboélice de treinamento, na década de 1970, disponíveis no mercado aeronáutico mundial e, a partir da década de 1980, o Embraer EMB-312 Tucano passou a ser usado como ponto de referência (paradigma ou padrão) por outros fabricantes para criarem seus produtos desse segmento de treinadores militares turboélice.


O clássico Embraer EMB-312 Tucano se tornou, na década de 1980, uma referência de avião militar de treinamento avançado, com velocidade de cruzeiro de quase 500 km/h, o suficiente para executar as missões para as quais ele foi projetado; alcance de quase 2.000 quilômetros em velocidade padrão de translado; teto de serviço de quase 9.000 metros; limite estrutural de até 6 G’s (força centrífuga); e carga útil de até 1.000 kg de armamentos, mas lembrando que essa carga pode ser menor, dependendo da quantidade de combustível necessária para o avião executar uma determinada missão.


O turboélice monomotor brasileiro Embraer EMB-312 Tucano foi então incluído na frota da FAB – Força Aérea Brasileira, na década de 1980, inicialmente para desempenhar missões de treinamento avançado e demonstração aérea (acrobacias) pela Esquadrilha da Fumaça. Posteriormente, nas décadas de 1980, 1990 e 2000, a aeronave se mostrou flexível em outras forças aéreas, tanto na América Latina quanto na Europa, no Oriente Médio e na África, tanto para treinamento quanto para desempenhar outras missões, inclusive como parte de um amplo trabalho de monitoramento de fronteiras, patrulhamento de territórios, dissuasão (desencorajamento), interceptação de aeronaves lentas, destruição de pistas de pouso clandestinas e enfrentamento de guerrilheiros e traficantes de drogas e armas, dentre outras missões.


Pelas características das regiões da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal, com extensas áreas de floresta fechada / mata fechada ou densa, pastos extensos / áreas agricultáveis e áreas naturalmente alagadas, com alta incidência de chuvas, altas temperaturas e umidade elevada, foi definido pela FAB – Força Aérea Brasileira que a aeronave deveria ser um turboélice treinamento e de ataque leve, com boa autonomia e raio de ação, capaz de operar tanto de dia como à noite, a partir de pistas curtas e desprovidas de infraestrutura mais sofisticada, entre outros requisitos.


Como cliente de lançamento da aeronave militar, a FAB – Força Aérea Brasileira recebeu as primeiras unidades de série em 1983. Assim, a partir de então, o turboélice Embraer EMB-312 Tucano passou, gradativamente, anos após ano, a desempenhar suas funções no Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), conhecido também como Esquadrilha da Fumaça; no Esquadrão de Instrução Aérea (1º EIA), especificamente para treinamento; na 2° Esquadrilha de Ligação e Observação (2º ELO); no 1º Esquadrão do 5º Grupo de Aviação - Esquadrão Rumba (1º/5º GAv); no Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV); no 7º Esquadrão de Transporte Aéreo - Esquadrão Cobra (7º ETA); no 1º Esquadrão do 3º Grupo de Aviação - Esquadrão Escorpião (1º/3º GAv); no 2º Esquadrão do 3º Grupo de Aviação - Esquadrão Grifo (2º/3º GAv); no 3º Esquadrão do 3º Grupo de Aviação - Esquadrão Flecha (3º/3º GAv); no 1º Grupo de Aviação de Caça - Esquadrão Senta a Púa (1º GAvCa); no 1º Esquadrão do 14º Grupo de Aviação - Esquadrão Pampa (1º/14º GAv); e no 1º Grupo de Defesa Aérea - Esquadrão Jaguar (1º GDA).


A Embraer ofereceu o produto Embraer EMB-312 Tucano a vários operadores militares de vários continentes e conseguiu encomendas de várias nações, incluindo Angola (14 unidades), Argentina (30 unidades), Colômbia (14 unidades), Egito (54 unidades), França (50 unidades), Honduras (América Central), Iraque (80 unidades), Mauritânia (um país da África), Paraguai (6 unidades), Peru (30 unidades) e Venezuela (30 unidades). Ainda não está claro como as 25 unidades de Embraer EMB-312 Tucano operadas pelo Irã foram parar lá, o mais provável que tenham sido exemplares fabricados no Egito, pois, na década de 1980, o Irã já era afetado por sanções econômicas e/ou militares impostas pelos Estados Unidos às nações inimigas. Outro detalhe importante, na época a Venezuela e o Iraque ainda não eram alvos de sanções econômicas e/ou militares dos Estados Unidos.


Como principal cliente da Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica (na época ainda não existia a subsidiária fabricante de aeronaves militares Embraer Defesa e Segurança), a FAB – Força Aérea Brasileira escolheu a dedo alguns dos principais fornecedores de peças, partes e componentes que são usados na montagem do Embraer EMB-312 Tucano, dentre eles a fabricante canadense de motores aeronáuticos Pratt & Whitney Canada, uma subsidiária da então gigante americana Raytheon Technologies / United Technologies, conhecida atualmente como RTX Corporation. O turboélice militar fabricado no Brasil é tracionado por um potente motor Pratt & Whitney PT6A-25C com 740 shp, com hélice de três pás Hartzell de velocidade constante, também uma marca americana.


Esse motor turboélice faz parte da mesma família de motores que impulsiona os aviões turboélice Embraer EMB-314 Super Tucano (militar), Beechcraft King Air (civil e militar), Embraer EMB-121 Xingu (civil e militar), Piper Malibu Meridian (civil), Cessna Grand Caravan (civil e militar), Embraer EMB-110 Bandeirante (civil e militar), e Pilatus PC-12 (civil e militar), que, aliás, estão entre os aviões monomotores e bimotores mais bem sucedidos e/ou confiáveis do mundo.


A criação, o desenvolvimento do projeto, com a fabricação dos protótipos do Embraer EMB-312 Tucano, envolvendo a integração de tecnologias, sistemas eletrônicos e aviônica, inclusive, foram de responsabilidade da Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica. Atualmente, a fabricação dos aviões de série Embraer EMB-314 Super Tucano, o substituto e derivado do clássico Embraer EMB-312 Tucano, é realizada pela Embraer Defesa e Segurança, unidade da Embraer criada em 2010, localizada no município de Gavião Peixoto, no interior do estado de São Paulo. O clássico Embraer EMB-312 Tucano não é mais fabricado em série.


Uma versão atualizada de exportação do Embraer EMB-314 Super Tucano é fabricada também em Portugal, pela OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, uma subsidiária da Embraer S.A., principalmente para exportação para países signatários da OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte.


A fabricante brasileira Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica assinou com o Governo Brasileiro, em 1980, o contrato para produção em série do turboélice militar Embraer EMB-312 Tucano, com o custo unitário de aproximadamente US$ 1 milhão por aeronave encomendada, em valores da época, o equivalente hoje a cerca de US$ 3,6 milhões, atualizados pela inflação. A encomenda da FAB – Força Aérea Brasileira, inicialmente de 151 exemplares, foi reduzida, alguns anos depois, para 136 unidades, e também incluiu valores adicionais de peças de reposição e treinamento de mecânicos.


MERCADO

Logo acima, ilustração simplificada do mapa mundi com os países compradores e/ou operadores do Embraer EMB-312 Tucano, todos em azul. Os países em vermelho são ex-operadores. Logo abaixo, mais uma imagem do clássico avião militar de treinamento brasileiro. A estética não é um fator fundamental e decisivo na escolha de um avião militar, mas, não há dúvidas, o avião militar brasileiro é bonito.

O projeto da aeronave militar turboélice de treinamento e combate aéreo leve Embraer EMB-312 Tucano foi o resultado de um estudo de mercado realizado por executivos da então Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica na década de 1970, que conseguiram identificar uma faixa de mercado quase deserta, quase inabitada, atendida por apenas um modelo de avião monomotor turboélice de treinamento militar avançado, o avião suíço Pilatus PC-7, com configuração em tandem semelhante ao do Embraer EMB-312 Tucano.


A Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica conseguiu vender o clássico Embraer EMB-312 Tucano para 17 operadores militares, principalmente para a Força Aérea Brasileira, para a Força Aérea da França, para a Força Aérea do Reino Unido e para a Força Aérea do Egito, totalizando mais de 620 unidades entre 1983 até 1996, seja por fabricação própria e exportação seja pela fabricação terceirizada, na Irlanda do Norte e no Egito.


Além da função óbvia de treinamento militar de novos pilotos em fase de transição para aviões militares a jato e turboélice, principalmente caças e/ou caças-bombardeiros a jato, o Embraer EMB-312 Tucano realizou as seguintes missões reais de ataque leve ar-ar e ar-solo:

  • Força Aérea da Angola, utilizado durante a Guerra Civil Angolana, nas décadas de 1980 e 1990;
  • Força Aérea da Argentina, treinamento e patrulha;
  • Força Aérea Brasileira, treinamento e patrulha. Em 1991, a aeronave foi utilizada em ataques contra 40 guerrilheiros das FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, em solo brasileiro, que ocuparam ilegalmente o destacamento Traíra, do Exército Brasileiro, na fronteira entre Colômbia e Brasil;
  • Força Aérea da Colômbia, treinamento e ataques ao solo contra grupos guerrilheiros locais, conhecidos como FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e ELN – Exército de Libertação Nacional da Colômbia, envolvidos em produção de drogas, tráfico de armas e tentativas de tomar o poder governamental nesse país latino-americano.
  • Força Aérea da França, treinamento e patrulha;
  • Força Aérea de Honduras, treinamento e interceptação de aeronaves civis utilizadas clandestinamente no transporte de drogas e armas;
  • Força Aérea do Paraguai, treinamento e patrulha;


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB_312_Tucano
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB-312_Tucano
  • Embraer (divulgação): Imagens
  • FAB (divulgação): Imagens
  • Wikimedia: Imagens

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