REFRIGERADOR (CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS)
GELADEIRA
REFRIGERADOR
FREEZER (EM INGLÊS)
REFRIGERATOR (EM INGLÊS)
FRIGORÍFICO (EM PORTUGAL)
GELEIRA (MOÇAMBIQUE E ANGOLA)
FRIGOBAR (NO BRASIL)
CAIXAS TÉRMICAS (NO BRASIL)
CÂMARA FRIGORÍFICA (NO BRASIL)
COOLER OU ICE-BOX (EM INGLÊS)
FRIDGE (EM INGLÊS)
CONGELADOR
GALLEY
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
O refrigerador é um utensílio termicamente isolado e dotado de um sistema eletromecânico de resfriamento e/ou congelamento, para uso residencial, comercial, agroindustrial e industrial, utilizado principalmente na conservação de alimentos, embora também possa ser utilizado em inúmeros outros contextos. A lógica básica da utilização do refrigerador é evitar o máximo possível a deterioração dos alimentos, por meio da baixa temperatura, geralmente entre 5º Celsius ou centígrados e 0º Celsius, quando não há necessidade de congelamento, e entre -15º Celsius (negativos) e 0º Celsius, quando há necessidade de congelamento.
Conhecido também como geladeira, no Brasil,
frigorífico, em Portugal, geleira, em Moçambique e Angola, e refrigerator, nos países de língua
inglesa, ele consiste em um armário metálico com prateleiras e gavetas e uma
porta isolante, para manter baixa temperatura no interior do aparelho. O frio é produzido
por um compressor de gás refrigerante, normalmente movido por um motor
elétrico. Na maior parte dos casos, o refrigerador doméstico possui um
compartimento para fabricar gelo e congelar produtos frescos, embora uma
cozinha possa ter um desses eletrodomésticos e ainda um freezer ou congelador
separado.
Já o termo frigorífico costuma ser usado aqui no Brasil
para designar uma agroindústria com finalidade específica de abatedouro de
animais para fins de alimentação, como bois e frangos, por exemplo, ou de geladeiras
de grande porte, embora o termo câmara frigorífica possa ser usado para designar
uma área específica de um imóvel residencial, comercial, agroindustrial e
industrial, termicamente isolada, e dotada de um sistema de refrigeração,
geralmente para conservação de alimentos.
Trata-se de uma das mais importantes invenções da
humanidade, responsável por uma significativa melhora na qualidade de vida dos
seres humanos a partir do século XX, mudando radicalmente a forma como
processamos, transportamos, distribuímos e conservamos alimentos em geral,
principalmente os chamados alimentos perecíveis, ou seja, aqueles alimentos que
se deterioram em poucas horas ou alguns dias, dependendo de cada caso, se não forem mantidos em baixas temperaturas.
BASE TEÓRICA
A expressão conservação de alimentos está relacionada ao conjunto de procedimentos para evitar a contaminação e deterioração dos alimentos durante um período mais ou menos longo, que é conhecido como o tempo de prateleira. Já a expressão manipulação de alimentos está relacionada ao conjunto de procedimentos para evitar a contaminação e deterioração dos alimentos durante a sua preparação para consumo. Ambas as expressões estão no contexto da tecnologia dos alimentos, que, por sua vez, é a aplicação do conhecimento científico à preparação ou manipulação, preservação ou conservação e armazenamento de alimentos.
O objetivo principal desses processos e/ou técnicas é
evitar as alterações provocadas pelas enzimas próprias dos produtos naturais ou
por micro-organismos (agora com hífen) que, para além de causarem o
apodrecimento dos alimentos, podem produzir toxinas que afetam a saúde dos
consumidores, mas também existe a preocupação em manter as propriedades
organolépticas, como a aparência e o sabor, assim como o conteúdo nutricional
dos alimentos.
A tecnologia
dos alimentos é a aplicação dos conhecimentos científicos à preparação ou
manipulação, preservação ou conservação e armazenamento de alimentos. Ela é
composta por um conjunto de procedimentos tomados para retardar, interromper ou
adiar os processos de degradação ou decomposição natural dos alimentos em geral
e torná-los próprios para o consumo fora de sua época ou por algum tempo após a
sua industrialização.
Entre os exemplos de processos industriais ou
caseiros, dependendo de cada caso, usados para a conservação dos alimentos pelo
máximo de tempo possível estão a secagem de frutas; as conservas de frutas em
calda de açúcar; o salgamento de carnes, uma técnica muito usada pelos nossos
antepassados, quando ainda não existia refrigeradores; a pasteurização do
leite; e a defumação de carnes, também muito usada pelos nossos antepassados; dentre outros.
A partir do século XVIII depois do nascimento de Jesus
Cristo houve uma intensificação da agricultura em várias partes do mundo, o que
acentuou a necessidade de novos métodos de conservação dos alimentos. No século
seguinte, em 1856, foi inventada na Austrália a primeira máquina refrigeradora
de grande porte, usada nas fábricas de cervejas e nos primeiros frigoríficos.
Posteriormente, a tecnologia foi adaptada em trens, nos Estados Unidos, para
transportar produtos alimentícios perecíveis, seguida, em 1927, de um dos
primeiros refrigeradores domésticos produzidos em massa na história da
humanidade, fabricado pela gigante americana General Electric, o Monitor-Top.
A partir de então as refeições semipreparadas, os
legumes, as verduras, as frutas, o leite, as maioneses, os iogurtes, dentre
outros, se beneficiaram fortemente dos refrigeradores para sua conservação
temporária, lembrando que, na maioria dos casos, o refrigerador retarda ou adia
a decomposição dos alimentos, mas não impede que eles estraguem com o passar do
tempo, dependendo de cada caso.
Além da tecnologia de refrigeração, surgiram também
outras tecnologias para conservação de alimentos, como, por exemplo, a
embalagem a vácuo (sem ar), para evitar a multiplicação de micro-organismos que
dependem de oxigênio para viver, como, por exemplo, as bactérias aeróbicas ou
aeróbias.
O forno de micro-ondas e o forno elétrico também fazem
parte da tecnologia dos alimentos. Eles ajudam a reduzir o risco de
contaminação dos alimentos, pois, de modo geral, bactérias e vírus não
conseguem sobreviver a altas temperaturas.
Com o passar dos anos do século XX, os métodos mais
antigos de conservação dos alimentos, como o salgamento, a defumação, a
desidratação e a cura, por exemplo, deram lugar a métodos mais modernos, como o
enlatamento (com ou sem conservantes químicos) e o congelamento. Assim esses
alimentos passaram a estar amplamente disponíveis nas prateleiras, gôndolas e
refrigeradores de supermercados. Houve também um forte aumento da quantidade de
produtos empacotados a vácuo, em certos casos. Nas últimas décadas a indústria
alimentícia passou a observar alguma resistência do consumidor em relação aos
produtos embalados com conservantes químicos, o que levou à necessidade de uma
adaptação da indústria, com a redução do uso de aditivos químicos nestes casos.
As bactérias são micro-organismos, elas são células
biológicas, ou seja, células vivas. Elas estão presentes na maioria dos
habitats do planeta em que vivemos. Elas habitam o solo, principalmente, e
estão presentes também nos ambientes aquáticos. Porém, elas também já foram
encontradas em locais inóspitos, como, por exemplo, em fontes termais, resíduos
radioativos e até abaixo da superfície da crosta terrestre. Por outro lado,
elas se reproduzem mais facilmente em ambientes propícios, como, por exemplo,
em solos úmidos, com temperatura entre 25º Celsius ou centígrados e 50º
Celsius; também se reproduzem dentro de organismos vivos com sistema
imunológico enfraquecido; e se reproduzem em substâncias que contenham
nutrientes em seus tecidos, como, por exemplo, alimentos de origem animal.
De modo geral, as bactérias não suportam ambientes ou
substâncias ácidas, como, por exemplo, frutas cítricas, como laranja, abacaxi e
limão, por exemplo. Por outro lado, elas só conseguem se reproduzir em
ambientes ou substâncias em que há nutrientes não ácidos, como, alimentos e
restos de alimentos, entre eles o leite, os ovos e as carnes vermelhas e
brancas, por exemplo. Por isso, o cuidado durante a conservação e manipulação
destes tipos de alimentos deve ser até maior que em relação aos demais.
DEFINIÇÃO OU CONCEITO
O refrigerador é um móvel ou utensílio com estrutura geralmente metálica e/ou de plástico, com um ou vários compartimentos internos termicamente isolado (s) para acondicionamento de alimentos em geral, dotado de um sistema eletromecânico de resfriamento e/ou congelamento, utilizado principalmente na conservação de alimentos, embora também possa ser utilizado em inúmeros outros contextos, como, por exemplo, na conservação de amostras biológicas para exames laboratoriais. A lógica da utilização do refrigerador é evitar o máximo possível a reprodução de bactérias e a atuação das enzimas dos alimentos, por meio da baixa temperatura ou do congelamento.
Aqui no Brasil, o termo genérico refrigerador
refere-se aos sistemas de troca de calor dos compartimentos internos, isolados
termicamente, para o ambiente externo à sua estrutura, geralmente metálica e/ou
de plástico. Estão no grupo dos refrigeradores as geladeiras, os freezers, os
aparelhos de ar condicionado, as câmaras frigoríficas, os frigobares e as
galleys, estas geralmente embarcadas em aeronaves e embarcações. Geralmente,
aqui no Brasil, quando usamos a palavra “refrigerador” nos referimos às
geladeiras domésticas do tipo duplex, com dois compartimentos principais, ou
seja, utensílios eletrodomésticos capazes de reduzir e manter a temperatura dos
alimentos entre 5º Celsius ou centígrados e 0º Celsius, portanto positivos, no
compartimento maior, e entre 0º Celsius até – 18º Celsius, portanto negativos,
no compartimento menor. Quando utilizamos a palavra freezer nos referimos aos
refrigeradores de estrutura vertical ou horizontal capazes de reduzir e manter a
temperatura dos alimentos entre 0º Celsius ou centígrados e -18º Celsius, portanto
negativos.
Na verdade, para ser mais preciso, o 0º Celsius ou
centígrados é um número neutro. Acima de 0º Celsius a água se torna líquida e
abaixo de 0º Celsius a água congela. Como a grande maioria dos alimentos
perecíveis possui umidade elevada então a sua tendência é a mesma da água.
Este utensílio doméstico, comercial, agroindustrial e
industrial é um descendente das antigas casas-de-gelo e caixas-de-gelo, que
usavam gelo natural produzido no inverno nas regiões frias. A lógica técnica do
funcionamento dos refrigeradores é a troca de temperatura com o ambiente
externo, provocada pelos de gases impelidos em um circuito fechado de tubos ou
dutos metálicos, realizada por meio de um compressor eletromecânico.
Sem dúvida alguma, os refrigeradores estão entre as
maiores e mais importantes invenções da humanidade. Se fosse possível criar uma
lista simples e didática com as maiores e mais importantes invenções
científicas e tecnológicas realizadas pela humanidade, a refrigeração estaria
certamente entre elas, ao lado da roda, da escrita, do antibiótico, da
anestesia e do analgésico, da vacina, do cimento, da panela de pressão, do
tijolo, do tecido e da máquina de costura, da lâmpada, do sabão e do sabonete, do
motor a combustão, do plástico, do avião, do telefone, do automóvel, da caixa
d'água ou reservatório e seus encanamentos relacionados, do rádio e da TV, do
desodorante, do aço e do alumínio, da escova de dentes, do computador, da Internet, do
satélite e da fibra ótica, além, é claro, da energia elétrica, dentre outras.
Atualmente, as chamadas caixas térmicas, por exemplo, com
seu isolamento plástico, são usadas para levar alimentos frescos e bebidas para
locais de recreação ao ar livre ou para a realização de atividades utilitárias,
como, por exemplo, a sua utilização no transporte de materiais sensíveis à
temperatura, como, por exemplo, injeções e vacinas. Mas a principal diferença
entre as caixas térmicas e os refrigeradores é que elas não possuem sistema
eletromecânico de resfriamento e/ou congelamento, portanto o seu uso é limitado
pelo tempo que podem manter os alimentos ou outras substâncias em baixa
temperatura. Portanto, não é possível incluir as caixas térmicas no grupo dos
refrigeradores.
Além das versões domésticas dos refrigeradores, cujos
principais exemplos são a geladeira, o freezer e o frigobar, são comuns também
os refrigeradores comerciais, agroindustriais e industriais, utilizados para
manter sob baixas temperaturas uma grande variedade de alimentos, como, por
exemplo, massas, iogurtes, sorvetes, bebidas, carnes, legumes e frutas, em
supermercados, por exemplo. Pode-se citar também como exemplo de
refrigeradores, as câmaras frigoríficas usadas em entrepostos frigoríficos para
conservar pescado, carnes bovinas e de frango, legumes e frutas para
exportação, importação e para distribuição.
CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Não há consenso entre historiadores sobre a origem exata do primeiro sistema artificial de refrigeração, com parte deles atribuindo ao engenheiro mecânico britânico e americano Jacob Perkins a invenção da primeira câmara de refrigeração totalmente funcional e patenteada, baseada na tecnologia de compressão, condensação e expansão de vapor, mas sem produção em série. Novas tentativas foram feitas nos anos seguintes, também sem sucesso comercial, dentre elas as tecnologias inventadas e/ou melhoradas a partir de tecnologias já existentes na época, como, por exemplo, em 1842, pelo projetista americano John Gorrie, seguido pelo primeiro sistema prático e funcional, do projetista australiano James Harrison, patenteado em 1856, tecnicamente e economicamente viável de ser reproduzido em série, com a primeira máquina refrigeradora usando o princípio da compressão de vapor, usando éter, amônia e álcool. Ele tinha sido contratado por uma fábrica de cerveja para produzir uma máquina que refrescasse aquele produto durante o seu processo de fabricação, e para a indústria de carne processada para exportação.
Nas áreas dos transportes de alimentos refrigerados as
primeiras experiências iniciaram em 1851, nos Estados Unidos, e em 1857, foi
construído o primeiro bem-sucedido vagão refrigerado para a indústria de carnes
de Chicago e, em 1866, o primeiro vagão com refrigeração apropriada para
frutas, também nos Estados Unidos.
O primeiro refrigerador doméstico, ou seja, a primeira geladeira comercial, fabricada em série, só apareceu em 1913 e foi batizado DOMELRE, um acrônimo para as palavras inglesas DOMestic ELectric REfrigerator, com a tradução Refrigerador Doméstico Elétrico, mas esse nome não teve sucesso e, nos anos seguintes, o termo Kelvinator se popularizou nos Estados Unidos e outros países de língua inglesa. Tal como a maioria dos seus descendentes modernos, esse refrigerador compacto era arrefecido por meio de uma bomba de calor de duas fases.
Em seguida, surgiu o primeiro refrigerador produzido em
larga escala, em grande quantidade, o Monitor-Top, produzido pela General
Electric, que apareceu em 1927. Ao contrário dos predecessores, nesse
refrigerador o compressor, que produzia bastante calor, estava colocado no topo
do aparelho, protegido por um anel decorativo. Foram vendidos mais de um 1.000.000
desses aparelhos, dos quais alguns ainda estão em funcionamento, embora não
estejam com a mesma potência da época que foram criados.
Entre os pioneiros da indústria de refrigeração
estiveram os seguintes:
- 1755 – William Cullen – bomba de vácuo, com éter – Reino Unido;
- 1820 – Michael Faraday – liquefação de amônia – Reino Unido;
- 1834 – Jacob Perkins – compressão de vapor – Reino Unido;
- 1842 – John Gorrie – compressão de vapor – Estados Unidos;
- 1856 – James Harrison – sistema de refrigeração a vapor – Austrália;
- 1860 – Ferdinand Carré – absorção de gás por amônia – França;
- 1868 – Charles Tellier – compressor de gás – França;
- 1876 – Carl von Linde – primeiro refrigerador de amônia – Alemanha;
- 1877 – Raoul Pictet – nitrogênio líquido – Suíça;
- 1913 – Fred Wolf – DOMELRE – Estados Unidos;
- 1914 – Nathaniel Wales – Kelvinator – Estados Unidos;
- 1916 – Alfred Mellowes e William Durant – Frigidaire – Estados Unidos;
- 1922 – Baltzar von Platen e Carl Munters – Electrolux – Suécia;
- 1935 – General Motors e DuPont – criação do Freon-12 ou CFC – Estados Unidos;
Até a década de 1920, o refrigerador era um
eletrodoméstico de elite, acessível apenas aos mais ricos. Só pra se ter uma
ideia, o sistema composto pelo compressor, pelo motor e pelas serpentinas era fixado num
cômodo separado da residência, ao lado da cozinha, pois ocupava espaço, era
pesado e fazia barulho, enquanto o compartimento ou armário metálico termicamente isolado, para guardar
alimentos, era fixado na cozinha. O preço era alto, cerca de US$ 800 dólares (em valores
da época), o equivalente ao dobro do preço de um automóvel popular da época, o
Ford T, por exemplo, vendido por cerca de US$ 400 dólares.
A partir da década de 1930, surgiram os refrigeradores
compactos, como o Monitor-Top, da
General Electric, por exemplo, e, a partir da década de 1940, houve o aumento do
ritmo da produção seriada de refrigeradores, inclusive por meio das marcas
General Electric, Electrolux e Frigidaire, o que possibilitou a redução
gradativa dos preços dos refrigeradores domésticos, tornando as técnicas de
resfriamento e congelamento de alimentos algo comum entre as famílias de classe
média dos países de primeiro mundo.
A introdução do gás Freon, na década de 1930, resultou
na redução do risco de incêndio dos ambientes doméstico, comercial, agroindustrial e industrial
e a redução do risco de intoxicação dos usuários e operadores dos sistemas de
refrigeração.
NO BRASIL
Até a década de 1940, os refrigeradores domésticos, comerciais, agroindustriais e industriais utilizados no Brasil eram importados. O primeiro refrigerador produzido no Brasil foi construído no ano de 1947, em uma pequena oficina na cidade de Brusque, no estado de Santa Catarina. De 1947 a 1950, Guilherme Holderegger e Rudolf Stutzer já tinham fabricado, na oficina de Brusque, 31 aparelhos movidos a querosene. Então surgiu um novo nome do ramo da refrigeração, Wittich Freitag, um comerciante bem sucedido da cidade de Joinville, também no estado de Santa Catarina, que convenceu os dois a montarem uma fábrica. Fechada a sociedade entre os três, em 1950 entrou em operação a Consul, primeira fábrica de refrigeradores do Brasil, na cidade de Joinville.
O primeiro produto lançado pela Consul foi o
refrigerador Consul Q-300, que funcionava à base de querosene, tinha linhas
arredondadas e uma logomarca semelhante à caligrafia do cônsul Carlos Renaux. O
modelo possuía um freezer na parte inferior e a geladeira na parte superior. No
decorrer da década de 1950 a Consul lançou o primeiro modelo de frigobar
fabricado no Brasil, o Consul Junior.
Na década de 1960 a marca Consul lançou uma figura do leão-marinho para ser o seu garoto propaganda e os refrigeradores da marca
passaram a ser fabricados com isolamento térmico em poliuretano, para preservar
a temperatura dos alimentos pelo máximo de tempo possível, mesmo na eventual
falta temporária de energia elétrica. Na década de 1970, a empresa começou a produção de aparelhos
de ar-condicionado, na época o único produzido em território nacional.
Mas não apenas a marca Consul teve protagonismo no
mercado de produtos de refrigeração no Brasil, outras marcas respeitadas, como
a Brastemp, a Prosdócimo e a Electrolux também foram produzidas em larga escala e
vendidas no Brasil, começando pela Prosdócimo, em 1949, por meio da
Refrigeração Paraná, fundada pelo empresário brasileiro João Prosdócimo; passando
pela Brastemp, a partir de 1954, inicialmente tendo como proprietário o Grupo Brasmotor,
seguido da multinacional americana Whirlpool Corporation, a partir de 1997; e,
a mais recente, mas não menos importante, a Electrolux, uma marca sueca, mas
com fábrica no Brasil, a partir de 1996, por meio da aquisição da Prosdócimo e
a consequente troca da marca Prosdócimo por Electrolux, anos depois.
Atualmente, as marcas Consul e Brastemp são
propriedade da Whirlpool Corporation, a maior fabricante mundial de aparelhos de refrigeração. Atualmente, as marcas Electrolux e Continental são propriedade do Grupo Electrolux, da Suécia.
A TECNOLOGIA
A grosso modo, de forma resumida, a grande maioria das tecnologias domésticas de refrigeração de alimentos atual consiste na troca de temperatura entre os compartimentos internos do eletrodoméstico com o seu ambiente externo, causado pela circulação sob pressão de pelo menos um tipo de vapor / gás refrigerante em um circuito de tubos ou dutos metálicos, cuja pressão dentro do sistema é fornecida por um compressor eletromecânico. No caso específico das geladeiras, costuma-se usar um gás sintético não tóxico e não inflamável, como, por exemplo, o R-134 ou tetrafluoroetano.
Unidades comerciais de geladeira e freezer, por exemplo, estavam em uso no mundo por quase 40 anos antes dos modelos domésticos comuns. Eles usaram sistemas de gás como R-717, ou amônia, e o R-764, ou dióxido de enxofre, que, eventualmente, vazavam, tornando-os inseguros para uso doméstico, com risco de incêndio e intoxicação, dependendo de cada caso.
Os
refrigeradores domésticos práticos foram introduzidos gradativamente, inicialmente
em países de primeiro mundo, como Estados Unidos e países da Europa Ocidental, por
exemplo, a partir da década de 1910 e ganharam maior aceitação nos Estados
Unidos na década de 1930, quando os preços começaram a cair e gases refrigerantes
mais eficientes foram introduzidos no mercado. O substituto menos prejudicial
para o gás R-12 foi o R-134, introduzido a partir da década de 1990, pois o gás
R-12 prejudicava a camada de ozônio do planeta Terra.
O funcionamento de um refrigerador baseia-se em três
princípios:
- O calor transfere-se das zonas quentes para as zonas frias;
- A pressão é proporcional à temperatura, ou seja, aumentando a pressão aumenta-se a temperatura;
- A evaporação de um líquido retira calor, um fenômeno análogo à sensação de frescura sentida pela evaporação de álcool sobre a pele, ou pela transpiração;
No interior e na parte externa traseira do refrigerador
há um conjunto de tubos ou dutos metálicos dispostos na configuração de um
circuito fechado, chamados também de serpentina, no qual circula um gás muito
frio, como o R-134, por exemplo, com temperatura negativa de cerca -37° Celsius
ou centígrados. O calor dos alimentos dentro do eletrodoméstico é, inicialmente
e naturalmente, transferido para o ar dentro do refrigerador, que, por sua vez,
extrai o calor desse ar interno por meio da serpentina com gás frio que circula
sob pressão, que, por sua vez, vai aquecendo à medida que percorre a
serpentina.
Para transferir esse calor para o ar exterior usa-se
um compressor eletromecânico que, ao aumentar a pressão do gás, aumenta-lhe a
temperatura momentaneamente. Este gás aquecido segue para o condensador, ou
seja, a serpentina visível na parte traseira do refrigerador, onde troca calor
com o ar exterior, arrefecendo o gás e condensando-o novamente, ou seja,
tornando-o líquido. Esse líquido refrigerador passa então por uma válvula de
expansão ou garganta, que provoca um abaixamento brusco na pressão e
consequente evaporação instantânea e auto-arrefecimento. Esse gás frio entra no
refrigerador novamente, por meio da serpentina, até completar o ciclo e
iniciando um novo ciclo, idêntico ao primeiro ciclo, e assim por diante.
O funcionamento do refrigerador está baseado no
princípio dos gases perfeitos ou princípio do gás ideal e na Lei de
Boyle-Mariotte. Seguindo estas regras, se um gás for comprimido, aumentando sua
pressão, o mesmo irá aquecer. O efeito contrário ocorre quando esta pressão
diminui, isto é, o gás sofre uma queda de temperatura. A finalidade do
compressor é basicamente esta, comprimir o gás para aquecê-lo e "empurrá-lo" para
a serpentina, onde ocorre a troca de calor. Quando chega à placa evaporadora,
onde está a válvula de expansão, ocorre uma queda brusca da pressão, acompanhada
também de uma queda na temperatura.
Alguns modelos de refrigeradores não utilizam energia
elétrica mas energia térmica, queimando gás de cozinha, querosene ou diesel,
por exemplo. Essas máquinas são extremamente silenciosas, pois não tem partes
móveis além dos líquidos e gases que passam em seu interior. Esse modelos ainda
são utilizados em áreas rurais, por exemplo, onde energia elétrica não é
facilmente disponível, ou em trailers. O ciclo termodinâmico nesses casos é
chamado de refrigeração por absorção. Essas máquinas são relativamente
sensíveis à inclinação.
O princípio de funcionamento desse tipo de refrigerador
está relacionado à Lei de Dalton, que diz que a pressão de uma mistura de gases
e/ou vapores que não reagem quimicamente entre si é igual à soma das pressões
parciais de cada, ou seja, das pressões que cada um teria se ocupasse
isoladamente o mesmo volume, na mesma temperatura.
REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA
- Electrolux / Continental: https://www.continentalbrasil.com.br/institucional/quem-somos
- Wikipedia (em inglês): https://en.m.wikipedia.org/wiki/Refrigerator
- Whirlpool / Consul: https://www.consul.com.br/sobreaconsul/
- Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Frigor%C3%ADfico
- Casa Magalhães: https://www.casamagalhaes.com.br/blog/ponto-de-venda/como-organizar-as-gondolas-do-supermercado/
- Whirlpool Corporation (divulgação): Imagens
- Wikimedia: Imagens
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