BOEING 767

BOEING 767-200 (A PARTIR DE 1982)
BOEING 767-200ER (A PARTIR DE 1984)
BOEING 767-300 (A PARTIR DE 1986)
BOEING 767-300ER (A PARTIR DE 1988)
BOEING 767-300F (VERSÃO CARGUEIRA)
BOEING 767-400ER (A PARTIR DE 2000)
BOEING KC-767 (VERSÃO MILITAR)
BOEING E-767 AWACS (MILITAR)


INTRODUÇÃO

O moderno Boeing 767 é uma muito bem sucedida aeronave comercial bimotor de grande porte e de fuselagem larga, com motorização turbofan e com capacidade para transportar entre 170 e 370 passageiros, dependendo da versão e da configuração de assentos adotada, em viagens domésticas e internacionais, nos primeiros anos de operação, e em viagens internacionais e intercontinentais, nas versões posteriores, criada e desenvolvida a partir da década de 1970 e fabricada em larga escala nos Estados Unidos pela Boeing Company a partir da década de 1980, tornando-se nessa década e nas décadas seguintes um grande sucesso de vendas.


A família de jatos comerciais Boeing 767 é uma das mais bem sucedidas da história da aviação comercial, ela ajudou a consolidar a posição da gigante americana Boeing Company como a maior fabricante de aviões comerciais nas décadas de 1980 e 1990, uma das maiores e mais conceituadas fabricantes de aviões comerciais de grande porte e de longo alcance do mundo, com um número impressionante de mais de 1.240 unidades fabricadas até o momento, incluindo as vendas da versão cargueira Boeing 767-300F e das versões militares da família, para vigilância, alerta antecipado e reabastecimento aéreo.


Ele foi o primeiro jato comercial bimotor de fuselagem larga ou widebody da história da fabricante americana Boeing Company, foi o primeiro avião comercial bimotor de grande porte no mundo a alcançar a certificação ETOPS 120 minutos, necessária para viagens transoceânicas entre a América do Norte e a Europa Ocidental, por exemplo, além de ter sido o responsável por inaugurar a tecnologia de controle de voo fly-by-wire no portfólio de produtos da gigante americana, um avanço tecnológico para a época.


Os seus principais concorrentes no mercado aeronáutico mundial nas décadas de 1980 e 1990 foram os jatos trimotores intercontinentais McDonnell Douglas DC-10 e Lockheed L-1011 TriStar e os jatos bimotores intercontinentais Airbus A300 e Airbus A330, enquanto nas décadas de 2000 e 2010 ele teve que lidar com mais um forte concorrente, o moderníssimo bimotor intercontinental Airbus A350XWB, recheado de alta tecnologia, com fuselagem fabricada em material composto de fibra de carbono.


Além disso, embora o também moderníssimo Boeing 787 Dreamliner tenha sido criado e desenvolvido na década de 2000 para substituí-lo na linha de montagem do fabricante americano, ambos os modelos, o Boeing 767 e o Dreamliner, coexistiram no portfólio de produtos da empresa americana por vários anos, até 2016, quando a produção das versões de passageiros da família Boeing 767 foi descontinuada.


Até hoje, o Boeing 767 é fabricado, mas agora apenas na versão cargueira Boeing 767-300F.


A BOEING COMPANY

A gigante empresa centenária e multinacional Boeing Company é uma das maiores fabricantes de aviões comerciais de grande porte para transporte doméstico, internacional e intercontinental de passageiros no mundo, com mais de 760 unidades e mais de 800 unidades entregues em 2017 e 2018, respectivamente. É uma das mais tradicionais e conhecidas fabricantes de aeronaves comerciais do planeta. Ela foi fundada nos Estados Unidos por Wilhelm Eduard Boing em 1916 e está atualmente sediada em Chicago, no estado de Illinois.


Considerando as receitas brutas de mais de US$ 93 bilhões e mais de US$ 100 bilhões e os lucros líquidos de mais de US$ 8 bilhões e mais de US$ 10 bilhões em 2017 e 2018, respectivamente, ela é uma das maiores fabricantes aeronáuticas e uma das maiores fabricantes aeroespaciais e espaciais do mundo. Ela fabrica aviões comerciais civis para transporte de passageiros, aviões militares, helicópteros militares, convertiplanos militares, satélites, mísseis e foguetes.


A subsidiária da companhia americana focada na fabricação e lançamento de satélites, mísseis e foguetes é a Boeing Defense, Space & Security e a subsidiária focada na fabricação de aviões comerciais é a Boeing Commercial Airplanes.


Ela enfrenta, desde a década de 1990, uma dura concorrência no mercado aeroespacial, de transporte aéreo comercial e de defesa com a gigante europeia Airbus Group, conhecida anteriormente como EADS. A terceira maior fabricante de aeronaves comerciais do planeta é a brasileira Embraer, entretanto ela não concorre diretamente com a Boeing e com a Airbus, pois os aviões que fabrica são menores, principalmente para a aviação regional.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O eficiente Boeing 767 é uma típica aeronave comercial bimotor de grande porte com fuselagem com dois corredores, ou widebody, em inglês, com desenho convencional de fuselagem larga e asas enflechadas, com construção convencional em alumínio, aço e titânio, de alcance internacional e intercontinental e com motorização turbofan com alta taxa de bypass, com capacidades que variam de acordo com o modelo, o Boeing 767-200ER, de fuselagem curta, para 210 passageiros em duas classes, a econômica ou turística e a executiva, por exemplo, e o Boeing 767-400ER, de fuselagem longa, o maior da família, com capacidade para 290 passageiros, também em duas classes. Ambos os modelos venderam bem e foram muito bem sucedidos tecnicamente.


O jato comercial bimotor de grande porte Boeing 767-300ER, por exemplo, é a mais bem sucedida versão da família Boeing 767, composta também pelo seu irmão menor Boeing 767-200, o modelo original da família Boeing 767, lançado alguns anos antes. A versão Boeing 767-300ER, com mais de 580 unidades fabricadas, é uma típica aeronave comercial bimotor de grande porte com fuselagem larga com dois corredores, ou widebody, em inglês, de alcance internacional e intercontinental e com motorização turbofan com alta taxa de bypass, com capacidade para transportar 260 passageiros em duas classes, com construção convencional em alumínio, aço e titânio.


Ele e seus irmãos maiores e menores estão entre as mais populares e confiáveis aeronaves de grande porte da aviação comercial, com uma produção em série de aproximadamente 40 anos, com mais de 1.240 unidades fabricadas desde a década de 1980, incluindo a versão cargueira e as versões militares. Esses modelos de aviões fazem parte da 4ª mais bem sucedida família de aeronaves widebody da história da indústria aeronáutica mundial, atrás apenas do Boeing 777, do Airbus A330 e do Boeing 747 em número de aeronaves fabricadas.


O ainda moderno Boeing 767-200, o modelo original, com fabricação seriada iniciada em 1982, e o Boeing 767-200ER, uma versão de alcance maior, com fabricação seriada iniciada em 1984, têm o mérito de serem os primeiros jatos bimotores widebody do mundo a alcançar a certificação ETOPS 120 minutos, ainda na década de 1980, o que possibilitou o uso desses aviões para transportar passageiros em rotas transoceânicas, ligando a América do Norte (Estados Unidos, Canadá e México) e a Europa Ocidental, por exemplo.


Além disso, eles foram os primeiros modelos de aeronaves do portfólio de produtos da Boeing Company com controles de voo fly-by-wire para acionamento dos spoilers de asas, uma importante inovação tecnológica da época. Nesses aviões, o sistema fly-by-wire consiste no uso de computadores que interpretam as intenções da tripulação na cabine de comando, quando movimentam os manches, transmitindo comandos por meio de cabos com pulsos ou impulsos elétricos até os atuadores hidráulicos juntos às superfícies aerodinâmicas de controle, por sua vez as responsáveis pelos movimentos de inclinação lateral do avião.


Parte do projeto básico do jato comercial bimotor de grande porte para transporte internacional e intercontinental de passageiros Boeing 767, de fuselagem larga, com dois corredores, da década de 1980, foi usado como base pela Boeing Company para a criação e o desenvolvimento do jato comercial bimotor para transporte doméstico e internacional Boeing 757, de fuselagem estreita, com um corredor, principalmente os conceitos de aviônicos e sistemas elétrico, hidráulico e pneumático, que, na verdade, são semelhantes, quando não idênticos, dependendo de cada caso.


Os aviões da família Boeing 767 são modelos de aeronaves widebody (pronuncia-se uaidbóri, uaidbódi ou uaidbade), com fuselagem larga, com dois corredores, que podem ser identificados pelos seus aspectos externos com o formato ou aparência convencional com asas baixas enflechadas com grandes motores turbofan fixados nelas, estabilizadores horizontal e vertical convencionais fixados nos respectivos cones de cauda e trem de pouso alto, com duas pernas atrás e uma na frente. Eles são semelhantes no aspecto externo aos jatos bimotores comerciais de grande porte Boeing 777, Airbus A330 e Boeing 787.


Atualmente, as principais operadoras dos aviões da família Boeing 767 são as americanas Delta Airlines e United Airlines, para transporte de passageiros e cargas, e as também americanas FedEx ou Federal Express e UPS ou United Parcel Service, exclusivamente para transporte de cargas. Aqui no Brasil, a principal operadora dos aviões dessa família é a companhia aérea LATAM Airlines, principalmente para ligações internacionais e intercontinentais.


CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

O jato pioneiro Airbus A300 é uma das mais bem sucedidas aeronaves da história da aviação comercial. Ele é uma típica aeronave comercial bimotor de grande porte com fuselagem larga com dois corredores, ou widebody, em inglês, de alcance internacional, nos primeiros anos de fabricação, e interconticontinental, nos anos seguintes, com motorização turbofan com alta taxa de bypass, com capacidade para transportar entre 250 e 350 passageiros, dependendo do modelo e da configuração de assentos adotada, com construção convencional em alumínio, aço e titânio.


Ele foi uma das mais populares aeronaves de grande porte da história da aviação comercial, com mais 560 unidades fabricadas desde a década de 1970, muitas delas ainda em condições de voo, e tem o mérito de ser o primeiro jato bimotor widebody projetado para viagens domésticas e internacionais da história da aviação comercial, com capacidade para mais de 250 passageiros.


Até então simplesmente não havia no mercado mundial de aviação comercial um modelo de aeronave a jato bimotor, de fuselagem larga e de grande porte, com dois corredores, capaz de transportar um número tão alto de passageiros, pois as grandes fabricantes da época simplesmente não acreditavam que havia demanda que justificasse a produção seriada de um modelo assim.


Graças ao Airbus A300 a então novata fabricante europeia de aeronaves Airbus Industrie se tornou uma gigante do setor, competindo diretamente com as gigantes americanas Boeing Company, McDonnell Douglas e Lockheed Corporation e quebrando um paradigma do mercado, o dos aviões widebodies com três ou quatro motores, que eram o padrão da época.


Alguns anos depois, ainda na década de 1970, com o sucesso do Airbus A300 no mercado mundial de aviões comerciais, a Boeing Company reagiu com o lançamento de não apenas uma, mas duas famílias de aviões comerciais bimotores de grande porte, o Boeing 767, um widebody, ou seja, avião de fuselagem larga, com dois corredores, e o Boeing 757, um narrowbody, ou seja, avião de fuselagem estreita, com um corredor.


Na década de 1970, o Boeing 767 foi criado a partir da percepção dos executivos, projetistas e investidores da Boeing Company sobre o mercado mundial de aviação comercial, cujo principal rival, o Airbus A300 estava ganhando terreno rapidamente no mercado mundial e a Boeing, verdade seja dita, estava perdendo terreno. A partir de então a Boeing passou a correr contra o tempo, visando oferecer uma opção a mais de jato bimotor de grande porte para rotas domésticas e internacionais e para atender pedidos de companhias aéreas que queriam substituir o clássico quadrimotor a jato para transporte comercial Boeing 707 por uma aeronave mais moderna e econômica.  


As vendas não estavam ruins, mas alguns anos após o início da fabricação seriada do Boeing 767-200 e do Boeing 767-200ER a Boeing Company, para impulsionar definitivamente as vendas do seu bimotor widebody ainda na década de 1980, alcançou a certificação ETOPS 120 minutos, concedida inicialmente pela FAA – Federal Aviation Administration, o que abriu um gigantesco mercado para a aeronave, o dos voos transoceânicos de longa duração, principalmente para fazer ligações dos Estados Unidos e do Canadá com a Europa Ocidental, além de ligações entre a América Latina, incluindo Brasil, México e Argentina, com a Europa Ocidental, graças às demonstrações de confiabilidade dos sistemas da aeronave e dos motores General Electric CF6, Pratt & Whitney JT9D e Rolls-Royce RB211, os três com empuxo de cerca de 48.000 libras em cada motor, o suficiente para manter a aeronave voando por até 120 minutos com apenas um motor, em caso de falha de funcionamento de um deles.


Essa certificação, que, na prática, é uma autorização para voos sobre oceanos, desertos, florestas e polos, deslanchou de vez as vendas do Boeing 767, que se tornou o pioneiro widebody em viagens transatlânticas com dois motores, marcando o início do fim da era dos grandes aviões trimotores e quadrimotores para transporte intercontinental de passageiros.


Até então, os grandes fabricantes de aeronaves, incluindo a própria Boeing Company, se concentravam em fabricar trimotores e quadrimotores para viagens intercontinentais transoceânicas e bimotores de um corredor na cabine de passageiros para viagens domésticas e internacionais dentro dos respectivos continentes. Coincidência ou não, a crise do petróleo da década de 1970 também foi um dos fatores que impulsionaram as vendas do Boeing 767, já que aviões bimotores consomem menos combustível que aviões trimotores e quadrimotores.


O jato bimotor comercial para transporte internacional e intercontinental Boeing 767 e o jato bimotor comercial para transporte doméstico e internacional Boeing 757 foram criados a partir da expectativa dos investidores e executivos da fabricante americana Boeing Company sobre o aumento do tráfego aéreo comercial internacional e intercontinental de passageiros em todo mundo nas décadas de 1970 e 1980, inclusive sobre o aumento de tráfego entre Estados Unidos e Europa, Estados Unidos e América do Sul, Estados Unidos e Oriente Médio, Estados Unidos e Ásia, Europa e América do Sul, Europa e Oriente Médio e Europa e Ásia.


No caso específico da família Boeing 767, ela foi fabricada em série inicialmente para competir com o jato bimotor de grande porte Airbus A300 e, posteriormente, alguns anos depois, quando alcançou a certificação ETOPS 120 minutos, passou a ser fabricada para substituir os jatos trimotores McDonnell Douglas DC-10 e Lockheed L-1011 Tristar nas rotas mais longas, principalmente sobre oceanos.


Na década de 1980, os principais modelos para transporte intercontinental de longa distância oferecidos às companhias aéreas pela fabricante americana Boeing eram o quadrimotor Boeing 747 e o bimotor Boeing 767, ambos capazes se sobrevoar o Oceano Atlântico e o Oceano Índico, mas o Boeing 767 ainda não possuía certificação para percorrer algumas rotas mais longas sobre o Oceano Pacífico, o que abria uma oportunidade de mercado para o quadrimotor Airbus A340, que já estava sendo oferecido às companhias aéreas.


Mais tarde, a partir de 1989, o Boeing 767 conseguiu alcançar a certificação ETOPS 180 minutos, o que lhe possibilitou percorrer alguns trechos sobre o Oceano Pacífico, reduzindo ainda mais o mercado para os aviões quadrimotores e trimotores, praticamente encerrando a hegemonia deles.


A FAMÍLIA BOEING 767

O elegante Boeing 767 é um dos maiores aviões bimotores do mundo, com um dos melhores resultados operacionais da indústria aeronáutica mundial, com alto índice de despachabilidade alcançado já na década de 1980, de cerca de 96% nos primeiros anos de fabricação, com a principal versão, a Boeing 767-300ER, a mais vendida, com capacidade para percorrer até 11.000 quilômetros, sem paradas para reabastecimento, inclusive sobre oceanos, desertos, florestas e polos.


Ele é fruto do projeto Boeing 7X7 ou programa Boeing 7X7, avaliado na época em mais de US$ 4 bilhões, com mais de 1.600 horas de voo de testes e certificação realizadas por seis protótipos, lançado oficialmente em 1978, com o primeiro voo do modelo original Boeing 767-200 realizado em 1981 e com a certificação básica concedida pela FAA – Federal Aviation Administration em 1982, com a fabricação em série iniciada no mesmo ano e com a certificação complementar ETOPS 120 minutos alcançada em 1985, dando início à era dos voos transatlânticos com bimotores de grande porte.


A base conceitual escolhida pela fabricante americana para a criação, desenvolvimento e fabricação em série dos aviões da família Boeing 767 foi a configuração convencional de fuselagem widebody, com dois corredores e até sete assentos por fileira em classe econômica, com asas supercríticas com 31º de enflechamento, com motores fixados nas asas, um de cada lado, e cauda convencional, com estabilizadores fixados. O Boeing 767-200, por exemplo, o modelo original da família Boeing 767, a partir do qual todos os demais modelos foram criados e desenvolvidos, foi criado a partir de uma folha de papel em branco, ou seja, era um projeto totalmente novo, portanto não baseado em nenhum outro modelo de aeronave.


Vários conceitos de estruturas e sistemas hidráulicos, elétricos, eletrônicos, pneumáticos e mecânicos criados e desenvolvidos para o Boeing 767-200 tiveram ênfase em eficiência e, em alguns pontos, até um certo grau de simplicidade pelos projetistas da americana Boeing Company, seguindo uma tendência lançada anteriormente, na década de 1970, pelo jato bimotor europeu Airbus A300, já um sucesso de vendas na época.


Em valores atualizados, o custo total do programa Boeing 7X7, foi de cerca de US$ 13 bilhões, incluindo as fases de criação, desenvolvimento (incluindo certificações) e os investimentos iniciais em instalações, máquinas e equipamentos para produção das aeronaves, mas o esforço e o investimento gigantesco valeu a pena, pois o avião foi um grande sucesso de vendas e parte de seus conceitos também foram utilizados para a criação e o desenvolvimento de outro programa, o Boeing 7N7, que, por sua vez, deu origem ao jato bimotor de grande porte Boeing 757, para rotas domésticas e internacionais.


A cabine de comando do Boeing 767-200, por exemplo, ainda hoje é considerada pela comunidade aeronáutica como uma das primeiras entre os grandes aviões comerciais em que se percebe claramente a tendência ou intenção de reduzir ao mínimo possível a necessidade do engenheiro de voo, ou até mesmo dispensá-lo, o que de fato se tornou real com a certificação alcançada pela FAA – Federal Aviation Administration, em 1982, com a redução definitiva para dois tripulantes na cabine de comando, o piloto e o co-piloto, em relação aos grandes jatos trimotores intercontinentais da epoca.


No entanto, no caso específico das versões de longo alcance intercontinental, como a Boeing 767-300ER, por exemplo, capazes de cumprir viagens non-stop de mais de 10 horas, a tripulação de cabine de comando precisa, obrigatoriamente, por força dos regulamentos aeronáuticos, ser composta por uma equipe de revezamento, com um comandante e um co-piloto (também chamado de primeiro oficial) por um tempo pré-determinado, até quando outro comandante e seu respectivo co-piloto assumem o controle da aeronave, para conclusão da missão.


Os aviões da família Boeing 767 são impulsionados por quatro dos melhores e mais bem sucedidos modelos de turbofans da história da indústria aeronáutica mundial, o General Electric CF6, o Pratt & Whitney JT9D, o Rolls-Royce RB211, nos primeiros anos, e o Pratt & Whitney PW4000, a partir da década de 1990, com potências variando entre 48.000 libras e 63.000 libras de empuxo / potência, disponível na decolagem, dependendo do modelo e do ano de fabricação, com capacidades variando entre 170 passageiros e 370 passageiros, dependendo do modelo e da configuração de assentos adotada. Quanto mais passageiros e cargas a bordo da aeronave menor é o alcance possível, por uma razão de segurança de voo.


A cabine de comando do Boeing 767-300ER, por exemplo, a versão mais vendida da família Boeing 767, fabricada a partir de 1988, é tecnológica, mesmo considerando a época em que foi fabricada, inclusive com uma das primeiras versões do conjunto de aviônicos EFIS – Electronic Flight Instrument System, da marca Rockwell Collins, e pelo FMC – Flight Management Computer, embora na época com as interfaces disponíveis ainda em tubos de raios catódicos, lembrando que atualmente as interfaces estão disponíveis em telas de cristal líquido.


A cabine de comando do Boeing 767-300ER era uma das mais sofisticadas e modernas da década de 1980, com um conjunto de aviônicos do tipo EFIS – Electronic Flight Instrument System, composto por duas telas PFD – Primary Flight Display, as telas primárias; por duas telas MFD – Multi Function Display, as telas multifuncionais; pela interface do FMS – Flight Management System, o sistema de gerenciamento de voo; e pelo EICAS – Engine Indicating and Crew Alerting System, responsável por informar a tripulação sobre o funcionamento dos motores e, eventualmente, alertar a tripulação sobre falhas de funcionamento.


Atualmente, mesmo depois de tanto tempo do início da fabricação seriada, o Boeing 767-300ER não está ultrapassado tecnologicamente, ainda é perfeitamente possível usá-lo para transportar passageiros e carga, mas a tendência atual e para as próximas décadas é a substituição dele pelas moderníssimas e sofisticadíssimas famílias de jatos Boeing 787 Dreamliner ou Airbus A350WXB, ambos também com certificação ETOPS para longas viagens transoceânicas.


Os motores General Electric CF6, Pratt & Whitney JT9D, Rolls Royce RB211 e Pratt & Whitney PW4000 são turbofans de alta derivação ou alto bypass, assim seu diâmetro é maior do que os diâmetros de turbojatos e turbofans com baixa taxa de bypass. Dessa forma, a sua fixação foi feita através de um “pilão” abaixo e à frente do bordo de ataque das asas. Por se tratar de uma aeronave com trem de pouso alto, não houve problema de distância da parte inferior do motor em relação ao solo, lembrando que um motor turbofan não pode ficar muito próximo ao solo, pois haveria risco de aspirar objetos estranhos ou detritos sobre a pista.


A família Boeing 767 foi fabricada em pelo menos sete modelos civis, incluindo o modelo original Boeing 767-200 e suas versões diretamente derivadas, além de mais de sete versões militares, inclusive para cumprir missões de reabastecimento aéreo, vigilância e alerta antecipado, totalizando assim mais de 14 modelos civis e militares. Atualmente, somente uma versão civil, a Boeing 767-300F, cargueira, é fabricada e alguns modelos militares ainda são oferecidos a governos de nações amigas dos Estados Unidos.


BOEING 767-200

O moderno Boeing 767-200 é um dos mais bem sucedidos aviões bimotores do mundo. Ele tem uma fuselagem de 48 metros de comprimento, do nariz até a cauda, com capacidade para percorrer até 7.200 quilômetros sem paradas para reabastecimento, inclusive sobre oceanos, desertos, florestas e polos, com capacidade para até 210 passageiros, na configuração típica de duas classes, a econômica ou turística, com até sete assentos por fileira, separados por dois corredores, e a executiva, com até seis assentos por fileira.


A aeronave possui uma fuselagem com 5 metros de largura, o suficiente para acomodar até 2 contêineres padrão LD2 lado a lado em seu porão de cargas, totalizando até 22 contêineres desse tamanho, mas neste caso a capacidade de transportar passageiros é limitada, por uma razão de segurança de voo. A capacidade máxima da aeronave é de até 240 passageiros, em classe única de alta densidade, mas neste caso com alcance e capacidade de carga limitados, por uma razão de segurança de voo.


Conhecido também, no meio aeronáutico, como Boeing 762, ele é impulsionado por alguns dos maiores e mais potentes motores turbofan do mundo, o Pratt & Whitney JT9D, o General Electric CF6 e o Pratt & Whitney PW4000, com potências / empuxos que variam entre 48.000 libras até 52.000 libras, disponíveis na decolagem, dependendo do motor escolhido pela compradora ou operadora, com velocidade de cruzeiro de 850 km/h e com teto de serviço de 13.000 metros.


Ele é o modelo original da família Boeing 767, o modelo de avião a partir do qual todos os demais modelos da família foram criados e desenvolvidos. Ele foi o primeiro modelo de aeronave da família Boeing 767, o primeiro a entrar em linha produção seriada em 1982, com as companhias aéreas United Airlines, com 30 unidades encomendadas, American Airlines, com 50 unidades, e Delta Airlines, com 50 unidades, sendo as operadoras de lançamento. Aqui no Brasil, a extinta companhia aérea Transbrasil também foi uma das operadoras de lançamento da aeronave.


Entre as principais operadoras do modelo também estiveram a Air Canada, a japonesa All Nippon Airways, Britannia Airways, a taiwanesa China Airlines e a americana TWA – Trans World Airlines, uma das principais companhias americanas da época.


A cabine de comando do Boeing 767-200 é tecnológica, mesmo considerando a época em que foram fabricadas as primeiras unidades, inclusive com as primeiras versões do conjunto de aviônicos EFIS – Electronic Flight Instrument System, composto, na época, por telas CRT – Cathode Ray Tube ou tubos de raios catódicos, incluindo o FMC – Flight Management Computer ou computador de gerenciamento de voo e o EICAS – Engine Indicating and Crew Alerting System ou sistema de monitoramento do funcionamento do sistema hidráulico, do sistema elétrico, do sistema pneumático e dos motores do avião.


Graças à cabine de comando ou cockpit altamente tecnológica, para os padrões da época, é claro, inclusive com a introdução do auto-throttle ou acelerador automático e do sistema de navegação inercial a laser, ele foi o primeiro jato intercontinental de grande porte da Boeing Company a dispensar o trabalho de um terceiro integrante simultâneo de tripulação de cabine, o engenheiro de voo, portanto, desde a década de 1980, ele já podia ser operado por apenas dois pilotos na cabine de comando, o comandante e o co-piloto.


Os aviões da família Boeing 767 foram e são fabricados em apenas uma geração. Eles são semelhantes em quase tudo, exceto em alguns aspectos, como, por exemplo, os comprimentos das fuselagens e as envergaduras das asas, as capacidades dos tanques de combustível e as dimensões dos trens de pouso. Trata-se de modelos de aeronaves altamente redundantes, incluindo o Boeing 767-200, o que significa que ele possui sistemas hidráulico, elétrico, eletrônico e pneumático projetados de forma a reduzir o máximo possível o risco de incapacidade total de voo ou perda de controle de voo. Além disso, a aeronave possui uma RAT – Ram Air Turbine, que é uma espécie de gerador eólico de pressão hidráulica, usada em casos extremos, quando há perda dos geradores principais de pressão.


Embora seja um modelo de aeronave com estrutura (fuselagem e asas) predominantemente metálica, desde o início de sua produção seriada, em 1982, ele já possuía superfícies aerodinâmicas de controle de voo (lemes, profundores, ailerons e flaps) de material composto, necessário para reduzir o peso total da aeronave. Além disso, desde o início de sua fabricação, foi introduzido um sistema fly-by-wire para acionamento dos spoilers de asas, embora a atuação dos spoilers continuasse hidráulica. Além disso, a aeronave é dotada de um conjunto de slats nos bordos de ataque das asas, necessário para reduzir ainda mais a velocidade de aproximação e de decolagem.


O então Projeto 7X7, que deu origem ao Boeing 767-200, cujos custos de criação e desenvolvimento foram compartilhados, pelo menos em parte, com a criação e desenvolvimento do Boeing 757, resultou na ampliação da fábrica da Boeing Company em Everett, no estado norte-americano de Washington (não confundir com Washington, a capital dos Estados Unidos), a partir de 1978, além do compartilhamento de riscos e custos do projeto com importantes fornecedores de peças, partes e componentes, incluindo a italiana Aeritalia, e as japonesas Kawasaki Heavy Industries, Mitsubishi Heavy IndustriesFuji Heavy Industries, tornando-as, na prática, "sócias" do projeto.


Mais de 120 unidades do Boeing 767-200 foram fabricadas, sendo que boa parte delas, cerca de 50% do total, ainda está em serviço, voando normalmente, embora com fuselagens modificadas para transporte de cargas, serviço de conversão oferecido tanto pela própria Boeing Company quando pela Israel Aircraft Industries, incluindo a instalação de uma porta lateral de carga.


O Boeing 767-200 foi oferecido aos potenciais compradores por cerca de US$ 72 milhões, ao preço de tabela, em valores da época, lembrando que normalmente grandes compradores e/ou operadoras costumam obter descontos pela aquisição de muitas unidades.


BOEING 767-200ER

O Boeing 767-200ER também é um dos mais bem sucedidos aviões bimotores do mundo. Assim como seu irmão Boeing 767-200, ele tem uma fuselagem de 48 metros de comprimento, do nariz até a cauda, mas no caso específico do Boeing 767-200ER com capacidade melhorada para percorrer até 11.000 quilômetros sem paradas para reabastecimento, inclusive sobre oceanos, desertos, florestas e polos, com capacidade para até 210 passageiros, na configuração típica de duas classes.


A sigla ER do nome Boeing 767-200ER significa Extended Range ou, traduzindo, alcance aumentado. Esse alcance maior foi conseguido pelo acréscimo de um tanque de combustível central de maior capacidade, que somado aos dois tanques de asas permitiram à aeronave fazer ligações entre Dallas, no estado norte-americano do Texas, por exemplo, até Frankfurt, na Alemanha, numa viagem de cerca de 12 horas, sem escalas para reabastecimento.


Conhecido também, no meio aeronáutico, como Boeing 762ER, ele também é impulsionado por alguns dos maiores e mais potentes motores turbofan do mundo, o Pratt & Whitney JT9D, o General Electric CF6, o Pratt & Whitney PW4000 e o Rolls-Royce RB211, com potências / empuxos que variam entre 48.000 libras até 60.000 libras, disponíveis na decolagem, dependendo do motor escolhido pela compradora ou operadora, com velocidade de cruzeiro de 850 km/h e com teto de serviço de 13.000 metros.


Ele entrou em linha produção seriada em 1984, com as companhias aéreas israelense El Al e etíope Ethiopian Airlines sendo as operadoras de lançamento. Aqui no Brasil, a extinta companhia aérea Transbrasil também foi uma das operadoras de lançamento da aeronave.


Assim como seus irmãos da família Boeing 767, as longarinas das asas e o piso de cabine da versão Boeing 767-200ER foram fabricados pela própria Boeing Company em Everett; o extradorso e o intradorso das asas foram fabricados pela Boeing Vertol; a parte dianteira da fuselagem foi fabricada pela Boeing em Wichita; as superfícies de controle de voo (ailerons, flaps, slats, spoilers, profundor e leme), em material composto, foram fabricadas pela italiana Aeritalia / Alenia, e então exportadas para os Estados Unidos, para a montagem final nas instalações da Boeing Company em Everett; as carenagens das raízes das asas, portas e painéis de acesso na fuselagem foram fabricadas pela japonesa Fuji Heavy Industries; a fuselagem central foi fabricada pela japonesa Kawasaki Heavy Industries; a fuselagem traseira, as portas de acesso da fuselagem e a cauda foram fabricadas pela japonesa Mitsubishi Heavy Industries, e então também exportadas para os Estados Unidos.


Mais de 120 unidades do Boeing 767-200ER foram fabricadas, sendo que uma pequena parte delas, mais de 20 unidades, ainda está em serviço, voando normalmente. Ele foi oferecido aos potenciais compradores por cerca de US$ 76 milhões, ao preço de tabela, em valores da época.


BOEING 767-300

O Boeing 767-300 é uma das versões com fuselagem alongada da família Boeing 767, com fabricação em série iniciada em 1986, com uma fuselagem de 55 metros de comprimento, do nariz até a cauda, com capacidade para percorrer até 7.200 quilômetros sem paradas para reabastecimento, inclusive sobre oceanos, desertos, florestas e polos, com capacidade para até 260 passageiros, na configuração típica de duas classes.


Ele preserva mais de 95% de similaridade de sua estrutura e de seus sistemas e mecanismos com seus irmãos menores Boeing 767-200 e Boeing 767-200ER, incluindo as asas, os motores e os sistemas hidráulico, elétrico, eletrônico e pneumático. Por exemplo, o seu sistema hidráulico é triplamente redundante, ele é composto por um pacote com três seções semi-independentes, a seção esquerda, a seção central e a seção direita, com duas bombas mecânicas principais, sendo uma acoplada em cada motor; mais uma bomba elétrica em cada motor; duas bombas elétricas centrais, acopladas à APU – Auxiliary Power Unit; uma bomba pneumática, movida a ar sangrado; e uma bomba aerodinâmica, acoplada na RAT – Ram Air Turbine, neste caso apenas para situações de extrema gravidade, totalizando oito bombas hidráulicas.


Assim como seus irmãos menores, o sistema de controle de voo do Boeing 767-300 é convencional, composto, na grande maioria dos componentes do sistema, por cabos, roldanas, parafusos, porcas e polias, responsáveis pelas ligações diretas dos manches e pedais, na cabine de comando ou cockpit, com as superfícies, como ailerons, profundor e leme, embora a atuação (a força necessária para mover essas superfícies) seja hidráulica, já que se trata de uma aeronave de grande porte.


Como já dito anteriormente, o acionamento dos spoilers de asas (freios aerodinâmicos) é realizado por meio da tecnologia fly-by-wire, embora a atuação também seja hidráulica.


Os sistemas elétricos dos aviões da família Boeing 767 são semelhantes, quando não idênticos, incluindo o Boeing 767-300, com um pacote redundante, composto por quatro seções semi-independentes, a seção esquerda, a seção central, a seção direita e a entrada externa, com um gerador de 90 KVA e 115 volts A.C. acoplado ao motor esquerdo, mais um gerador de 90 KVA e 115 volts A.C. acoplado ao motor direito, complementados por um gerador auxiliar central de 90 KVA e 115 volts A.C. acoplado à APU – Auxiliary Power Unit e uma entrada para fonte externa GPU – Ground Power Unit.


Conhecido também, no meio aeronáutico, como Boeing 763, ele também é impulsionado por alguns dos maiores e mais potentes motores turbofan do mundo, o Pratt & Whitney JT9D, o General Electric CF6, o Pratt & Whitney PW4000 e o Rolls-Royce RB211, com potências / empuxos que variam entre 48.000 libras até 60.000 libras, disponíveis na decolagem, dependendo do motor escolhido pela compradora ou operadora, com velocidade de cruzeiro de 850 km/h e com teto de serviço de 13.000 metros.


A partir de então os motores da família Boeing 767 passaram a ser monitorados e controlados eletronicamente por meio de FADEC – Full Authority Digital Engine Control, um sistema que evita que os parâmetros de segurança de funcionamento dos motores sejam excedidos acidentalmente ou inadvertidamente pela tripulação.


Mais de 100 unidades do Boeing 767-300 foram fabricadas a partir de 1986, com a companhia aérea japonesa Japan Airlines sendo a operadora de lançamento, e, atualmente, mais de 30 unidades ainda estão voando normalmente. Ele foi oferecido aos potenciais compradores por cerca de US$ 80 milhões, ao preço de tabela, em valores da época.


BOEING 767-300ER

O Boeing 767-300ER é uma das versões com fuselagem alongada e alcance melhorado da família Boeing 767, com fabricação em série iniciada em 1988, com uma fuselagem de 55 metros de comprimento, do nariz até a cauda, com capacidade para percorrer até 10.000 quilômetros sem paradas para reabastecimento, inclusive sobre oceanos, desertos, florestas e polos, com capacidade para até 260 passageiros, na configuração típica de duas classes.


Ele também preserva mais de 95% de similaridade de sua estrutura e de seus sistemas e mecanismos com o Boeing 767-300 e com seus irmãos menores Boeing 767-200 e Boeing 767-200ER, incluindo as asas, os motores e os sistemas hidráulico, elétrico, eletrônico e pneumático. Entre as poucas diferenças está a fuselagem cerca de 6 metros mais comprida que as fuselagens do Boeing 767-200 e do Boeing 767-200ER, além de um tanque central de combustível de maior capacidade, totalizando três grandes tanques, sendo dois tanques de asas e um tanque central.


Conhecido também, no meio aeronáutico, como Boeing 763ER, ele também é impulsionado por alguns dos maiores e mais potentes motores turbofan do mundo, o General Electric CF6, o Pratt & Whitney PW4000 e o Rolls-Royce RB211, com potências / empuxos que variam entre 56.000 libras até 61.000 libras, disponíveis na decolagem, dependendo do motor escolhido pela compradora ou operadora, com velocidade de cruzeiro de 850 km/h e com teto de serviço de 13.000 metros.


O Boeing 767-300ER foi, de longe, a mais bem sucedida versão da família Boeing 767, com mais de 580 unidades fabricadas entre 1988 e 2016, com a companhia aérea americana American Airlines sendo a operadora de lançamento, seguida de muitas outras companhias aéreas, incluindo as brasileiras Transbrasil e VARIG, com cerca de 370 unidades ainda voando normalmente, inclusive do Brasil e para o Brasil, principalmente pela companhia aérea LATAM Airlines, partindo de São Paulo – S.P. e Rio de Janeiro R.J., principalmente.


Ele foi oferecido aos potenciais compradores por cerca de US$ 85 milhões, ao preço de tabela, em valores da época, e as unidades fabricadas na década de 1990, ainda em condições de voo, estavam sendo comercializadas por preços entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões em 2019 (pré-pandemia), dependendo do número total de horas voadas. Em 2014 a aeronave era vendida por cerca de US$ 210 milhões, nova.


Assim como seus irmãos anteriores da família Boeing 767, a versão Boeing 767-300ER ainda é considerada uma aeronave moderna, tecnológica, altamente eficiente no consumo de combustível e com custo de manutenção competitivo, em relação aos seus principais concorrentes. Trata-se de uma aeronave razoavelmente confortável na classe econômica ou turística, com cerca de 80 centímetros entre fileiras de assentos e 46 centímetros de largura útil dos assentos, e bem confortável na classe executiva, com cerca de 1,5 metro entre fileiras e 50 centímetros de largura útil.


A partir da década de 1990, ela se tornou um grande best-seller da indústria aeronáutica, usada principalmente para viagens internacionais e intercontinentais, substituindo, com larga vantagem de economia de combustível, até 20% menos, sobre os trijatos intercontinentais McDonnell Douglas DC-10 e Lockheed L-1011 Tristar, fabricados nos Estados Unidos nas décadas anteriores.


As asas de perfil supercrítico projetadas para o Boeing 767-300ER proporcionam ao modelo uma performance bem razoável para operar em pistas de pouso com comprimento entre 2.000 metros e 3.000 metros, dependendo do peso de decolagem da aeronave, da temperatura ambiente e da altitude da pista de pouso. Essa é uma das principais características do Boeing 767-300ER e uma das razões para o seu sucesso no mercado mundial de aviação comercial.


Nas décadas de 1990 e 2000, o Boeing 767-300ER e um dos seus principais concorrentes, o Airbus A330, foram considerados referências em tecnologia e qualidade para o transporte aéreo internacional e intercontinental de passageiros, até a chegada, na década de 2010, dos seus substitutos Boeing 787 Dreamliner e Airbus A350XWB, ainda mais modernos, com fuselagens fabricadas em material composto.


Além disso, o conceito de motores turbofan com alta taxa de bypass já era bem visto na década de 1980 e esses motores são uma unanimidade na indústria aeronáutica civil da atualidade, eles movimentam grandes volumes de ar por meio de seus grandes ventiladores ou, mais precisamente, na linguagem técnica, por meio de seus fans de grande diâmetro. Os aviões a jato mais modernos tendem a possuir turbofans com diâmetro maior pois são mais eficientes, fazem menos ruído, consomem menos combustível e emitem menos poluentes que os motores com baixa taxa de bypass.


De modo geral, quanto maior a capacidade da aeronave transportar passageiros maior é o aproveitamento dos slots ou autorizações de pousos e decolagens em aeroportos de grandes metrópoles. Nas décadas de 1990 e 2000 o Boeing 767-300ER, com fuselagem maior e alcance maior que seus irmãos anteriores, permitiu a otimização dos slots disponíveis nos aeroportos norte-americanos e europeus. Aqui no Brasil, o comandante Omar Fontana, dono da Transbrasil, e a Fundação Ruben Berta, a controladora da VARIG, optaram pelo Boeing 767-300ER como um dos principais integrantes de suas frotas, principalmente para viagens intercontinentais.


Assim como seus irmãos anteriores da família Boeing 767, a versão Boeing 767-300ER foi considerada por duas décadas seguidas uma referência em tecnologia e qualidade para o transporte aéreo internacional e intercontinental de passageiros. Assim como seus irmãos, ele foi um dos primeiros modelos de aeronaves comerciais no mundo a introduzir, na década de 1980, uma das primeiras versões do EFIS – Electronic Flight Instrument System na cabine de comando, inclusive com a tecnologia ILS Cat IIIb de pouso por instrumentos, com precisão de até 300 metros sob nevoeiro ou neblina e/ou chuva leve.


Assim como seus irmãos anteriores da família Boeing 767, ele também foi um dos protagonistas do mercado aeronáutico com a introdução do FMC / FMS, o sistema de gerenciamento computadorizado de voo, que reduziu drasticamente a carga de trabalho da tripulação, eliminando inclusive uma parte significativa dos cálculos manuais de navegação, balanceamento, regime de funcionamento do motor, velocidades de aproximação e decolagem, consumo de combustível, entre outros cálculos.


BOEING 767-300F

O moderno Boeing 767-300F é a versão exclusivamente cargueira da família Boeing 767, com capacidades de carga que variam de acordo com o alcance pretendido, sendo uma das capacidades mais comuns ou usuais, homologada, de 52.000 kg para 6.000 quilômetros, sendo possível um alcance maior, mas com carga mais leve. A sua fabricação em série foi iniciada em 1995, com a empresa transportadora internacional UPS – United Parcel Service sendo a operadora de lançamento, uma das maiores transportadoras de encomendas do mundo.


Ele mantém a grande maioria das características estruturais e de sistemas do seu irmão para transporte de passageiros Boeing 767-300ER, exceto pela ausência de assentos para passageiros, pela ausência de janelas na fuselagem, pela ausência de bagageiros de teto, pelo projeto com amplas portas de carga na fuselagem e pelo peso máximo de decolagem aumentado, graças a alguns reforços estruturais nas asas e no trem de pouso.


Ele tem uma capacidade de carga de até 24 paletes de carga de formato e tamanho padrão no piso principal, acessado por uma ampla porta de cargas, e até 30 contêineres LD2 no porão de cargas, com um volume total de até 438.000 litros, embora, na prática, a capacidade máxima de carga possa variar, dependendo das condições na origem, incluindo temperatura e altitude do aeroporto de partida, comprimento da pista de pouso e obstáculos próximos às cabeceiras.


Ele ainda está à venda por cerca de US$ 220 milhões por unidade, ao preço de tabela, lembrando que grandes operadoras ou empresas de leasing, que compram aviões em grandes quantidades, geralmente conseguem descontos sobre o preço de tabela. Atualmente, a Boeing Company possui uma carteira de pedidos de mais de 60 unidades desse modelo civil de cargueiro aéreo, o que garante a continuidade da linha de produção da família Boeing 767 até 2025, caso não apareçam mais interessados.


BOEING 767-400ER

O Boeing 767-400ER é a maior versão da família Boeing 767, com fuselagem alongada em 6 metros a mais que as versões Boeing 767-300 e Boeing 767-300ER, com fabricação em série iniciada no ano 2000, com uma fuselagem de 61 metros de comprimento, do nariz até a cauda, com capacidade para percorrer até 9.000 quilômetros sem paradas para reabastecimento, inclusive sobre oceanos, desertos, florestas e polos, com capacidade para até 300 passageiros, na configuração típica de duas classes.


Trata-se de um modelo de aeronave amplamente melhorado em relação aos seus irmãos anteriores, inclusive com a fixação de extensões de ponta de asa (semelhantes, mas não idênticos, aos winglets); trem de pouso mais robusto e mais alto; instalação de um tail-skid ou protetor de cauda, para evitar atrito da cauda com a pista de pouso durante as decolagens e os pousos, já que se trata de uma fuselagem mais comprida;  geradores de energia mais potentes, chegando a 120 KVA; conjunto de aviônicos do tipo EFIS – Electronic Flight Instrument System melhorado, inclusive com telas LCD – Liquid Crystal Display, da Rockwell Collins, em substituição ao conjunto de aviônicos EFIS com telas CRT dos modelos anteriores; e, é claro, fuselagem mais comprida, capaz de acomodar até 300 passageiros em duas classes, embora o melhor alcance, de até 10.000 quilômetros, seja possível apenas com 250 passageiros a bordo.


Ele preserva mais de 80% de similaridade de sua estrutura e de seus sistemas e mecanismos com os demais modelos da família Boeing 767, embora tenha passado por um “banho de loja” em vários aspectos, como, por exemplo, nova cabine de passageiros, com novos assentos e novos compartimentos de bagagem de mão, com novo acabamento, inclusive, inspirados em outros modelos mais modernos da Boeing Company, como o Boeing 777, por exemplo.


Conhecido também, no meio aeronáutico, como Boeing 764, ele também é impulsionado por alguns dos maiores e mais potentes motores turbofan do mundo, o General Electric CF6 e o Pratt & Whitney PW4000, com potências / empuxos que variam entre 60.000 libras até 63.000 libras, disponíveis na decolagem, dependendo do motor escolhido pela compradora ou operadora, com velocidade de cruzeiro de 850 km/h e com teto de serviço de 13.000 metros, graças às suas asas de maior envergadura em relação aos seus irmãos anteriores, com 4,5 metros a mais.


Embora seja uma versão amplamente melhorada da família Boeing 767, o modelo Boeing 767-400ER vendeu menos que todos os seus irmãos anteriores, com apenas 38 unidades fabricadas, com as companhias aéreas americanas Continental Airlines (agora United Airlines) e Delta Airlines sendo as operadoras de lançamento, com nenhuma unidade nova vendida para operadoras brasileiras.


ALTA TECNOLOGIA

Embora sejam frutos de um projeto da década de 1970, com produção em série iniciada na década de 1980, os aviões da família Boeing 767 ainda são considerados modernos, dotados de uma variedade de tecnologias que ainda hoje, depois de tanto tempo, 40 anos, impressionam, dentre elas a variedade de peças, partes e componentes em material composto, incluindo o emprego de fibra de carbono e Kevlar nas carenagens, nos painéis de acesso aos sistemas e mecanismos, nos flaps, nos ailerons, no profundor e no leme, além, é claro, do emprego intensivo da liga de alumínio, do aço e do titânio nas partes principais da fuselagem e das asas, além dos sistemas.


O emprego de ligas metálicas leves e do material composto permitiu uma redução de até 800 kg de peso vazio da aeronave em relação aos modelos concorrentes, de mesmo tamanho, da época.


O modelo original Boeing 767-200 já nasceu com cockpit dentro do conceito EFIS – Electronic Flight Instrument System, com FMC – Flight Management Computer, posteriormente, anos depois, nos demais modelos da família Boeing 767, evoluídos para o FMS – Flight Management System, inicialmente com telas CRT – Cathode Ray Tube e, posteriormente, a partir do ano 2000, evoluídos para o LCD – Liquid Crystal Display, no Boeing 767-400ER, inicialmente com seis telas e posteriormente com três amplas telas.


Mas havia um limite de melhorias possíveis para os aviões Boeing 767, a partir do qual não seria mais viável economicamente investir nelas. Foi então, a partir desse momento, que surgiu o moderníssimo Boeing 787 Dreamliner, de altíssima tecnologia, um projeto completamente novo, o avião mais sofisticado da Boeing Company, com fuselagem totalmente construída em material composto, cerca de 20% mais eficiente no consumo de combustível.


Na década de 2000, os aviões da família Boeing 767 receberam winglets nas pontas das asas, por meio de retrofit da empresa americana Aviation Partner, resultando numa economia de cerca de 6% no consumo de combustível.


MERCADO

O jato bimotor de grande porte para viagens domésticas e internacionais Airbus A300, cuja produção em série foi iniciada na década de 1970, foi um grande sucesso mundial de vendas da então recém criada empresa Airbus Industrie, um consórcio formado por empresas estatais da França, da Alemanha, da Inglaterra e da Espanha. Ele conseguiu colocar a Europa Ocidental no topo da indústria aeronáutica mundial, entre os maiores e mais importantes fabricantes do mundo.


No entanto, na década seguinte a Airbus Industrie passou a enfrentar uma forte concorrência com a Boeing Company nesse mesmo segmento de bimotores muito grandes. A Boeing já estava desenvolvendo o moderno bimotor Boeing 767 desde a década de 1970 e já oferendo-o às grandes companhias aéreas nos cinco continentes.


Embora fosse uma aeronave moderna para sua época, o Airbus A300 ainda não possuía a certificação ETOPS 120 minutos para voos transoceânicos, principalmente voos transatlânticos. Então deu a lógica, a Boeing Company ultrapassou a Airbus Industrie nas vendas com o seu Boeing 767, na década de 1980, deixando para trás o seu principal concorrente Airbus A300 que, posteriormente, alguns anos depois, conseguiu a certificação ETOPS 120 minutos.


Versões militares para reabastecimento aéreo e AWACS ou vigilância e alerta antecipado da família Boeing 767 também foram fabricadas. São pelo menos dois modelos principais, o Boeing KC-767 Tanker, para a Força Aérea Italiana e para as Forças de Autodefesa do Japão, e o Boeing E-767 AWACS, um avião dotado de uma grande antena de radar, capaz de executar missões de vigilância e alerta antecipado.


O jato comercial Boeing 767 é um dos mais bem sucedidos projetos de aviões comerciais da indústria aeronáutica americana, com mais de 1.240 unidades fabricadas, com previsão de chegar até 1.340 unidades fabricadas nos próximos três anos, graças às encomendas de aviões cargueiros e militares da mesma família. Ele é um dos responsáveis por consolidar a posição da Boeing Company como uma das maiores indústrias aeronáuticas do mundo, mantendo-a no topo da lista dos maiores, mais respeitados e mais bem sucedidos fabricantes de aviões comerciais de grande porte.


Na década de 1980, o Boeing 767 era cerca de 20% mais econômico que um Lockheed L-1011 Tristar e um McDonnell Douglas DC-10, por exemplo, considerando passageiro / litro de querosene / quilômetro voado, e até 30% mais econômico, considerando consumo de combustível e custo de manutenção, em relação a esses trimotores intercontinentais para transporte comercial de passageiros sobre oceanos, desertos, florestas e polos.


Mais de 740 unidades de aviões da família Boeing 767 estão voando normalmente, transportando passageiros e carga aérea por mais de 80 operadoras civis e, nas versões militares, cumprindo diversas missões.


PRINCIPAIS OPERADORAS CIVIS DA FAMÍLIA BOEING 767

QUANTIDADE

OPERADORA

PAÍS

79

Delta Airlines

Estados Unidos

60

FedEx – Federal Express

Estados Unidos

59

UPS Airlines (United Parcel)

Estados Unidos

51

United Airlines

Estados Unidos

35

Japan Airlines

Japão

34

All Nippon Airways

Japão

20

ABX Air (cargas e charter)

Estados Unidos

12

Air Japan (charter)

Japão

16

Condor (charter)

Alemanha

17

LATAM Chile

Chile

13

LATAM Brasil

Brasil

11

Amazon Air / Prime Air

Estados Unidos

12

Atlas Air (cargas)

Estados Unidos

10

Cargojet (cargas)

Canadá

7

Amerijet International (cargas)

Estados Unidos

9

Omni Air (charter)

Estados Unidos

8

Uzbekistan Airways

Uzbequistão

 

 

 


É possível que esse quadro com os números relacionados às frotas de aeronaves de várias companhias aéreas não esteja absolutamente preciso e/ou atualizado, já que todos os anos cada companhia aérea faz ajustes em suas respectivas frotas, visando otimizá-las e/ou ajustá-las às respectivas demandas. Se você quiser ajudar a tornar esses números ainda mais precisos, por gentileza deixe um comentário no rodapé desta página.


A pandemia de Covid-19 atrapalhou o planejamento de frota de todas as companhias aéreas do planeta.


NO BRASIL

A família Boeing 767 marca presença no Brasil desde o início de sua fabricação seriada, na década de 1980, ela chegou aqui inicialmente pelas mãos da Transbrasil e posteriormente, alguns anos depois, pelas mãos da VARIG, na época a maior companhia aérea brasileira. Atualmente, a versão alongada Boeing 767-300ER voa do Brasil para outros países pela companhia aérea LATAM Airlines, inclusive para os Estados Unidos e Europa Ocidental.


A subsidiária brasileira da empresa chilena LATAM Group opera 13 unidades de Boeing 767-300ER em suas rotas para Estados Unidos e Europa Ocidental, enquanto suas irmãs LATAM Chile, LATAM Argentina, LATAM Colômbia e LATAM Cargo operam um total de 27 jatos comerciais bimotores Boeing 767-300ER e Boeing 767-300F, trazidos do Grupo Lan Chile e incorporados pela nova empresa LATAM Group, durante o processo de fusão da TAM e da Lan Chile.


Aqui no Brasil, os aviões da família Boeing 767 também foram operados pelas companhias aéreas Ocean Air (posteriormente Avianca), BRA e ABSA, tanto para transporte de cargas quanto para fretamento e transporte aéreo regular de passageiros.


FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS


BOEING 767-300ER

  • Capacidade: Aprox. 290 passageiros (classe única / alta densidade);
  • Capacidade: Aprox. 260 passageiros (executiva e econômica / média densidade);
  • Tripulação (voos médios): 1 piloto e 1 co-piloto e 6 ou 8 comissárias;
  • Tripulação (voos longos): 2 pilotos e 2 co-pilotos (revezamento) e 6 ou 8 comissárias;
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 850 km/h;
  • Comprimento: Aprox. 55 metros;
  • Envergadura: Aprox. 48 metros;
  • Altura: Aprox. 16 metros;
  • Motorização (potência / empuxo): 2 X GE CF6-80C2B6F (60.000 libras / cada);
  • Motorização (potência / empuxo): 2 X Rolls-Royce RB211
  • Motorização (potência / empuxo): 2 X Pratt & Whitney PW4000
  • Porão de carga: Padrão para contêineres LD2;
  • Trem de pouso:
  • APU:
  • Teto de serviço: Aprox. 13.000 metros;
  • Alcance (média densidade): Aprox. 10.000 quilômetros (lotado / 75% potência / com reservas);
  • Consumo médio (QAV):
  • Peso máximo de decolagem: Aprox. 186.000 kg;
  • Pista de pouso: Aprox. 3.000 metros (lotado / dias quentes);
  • Preço (no exterior): Aprox. US$ 


GALERIA DE IMAGENS


BOEING 767-200ER DA EL AL


CONFIGURAÇÕES DE TRÊS CLASSES


767-300ER DA AIR CANADA


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipedia (em inglês): https://en.m.wikipedia.org/wiki/Boeing_767
  • Aviões e Músicas / YouTube:
  • Flight Safety Foundation (em inglês):
  • Boeing (divulgação): Imagens
  • Wikimedia: Imagens

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