CLASSIFICAÇÃO DE GRÃOS (AGROINDÚSTRIA)
ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DE GRÃOS
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
CLASSIFICAÇÃO COMERCIAL
CLASSIFICAÇÃO OFICIAL
INTRODUÇÃO
A atividade de análise e classificação de grãos é um processo que compreende o diagnóstico técnico e laboratorial de amostras para determinar a qualidade geral de um lote de grãos, como milho ou soja, por exemplo. Aqui no Brasil, a análise e classificação de grãos é realizada por profissionais qualificados que seguem os padrões oficiais estabelecidos pelo MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, um órgão do Governo Federal do Brasil.
Essa
atividade produtiva da análise e classificação de grãos é regulamentada pelo
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e essa
regulamentação é importante para garantir a qualidade do produto vegetal para a
comercialização para as agroindústrias e para o consumidor final, além de
agregar e determinar valores para os produtos.
Existem dois
tipos de classificação de grãos:
- Classificação oficial: Obedece às normas oficiais de segurança alimentar
para oferecer produtos seguros aos consumidores finais, geralmente por meio de
laudos;
- Classificação comercial: Pode ser ajustada de acordo com a necessidade de
cada empresa agroindustrial, com parâmetros geralmente acertados entre
comprador e vendedor por meio de um contrato, geralmente por meio de
certificados;
Para realizar
a análise e classificação de grãos é necessário submeter as amostras de lotes dos
produtos in natura a um procedimento
padronizado e metódico de visualização da carga e das amostras e testes das
amostras por meio de equipamentos e instrumentos para avaliar a qualidade dos
grãos, considerando fatores como umidade, estado de conservação dos grãos,
defeitos dos grãos, porcentagem de impurezas presentes nos lotes, forma, cor e
cheiro, levando em consideração também as técnicas de colheita, transporte, condições
de recebimento, sistemas de armazenagem e secagem.
Para realizar
a amostragem dos grãos, é recomendado fazer a coleta da amostra ainda na
recepção da carga, antes da pesagem, sobre o caminhão ou vagão, por exemplo. O
resultado final da análise e classificação de grãos é registrado em laudos oficiais
ou certificados comerciais que também seguem padrões estabelecidos pelo MAPA –
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
CONCEITO E CONTEXTO
As commodities agrícolas são produtos vegetais em geral comercializados no mercado internacional, geralmente por meio de bolsas de mercadorias, como milho e soja, por exemplo, geralmente negociadas em grandes volumes, todos os dias, em escala global. As bolsas de mercadorias são empresas especializadas em conectar / reunir compradores e vendedores internacionais, geralmente por meio de conexão de Internet ou telefone, para facilitar as negociações de preços, prazos e volumes de mercadorias.
Na bolsa de valores e mercadorias, esses produtos não
recebem identificadores de qualidade ou variedade, o que implica ou pressupõe que
todo o volume negociado é composto por lotes com qualidade semelhante ou extremamente
parecidos, atendendo a padrões de qualidade internacionais.
A atividade
de análise e classificação de grãos está no contexto da classificação vegetal,
que, por sua vez, é a atividade de determinar as qualidades extrínsecas e
intrínsecas de um produto vegetal, de seus subprodutos e resíduos de valor
econômico, com base em padrões oficiais estabelecidos pelo MAPA – Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Assim, a
análise e a classificação é necessária para o enquadramento de um produto
vegetal em um grupo, uma classe e um tipo, de acordo com padrões
pré-estabelecidos pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Para realizar a classificação é necessário que o profissional
siga um modelo prévio, um parâmetro de tolerância e a descrição padronizada dos
caracteres de cada cultura, todos eles estabelecidos pelo MAPA.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
A análise e classificação de grãos é, como o próprio termo diz, a atividade profissional responsável pelo processo de análise técnica e laboratorial com objetivo de determinar a qualidade (conformidade com especificações pré-estabelecidas) de um lote de produto vegetal, como soja ou milho, por exemplo, de acordo com parâmetros ou padrões oficiais estabelecidos pelo MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A partir da classificação, as commodities agrícolas
são identificadas em grupos, classes e tipos, conforme as características
físicas observadas pelo agente classificador, dentro de margens de tolerâncias
permitidas pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e/ou
pela agroindústria compradora, de acordo com a finalidade do produto. Por
exemplo, o milho e a soja destinados ao consumo animal não precisam ter a mesma
qualidade do milho destinado ao consumo humano direto, ou seja, há margens de
tolerância para os dois casos, mas a margem para o consumo humano direto é mais
rígida, mais exigente.
O processo de classificação de grãos consiste em
submeter pequenas amostras de um lote de grãos a diversos procedimentos, como, por
exemplo, homogeneização, análise de impurezas, análise de umidade, verificação
do estado de conservação e inspeção visual para identificar defeitos.
Todas as informações obtidas na classificação de grãos
são registradas em laudos padronizados de classificação vegetal ou certificados
comerciais, que determinam o padrão de qualidade do produto e para qual
finalidade ele poderá ser destinado. De modo geral, o lado oficial do MAPA –
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento possui um maior número e
exigências de rigor técnico que os certificados comerciais.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
A obrigatoriedade da análise e classificação de produtos vegetais no Brasil, incluindo grãos, foi instituída pela Lei nº 9.972 de 25 de maio de 2000. Já a regulamentação do processo relacionado à análise e classificação veio através do Decreto nº 3.664 de 17 de novembro de 2000. De acordo com o artigo 3º, a classificação é “o ato de determinar as qualidades intrínsecas e extrínsecas de um produto vegetal, com base em padrões oficiais físicos ou descritivos”.
Com relação à obrigatoriedade, a lei determina que
serão objeto de classificação todos os produtos vegetais, os subprodutos e
resíduos de valor econômico, que possuam padrão oficial estabelecido pelo MAPA
- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Os grãos deverão ser classificados oficialmente quando:
- Forem destinados diretamente à alimentação humana, ou seja, quando os produtos atenderem todas as normas de segurança alimentar para serem oferecidos ao consumidor final;
- Nas operações de compra e venda do poder público;
- Nos portos, aeroportos e postos de fronteira, quando da importação;
Para realizar a classificação de grãos, a pessoa
jurídica deve ser autorizada pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, através de credenciamento específico conforme a legislação. Essa
autorização pode ser concedida a empresas agroindustriais em geral,
universidades, entidades especializadas e outras empresas privadas interessadas,
bolsas de valores / mercadorias e institutos de pesquisas.
Geralmente o trabalho de análise e classificação de
grãos (oficial e/ou comercial) é realizado em agroindústrias, cooperativas,
armazéns / silos, nos principais terminais de transporte, em portos e centros
produtivos, nos quais os laudos e/ou certificados são preenchidos em
conformidade com a legislação.
Especificamente no caso da importação de grãos, a
classificação deverá ser conduzida por engenheiro agrônomo do MAPA – Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, podendo utilizar o apoio operacional
e laboratorial de entidades credenciadas.
O PROFISSIONAL DE ANÁLISE
De modo geral, a análise e classificação de grãos (oficial e/ou comercial) são realizadas por dois tipos de profissionais:
- O classificador oficial, que é o profissional que possui habilitações específicas para realizar esse tipo de trabalho, como, por exemplo, o engenheiro agrônomo, o engenheiro de alimentos ou o técnico agrícola, todos essas pessoas físicas devidamente registradas no MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e autorizados por ele a realizar esse tipo de trabalho;
- O classificador prático, que é o profissional, graduado ou não, que está vinculado diretamente ao trabalho com grãos e que tem o conhecimento e a habilitação necessária para realizar de forma satisfatória esse serviço. Algumas instituições educacionais brasileiras, como o SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, por exemplo, oferecem gratuitamente cursos de habilitação para análise e classificação de grãos, inclusive para quem não possui curso superior (faculdade) na área.
A ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO
O trabalho de análise e classificação de grãos deve ser realizado obedecendo a um padrão de procedimentos que garanta a imparcialidade e neutralidade do resultado da análise da amostragem. Ele é realizado no momento em que o veículo, caminhão, trem ou navio, por exemplo, carregado chega no armazém / silo ou terminal de transbordo ou porto, por exemplo. O processo de retirada da amostra, análise, classificação e preenchimento do laudo é conduzido por uma equipe treinada, especializada na análise e classificação, por meio de um laboratório instalado no local.
Por exemplo, considerando o transporte de grãos (milho e soja) por meio de caminhões (transporte rodoviário) o processo de análise e classificação é composto por pelo menos quatro procedimentos, coleta da amostra sobre o caminhão, análise da amostra, classificação da amostra e preenchimento do laudo e/ou certificado. O processo nos outros modais é bem parecido, variando basicamente o tamanho da amostra.
Quando a carga de grãos está fora dos padrões mais elevados de qualidade estabelecidos pelo MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, ela pode ser rejeitada pela agroindústria, em casos extremos (quando está fora da margem de tolerância), ou, em casos menos graves, ela pode sofrer uma desvalorização, um desconto no preço a ser pago pela agroindústria, em relação ao preço que seria pago se estivesse dentro do padrão mais elevado.
COLETA DA AMOSTRA
A primeira etapa do processo de análise e
classificação de grãos é a extração de amostras da mercadoria in natura. A amostra é uma parte,
fragmento ou unidade representativa do lote. Mas só se realiza a coleta da
amostra se o classificador perceber, após inspeção visual, que a carga está em
boas condições de conservação, sem cheiro estranho ou aparência estranha.
No entanto, o classificador pode notar problemas
graves logo ao retirar a lona do caminhão, como cheiro estranho, carga molhada
ou suja, entre outros. Neste caso, a carga poderá ser rejeitada para
classificação. Por outro lado, se a carga for pré-aprovada na inspeção inicial,
a coleta da amostra será realizada. Para isso, utiliza-se um instrumento
chamado calador ou sonda, podendo ser pneumáticos ou manuais.
Os dois tipos de calador são o calador manual e o
calador pneumático. O calador hidráulico é mais sofisticado, ele é um
equipamento estacionário, fixado em uma base, utilizado para realizar a
extração de amostras com mais agilidade. As amostras deverão ser coletadas em
diferentes pontos do veículo, e a quantidade é determinada pelo volume total da
carga: quanto maior o volume, mais amostras serão necessárias, em mais pontos
aleatórios do veículo.
ANÁLISE LABORATORIAL
Após a coleta da amostra, os grãos serão submetidos aos processos de análise laboratorial, ou seja, a classificação em si. Os procedimentos, equipamentos e a ordem de realização variam bastante de acordo com alguns fatores, como o produto (milho ou soja), o tipo de classificação (oficial e/ou comercial), os equipamentos disponíveis em cada laboratório, entre outros.
De forma resumida e abrangente, os procedimentos mais
comuns na análise e classificação de grãos de soja e milho são os seguintes:
- Homogeneização: Utilização de homogeneizador ou quarteador para misturar as amostras coletadas, gerando uma amostra mais fiel do lote como um todo. O homogeneizador mistura os grãos e os separa em duas amostras. O quarteador separa a amostra original em 4 partes aleatórias para chegar à amostra de trabalho.
- Aferição de peso: Utilizando balança eletrônica, é possível alcançar um grau de exatidão de duas casas decimais, ressaltando que a balança deve ser aferida pelo INMETRO, lacrada e nivelada.
- Análise de impurezas: Descobrir o percentual de impurezas e matérias estranhas na amostra, como folhas, pecíolos e ciscos, grãos de outras culturas, insetos, cascas soltas, terra, etc. Utiliza-se uma peneira para separar as impurezas dos grãos, e balanças para comparar o peso total da amostra com o peso da matéria estranha. A peneira com crivos circulares auxilia a separar as impurezas da amostra.
- Análise de umidade: Descobrir a proporção de água e matéria seca dos grãos. Existem vários aparelhos para este fim, sendo mais comum o determinador de umidade digital, no qual basta inserir a amostra e aguardar o resultado. O determinador de umidade digital identifica imediatamente a taxa de umidade do grão e resultado é expresso em percentual (%). Ele deve ser calibrado e aferido pelo seu fabricante.
- Inspeção visual de defeitos: Consiste em observar a amostra a olho nu, separando individualmente os grãos defeituosos e/ou em mau estado de conservação de acordo com o problema apresentado, com objetivo de determinar o percentual de cada defeito em relação à amostra. Utiliza-se a pinça com ranhuras para separar os grãos, evitando contaminação da amostra e corta-se o grão com alicate e/ou estilete. Os grãos com defeitos são cortados ao meio para inspeção.
RESULTADO DA CLASSIFIÇÃO
.
Após a conclusão de todas as etapas de análise, o
classificador terá em mãos os dados para determinar a classe, grupo e tipo
daquele produto, gerando um laudo oficial e/ou certificado comercial que
certificam os resultados da classificação. Cada uma destas 3 classificações abaixo
indicam uma série de características do produto:
- Grupo: Revela a variedade do produto, de acordo com aspecto geral e formato. Por exemplo, o milho pode ser classificado como duro, dentado, semiduro ou misturado;
- Classe: Revela características físicas do grão, como a coloração. Por exemplo, o milho pode ser classificado como amarelo, branco e misturado;
- Tipo: Determina as finalidades para as quais o produto poderá ser destinado, de acordo com níveis de tolerância a grãos avariados, impurezas, maturidade, entre outros fatores. Por exemplo, o milho pode ser classificado como normal, mofado, ardido, fermentado, carunchado, chocho ou imaturo e gessado. Se a porcentagem (%) de tolerância para o milho for ultrapassada então isso deverá constar no laudo. Em casos extremos a carga pode ser rejeitada;
LAUDO DE CLASSIFICAÇÃO
O Laudo de Classificação é um documento oficial que
deve ser preenchido e assinado pelo classificador. A partir dos três enquadramentos
citados acima, o produto será liberado ou restrito para determinadas
finalidades: consumo humano in natura,
fabricação de alimentos para humanos, consumo animal ou apenas insumo
industrial;
Há ainda a possibilidade de desclassificação da
mercadoria, se os resultados superarem todos os níveis de tolerância. Nesse
caso, o produto será rejeitado pelo armazém e/ou terminal, não poderá ser
comercializado e o laudo será encaminhado ao MAPA – Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento para determinar o destino daquele lote de grãos.
A ARBITRAGEM
.
Segundo os regulamentos brasileiros de análise e
classificação de grãos, estabelecidos pelo MAPA – Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, o produtor rural, que está entregando seu produto
para armazenamento ou está comercializando seu produto, pode discordar do
resultado da análise e classificação de grãos realizado pelo classificador da
entidade compradora ou armazenadora.
Neste caso específico, essa arbitragem só pode ser
realizada por um classificador oficial do MAPA – Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento ou nomeado / contratado por ele e só pode ser
realizada após uma nova avaliação e classificação também realizada por ele,
inclusive em casos em que o mesmo lote em questão tenha sido misturado a outros
lotes, o que torna também obrigatória uma nova análise e classificação.
CONCLUSÃO
.
A classificação de grãos é um processo obrigatório,
que compõe as exigências e procedimentos essenciais da logística de commodities
agrícolas. Além disso, o laudo de classificação e o certificado são documentos
importantes para todos os envolvidos, incluindo o dono da carga, o comprador, o
transportador e o terminal de carga.
Sendo assim, para os operadores logísticos é essencial
que o processo da classificação, bem como seus resultados, sejam bem conduzidos.
REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA
- SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
- Conjugação: https://www.conjugacao.com.br/verbo-pressupor/
- Prefeitura de Santa Helena: https://www.santahelena.go.gov.br/curso-de-analise-e-classificacao-de-graos-esta-acontecendo/
- SENAR (divulgação): Imagens
- Comag (divulgação): Imagem
- Wikimedia: Imagens
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