LOCKHEED C-130 HERCULES

LOCKHEED YF-130 (PROTÓTIPOS)
LOCKHEED C-130A HERCULES (A PARTIR DE 1956)
LOCKHEED C-130E HERCULES (A PARTIR DE 1962)
LOCKHEED C-130F HERCULES (A PARTIR DE 1958)
LOCKHEED C-130H HERCULES (A PARTIR DE 1964)
LOCKHEED C-130J SUPER HERCULES (A PARTIR DE 1995)
LOCKHEED C-130K HERCULES (ROYAL AIR FORCE)
LOCKHEED L-100 (VERSÕES CIVIS DO C-130E)

INTRODUÇÃO
O robusto Lockheed C-130 Hercules é uma aeronave quadrimotor turboélice de médio porte para uso exclusivamente militar, em missões de transporte tático e logístico, com asas altas e retas, projetada, desenvolvida e fabricada em larga escala nos Estados Unidos, a partir da década de 1950, pela então fabricante americana Lockheed Corporation, na época uma das maiores fabricantes de aeronaves civis e militares do mundo, e produzido atualmente pela Lockheed Martin, sua sucessora, a maior contratante de defesa do mundo.

Atualmente, o seu principal concorrente no mercado mundial de aeronaves militares de logística é o bimotor turbofan Embraer C-390 Millennium, conhecido anteriormente como Embraer KC-390, fabricado pela brasileira Embraer S.A. e, em breve, com versões para exportação comercializadas por uma joint venture entre a Embraer S.A. e a americana Boeing Company.

LOCKHEED MARTIN

A Lockheed Martin é uma gigante americana dos ramos aeroespacial, espacial, aeronáutico, de defesa, de equipamentos médicos, de sistemas de energia solar e de sistemas nucleares, criada em 1995 partir da fusão de duas grandes empresas dos ramos aeroespacial, espacial, aeronáutico e de defesa, a Lockheed Corporation e a Martin Marietta, se tornando a partir de então a maior contratante de defesa do mundo, com receita bruta de cerca de US$ 53 bilhões em 2018, graças, em grande parte, a contratos militares com o Governo dos Estados Unidos e com nações amigas, com mais de 105.000 empregados em várias partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos.

Entre os seus principais produtos e empreendimentos estão o míssil Lockheed Trident, lançado a partir de submarinos; o avião de patrulha militar Lockheed P-3 Orion, ainda em operação em várias forças armadas; o caça Lockheed F-16 Falcon, um grande sucesso operacional e de vendas; o caça Lockheed F-35 Lightning II, um dos aviões militares mais avançados do mundo; o turboélice militar Lockheed C-130 Hercules, também um sucesso operacional e de vendas; a empresa de lançamentos de satélites ULA – United Launch Alliance, em parceria com a Boeing Company; e a fabricante de helicópteros Sikorsky Aircraft, uma das maiores do mundo; entre outros.

Além disso, a empresa foi a fabricante de alguns dos mais tecnológicos produtos militares de suas respectivas épocas, entre eles o bombardeiro stealth Lockheed F-117 Nighthawk e o caça semi-stealth Lockheed F-22 Raptor, entre outros.

Já a Lockheed Corporation foi uma das duas grandes empresas antecessoras da Lockheed Martin, fundada em 1932, a partir da Alco Company, da Loughead Aircraft e da Detroit Aircraft. Entre seus produtos civis e militares mais tecnológicos de suas respectivas épocas estiveram os aviões de reconhecimento (espionagem, na verdade) Lockheed U-2 Utility e Lockheed SR-71 Blackbird, o caça a jato Lockheed P-180 Shooting Star, o cargueiro militar Lockheed C-5 Galaxy e o avião comercial de grande porte Lockheed L-1011 Tristar, um dos wide-bodies mais icônicos de sua época.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O Lockheed C-130 Hercules é um turboélice quadrimotor militar de médio porte e alta performance, com construção convencional em alumínio e ligas metálicas, com asas altas e retas e trem de pouso retrátil, criado, desenvolvido e fabricado a partir da década de 1950 pela então Lockheed Corporation, com capacidade e versatilidade para uma variedade de missões, incluindo reabastecimento em voo, transporte tático de veículos e tropas para combate e / ou apoio a operações militares em geral, cargueiro militar em geral, transporte de militares e civis em missões de atendimento humanitário em calamidades públicas e / ou situações de emergência, plataforma de evacuação médica civil e militar, entre outros tipos de missões e usos.

Ele é um dos mais tradicionais, versáteis, robustos e confiáveis modelos de aeronaves para uso logístico exclusivamente militar disponíveis no mercado aeronáutico de defesa, usado intensivamente por um grande número de nações amigas dos Estados Unidos, inclusive pela FAB – Força Aérea Brasileira, mas atualmente, aqui no Brasil, em fase de desativação ou descomissionamento, usando uma linguagem militar, para ser substituído definitivamente pelo moderno jato militar bimotor Embraer C-390 Millennium, com a primeira unidade já em serviço.

O robusto Lockheed C-130 Hercules é um dos mais longevos projetos de aeronaves militares ainda em atividade, é um dos mais bem sucedidos projetos de aeronaves militares de toda a história da indústria aeronáutica mundial, ainda em uso por um grande número de forças armadas em várias partes do planeta. Ele foi projetado originalmente, na década de 1950, para uma variedade de missões militares e humanitárias, é uma aeronave militar versátil, projetada para transporte e lançamento de para-quedistas, transporte de paletes e contêineres militares ou para atendimento emergencial em casos de calamidade pública e emergência, suprimentos médicos para militares e para civis, dependendo de cada caso e situação, procura e resgate de militares e civis acidentados ou em situações de risco, dependo também da situação, transporte de veículos militares leves, evacuação médica de militares e civis, dependendo de cada caso e situação.

Ele foi projetado originalmente pela americana Lockheed Corporation para a USAF – United States Air Force, ou Força Aérea dos Estados Unidos, para desempenhar função de apoio em operações militares e resposta governamental a crises humanitárias, decolando, na maioria das vezes, de pistas de pouso curtas e não pavimentadas. Ele foi um dos primeiros modelos de aviões militares com a tecnologia turboélice, o primeiro a ocupar o que na época era um nicho de mercado entre modelos de aviões militares com motorização radial a pistão, portanto com performance limitada e mais sujeita a falhas, e os aviões militares com motorização turbojato, mais velozes em voo de cruzeiro, mas que não conseguiam operar em pistas de pouso curtas e consumiam mais combustível, o que, por sua vez, afetava o alcance.

Atualmente, ele ocupa um segmento de mercado entre o turboélice bimotor europeu de porte médio para uso exclusivamente militar Airbus CASA C295, por exemplo, e o turboélice quadrimotor de grande porte Airbus A400M, por exemplo, ambos fabricados na Europa Ocidental pela Airbus Defense & Space, uma subsidiária do consórcio europeu Airbus Group.

O fabricante americano afirma que entre as principais vantagens do Lockheed C-130 Hercules estão a sua durabilidade e a sua flexibilidade operacional, afinal é um turboélice para uso militar de asa alta e trem de pouso reforçado para operação em pistas de pouso de leito natural. Além das funções descritas acima, com o passar dos anos percebeu-se que ele poderia desempenhar outras, o que resultou em novas versões capazes de executar missões de suporte a pesquisas científicas, atuando como meio de transporte confiável, patrulha marítima e de áreas costeiras e continentais.

Segundo a Lockheed Martin, o Lockheed C-130 Hercules possui capacidade para transportar entre 17 toneladas e 20 toneladas de carga aérea, dependendo do modelo e do ano de fabricação, e pode operar a partir de aeródromos com pistas de pouso de leito natural, sem pavimentação. O avião foi projetado originalmente, desde a década de 1950, com uma rampa traseira para introdução facilitada de carga aérea militar. A grande porta traseira, alinhada com o eixo longitudinal da aeronave, abre e a rampa móvel toca o solo ou pista e se apoia nele ou nela para a introdução facilitada de veículos militares, paletes com ou sem para-quedas, e para a entrada de tropas. Essa configuração é comum em aeronaves de transporte militar, incluindo o Boeing C-17, o CASA C295, o Airbus A400M, o De Havilland Buffalo e o Embraer C-390 Millennium, entre outros. Com essa configuração, é possível também lançar em pleno voo tropas e cargas com para-quedas.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Na década de 1950, o Governo Americano, por meio da Força Aérea dos Estados Unidos, lançou uma concorrência para criação, desenvolvimento e fabricação em série de um modelo militar de aeronave de logística totalmente novo que deveria, entre outro requisitos, incorporar com sucesso a então nova tecnologia de motorização turboélice, disponibilizada após a Segunda Guerra Mundial para o uso de algumas nações participaram do conflito, entre elas Estados Unidos e Inglaterra.

As tecnologias de motorização turboélice e motorização a jato, que, na verdade, não são muito diferentes entre si, começavam a se tornar tecnicamente e economicamente viáveis. Assim, o Lockheed C-130 Hercules era considerado um dos mais modernos modelos de aviões militares para transporte de combatentes e carga, com a então inovadora motorização turboélice, mais potente e mais confiável que as motorizações radiais a pistão da época, embora não tenha sido dada, nesse avião, prioridade para a tecnologia de pressurização e climatização do compartimento de cargas.

Entre as suas características mais marcantes estão a sua performance excepcional, com alta altitude de voo de cruzeiro, considerando os padrões da época; a sua ótima flexibilidade operacional para operar em pistas de pouso de comprimento limitado e em aeroportos e aeródromos de altitude elevada; o amplo espaço interno, com espaço suficiente para até 90 passageiros civis em alta densidade; ou 64 combatentes paraquedistas; ou até 15 pacientes em macas, acompanhados de três médicos ou paramédicos; com cockpit moderno, para os padrões da época, homologado para voos por instrumentos, inclusive.

O turboélice militar Lockheed C-130 Hercules é o resultado de um dos maiores e mais duradouros programas militares desenvolvidos em território americano, um passo ousado e um desafio para a Lockheed Corporation, já que envolvia a utilização da então nova tecnologia de motorização turboélice, com a Força Aérea dos Estados Unidos sendo a operadora governamental de lançamento da aeronave e a principal financiadora do projeto. Esse avião militar de médio porte foi anunciado pela primeira vez em 1954, nos Estados Unidos, com entrada em serviço em 1956, cerca de 64 anos atrás, com fabricação ininterrupta desde então, com mais de 60 versões e sub-versões fabricadas.

É uma aeronave histórica, com inúmeros serviços humanitários prestados em todo o mundo, inclusive no Brasil, quando operada pela FAB – Força Aérea Brasileira, a partir de 1964, e somente agora está sendo substituído pelo jato bimotor Embraer C-390 Millennium, por sua vez superior em performance, economia e modernidade, já que se trata de um projeto mais recente.

Com autorização do Governo dos Estados Unidos, a Lockheed Corporation ofereceu o Lockheed C-130 Hercules às nações com as quais mantinha boas relações, tendo sido aceito em mais de 60 países, para operadores militares de vários continentes, inclusive da Austrália, do Canadá, da Coreia do Sul, da Espanha, da França, do Reino Unido, da Itália, de Israel, da África do Sul, de Portugal, do Japão e da Suécia. Aqui na América do Sul, os principais operadores militares foram e/ou são o Chile, o Brasil, a Colômbia e o Uruguai. Atualmente, mais da metade das aeronaves fabricadas ainda está em operação.

Como principal cliente da Lockheed Corporation, as Forças Armadas dos Estados Unidos , principalmente a Força Aérea, a Marinha e os Fuzileiros Navais, praticamente conduziram, ao longo de mais de 60 anos, os rumos da família Lockheed C-130 Hercules, com o lançamento de várias versões melhoradas, com cada nova geração incorporando novas tecnologias para tornar o avião mais adaptado para as novas realidades, inclusive com o lançamento da versão Lockheed C-130J Hercules, com a introdução da tecnologia EFIS – Electronic Flight Instrument System no cockpit de comando, com a consequente redução do número de tripulantes de cabine de comando, de quatro para dois; com a introdução de novos motores Allison AE2100, mais modernos, potentes e econômicos, combinados com as novas hélices Dowty 391 de seis pás, com menor nível de ruído, inclusive; e com maior número de peças e partes em material composto na estrutura da aeronave, resultando em redução de peso, com consequente aumento de carga útil; entre outras melhorias.

A fabricante americana Lockheed Corporation projetou o Lokheed C-130 Hercules com capacidade para pousar e decolar em pistas de pouso de leito natural (não pavimentadas) com comprimento limitado a cerca de 1.500 metros, mesmo lotado de combatentes ou de carga. Uma prova inquestionável de sua flexibilidade operacional foi a sua operação intensiva, por mais de 50 anos seguidos, ininterruptos, pela FAB – Força Aérea Brasileira, na Região Amazônica do Brasil, com inúmeras pistas de pouso não pavimentadas, sob o sol escaldante do meio dia e com a lotação máxima de homens ou de carga. Essa é uma das explicações para o grande sucesso do modelo no Brasil.

VERSÕES DA FAMÍLIA HERCULES

De modo geral, os aviões da família Lockheed C-130 Hercules são clássicos projetos de quadrimotores de propulsão turboélice de médio porte, com trem de pouso triciclo retrátil, com asas altas e retas e fuselagens de construção semimonocoque convencional em alumínio e ligas metálicas, com capacidade para transportar até 64 combatentes paraquedistas ou até 20 toneladas de carga útil, dependendo do modelo e do ano de fabricação. Eles estiveram entre os primeiros modelos de aviões da história com motorização turboélice, de performance superior aos motores radiais a pistão, muito comuns na década anterior, usados até mesmo para tracionar os aviões bombardeiros da época.

Os pioneiros motores turboélice britânicos da família Rolls-Royce Dart fazem parte da primeira geração de motores turboélice da história da indústria aeronáutica, eles estão na raiz da então inovadora tecnologia do motor a jato usado para impulsionar aviões. Pra quem não sabe, a tecnologia dos motores a reação ou motores a jato é semelhante à tecnologia dos motores turboélice. Basicamente, de forma resumida e didática, usando uma linguagem simples, para facilitar o entendimento do leitor / internauta, o motor turboélice é, na verdade, um motor a jato com uma hélice acoplada. Então, em vez dos gases queimados gerarem o maior impulso para movimentar o avião são as hélices acopladas ao motor a jato que geram a maior parte da tração.

Na sequência, vieram os motores turboélice americanos, neste caso os motores Allison T56, para uso militar, e Allison 501, para uso civil, o que tornou possível também a criação, o desenvolvimento e a fabricação seriada de um modelo de avião turboélice militar essencialmente americano, o Lockheed C-130 Hercules, com fuselagem, asas e motores e sistemas elétrico, hidráulico, eletrônico e mecânico majoritariamente americanos.

Os aviões da família Lockheed C-130 Hercules possuem fuselagens com comprimentos totais entre 30 metros e 34 metros, dependendo do modelo e do ano de fabricação.

C-130A HERCULES

Esse é o modelo original da família Lockheed C-130 Hercules, projetado pelo engenheiro aeronáutico americano Willis Hawkins, com capacidade para até 64 combatentes paraquedistas ou até 19 toneladas de carga em seu compartimento principal, com fuselagem com 3,13 metros de largura e 30 metros de comprimento total, do cockpit até o cone de cauda, tracionado pelo então novíssimo motor turboélice Allison T56, desenvolvido especialmente para esse modelo de aeronave militar. A sua fabricação em série foi iniciada em 1956, como o principal substituto do Douglas C-47 Skytrain e Curtis C-46 Commando, antigos modelos de aeronaves bimotoras radiais a pistão.

A sua tração é fornecida por quatro motores turboélice Allison T56-A-9D, com hélices metálicas Aeroproducts, de três pás, com 3.750 shp de potência, em cada motor, totalizando 15.000 shp de potência, o suficiente para que o avião possa operar em pistas de pouso de apenas 1.500 metros de comprimento, mesmo com seu compartimento de carga lotado de combatentes ou com sua carga máxima de payload, com velocidade de cruzeiro de cerca de 500 km/h, teto de serviço de cerca de 7.000 metros e 2.000 quilômetros de alcance.

Mais de 230 unidades do Lockheed C-130A Hercules foram fabricadas até 1959. Ele foi substituído na linha de montagem da fabricante Lockheed Corporation em Marietta, no estado americano da Georgia, pela versão Lockheed C-130B Hercules, com várias melhorias solicitadas pela Força Aérea Americana.

LOCKHEED C-130B HERCULES

Versão melhorada da família Lockheed C-130 Hercules, com maior capacidade de combustível; novo sistema elétrico; motores melhorados Allison T56, com hélices metálicas Hamilton Standard, de quatro pás; e sistema hidráulico com mais pressão de funcionamento, com 3.000 psi.

Algumas sub-versões foram fabricadas, entre eles o Lockheed C-130B-II Hercules, para missões de reconhecimento.

LOCKHEED C-130E HERCULES

Versão de alcance melhorado da família Lockheed C-130 Hercules, lançada em 1962, com maior capacidade de combustível; motores mais potentes Allison T56-A-7A, com hélices Hamilton Standard de quatro pás; sistema hidráulico com pressão de 2.000 psi; estrutura reforçada para suportar o peso extra de combustível; e aviônicos melhorados.

Foi o primeiro modelo da família Lockheed C-130 Hercules comprado pela FAB – Força Aérea Brasileira, em 1964, que chegou a ter 5 unidades dessa versão, de um total de 29 unidades de várias versões de sua esquadra ou frota, modernizadas na década de 2000. Aqui no Brasil, o Lockheed C-130 Hercules, em suas várias versões, foi apelidado carinhosamente de “Gordo” pelos militares e desempenhou funções de lançamento de paraquedistas, reabastecimento em voo, busca e salvamento, transporte de cargas (logística militar) e transporte aéreo de pessoas e de carga em missões de ajuda humanitária, inclusive no Haiti e na Antártida.

A Austrália, a Suécia e a Espanha também optaram por essa versão.

LOCKHEED C-130H HERCULES

Versão melhorada da família Lockheed C-130 Hercules, lançada em 1964 e produzida até 1996, com melhorias nos motores Allison T56-A-15, com potência de 4.590 shp em cada motor; estrutura da asa melhorada; e aviônicos melhorados. Essa versão foi adquirida pela FAB – Força Aérea Brasileira, por meio de uma negociação com a própria Lockheed Corporation e com o Governo da Itália, durante a década de 2000, pois o país europeu pretendia renovar sua esquadra com modelos mais recentes e estava disposto a vender as suas unidades de Lockheed C-130H Hercules por um preço considerado atraente pelo Governo Brasileiro.

As 10 unidades dessa versão, compradas pela FAB – Força Aérea Brasileira, vieram acompanhadas de um amplo pacote de peças de reposição fornecidas pela própria Lockheed Martin.

O principal operador militar dessa versão foi a Força Aérea dos Estados Unidos, mas a Austrália e o Reino Unido também compraram esses modelos, neste caso com o nome Lockheed C-130K Hercules.

Uma sub-versão do Lockheed C-130H Hercules, chamada Lockheed C-130H3 Hercules, foi fabricada, entre 1992 e 1996, com várias melhorias, incluindo a introdução de tecnologias modernas de navegação, como o GPS – Global Positioning System, giroscópios a laser, um radar meteorológico colorido melhorado e sistema de alerta sobre mísseis na área, além de melhorias no sistema elétrico.

LOCKHEED C-130J HERCULES

Conhecido também como Lockheed C-130J Super Hercules, é uma versão melhorada da família Lockheed C-130 Hercules, lançada em 1988, mas com produção seriada iniciada em 1996, para atender um pedido da Força Armadas dos Estados Unidos, em especial o general Duane Cassidy, que reclamou do excesso de complexidade da cabine de comando das versões anteriores da família Lockheed C-130 Hercules, com a necessidade de reduzir o número de tripulantes de cockpit de quatro para dois, com consequente redução dos custos operacionais.

De fato, o general tinha razão, até então eram necessários quatro tripulantes de cabine de comando para operar os aviões da família Lockheed C-130 Hercules, um piloto, um co-piloto, um engenheiro de voo e um navegador. A solução encontrada pela Lockheed Corporation e pela sua sucessora, a Lockheed Martin, foi a introdução do sistema EFIS – Electronic Flight Instrument System, que é um sistema digital de instrumentos de voo, cuja principal característica é a apresentação de informações necessárias ao controle primário da aeronave e à navegação por meio de telas coloridas fixadas no painel de comando, com o uso de computadores para auxiliar a tripulação nas principais tarefas.

De modo geral, o moderno EFIS – Electronic Flight Instrument System é um sistema digital de instrumentos de voo instalado em aeronaves, cuja interface está baseada em tecnologias eletrônicas, em substituição aos clássicos conjuntos de aviônicos analógicos disponíveis como padrão em modelos de aeronaves fabricados até algumas décadas atrás.

Ele é formado por um conjunto de aviônicos que desempenham diversas funcionalidades, entre elas a de navegação, de controle de voo, de meteorologia e de comunicação, com a exibição de dados digitais ou informações em telas coloridas. Ele é uma plataforma de aviônicos que exibe eletronicamente os dados ou informações à tripulação da aeronave, ao contrário das exibições convencionais dos aparelhos analógicos clássicos de bordo, cuja base tecnológica é eletromecânica, com aspecto de interface que lembra vagamente o formato de relógios analógicos.

De modo geral, as versões mais modernas e sofisticadas do EFIS – Electronic Flight Instrument System são formadas pelo PFD – Primary Flight Display, que é uma interface de exibição de dados primários de voo, entre eles o chamado horizonte artificial, pelo MFD – Multi Function Display, que é uma interface complementar de dados de navegação e de meteorologia, e um EICAS – Engine Indicating and Crew Alerting System, que é um sistema para alertar a tripulação sobre os parâmetros de funcionamento dos motores e outros sistemas.

No caso específico do Lockheed C-130J Hercules também foi acrescentado o FMS – Flight Management System ao seu pacote de EFIS – Electronic Flight Instrument System, o que ajudou a reduzir bastante a carga de trabalho da tripulação, com uma navegação mais precisa.

Além dessa melhoria importante, a versão Lockheed C-130J Hercules incorporou novos motores Allison AE2100, mais potentes, com hélices Dowty 391, com seis pás de material composto, e uma estrutura de fuselagem e asas com uma maior quantidade de peças e partes em material composto, embora as partes principais continuaram a ser fabricadas em alumínio e ligas metálicas.

HISTÓRICO OPERACIONAL

O quadrimotor turboélice de logística militar Lockheed C-130 Hercules é um dos modelos de aeronaves militares mais presentes nos contextos de conflitos militares e em tempos de paz desde a década de 1960. É impossível falar em avião militar cargueiro e não falar do Lockheed Hercules e é impossível listar aqui todas as missões de guerra e de paz em que ele participou como uma peça fundamental das esquadras de dezenas de forças aéreas, marinhas e exércitos em todos os continentes, pois são muitas.

Ele atuou em parte da Guerra do Vietnã, esta entre 1955 e 1974, como parte da esquadra americana; Atuou durante a Guerra Indo-Paquistanesa, ou seja, uma guerra de disputa por território entre Índia e Paquistão, neste caso como parte da esquadra do Paquistão, com fuselagem adaptada para atuar como bombardeiro, em 1965; Como parte da esquadra israelense, em uma operação de resgate de cidadãos israelenses, sequestrados em 1976, em um aeroporto de Uganda; Como parte da esquadra da Argentina, durante a Guerra das Malvinas, na região das Ilhas Falklands, em 1982, inclusive com um deles tendo sido abatido por um caça britânico BAe Harrier; Como parte de várias esquadras, durante a Guerra do Golfo, em 1991, contra a tentativa do Iraque em anexar o Kwait; E durante a Guerra no Afeganistão, em 2001, também liderada pelos Estados Unidos, para depor o chamado Regime Talebã, que até então controlava o país; entre muitas outras missões em épocas diferentes.

Em 1963, o Lockheed C-130 Hercules se tornou o maior avião militar a pousar e decolar em um porta-aviões, o USS Forrestal, com 326 metros de comprimento.

MERCADO

O projeto do Lockheed C-130 Hercules é um dos mais bem sucedidos tecnicamente e um dos mais bem aceitos no mercado aeronáutico militar mundial. Até o momento, ele conseguiu acumular mais de 30 milhões de horas de voo em várias forças armadas em todos os continentes do planeta. Ele é um bom turboélice quadrimotor para uso militar, mas é uma aeronave de concepção antiga, e é um quadrimotor, e quadrimotores têm custo operacional mais elevado que bimotores do mesmo tamanho. Está configurada então a oportunidade de entrada da Embraer e da Boeing nessa faixa de mercado, por meio de uma nova joint venture para comercializar o Embraer C-390 Millennium.

O projeto do Lockheed C-130 Hercules tem uma importância histórica no contexto da aviação militar pelo mérito de ter possibilitado a introdução da tecnologia de motorização turboélice na indústria aeronáutica militar e, consequente, ter viabilizado a integração da versão civil do motor turboélice Allison T56 na indústria aeronáutica civil, com o motor Allison 501, embora este não tenha sido o primeiro motor turboélice civil da história.

Atualmente, mais da metade das 2.500 unidades de Lockheed C-130 Hercules ainda estão em atividade e/ou em condições de voo, inclusive desempenhando funções cargueiras e de combate a incêndios florestais.

FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

LOCKHEED C-130H HERCULES
  • Capacidade: Até 90 passageiros civis (alta densidade);
  • Capacidade: Até 64 combatentes paraquedistas;
  • Capacidade: Até 15 pacientes em macas, com três médicos ou paramédicos;
  • Capacidade: Até 6 paletes padrão;
  • Tripulação de cockpit: 1 piloto, 1 co-piloto, 1 engenheiro de voo e 1 navegador;
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 500 km / h;
  • Comprimento (C-130H): Aprox. 30 metros;
  • Comprimento (C-130H-30): Aprox. 34 metros;
  • Envergadura: Aprox. 40 metros;
  • Altura: Aprox. 12 metros;
  • Motorização: 4 X Allison T56-A-15 (4.590 shp / cada);
  • Hélices: Hamilton Standard 54H60, de 4 pás metálicas;
  • Teto de serviço: Aprox. 7.000 metros (com carga máxima);
  • Teto de serviço: Aprox. 10.000 metros (com metade do payload);
  • Vida útil da célula: Aprox.
  • Pista de pouso: Aprox. 1.500 metros (carga máxima / dias quentes);
  • Alcance: Aprox. 3.800 quilômetros (metade do payload / 75% potência / com reservas);
  • Peso máximo de decolagem: Aprox. 70.000 kg;

TRÊS VISTAS


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lockheed_C-130_Hercules
  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Lockheed_C-130_Hercules
  • Wikimedia: Imagens

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