PIPER NAVAJO

PIPER PA-31 NAVAJO
EMBRAER EMB-820 NAVAJO
EMBRAER EMB-821 CARAJÁ

INTRODUÇÃO

Logo acima, o Piper Navajo Chietfain, a versão alongada criada a partir do modelo Piper Navajo original, mais curto, uma alternativa razoável aos bimotores turboélice. Logo abaixo, o Piper Navajo, a versão curta do bimotor a pistão fabricado a partir da década de 1960, um sucesso de vendas.
O Piper Navajo é uma aeronave bimotor executiva a pistão de pequeno porte, com capacidade para transportar seis ou oito passageiros em viagens intermunicipais e interestaduais (rotas domésticas), dependendo da versão e da configuração de assentos adotada, criada, desenvolvida e fabricada nos Estados Unidos pela Piper Aircraft a partir da década de 1960 e interrompida na década de 1980, cuja proposta na época era a de oferecer a agropecuaristas e agricultores, empresários e executivos americanos e de outros países uma alternativa mais acessível que aviões bimotores turboélices.

A aeronave também foi produzida no Brasil sob licenciamento pela Embraer até a década de 1980.

A Piper Aircraft é uma grande e tradicional empresa norte-americana fabricante de aviões leves a pistão, monomotores e bimotores, atualmente sediada em Vero Beech, no estado da Flórida, nos Estados Unidos. Desde sua fundação em 1937, por William Piper, a empresa já fabricou mais de 140.000 aviões, entre monomotores e bimotores, entre tracionados por motores a pistão e turboélices. Atualmente, há mais de 90.000 aviões fabricados pela Piper Aircraft em condições normais de operação, nos cinco continentes do planeta.

As principais concorrentes da Piper Aircraft no mercado mundial de aviões leves a pistão são a Beechcraft Corporation, a Cessna Aircraft, a Cirrus Aircraft e a Mooney Aircraft, essas quatro nos Estados Unidos, a Daher Socata, da França, e a Vulcanair, da Itália.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
O Piper Navajo e suas várias versões posteriores foram criados e desenvolvidos a partir da década de 1960 após decisão do então proprietário da empresa William Piper, cujo objetivo era atender a demanda na época por aeronaves maiores e mais confortáveis que os modelos bimotores a pistão de pequeno porte fabricados até então pela Piper Aircraft e pelos seus concorrentes.

O projeto do Piper Navajo foi lançado oficialmente a partir de 1964, mas as primeiras entregas do modelo original Piper Navajo foram realizadas em 1967. 

De modo geral, considerando aviões fabricados pela Piper e pelos seus concorrentes, entre as várias vantagens técnicas apresentadas pelos aviões de propulsão turboélice, monomotores e bimotores, incluem-se a altitude mais elevada de cruzeiro e a velocidade mais elevada de cruzeiro. Nesse aspecto de comparação, o único problema dos aviões turboélice bimotores de pequeno porte é o custo operacional mais alto, se comparado com aeronaves de tamanho similar com motores a pistão.

O Piper Navajo é um projeto totalmente original da década de 1960. É uma aeronave de asa baixa, trem de pouso triciclo retrátil e construção em alumínio e ligas metálicas. A grande maioria das unidades de Piper Navajo, conhecida também como Piper PA-31 Navajo, foi fabricada sem pressurização e sem toalete. A grande maioria dos modelos Piper Navajo é tracionada por motores a pistão Lycoming com hélices de três pás.

A configuração básica de assentos adotada no Piper PA-31 Navajo é de sete assentos, incluindo o assento para o piloto, com corredor central na cabine de passageiros. Muitas unidades disponíveis no mercado de aeronaves usadas estão equipadas com um assento adicional com vaso sanitário embutido na parte de trás da cabine de passageiros, não exatamente uma toalete. A velocidade de cruzeiro ficou limitada a cerca de 300 km / h na versão curta com motor aspirado, o Piper PA-31-300 Navajo,  e cerca de 350 km / h na versão curta com turbo, Piper PA-31-310 Navajo.

Nos primeiros anos de fabricação, havia a opção de motorização Lycoming IO-540 aspirado de 300 hp, e, posteriormente, foi disponibilizada a motorização Lycoming TIO-540 turbo de 310 hp. De qualquer forma, a proposta de uma aeronave executiva mais barata e econômica pela Piper foi bem aceita no mercado aeronáutico mundial, um grande sucesso de vendas com quase 4.000 aeronaves vendidas nas décadas de 1960, 1970 e 1980, incluindo as versões licenciadas para fabricação em outros países, incluindo o Brasil, Argentina e Colômbia.

Posteriormente, alguns anos depois, foram criadas mais algumas versões do Navajo, incluindo as versões Piper PA-31-350 Navajo Chieftain, que foi introduzida no mercado com motores com turbocompressor e injeção direta Lycoming TIO-540 de 350 hp, com hélices contra-rotativas, e a versão PA-31P ou P-Navajo (P de pressurizado), com motores Lycoming TIGO-541 de 425 hp.

O Piper PA-31-350 Navajo Chieftain (pronuncia-se Tíftén) foi lançado na década de 1970, com motor turbo mais potente de 350 hp, com um aumento de aproximadamente 60 centímetros de comprimento na cabine de passageiros, com capacidade aumentada para até oito passageiros, com uma porta de acesso para passageiros na parte traseira esquerda da fuselagem, com escada embutida.

O Navajo pressurizado, por sua vez, ganhou reforços na estrutura e um motor de 425 hp.

NO BRASIL
A partir de 1976, a Embraer produziu no Brasil, sob licença da Piper, o modelo Embraer EMB-820 Navajo, a versão brasileira do Piper PA-31 Navajo Chieftain, que foi carinhosamente apelidada dentro do meio aeronáutico brasileiro de "Navajão". Também no Brasil, foi projetada uma versão adaptada para maior velocidade de cruzeiro, com motores turboélice Pratt & Whitney PT6-A, que recebeu a denominação Embraer EMB-821 Carajá.


O bimotor turboélice Embraer EMB-821 Carajá é uma versão modificada do Embraer EMB-820 Navajo, que por sua vez é a versão brasileira do Piper PA-31 Navajo Chieftain.

Sobre o projeto do Embraer EMB-820 Navajo foi realizado um trabalho de retrofit desenvolvido pela empresa americana Schafer Aircraft Modifications, com a retirada dos motores a pistão Lycoming TIO-540 e a sua substituição definitiva pelos motores turboélice Pratt & Whitney PT6-A, com a consequente melhoria de performance. No entanto, a parte de implementação do retrofit foi realizada em solo brasileiro, pela Embraer e pela Neiva.

O retrofit consistia em uma modificação nos berços dos motores para realizar a troca dos motores a pistão pelos motores turboélice, resultando em cerca de 50% a mais de potência, com consequente aumento da velocidade de cruzeiro de cerca de 350 km / h na versão Embraer EMB-820 Navajo para cerca de 400 km / h na versão Embraer EMB-821 Carajá.

Para se tornar um Embraer EMB-821 Carajá, as unidades de Embraer EMB-820 Navajo passavam também por outras modificações, incluindo a troca do sistema hidráulico, instalação de equipamentos de ar condicionado quente e frio, introdução de isolantes acústicos, trens de pouso reforçados para suportar o peso extra de combustível para melhorar o alcance.

Foram fabricadas no Brasil, de 1976 até 1983, mais de 130 unidades de Embraer EMB-820 Navajo, e algumas dezenas delas foram submetidas ao retrofit para Embraer EMB-821 Carajá. Ainda hoje é possível encontrar no Brasil uma boa quantidade de aeronaves Piper Navajo e Embraer Navajo no mercado de aeronaves usadas, por preços bem razoáveis e em bom estado de conservação.

MERCADO
O trem de pouso do Piper Navajo tem amortecedores de longo curso e pela capacidade de pousar e decolar em pistas de pouso sem pavimentação é usado por agropecuaristas como o meio de transporte para visitas às suas fazendas e também por empresários e executivos para visitas às filiais de empresas, fornecedores e revendedores.

Desde 1967 foram fabricadas mais de 1.700 unidades das versões Piper PA-31-310 Navajo e Piper PA-31-325 Navajo, as versões curtas do Piper Navajo. Foram fabricadas também mais de 250 unidades do Piper PA-31P Navajo, a versão pressurizada do Piper Navajo. Poucas unidades do Piper PA-31-300 Navajo com motorização aspirada foram fabricadas, apenas 14 unidades.

A pedido de companhias aéreas regionais americanas, a Piper projetou e fabricou as versões Piper PA-31-350 T1020 Navajo e Piper PA-31-350 T1040 Navajo, com fuselagens e motores semelhantes ao do Piper Navajo Chieftain, entretanto com capacidade aumentada para 12 passageiros, porém com capacidades reduzidas de combustível e de bagagem. Cerca de 100 unidades dessas versões foram fabricadas.

SEGURANÇA DE VOO

Considerando todas as 3.942 unidades de série fabricadas a partir de 1967, o Piper PA-31 Navajo, em suas mais variadas versões, incluindo as unidades fabricadas sob licença no Brasil, na Argentina e na Colômbia, se envolveu e / ou foi envolvido em 367 acidentes graves com vítimas fatais, o equivalente a 9% do número total de aeronaves fabricadas.

Entre os acidentes sem vítimas fatais, o de maior repercussão no Brasil aconteceu em 2015, no município de Rochedo, a cerca de 30 quilômetros da cidade de Campo Grande, no qual um Embraer EMB-821 Carajá da empresa Mato Grosso do Sul Taxi Aéreo se envolveu ou foi envolvido em um pouso forçado sobre uma área aberta de pasto após a parada dos dois motores da aeronave.

A aeronave transportava nove pessoas no total, o piloto e o co-piloto, o apresentador de TV Luciano Huck, sua família e as duas babás de seus filhos. Felizmente, nenhum dos ocupantes da aeronave foi ferido gravemente. As causas do acidente estão sendo investigadas pelo CENIPA – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

Resumo dos acidentes ocorridos em território brasileiro:
  • 1978 - Piper PA-31 Navajo - São Paulo / SP - Perda de controle na aproximação - 3 mortos;
  • 1980 - Piper PA-31 Navajo - Barbacena / MG - CFIT / Aproximação mal sucedida sob mau tempo - 6 mortos;
  • 1984 - Piper PA-31-350 Chieftain - Campo de Marte / SP - 7 mortos;
  • 1984 - Piper PA-31-350 Chieftain - Aripuanã / MG - 8 mortos;
  • 2001 - Embraer EMB-820 Navajo - Jequié / BA - CFIT / Aproximação mal sucedida sob mau tempo - 2 mortos;
  • 2001 - Embraer EMB-820 Navajo - Varginha / MG - Falha em um dos motores após a decolagem, durante a subida, resultando em perda de controle - Sem fatalidades;
  • 2001 - Embraer EMB-820 Navajo - Aeroporto de Congonhas / SP - Perda de controle no ar, após pouso com arremetida - 1 morto;
  • 2001 - Embraer EMB-820 Navajo - Curitiba / PR - Perda de controle já sobre a pista de pouso, ultrapassando a pista e colidindo com muro - Sem fatalidades;
  • 2001 - Embraer EMB-820 Navajo - Brasília / DF - Falha nos dois motores - Sem fatalidades;
  • 2002 - Embraer EMB-820 Navajo - Fernandópolis / SP - Perda de controle no ar, por pessoa sem habilitação e sem treinamento adequado - 1 morto;
  • 2003 - Embraer EMB-820 Navajo - Aeroporto Pampulha / MG - Falha em um dos motores - 4 mortos;
  • 2008 - Embraer EMB-820 Navajo - Lençóis / BA - CFIT / Aproximação mal sucedida sob mau tempo - 2 mortos;
  • 2011 - Embraer EMB-820 Navajo - Arapongas / PR - Falha em um dos motores, com pouso precário em canavial - Sem fatalidades;
  • 2011 - Embraer EMB-820 Navajo - Belém / PA - Falha nos dois motores, com pouso precário em área rural - Sem fatalidades;
  • 2012 - Embraer EMB-820 Navajo - Espinosa / MG - Falha nos dois motores - 1 morto;
  • 2012 - Piper PA-31-310 Navajo - Aeroporto Roberto Marinho / Jacarepaguá  / RJ - Sem fatalidades;
  • 2012 - Piper PA-31 Navajo - Aruanã / GO - Falha em um dos motores, com pouso precário em área rural - Sem fatalidades;
  • 2016 - Embraer EMB-820 Navajo - Santa Izabel / SP - Falha em um dos motores - Sem fatalidades;

FICHA TÉCNICA
  • Pista de pouso: Aprox. 1.200 metros (lotado / dias quentes / tanques cheios);
  • Capacidade (Navajo PA-31): 6 passageiros;
  • Capacidade (Navajo Chieftain): 8 passageiros;
  • Velocidade de cruzeiro (Navajo PA-31-300): Aprox. 300 km / h (300 hp);
  • Velocidade de cruzeiro (Navajo PA-31-310): Aprox. 350 km / h (350 hp);
  • Velocidade de cruzeiro (Navajo Chieftain): Aprox. 350 km / h (350 hp);
  • Velocidade de cruzeiro (P-Navajo): Aprox. 380 km / h (380 hp);
  • Comprimento (curto): Aprox. 10 metros;
  • Comprimento (Chieftain): Aprox. 10,6 metros;
  • Envergadura (curto): Aprox. 12,4 metros;
  • Envergadura (Chieftain): Aprox. 13 metros;
  • Altura (curto): Aprox. 4 metros;
  • Altura (Chieftain): Aprox. 4 metros;
  • Motorização (Navajo PA-31-300): 2 X Lycoming IO 540 aspirado (300 hp / cada);
  • Motorização (Navajo PA-31-310): 2 X Lycoming TIO 540 turbo (310 hp / cada);
  • Motorização (Navajo PA-31-325): 2 X Lycoming TIO 540 turbo (325 hp / cada);
  • Motorização (Navajo Chieftain): 2 X Lycoming TIO 540 turbo (350 hp / cada);
  • Motorização (P-Navajo): 2 X Lycoming TIGO 541 (425 hp /cada);
  • Motorização (Carajá): 2 X Pratt & Whitney PT6 (550 shp / cada);
  • Hélices (curto): Hartzell (três pás);
  • Hélices (Chieftain): Hartzell (três pás);
  • Peso máximo de decolagem (PA-31-310): Aprox. 2.800 kg;
  • Peso máximo de decolagem (Chieftain): Aprox. 3.100 kg;
  • Peso máximo de decolagem (P-Navajo): Aprox. 3.500 kg;
  • Peso máximo de decolagem (Carajá): Aprox. 2.400 kg;
  • Teto de serviço (aspirado): Aprox. 5.000 metros;
  • Teto de serviço (turbo): Aprox. 6.500 metros;
  • Teto de serviço (pressurizado): Aprox. 8.500 metros;
  • Alcance (PA-31-310): Aprox. 1.800 quilômetros;
  • Alcance (P-Navajo): Aprox. 1.600 quilômetros;
  • Preço (Chieftain): Aprox. US$ 
  • Preço (PA-31-310): Aprox. US$ 210 mil (usado / bom estado de conservação);
  • Preço (EMB-820): Aprox. US$ 180 mil (usado / bom estado de conservação);
  • Preço (Carajá): Aprox. US$ 480 mil (usado / bom estado de conservação);

ONDE COMPRAR

TRÊS VISTAS



GALERIA DE IMAGENS

Logo acima, com um olhar atento percebe-se que o Piper PA-31-310 Navajo é a versão mais curta do bimotor a pistão fabricado pela Piper, com cinco janelas laterais, enquanto o Piper PA-31-350 Chieftain, logo abaixo, é a versão alongada, com 60 centímetros a mais de comprimento de fuselagem, com seis janelas laterais



Logo acima, o motor a pistão Lycoming TIO-540, com 350 hp de potência. Logo abaixo, um painel típico do Piper Navajo Chieftain, com vários instrumentos analógicos, mas homologado para voos por instrumentos.




Logo acima, entrada e saída de passageiros facilitada por uma ampla porta lateral com escada. Logo abaixo, pousos e decolagens em pistas curtas, com ou sem pavimentação.



VEJA TAMBÉM


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Piper_Navajo
  • Revista Voar
  • Wikimedia: Imagens

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