AIRBUS A300

AIRBUS A300B2 (A PARTIR DE 1974)
AIRBUS A300B4 (A PARTIR DE 1975)
AIRBUS A300-600 (A PARTIR DE 1983)
AIRBUS BELUGA (CARGUEIRO)

INTRODUÇÃO
Logo acima, o Airbus A300 da companhia aérea tailandesa Thai Airways, a maior companhia aérea da Tailândia, uma entre várias operadoras asiáticas que adotaram o modelo em suas rotas internacionais, utilizado de forma intensiva na década de 1980. Logo abaixo, o interior de classe econômica um Airbus A300 da companhia aérea alemã Lufthansa, uma das maiores companhia aéreas do mundo na época e atualmente.

O Airbus A300 é uma bem sucedida aeronave comercial bimotor de grande porte e fuselagem larga, com motorização turbofan e com capacidade para transportar entre 250 e 350 passageiros, dependendo da versão e da configuração de assentos adotada, em viagens internacionais, nas primeiras versões, e em viagens internacionais e intercontinentais, nas versões posteriores, criada e desenvolvida nas décadas de 1960 e 1970 e fabricada em larga escala na França pela Airbus Industrie a partir da década de 1970.

Ele foi o primeiro jato comercial bimotor de fuselagem larga ou widebody da história da aviação comercial, foi o primeiro avião comercial fabricado pela então recém criada Airbus Industrie, um consórcio aeronáutico e aeroespacial formado por grandes e tradicionais fabricantes europeias, principalmente da França, da Alemanha, da Espanha e do Reino Unido, e foi um dos pioneiros na introdução do sistema de controle de voo fly-by-wire, um avanço para a época.

Durante a década de 1980, o seu principal concorrente no mercado mundial de aviação comercial foi o americano Boeing 767, um modelo popular de jato bimotor para transporte internacional e intercontinental de passageiros.

A AIRBUS GROUP
A gigante fabricante europeia Airbus S.A.S. é uma grande fabricante europeia de aeronaves comerciais para transporte de passageiros e cargas. Ela está atualmente sediada em Blaignac, na França, e possui fábricas em várias partes do mundo, incluindo Alemanha, Espanha, Estados Unidos e China. Comparando unidades fabricadas e entregues em 2015, ela é a segunda maior fabricante de jatos comerciais de grande porte para transporte doméstico, internacional e intercontinental de passageiros no mundo, disputando ano após ano a liderança do mercado mundial com a gigante norte americana Boeing, a maior fabricante do mundo em 2015, que, por sua vez, fabricou e entregou 762 unidades.

Com mais de 45 anos de vida, a Airbus S.A.S. é uma das mais tradicionais e mais conhecidas fabricantes de aeronaves comerciais do planeta. Ela foi fundada no início da década de 1970, inicialmente como Airbus Industrie na França pelas empresas aeroespaciais Aerospatiale e Sud Aviation, ambas da França e pela Deutche Airbus, da Alemanha. Posteriormente, anos depois, ainda na década de 1970, outras empresas passaram a fazer parte do consórcio Airbus Industrie, incluindo a fabricante espanhola de aeronaves CASA – Construcciones Aeronauticas e a fabricante inglesa de aeronaves British Aerospace.

Em 2015, a Airbus S.A.S. foi a segunda maior fabricante de jatos comerciais do planeta, com 635 unidades fabricadas e entregues aos seus operadores. Atualmente, ela é uma das mais respeitadas fabricantes de aviões comerciais para transporte de passageiros no mundo. A Airbus S.A.S. é propriedade da corporação europeia Airbus Group, sediada na Holanda, que controla também uma das maiores fabricantes de helicópteros do mundo, a Airbus Helicopters.

A Airbus Group é a holding gigante com mais de US$ 70 bilhões de faturamento anual em 2015. Ela controla também a Airbus Defense and Space, que fabrica o lançador de satélites Ariane, um dos maiores e mais potentes do mundo. A Airbus Group é uma corporação europeia de capital aberto que controla também a Astrium, uma fabricantes de satélites.

A Airbus Military é outra subsidiária da Airbus Defense e Space, que fabrica vários produtos para uso militar, entre eles o quadrimotor turboélice de grande porte A400M, para transporte logístico militar de soldados, cargas militares e reabastecimento em voo. A Airbus Group possui uma importante participação societária na ATR, a fabricante do turboélice bimotor regional ATR-72, usado intensivamente no Brasil pela Azul Linhas Aéreas e pela Passaredo.

O CASA C295, um bimotor turboélice para uso militar de logística, usado pela FAB – Força Aérea Brasileira, é mais um exemplo de produto fabricado em larga escala pela Airbus Military. A Airbus Group possui também uma participação societária importante na Dassault Aviation, que fabrica na França os jatos executivos Falcon e o caça militar Rafale.

A Aerospatiale / Matra da França, a Daimler / DASA da Alemanha e a CASA da Espanha formaram no início da década de 2000 o consórcio aeroespacial EADS, que, posteriormente, em 2014, após uma variedade de fusões e aquisições, se tornou a Airbus Group, a corporação proprietária da Airbus Industrie ou Airbus S.A.S.

A Airbus Group, conhecida anteriormente como EADS, concorre diretamente com a Boeing no mercado aeroespacial, de transporte aéreo comercial e de defesa. Somando os números de entregas de jatos comerciais fabricados pela Airbus S.A.S. em 2015 e de entregas dos aviões turboélice ATR no mesmo ano, a Airbus Group totalizou mais de 730 unidades entregues de aviões comerciais em quase todo o planeta, ressaltando que a Boeing não fabrica turboélices regionais.

A terceira e a quarta maiores fabricantes de aeronaves comerciais do planeta são a brasileira Embraer e a canadense Bombardier, respectivamente, entretanto nenhuma dessas duas concorre diretamente com a Boeing e com a Airbus S.A.S., que fabricam somente jatos comerciais de grande porte.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Logo acima, o exemplar Airbus A300 da companhia aérea Qatar Airways, a maior companhia aérea do Catar, um país do Oriente Médio. Logo abaixo, a cabine de comando ou cockpit de uma das primeiras versões do Airbus A300, com conjunto de aviônicos predominantemente analógico, inicialmente com três tripulante na cabine e, posteriormente, nas versões posteriores, com dois tripulantes, piloto e co-piloto.

O jato pioneiro Airbus A300B4 é uma das mais bem sucedidas versões da família Airbus A300. Ele é uma típica aeronave comercial bimotor de grande porte com fuselagem larga com dois corredores, ou widebody, em inglês, de alcance internacional e com motorização turbofan com alta taxa de bypass, com capacidade para transportar entre 250 e 350 passageiros, dependendo da configuração de assentos adotada, com construção convencional em alumínio, aço e titânio. Ele foi uma das mais populares aeronaves de grande porte da história da aviação comercial, com uma produção em série de aproximadamente 10 anos, com mais de 200 unidades fabricadas desde a década de 1970.

O Airbus A300B2 e o Airbus A300B4 têm o mérito de ser os primeiros jatos bimotores widebody projetados para viagens domésticas e internacionais da história da aviação, com capacidade para mais de 250 passageiros. O Airbus A300B4 foi usado como base pela Airbus Industrie para criação da sua versão encurtada Airbus A310, também um sucesso de vendas, com capacidade reduzida para 200 até 250 passageiros, dependendo da configuração adotada. Os dois modelos de aeronaves widebody (ponuncia-se uaidbóri) podem ser identificados pelo seus aspectos externos com o formato ou aparência convencional com asas baixas enflechadas com grandes motores turbofan fixados nelas, estabilizadores horizontal e vertical convencionais fixados nos respectivos cones de cauda e trem de pouso alto.

As primeiras unidades da família Airbus A300, na prática protótipos de testes, ensaios e demonstração, receberam a denominação Airbus A300B1, com poucas unidades produzidas. O Airbus A300B2, por exemplo, uma versão alongada do modelo original Airbus A300B1, este um projeto totalmente original e o primeiro modelo da família Airbus A300 e aquele a primeira versão de série da mesma família, possui capacidade para transportar cerca de 250 passageiros. O Airbus A300B2 começou a ser fabricado em série a partir de 1973 e o seu primeiro operador foi a companhia aérea francesa Air France, que encomendou um lote inicial de seis unidades.

As vendas não estavam ruins, mas na sequência, para impulsionar definitivamente as vendas do bimotor widebody ainda na década de 1970, a Airbus Industrie decidiu pela criação de uma versão melhorada da família, o Airbus A300B4, utilizando como base o Airbus A300B2, mas com uma variedade de melhorias, incluindo a capacidade total dos tanques de combustível aumentada, de 43 mil litros para 54 mil litros, flaps do tipo Krueger, para melhorar o desempenho em pousos e decolagens, e motores General Electric CF6-50C2 com potência ou empuxo aumentado para 53.000 libras em cada motor, em substituição aos motores General Electric CF6-50C de 50.000 libras de empuxo em cada motor.

Essa melhora de desempenho deslanchou de vez as vendas do Airbus A300, que se tornou o pioneiro widebody em viagens domésticas e internacionais com dois motores, enquanto nos Estados Unidos os fabricantes se concentravam em fabricar trimotores e quadrimotores para viagens intercontinentais transoceânicas e bimotores de um corredor na cabine de passageiros para viagens domésticas e internacionais dentro dos respectivos continentes. Coincidência ou não, a crise do petróleo da década de 1970 também foi um dos fatores que impulsionaram as vendas do Airbus A300, já que aviões bimotores consomem menos combustível que aviões trimotores e quadrimotores.

As asas de perfil supercrítico projetadas para o Airbus A300 proporcionavam e ainda proporcionam ao modelo uma performance razoável para operar em pistas de pouso com comprimento entre 2.000 metros e 3.000 metros, dependendo do peso de decolagem da aeronave, da temperatura ambiente e da altitude da pista de pouso. Essa foi uma das principais características do Airbus A300 e uma das razões para o seu sucesso no mercado mundial de aviação comercial.

Além disso, o conceito de motores turbofan com alta taxa de bypass já era bem visto naquela época e são unanimidade na indústria aeronáutica civil da atualidade, eles movimentam grandes volumes de ar por meio de seus grandes ventiladores ou, mais precisamente, na linguagem técnica, por meio de seus fans de grande diâmetro. Os aviões a jato mais modernos tendem a possuir turbofans com diâmetro maior pois são mais eficientes, fazem menos ruído, consomem menos combustível e emitem menos poluentes que os motores com baixa taxa de bypass.

De modo geral, quanto maior a capacidade da aeronave transportar passageiros maior é o aproveitamento dos slots ou autorizações de pousos e decolagens em aeroportos de grandes metrópoles. Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, o Airbus A300 permitiu a otimização dos slots disponíveis nos aeroportos norte americanos e europeus. No Brasil, o comandante Omar Fontana, dono da Transbrasil, queria comprar o Airbus A300 mas não conseguiu, esbarrou em algumas questões burocráticas. Por outro lado, as companhias aéreas Varig - Viação Aérea Rio Grandense, VASP - Viação Aérea São Paulo e Cruzeiro conseguiram autorização para operar o Airbus A300 aqui, em rotas domésticas e internacionais.

O Airbus A300 foi considerado por duas décadas seguidas uma referência em tecnologia e qualidade para o transporte aéreo doméstico e internacional de passageiros. Ele foi um dos primeiros modelos de aeronaves comerciais no mundo a introduzir na década de 1980 uma das primeiras versões do EFIS – Electronic Flight Instrument System na cabine de comando. Também foi um dos protagonistas do mercado aeronáutico com a introdução do FMC / FMS, o sistema de gerenciamento computadorizado de voo, que reduziu drasticamente a carga de trabalho da tripulação, eliminando inclusive uma parte significativa dos cálculos manuais de navegação, balanceamento, regime de funcionamento do motor, velocidades de aproximação e decolagem, consumo de combustível, entre outros cálculos.

Outra novidade introduzida no mercado pelo Airbus A300, o sistema eletrônico para identificar wind shears em pleno voo, tornou o Airbus A300 um dos pioneiros do uso da alta tecnologia na aviação, um ponto de referência para o mercado aeronáutico, um exemplo a ser seguido pelos demais fabricantes.

A sofisticada versão Airbus A300-600 foi lançada pela Airbus Industrie na década de 1980. Ela possuía uma fuselagem um pouco mais comprida em relação às versões anteriores, um número maior de peças, partes e componentes em material composto, para reduzir o peso total do conjunto e melhorar ainda mais a eficiência da aeronave no consumo de combustível. O Airbus A300-600 finalmente possibilitou a dispensa do engenheiro de voo na cabine de comando dos grandes aviões a jato comerciais e foi o primeiro jato comercial de grande porte a ser controlado a partir da cabine de comando pelo sistema de transmissão de comandos de voo fly-by-wire para os atuadores hidráulicos.

HISTÓRIA
Logo acima, mais um exemplo de configuração de assentos em classe econômica do Airbus A300, com nove assentos por fileira, separados por dois corredores, com cerca de 80 centímetros de espaçamento por fileira, que pode ser aumentado para 85 centímetros em configuração de média densidade. Logo abaixo, o primeiro Airbus A300 operado na América Latina, pela companhia aérea Aerocondor, da Colômbia, a partir de 1977.

O Airbus A300 foi criado a partir da percepção dos investidores e executivos de vários nomes respeitados da indústria aeronáutica europeia sobre o aumento do tráfego aéreo comercial doméstico e internacional de passageiros e cargas em todo mundo nas décadas de 1960 e 1970, incluindo sobre o aumento de tráfego nos Estados Unidos e na Europa. Entre esses investidores estavam acionistas / sócios e executivos da Aerospatiale, da Sud Aviation, da Hawker Siddeley, da Deutsche Airbus (uma sociedade formada por várias empresas alemãs) e da CASA.

Na época já havia concorrência entre as fabricantes americanas e europeias de aviões bimotores de médio e grande portes para transporte doméstico de passageiros, e os principais modelos para transporte doméstico oferecidos às companhias aéreas pelas fabricantes britânica British Aircraft Corporation, francesa Sud Aviation e americanas Douglas Aircraft e Boeing eram o BAC-111, o Caravelle, o Douglas DC-9 e o Boeing 737, respectivamente.

A base conceitual escolhida pelos fabricantes europeus para a criação, desenvolvimento e fabricação em série de uma nova aeronave comercial para transporte de passageiros para atender essa demanda crescente foi a configuração convencional de fuselagem widebody, com dois corredores e até oito assentos por fileira em classe econômica, asas enflechadas, com motores fixados nas asas, um de cada lado, e cauda convencional, com estabilizadores fixados. Um modelo conceitual prévio criado a partir de uma folha de papel em branco foi escolhido para o início dos trabalhos, chamado HBN 100, criado por projetistas europeus da Hawker Siddeley, da Nord Aviation e da Breguet Aviation

Vários conceitos de estruturas e sistemas hidráulicos, elétricos, eletrônicos, pneumáticos e mecânicos criados e desenvolvidos para o Airbus A300 tiveram ênfase em eficiência e, em alguns pontos, até um certo grau de simplicidade pelos projetistas da Airbus Industrie. A cabine de comando do Airbus A300, por exemplo, ainda hoje é considerada pela comunidade aeronáutica a primeira entre os grandes aviões comerciais em que se percebe claramente a tendência ou intenção de reduzir ao mínimo possível a necessidade do engenheiro de voo, ou até mesmo dispensá-lo, ideia que foi seguida nas décadas posteriores pelos demais fabricantes, até a redução definitiva, anos depois, para dois tripulantes na cabine de comando, o piloto e o co-piloto.

Na década de 1960, foi iniciado o projeto do Airbus A300, inicialmente com o apoio dos governos da França, da Alemanha e do Reino Unido e, posteriormente, anos depois, com o apoio do Governo da Espanha. Em valores atualizados, o custo total do programa Airbus A300 foi de cerca de US$ 5 bilhões, incluindo as fases de criação, desenvolvimento (incluindo certificações) e os investimentos iniciais em instalações, máquinas e equipamentos para produção das aeronaves, mas o esforça e o investimento gigantesco valeu a pena, pois o avião elevou a indústria aeronáutica europeia ao patamar de uma das maiores e mais relevantes do mundo.

Atualmente, as versões do Airbus A300 e do Airbus A310, seu irmão menor, mais curto, não estão ultrapassadas tecnologicamente, ainda é possível usá-los para transportar passageiros e carga, mas a tendência atual e para o futuro é a substituição deles por modelos mais modernos, incluindo o Airbus A330 e o Boeing 777, ambos com certificação ETOPS, e o Airbus A350XWB e Boeing 787, ambos construídos em material composto.

Nas décadas de 1960 e 1970, o mercado aeronáutico mundial, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, estava precisando de aeronaves de maior capacidade para atender a demanda de transporte aéreo em aeroportos de grandes metrópoles, com economia de combustível e bom aproveitamento dos slots disponíveis, ou seja, era necessário aproveitar melhor as autorizações de pousos e decolagens (hotrans) disponíveis em aeroportos muito movimentados. Naquela época ainda não havia as dificuldades para conseguir autorizações de pousos e decolagens como há hoje, mas já era perceptível que algo deveria ser feito no curto e/ou médio prazos no sentido de racionalizar o tráfego aéreo nas grandes metrópoles.

Nos Estados Unidos, por exemplo, entre as primeiras empresas que manifestavam interesse no Airbus A300 estava a gigante American Airlines. Já na Europa Ocidental, uma das primeira interessadas era a Air France, a maior companhia aérea da França. O projeto do Airbus A300 foi liderado pelo engenheiro francês Roger Béteille, pelos projetistas e executivos da então nova Airbus Industrie Henri Ziegler e Felix Kracht e pelo alemão Franz Josef Strauss, na época presidente do conselho de administração da empresa.

Na década de 1970, as responsabilidades sobre a produção seriada do Airbus A300 foram compartilhadas pela França, pela Alemanha, pelo Reino Unido, pela Espanha e pela Holanda. Os franceses produziriam parte da fuselagem, no cockpit ou cabine de comando e os sistemas de controle. Os alemães ficaram responsáveis pela produção de parte da fuselagem, os britânicos pelas asas, os holandeses as superfícies aerodinâmicas de controle e os espanhóis a empenagem traseira. Ele foi um dos primeiros modelos de aeronaves comerciais de grande porte com partes da empenagem traseira em material composto de fibra de vidro.

Inicialmente, o motor escolhido para impulsionar o Airbus A300 foi o CF6 da General Electric, um turbofan de alta derivação ou alto bypass, assim seu diâmetro é maior do que os diâmetros de turbojatos e turbofans com baixa taxa de bypass. Dessa forma, a sua fixação foi feita através de um “pilão” abaixo e à frente do bordo de ataque das asas. Por se tratar de uma aeronave com trem de pouso bem alto, não houve problema de distância da parte inferior do motor em relação ao solo, lembrando que um motor turbofan não pode ficar muito próximo ao solo pois haveria risco de aspirar objetos estranhos ou detritos sobre a pista.

A introdução do novo motor CF6 da General Electric, mais eficiente que motores turbojatos ou turbofan com baixa taxa de bypass que impulsionavam outros modelos de aeronaves de outros fabricantes, resultou num bom nível de eficiência no consumo de combustível e baixo nível de ruído no interior da aeronave, em relação aos concorrentes.

O Airbus A300 foi a primeira aeronave fabricada pela Airbus Industrie, por sua vez criada formalmente em 1970 a partir de uma acordo de parceria entre a francesa Aerospatiale  (empresa resultante da fusão entre a Sud Aviation e a Nord Aviation) e a alemã Deutsche Airbus, anos depois se juntando a eles a espanhola CASA - Construcciones Aeronáuticas e a britânica British Aerospace. A Airbus Industrie foi sediada na França, onde estavam concentrados os trabalhos de criação, desenvolvimento (incluindo testes de voo), Marketing, montagem final e apoio pós-venda aos clientes. Desde então, a empresa não parou de crescer, tornando-se uma gigante do ramo aeronáutico e aeroespacial.

A partir de 1985, a Airbus Industrie passou a enfrentar uma forte concorrência com a Boeing nesse mesmo segmento de bimotores muito grandes. A Boeing já estava desenvolvendo o moderno bimotor Boeing 767 e já oferendo-o às grandes companhias aéreas nos cinco continentes. Embora fosse uma aeronave moderna para sua época, o Airbus A300 ainda não possuía a certificação ETOPS 120 minutos para voos transoceânicos, uma espécie de autorização para sobrevoar oceanos, desertos e florestas. Então deu a lógica, a Boeing ultrapassou a Airbus nas vendas com o seu Boeing 767, deixando para trás o seu principal concorrente Airbus A300 que, posteriormente, alguns anos depois, conseguiu a certificação ETOPS 120 minutos.

O Airbus A300-600 é a mais moderna versão da família Airbus A300, ele foi a primeira versão da família Airbus A300 a conseguir a certificação ETOPS no final da década de 1980. Além disso, já na década de 1990, a Airbus Industrie passou a fabricar o Airbus A330, o bimotor comercial de grande porte com certificação ETOPS, também um sucesso de vendas da Airbus.

A fabricante europeia Airbus Industrie introduziu na versão Airbus A300-600 um número maior de peças, partes e componentes de material composto, incluindo fibra de carbono, para reduzir o peso do conjunto e, assim, tornar a aeronave mais afinada com os novos tempos, com redução do consumo de combustível e aumento de carga paga, inclusive. O material composto foi adotado na fabricão dos spoilers, do leme, nos winglets e nas portas do trem de pouso, inclusive.

Versões militares para reabastecimento aéreo e transporte logístico militar também foram fabricadas.

FAMÍLIA AIRBUS A300

O elegante Airbus A300 é um dos maiores aviões bimotores do mundo, com um dos melhores resultados operacionais da indústria aeronáutica mundial, com alto índice de despachabilidade alcançado nas décadas de 1970 e 1980, com uma das versões com capacidade para percorrer até 7.600 quilômetros, sem paradas para reabastecimento, inclusive sobre oceanos, desertos e florestas. Conhecido também, no meio aeronáutico, como Airbus A30B (Airbus A300B4), Airbus A306 (Airbus A300-600) e Airbus A3ST (Airbus Beluga), ele é impulsionado por dois dos melhores e mais bem sucedidos turbofans da história da indústria aeronáutica mundial, o General Electric CF6, o Pratt & Whitney JT9D e o Pratt & Whitney PW4000, com potências variando entre 50.000 libras e 61.000 libras de empuxo / potência, disponível na decolagem, dependendo do modelo e do ano de fabricação., com capacidade variando entre 250 passageiros e 350 passageiros, dependendo do modelo e da configuração de assentos adotada.

A cabine de comando do Airbus A300-600, a versão mais moderna da família Airbus A300, fabricada a partir de 1983, é tecnológica, mesmo considerando a época em que foi fabricada, inclusive com uma das primeiras versões do conjunto de aviônicos EFIS – Electronic Flight Instrument System e pelo FMC – Flight Management Computer, embora na época com as interfaces disponíveis ainda em tubos de raios catódicos, lembrando que atualmente as interfaces estão disponíveis em telas de cristal líquido.

Atualmente, o Airbus A300 não é mais fabricado. Ele saiu de linha de produção em 2007, mas seus conceito, sua estrutura e parte de seus sistemas foram utilizados como base pela Airbus Industrie para dar origem aos modelos Airbus A330 e Airbus A340.

Foram 15 versões e sub-versões fabricadas, inclusive algumas delas para uso militar:
  • Airbus A300B1 - Protótipo e modelo de produção em série, totalmente original, totalmente novo na época, criado a partir de uma folha de papel em branco, não derivado de nenhum outro modelo de aeronave de produção seriada. Apenas duas unidades fabricadas, operadas pela Trans European Airways, da Bélica, e pela Air Algérie, da Argélie. Ele foi impulsionado pelo motor General Electric CF6;
  • Airbus A300B2 - A primeira versão de produção, impulsionada por motores General Electric CF6 ou Pratt & Wuitney JT9D, operada inicialmente, a partir de 1974, pela Air France e, posteriormente, por outras companhias aéreas, com peso máximo de decolagem de 137.000 kg. Posteriormente, duas sub-versões foram fabricadas, a Airbus A300B2-200, com peso máximo de decolagem aumentado para 142.000 kg, com flaps Krueger (na verdade slats), entrando em serviço, pela primeira vez, pela South African Airways; e a Airbus A300B2-300, com peso máximo de pouso melhorado;
  • Airbus A300B4 - Uma das mais bem sucedidas versões da família Airbus A300, com tanque de combustível adicional, portanto com alcance aumentado para 5.300 quilômetros, com a primeira entrega realizada em 1975, operada inicialmente pela companhia aérea alemã Germanair. Posteriormente, foram colocadas em produção oito sub-versões da Airbus A300B4, incluindo a Airbus A300B4-200, com peso máximo de decolagem aumentado para 165.000 kg; a Airbus A300B4-200FF, com dois tripulantes na cabine de passageiros; e a Airbus A300B4C4, a versão cargueiro. No total, foram fabricadas 248 unidades;
  • Airbus A300-600 - Conhecido também como Airbus A300B4-600, ele foi um das mais bem sucedidas versões da família Airbus A300, impulsionada por motores General Electric CF6-80 ou Pratt & Whitney PW4158, com potências variando entre 56.000 libras e 61.000 libras de empuxo, em cada motor, com uma APU - Auxiliary Power Unit da marca Honeywell, modelo Honeywell 331-250. Várias melhorias foram introduzidas nessa versão, incluindo asa com flaps Fowler de fenda única mais simples. Ela foi introduzida em 1983, operada inicialmente Saudi Arabian Airlines. Várias sub-versões foram fabricadas, incluindo a Airbus A300-600C, uma sub-versão cargueira e a Airbus A300-600R, com alcance aumentado, com a instalação de tanques no estabiliador horizontal. No total, foram fabricadas 313 unidades;
  • Airbus A300-600ST - Conhecido popularmente como Airbus Beluga, é uma versão puramente cargueira da família Airbus A300. ele é operado pela própria Airbus Industrie no transporte de partes de aviões fabricados por ela. O formado de sua fuselagem, com aspecto externo incomum, chama muito a atenção por onde passa;

MERCADO
Logo abaixo, a cabine de comando de uma das primeiras versões do Airbus A300. Logo abaixo, o Airbus A300 da companhia aérea alemã Lufthansa, uma das maiores companhias aéreas europeias na época e, atualmente, uma das maiores do mundo.

Embora pouco conhecida no Brasil, a família Airbus A300 foi um dos mais bem sucedidos projetos de aviões comerciais da indústria aeronáutica, com mais de 560 unidades fabricadas. Ela é a responsável por ter colocado a indústria aeronáutica europeia em evidência, no topo da lista dos maiores, mais respeitados e mais bem sucedidos fabricantes de aviões comerciais de grande porte. Cerca de 10 anos após o início da produção seriada do Airbus A300, em 1984, a Airbus Industrie já havia conquistado uma participação anual de mercado de cerca de 26%, no segmento de aviões comerciais de grande porte, tamanha a aceitação da aeronave. 

O Airbus A300 é um dos maiores best-sellers da indústria aeronáutica mundial, graças a ele as fabricantes British Aerospace, Aerospatiale, CASA e Daimler / DASA passaram a ser lembradas e reconhecidos em todo o mundo como pontos de referência no competitivo mercado mundial de aviação comercial, no qual só conseguem sobreviver as empresas com alto grau de eficiência, custos muito bem controlados, disciplina e alto nível de especialização da tripulação e de mecânicos, alto nível de tecnologia em prol da segurança e do conforto dos passageiros e elevado capital na aquisição e/ou renovação de frota.

Se não fosse o Airbus A300 provavelmente a indústria aeronáutica europeia continuaria tendo um papel secundário no mercado de transporte aéreo. Essa mesma indústria aeronáutica já fazia parte da elite dos construtores, fabricando aeronaves de qualidade reconhecida, mas ela só ganhou lugar de destaque em vendas e lucratividade no mercado mundial graças ao impulso do Airbus A300, enquanto as gigantes americanas Boeing Company e Douglas Aircraft disputavam a liderança do mercado mundial. O Airbus A300 foi o impulso que faltava para a indústria aeronáutica europeia mostrar ao mundo o seu valor, a sua qualidade e a sua tecnologia.

A maioria das unidades de Airbus A300 está sendo substituída pelas companhias aéreas. A maioria dessas companhias está optando pelos modernos Airbus A330, Boeing 777, Airbus A350XWB e Boeing 787. A maioria dos aviões Airbus A300 ainda está em condições de voo e muitos deles estão sendo convertidos em cargueiros por meio de retrofits homologados por autoridades aeronáuticas. De modo geral, um retrofit é uma mudança ou troca de partes, peças e componentes da estrutura e/ou dos sistemas mecânico, hidráulico e elétrico de uma aeronave.

O Airbus A300 foi considerado pelo mercado aeronáutico, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, um dos principais aviões de base para formação da frota das grandes companhias aéreas de aviação comercial, entre elas a American Airlines, a Japan Air System, a Air France, a Eastern Airlines, a Lufthansa, a Pan Am, a Singapore Airlines, a Alitalia, a China Eastern, a Iberia, a Korean Air, a Qatar Airways, a Malaysia Airlines, a China Airlines e a Thai Airways. O Airbus A300 era cerca de 30% mais econômico que um Lockheed L-1011 Tristar e um Douglas DC-10, por exemplo, esses trimotores intercontinentais para transporte comercial de passageiros sobre oceanos, desertos e florestas. Nas décadas seguintes, o Airbus A300 passou a ser substituído pelas grandes companhias aéreas por outros modelos de bimotores ainda mais econômicos e/ou de maior alcance, como o Airbus A330 e Boeing 767, por exemplo.

Com a crise do petróleo na década de 1970, o Airbus A300 passou a ser muito bem visto pelas companhias aéreas porque bimotores, de modo geral, consomem menos combustível que trimotores e quadrimotores. Assim, outros modelos intercontinentais, como Douglas DC-10 e Lockheed L-1011 Tristar, por exemplo, passaram a ser usados mais para viagens intercontinentais, pois eram considerados por autoridades aeronáuticas seguros para essa finalidade.

No total, mais de 860 unidades de Airbus A300 e Airbus A310, este o derivado encurtado fabricado pela Airbus, foram fabricadas e entregues nas décadas de 1970, 1980, 1990 e parte da década de 2000, até o ano de 2007. Foram mais de 560 unidades do Airbus A300 em suas várias versões e mais de 300 unidades do Airbus A310, o derivado com capacidade reduzida para até 250 passageiros em alta densidade. Cerca de 1/3 (um terço) desses aviões das famílias Airbus A300 e Airbus A310 ainda está voando ou está em condições de voo. A tendência de longo prazo é que a maioria deles seja transformada em aviões para transporte de cargas aéreas nos próximos anos, principalmente as unidades fabricadas há mais tempo.

A UPS, com 52 unidades, a Federal Express, com 68 unidades, e a DHL, com 35 unidades, são exemplos de grandes empresas de transporte de cargas aéreas que utilizam intensivamente os aviões da família Airbus A300 no transporte de encomendas expressas. 

NO BRASIL
O Airbus A300 e o seu derivado Airbus A310 tiveram presença discreta no Brasil. A VARIG, a VASP e a Cruzeiro, por exemplo, operavam seus voos domésticos a partir da três hubs principais, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A VARIG e a Cruzeiro compraram um total de quatro unidades de Airbus A300, elas operavam linhas domésticas e internacionais com o avião, principalmente para Manaus, Buenos Aires, Caracas e Miami.

A VASP chegou a operar três unidades de Airbus A300.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
FICHA TÉCNICA

AIRBUS A300 B4
AIRBUS A300 B2
  • Capacidade: Aprox. 350 passageiros (classe única / alta densidade);
  • Capacidade: Aprox. 300 passageiros (classe única / média densidade);
  • Capacidade: Aprox. 250 passageiros (duas classes / baixa densidade);
  • Tripulação: 1 piloto, 1 co-piloto, 1 engenheiro e 6 ou 8 comissárias;
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 850 km / h;
  • Comprimento: Aprox. 53,6 metros;
  • Envergadura: Aprox. 45 metros;
  • Altura: Aprox. 17 metros;
  • Largura da fuselagem: Aprox. 5,6 metros (até 9 assentos, lado a lado);
  • Motorização A300B2 (potência / empuxo): 2 X GE CF6-C (50.000 libras / cada);
  • Motorização A300B4 (potência / empuxo): 2 X GE CF6-C2 (53.000 libras / cada);
  • Motorização A300B4 (potência / empuxo): 2 X PW JT9D (52.000 libras / cada);
  • Porão de carga: Padrão para contêineres LD3, lado a lado;
  • Teto de serviço: Aprox. 12.000 metros;
  • Homologação: FAR Part 25;
  • Homologação: ETOPS 90 minutos, a partir de 1977;
  • Homologação: ETOPS 120 minutos, a partir de 1985;
  • Vida útil: Até 60.000 horas de voo;
  • Alcance A300B4: Aprox. 5.300 quilômetros (lotado / 75% potência / com reservas);
  • Consumo médio (QAV):
  • Consumo médio (QAV):
  • Peso máximo de decolagem (A300B4): Aprox. 165.000 kg;
  • Peso máximo de decolagem (A300B2): Aprox. 157.000 kg;
  • Pista de pouso: Aprox.
  • Preço: Aprox.

AIRBUS A300-600
  • Capacidade: Aprox. 300 passageiros (classe única / alta densidade);
  • Capacidade: Aprox. 270 passageiros (classe única / média densidade);
  • Capacidade: Aprox. 250 passageiros (duas classes);
  • Tripulação: 1 piloto, 1 co-piloto e 6 ou 8 comissárias;
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 850 km / h;
  • Comprimento: Aprox. 54 metros;
  • Envergadura: Aprox. 45 metros;
  • Altura: Aprox. 17 metros;
  • Largura da fuselagem: Aprox. 5,6 metros (até 9 assentos, lado a lado);
  • Motorização (potência / empuxo): 2 X P&W PW4158 (
  • Motorização (potência / empuxo): 2 X GE CF6-C2 (
  • Porão de carga: Padrão para contêineres LD3;
  • Teto de serviço: Aprox. 12.000 metros;
  • Homologação: FAR Part 25;
  • Homologação: ETOPS 120 minutos a partir de 1985;
  • Vida útil: Até 60.000 horas de voo;
  • Alcance: Aprox. 7.600 quilômetros (lotado / 75% potência / com reservas):
  • Consumo médio (QAV):
  • Consumo médio (QAV):
  • Peso máximo de decolagem: Aprox. 171.000 kg;
  • Pista de pouso: Aprox.
  • Preço: Aprox.

SEGURANÇA DE VOO

Estatisticamente, em números aproximados, a aviação comercial e a aviação executiva são os meios de transporte mais seguros que existem, com cerca de três acidentes graves com vítimas fatais para cada um milhão de viagens realizadas, considerando a média mundial. Porém, se forem levados em consideração apenas os números de países desenvolvidos, como Canadá, Estados Unidos, países da Europa Ocidental, o Japão, a Coreia do Sul e a Austrália, os números de acidentes para cada um milhão de viagens são ainda menores, na média cerca de um acidente grave com vítimas fatais.

Até o momento, os modelos da família de aviões comerciais Airbus A300 se envolveram e/ou foram envolvidos em 15 ocorrências graves com vítimas fatais em várias partes do mundo, o equivalente a cerca de 3% do número total de aeronaves fabricadas, portanto trata-se de uma família segura de aviões comerciais, com estatísticas dentro da média dos seus concorrentes ocidentais da mesma época.

VEJA TAMBÉM

REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Airbus_A300
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Airbus
  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Airbus_A300
  • Airbus Group (divulgação): Imagens
  • Wikimedia: Imagens

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