SUD AVIATION CARAVELLE

SUD AVIATION X-210 (PROTÓTIPO)
SUD AVIATION CARAVELLE (ROLLS-ROYCE)
SUD AVIATION IA CARAVELLE (ROLLS-ROYCE)
SUD AVIATION CARAVELLE III (ROLLS-ROYCE)
SUD AVIATION CARAVELLE VI (ROLLS-ROYCE)
SUD AVIATION CARAVELLE VII (GENERAL ELECTRIC)
SUD AVIATION 10R CARAVELLE (PRATT & WHITNEY)
SUD AVIATION 11R CARAVELLE (PRATT & WHITNEY)
AEROSPATIALE 12 SUPER CARAVELLE (PRATT & WHITNEY)

INTRODUÇÃO
Logo acima, uma imagem histórica, o elegante e refinado clássico da era do jato Sud Aviation Caravelle nas cores da companhia aérea brasileira VARIG, uma das maiores do Brasil nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Logo abaixo, mais uma imagem histórica, o jato bimotor para transporte doméstico e internacional de passageiros nas cores da companhia aérea brasileira Cruzeiro, também uma das principais operadoras nacionais do então badalado modelo francês.
O então sofisticado e icônico Sud Aviation Caravelle é uma antiga aeronave comercial bimotor de médio e de grande portes, dependendo da versão, com motorização turbojato e com capacidade para transportar entre 70 e 120 passageiros, dependendo da versão e da configuração de assentos adotada, em viagens interestaduais e internacionais, criada na França na década de 1950, desenvolvida e fabricada em larga escala também na França nas décadas de 1950, 1960 e 1970 pela Sud Aviation, na época uma das mais importantes e confiáveis fabricantes de aeronaves comerciais do planeta.

Na época, os seus principais concorrentes eram o bimotor a jato McDonnell Douglas DC-9, dos Estados Unidos, as primeiras versões dos bimotores a jato Boeing 727 e Boeing 737, também dos Estados Unidos, e o bimotor a jato British Aircraft BAC-111, da Inglaterra.

A SUD AVIATION
A empresa francesa Sud Aviation foi uma grande fabricante de aeronaves comerciais, helicópteros e foguetes, criada na década de 1950 a partir da fusão de duas outras fabricantes francesas, a SNCASE – Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sudest e SNCASO – Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sudouest, e seu primeiro produto comercial foi justamente o bem sucedido Sud Aviation Caravelle.

Em 1970, a Sud Aviation foi fundida com a Nord Aviation, formando então a Aerospatiale, que por sua vez pode ser considerada uma das antecessoras ou predecessoras da EADS – European Aeronautic Defense and Space, conhecida atualmente como Airbus Group, a gigante europeia da indústria aeronáutica e aeroespacial civil e militar, uma das maiores fabricantes de aeronaves comerciais do mundo.

A AIRBUS GROUP
A gigante fabricante europeia Airbus S.A.S. está atualmente sediada em Blaignac, na França. Comparando unidades fabricadas e entregues em 2015, por exemplo, ela foi a segunda maior fabricante de jatos comerciais de grande porte para transporte doméstico, internacional e intercontinental de passageiros no mundo, disputando ano após ano a liderança do mercado mundial com a gigante norte americana Boeing Company, a maior fabricante do mundo em 2015, que, por sua vez, fabricou e entregou 762 unidades.

Com mais de 50 anos de vida, a Airbus S.A.S. é uma das mais tradicionais e mais conhecidas fabricantes de aeronaves comerciais do planeta. Ela foi fundada no início da década de 1970, inicialmente como Airbus Industrie na França pela fabricante aeronáutica e aeroespacial Aerospatiale da França e pela Deutsche Airbus, da Alemanha. Posteriormente, anos depois, ainda na década de 1970, outras empresas passaram a fazer parte do consórcio Airbus Industrie, incluindo a fabricante espanhola de aeronaves CASA – Construcciones Aeronauticas e a fabricante inglesa de aeronaves British Aerospace, esta conhecida anteriormente como British Aircraft.

Em 2015, a Airbus S.A.S. foi a segunda maior fabricante de jatos comerciais do planeta, com 635 unidades fabricadas e entregues aos seus operadores. Atualmente, ela é uma das mais respeitadas fabricantes de aviões comerciais para transporte de passageiros no mundo. A Airbus S.A.S. é propriedade da corporação europeia Airbus Group, sediada na Holanda, que controla também uma das maiores fabricantes de helicópteros do mundo, a Airbus Helicopters, conhecida anteriormente como Eurocopter. Ela também fabrica satélites civis e militares, lançadores de satélites, mísseis e aviões militares.

A Aerospatiale / Matra da França, a Daimler / DASA da Alemanha e a CASA da Espanha formaram no início da década de 2000 o consórcio aeroespacial EADS, que, posteriormente, em 2014, após uma variedade de fusões e aquisições, se tornou a Airbus Group, a corporação proprietária da Airbus Industrie ou Airbus S.A.S.

A Airbus Group concorre diretamente com a Boeing Company no mercado aeroespacial, de transporte aéreo comercial e de defesa. Somando os números de entregas de jatos comerciais fabricados pela Airbus S.A.S. em 2015 e de entregas dos aviões turboélice ATR no mesmo ano, a Airbus Group totalizou mais de 730 unidades entregues de aviões comerciais em quase todo o planeta, ressaltando que a Boeing não fabrica turboélices regionais.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Logo acima, o icônico jato bimotor Sud Aviation Caravelle nas cores das companhias aéreas Air France, um dos mais importantes clássicos mundiais da aviação comercial, usado intensivamente nos Estados Unidos, na Europa Ocidental e na América do Sul em rotas domésticas e internacionais para transporte de passageiros nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Um sucesso de vendas, com mais de 280 unidades fabricadas. Logo abaixo, o jato francês nas cores da companhia aérea americana United Airlines, uma das principais operadoras do avião na década de 1960.
O jato bimotor Sud Aviation Caravelle é uma antiga aeronave de porte médio e de grande porte, dependendo da versão, projetada na década de 1950, desenvolvida e fabricada em larga escala na França nas décadas de 1950, 1960 e 1970 pela então fabricante francesa Sud Aviation, que utilizou como base para sua criação alguns conceitos de projeto do então sofisticado jato quadrimotor britânico para transporte doméstico e internacional de passageiros de Havilland Comet, entretanto com um grande número de mudanças que tornou o Sud Aviation Caravelle um projeto quase completamente novo, relativamente mais simples, menos complexo e mais confiável, na verdade um projeto quase totalmente original.

Do ponto de vista técnico e econômico, o pioneiro jato Sud Aviation Caravelle foi um dos mais bem sucedidos projetos de bimotores para uso comercial do início da era do jato, um dos primeiros aviões comerciais fabricados no mundo com essas características. Na época em que foi lançado, na década de 1950, ele era um dos mais ousados e modernos projetos aeronáuticos focados na aviação comercial, o primeiro bem sucedido jato europeu de corredor único em linha de produção seriada e fabricado em larga escala, já que o seu antecessor britânico de Havilland Comet foi retirado de linha de produção de forma prematura como consequência de uma falha grave de projeto de fuselagem.

Inicialmente, o clássico Sud Aviation Caravelle, conhecido também como Sud Aviation SE-210 Caravelle e Sud Aviation Se.210 Caravelle, era impulsionado por dois motores turbojatos Rolls-Royce Avon RA-26, com cerca de 10.000 libras de potência / empuxo disponíveis na decolagem, em cada motor, nas primeiras versões, e, posteriormente, com opções de motorização americanas mais potentes General Electric e Pratt & Whitney, nas versões de maior capacidade. O modelo original e suas versões e sub-versões posteriores tinham capacidade para transportar entre 70 e 120 passageiros, dependendo da motorização, da versão e da configuração de assentos adotada, com construção convencional em alumínio e cabine pressurizada, esta também uma novidade na época. Ele foi uma das mais populares aeronaves de médio e grande portes da história da aviação comercial doméstica e internacional, com uma produção seriada de aproximadamente 15 anos, com as primeiras unidades de série entregue para as europeias Air France e SAS - Scandinavian, em 1959, e para a brasileira Varig, também em 1959.

Com fabricação em série iniciada em 1958, o Sud Aviation Caravelle tem o mérito de ser um dos primeiros jatos civis e comerciais fabricados em série da história da aviação. Ele é considerado por parte da comunidade aeronáutica mundial o primeiro avião civil a jato de corredor único para transporte comercial de passageiros realmente bem sucedido do mundo, já que a fabricação em série do britânico de Havilland Comet foi descontinuada muito cedo. Já os quadrimotores a jato Boeing 707 e Douglas DC-8, ambos de fabricação americana, podem ser considerados os primeiros aviões comerciais intercontinentais a jato, com as fabricações em série iniciadas na mesma época.

Esse modelo de aeronave francês tem entre suas principais características a asa baixa enflechada, os dois motores fixados no cone de cauda (também uma inovação na época), a empenagem em forma de cruz, o robusto trem de pouso triciclo retrátil e a confiabilidade de seus sistemas hidráulico, elétrico, eletrônico e mecânico. Segundo inúmeros depoimentos de pilotos da época, o Sud Aviation Caravelle era um avião dócil de comandos, obediente e que raramente “dava trabalho” em voo, uma referência e um bom exemplo entre aviões comerciais para transporte de passageiros da época, com aerodinâmica refinada, inclusive, com ótima razão de planeio.

Alguns pilotos mais entusiasmados com o modelo chegavam ao ponto de dizer que se tratava de um “planador com motores a jato”, tamanha a capacidade da aeronave de se manter em voo em caso de falha dos motores. De fato, a aeronave foi submetida na época a voos de demonstração da própria fabricante Sud Aviation para potenciais compradores. Em um desses voos, eles decolaram de Paris, subiram até 13.000 metros de altitude, colocaram os motores em idle (potência mínima) e planaram, literalmente, por incríveis 265 quilômetros até Dijon, também na França.

O avião é uma aeronave de corredor único, o que significa que não é um jato comercial wide-body, que por sua vez é intercontinental. O modelo original e as primeiras versões e sub-versões do Sud Aviation Caravelle eram impulsionados por dois motores turbojato Rolls-Royce Avon RA-26, com cerca de 10.000 libras de potência / empuxo em cada motor. Eles estão fixados na parte traseira da aeronave, no cone de cauda, e o avião tem empenagem com dois estabilizadores na parte de trás, que são o estabilizador vertical fixado no cone de cauda e fixado no estabilizador vertical está o estabilizador horizontal, que juntos formam a empenagem cruciforme.

A capacidade do bimotor Sud Aviation Caravelle e, posteriormente, do Sud Aviation Super Caravelle e do Aerospatiale Super Caravelle, variou, do início da fabricação até as décadas seguintes, de versão para versão, entre 70 passageiros e 120 passageiros. A fabricante Sud Aviation projetou o Sud Aviation Caravelle com capacidade para pousar e decolar em pistas de pouso pavimentadas com comprimento limitado a cerca de 2.000 metros, uma característica comum também do seu principal concorrente Boeing 737, sendo esta uma das explicações para o sucesso de vendas dos dois modelos.

O conceito de aeronave bimotor projetada para atender principalmente os mercados de aviação regional, doméstica e internacional, com os motores fixados no cone de cauda, parecido com os conceitos dos antigos bimotores Douglas DC-9 e British Aircraft BAC-111, foi utilizado posteriormente, décadas depois, como exemplo pela Bombardier / Canadair, pela Embraer e pela Fokker para dar origem aos modelos Canadair CRJ100 / Bombardier CRJ200, Embraer ERJ-145 Regional Jet, Fokker F-28 e Fokker F-100, respectivamente.

Entre as vantagens desse conceito estão a maior altura que os motores estão do solo, o que reduz o risco de entrada de objetos e pedras, o que por sua vez pode causar danos; as asas mais simples e leves, já que não há necessidade de peças metálicas para fixar os motores sob as asas e reforços estruturais nas asas para suportar o peso dos motores; e a fuselagem mais próxima do solo, o que facilita o embarque e desembarque de passageiros, introdução e retirada mais rápida e fácil de bagagens dos compartimentos de carga, acesso mais fácil e rápido dos mecânicos aos sistemas da aeronave e acesso mais fácil e rápido do serviço de catering.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Logo acima, a cabine de passageiros do elegante bimotor a jato Sud Aviation Caravelle, um dos símbolos do início da era do jato na década de 1950. Logo abaixo, o cockpit do avião. Ele foi projetado, desenvolvido e fabricado com o que havia de melhor em recursos tecnológicos empregados na indústria aeronáutica na época, uma prova incontestável da capacidade e da liderança europeia no desenvolvimento de produtos aeronáuticos de qualidade, um orgulho para franceses e britânicos.
No início da década de 1950, o Governo Francês lançou uma espécie de concorrência para a criação, desenvolvimento e fabricação em série de um modelo de aeronave com as características necessárias para transporte de passageiros civis e militares entre a França e seus territórios espalhados pelo globo terrestre, principalmente no continente africano. A França tinha interesse direto no desenvolvimento de um avião para atender suas necessidade, por isso decidiu cobrir parte dos custos de desenvolvimento do avião.

Entre os requisitos estavam a capacidade para transportar pelo menos 65 passageiros em viagens domésticas e internacionais e mais uma tonelada de carga; velocidade de cruzeiro de pelo menos 600 km/h; motorização a jato ou turboélice; capacidade para pousar e decolar em pistas de pouso pavimentadas de cerca de 2.000 metros de comprimento; e alcance de cerca de 2.000 quilômetros, com reservas.

Vários fabricantes disputaram a concorrência, entre elas a SNCASE – Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sudest e a SNCASO – Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sudouest, posteriormente as duas se juntando em torno de um projeto único, o protótipo Sud Aviation X-210.

Os primeiros esboços do projeto do Sud Aviation X-210 foram criados pela equipe de profissionais liderada pelo projetista francês Pierre Satre, no município de Toulouse, na França, nas instalações da Sud Aviation, a cerca de 600 quilômetros ao sul de Paris, esta a capital da França. O projeto e o desenvolvimento do Sud Aviation Caravelle envolveu mais de 60.000 desenhos e milhões de cálculos de engenharia, tudo feito à mão, literalmente, lembrando que na época não havia programas de computador para criação de aviões. Talvez por isso ainda hoje o avião seja considerado uma obra prima da indústria aeronáutica europeia. 

Posteriormente, as instalações usadas para abrigar a linha de montagem do Sud Aviation Caravelle passaram a ser usadas pelas então novatas Airbus Industrie e ATR, nas décadas de 1970 e 1980, respectivamente.

Os primeiros aviões Sud Aviation X-210 eram protótipos de testes, ensaios e demonstração, com poucas unidades produzidas. Inicialmente, eles foram projetados para ser impulsionados por motores turbojato, sem fan mesmo, modelo ATAR 101, de fabricação francesa, com cerca de 6.100 libras de potência / empuxo, em cada motor, disponíveis na decolagem. Num primeiro momento, ele foi projetado como um trimotor, com três motores ATAR 101, sendo dois deles fixados nas laterais do cone de cauda, um de cada lado, e outro fixado sobre a fuselagem, junto à empenagem. No entanto, antes da finalização do projeto surgiu mais uma opção de motorização, o turbojato Rolls-Royce Avon RA-26, com cerca de 10.000 libras de potência / empuxo em cada motor, um projeto mais adequado para a proposta de um avião civil.

O próprio Governo Francês percebeu a necessidade de enxugamento do projeto, tornando-o mais eficiente, mais econômico, mais prático, mais barato, mais fácil de pilotar, mais simples, assim autorizando os projetistas a adotarem a motorização britânica Rolls-Royce Avon RA-26, permitindo assim a redução do número de motores, de três para dois, o que tornou o Sud Aviation Caravelle uma das melhores opções no mercado de aviões comerciais a jato, equivalente ou comparável em qualidades positivas ao British Aircraft BAC-111 e ao Boeing 737, por exemplo.

O primeiro modelo original de série, chamado Sud Aviation Caravelle, já com uma fuselagem um pouco alongada em relação aos primeiros esboços, possuía capacidade para transportar cerca de 80 passageiros e começou a ser operado pela Air France em 1959, com uma encomenda inicial de 24 unidades. Ele conseguia alcançar a então impressionante velocidade de 700 km/h e a altitude de 11.000 metros, decolando no peso máximo de decolagem. Era o terceiro modelo de avião a jato para uso comercial por companhias aéreas no mundo, um dos pioneiros do mercado mundial, com motores fixados na parte de trás do avião, o que resultava em um nível de ruído a bordo mais aceitável.

As vendas não estavam ruins, mas, na sequência, para melhorar as vendas do bimotor a jato, nos anos seguintes, a Sud Aviation decidiu pela criação de versões e sub-versões melhoradas da família, o Sud Aviation Caravelle 1A e o Sud Aviation Caravelle III, este lançado em 1960, utilizando como base o modelo original Sud Aviation Caravelle, mas com uma variedade de melhorias, incluindo fuselagem um pouco maior para melhorar o espaço interno para passageiros e capacidade total dos tanques de combustível aumentada, resultando na versão mais vendida de toda a série Sud Aviation Caravelle, com 78 unidades fabricadas. Além disso, a aceitação do mercado foi tão boa que mais de 30 aviões Sud Aviation Caravelle fabricados anteriormente foram submetidos a upgrades e retrofits para torná-los mais semelhantes do Sud Aviation Caravelle III.

Enquanto nos Estados Unidos os fabricantes se concentravam em fabricar grandes e pesados trimotores e quadrimotores para viagens intercontinentais transoceânicas, a Sud Aviation manteve a maior parte das características básicas originais do Sud Aviation Caravelle por acreditar na demanda por aviões bimotores menores e mais leves para rotas domésticas e internacionais, com uma performance bem razoável para operar em pistas de pouso com comprimento de cerca de 2.000 metros, mesmo no peso máximo de decolagem da aeronave. Essa foi uma das principais características do avião e uma das razões para o seu sucesso no mercado mundial de aviação comercial. A preocupação da Sud Aviation com segurança era tão grande que versões com pára-quedas de arrasto foram criadas para operadores que precisavam de um avião adaptado para aeroportos regionais, em geral com infraestrutura mais limitada.

O pára-quedas de arrasto é um recurso adicional raro em aviões civis e comum em aviões militares. Ele é usado como um recurso adicional à frenagem convencional do veículo e usado somente no pouso e quando a pista de pouso tem comprimento limitado. É importante não confundir o pára-quedas de arrasto com o APS – Airframe Parachute System ou sistema de pára-quedas balístico usado ainda em voo quando se perde o único motor da aeronave, para suavizar a sua queda. O monomotor a pistão Cirrus SR22 é um exemplo de avião que tem esta tecnologia como item de série.

O então avançado Sud Aviation Caravelle foi considerado por duas décadas seguidas uma referência em tecnologia, qualidade e segurança para o transporte aéreo doméstico e internacional de passageiros. Ele foi um dos primeiros modelos de aeronaves comerciais no mundo a introduzir ainda na década de 1970 o sistema de pouso por instrumentos ILS – Instrument Landing System na Categoria III, a mais avançada, para operações de pouso sob neblina ou nevoeiro. Em vários aspectos ele possuía inéditos avanços tecnológicos, como, por exemplo, o sistema de piloto automático Lear Siegler, para pouso automático, e o sistema de alimentação de combustível com alto grau de automatização, com o acionamento automático e imediato da bomba auxiliar de combustível em caso de falha da bomba primária.

Mais de 280 unidades de Sud Aviation Caravelle e Aerospatiale Super Caravelle foram fabricadas, em diversas versões e sub-versões, entre 1958 e 1972.

VERSÕES E SUB-VERSÕES DO CARAVELLE

INÍCIO

MODELO

QTD

PASSAG

PMD

MOTOR

1955

protótipos

2

 

41 ton.

Rolls Avon Mk521

1958

I

20

Até 80

43 ton.

Rolls Avon Mk522

1960

IA

12

Até 80

43 ton.

Rolls Avon Mk526

1959

III

78

Até 80

46 ton.

Rolls Avon Mk527

1960

VIN

53

Até 80

48 ton.

Rolls Avon Mk531

1961

VIR

56

Até 80

50 ton.

Rolls Avon Mk532R

1960

VII

1

Até 80

52 ton.

GE CJ805-23C

1962

10A

1

Até 80

52 ton.

GE CJ805-23C

1965

10R / 10B1R

20

Até 80

52 ton.

P&W JT8D-1 ou 7

1964

10B3

21

Até 100

Até 56

P&W JT8D-1, 7, 9

1967

11R

6

Até 100

52 ton.

P&W JT8D-7

1970

12 (Super)

12

Até 140

58 ton.

P&W JT8D-9

 

 

 

 

 

 


NO BRASIL
O pioneiro jato doméstico e internacional Sud Aviation Caravelle foi usado intensivamente no Brasil pela VARIG – Viação Aérea Riograndense, já a partir de 1959, pela Cruzeiro do Sul e pela Panair do Brasil, nessas duas incorporados anos depois. No total, foram 12 unidades de Sud Aviation Caravelle operando no Brasil, a maioria usada para rotas domésticas e internacionais dentro da América do Sul.

A VARIG - Viação Aérea Riograndense foi uma das primeiras operadoras do modelo no mundo, na época ainda controlada pelo comandante Ruben Berta. Na época, o Sud Aviation Caravelle foi utilizado temporariamente e provisoriamente em viagens de longo curso, ligando o Brasil até Nova York, até a chegada do quadrimotor de longo alcance Boeing 707. Com a chegada do avião americano, o Sud Aviation Caravelle passou a ser usado em rotas mais adequadas ao seu perfil operacional, dentro do Brasil, em viagens interestaduais e dentro da América do Sul, para Montevidéu, Buenos Aires, Lima e Bogotá.

SEGURANÇA DE VOO
Durante as décadas de 1960 e 1970 o Sud Aviation Caravelle foi considerado um dos aviões mais seguros do mundo, com alta qualidade de projeto e de construção. Na época de seu lançamento os aviões a jato estavam substituindo os aviões tracionados por motores radiais a pistão, reduzindo drasticamente o número de falhas de funcionamento em voo. 

Ao longo de toda sua vida útil, foram registrados oficialmente 31 acidentes graves com vítimas fatais com o Sud Aviation Caravelle, o equivalente a cerca de 11% do número total de aeronaves fabricadas, dentro da média de modelos de aviões da concorrência na época e com a maioria dos acidentes não diretamente relacionada com a qualidade de projeto e de fabricação da aeronave.

FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

SUD AVIATION CARAVELLE III
  • Capacidade: Até 80 passageiros;
  • Tripulação: 1 piloto, 1 co-piloto e 1 navegador;
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 700 km / h;
  • Comprimento: Aprox. 32 metros;
  • Envergadura: Aprox. 34 metros;
  • Altura: Aprox. 9 metros;
  • Motorização (potência / empuxo): 2 X Rolls Royce Avon RA-29 MK527 (12.600 libras / cada);
  • Alcance: Aprox. 1.800 quilômetros (lotado / 75% potência / com reservas);
  • Teto de serviço: Aprox. 12.000 metros;
  • Peso máximo de decolagem: Aprox. 46.000 kg;
  • Pista de pouso: Aprox. 2.000 metros (lotado / dias quentes / tanques cheios);

TRÊS VISTAS


VEJA TAMBÉM

REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sud_Aviation_Caravelle
  • Wikipedia (em francês): https://fr.wikipedia.org/wiki/Sud-Aviation
  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Sud_Aviation_Caravelle
  • Wikimedia: Imagens

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