CRASE (GRAMÁTICA)

CRASE
ACENTO GRAVE

INTRODUÇÃO

A crase é a contração ou fusão da preposição “a” (equivalente à preposição “para”) com o artigo “a” e tem praticamente o mesmo significado ou utilidade, dentro de uma frase, com a expressão “para a”, exprimindo relações entre outras palavras dentro da mesma frase. Por exemplo: João foi para a rodoviária ou João foi à rodoviária. São duas frases com o mesmo significado.

Mas também é possível fazer o uso da crase em outros contextos.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
A crase é uma contração ou fusão de duas vogais idênticas ou da preposição “a” (que tem o mesmo sentido de “para”) com o artigo “a”, ou, ainda, a contração ou fusão da preposição “a” com os pronomes demonstrativos “aquele” e “aquela”, por exemplo. Mas há outras situações ou casos em que a crase também é usada.

O uso padronizado da crase está sujeito a duas condições:
  • O termo regente precisa da preposição “a”, equivalente a “para”;
  • O termo regido precisa ser uma palavra feminina que, por sua vez, precisa do artigo “a” ou pronomes demonstrativos, como “aquela”, “aquele”, “aquelas” e “aqueles”. “Vou à escola”. “Esta camisa é igual à que você usa”. “Fui àquele cinema ontem, gostei do filme”.

BASE TEÓRICA
A gramática é o estudo dos elementos que formam uma língua, incluindo a construção de frases, com atenção especial à ortografia e à pronúncia das palavras. Já a ortografia é a parte da gramática com as orientações para uma escrita correta.

A crase é um dos metaplasmos por supressão de fonemas a que as palavras podem estar sujeitas à medida que uma língua evolui. O termo crase significa fusão ou junção. Em português, a crase é o nome que se dá à contração da preposição “a” com o artigo feminino “a” ou “as”; contração da preposição “a” com os pronomes “aquele”, “aquela”, “aquilo”, “aqueloutro” e “aqueloutra”; contração da preposição “a” com os pronomes relativos “a qual” e “as quais”; e contração da preposição “a” com o pronome demonstrativo “a” ou “as”.

Mas há exceções a essas regras. Nunca há crase na expressão em que pode haver a substituição por “à qual”. Por exemplo: A questão a que me refiro é estaA questão à qual me refiro é esta.

O sinal que indica a crase é o acento grave, inclinado para o lado esquerdo, diferente do acento agudo, que é inclinado para o lado direto.

QUANDO USAR A CRASE
Entre as línguas mais faladas no planeta, a língua portuguesa é uma das mais sofisticadas e mais difíceis de serem aprendidas. Pra quem acha que é muito difícil ou complicado aprender a falar inglês, pense de novo, talvez o português seja ainda mais difícil. Você duvida? Então olhe ao seu redor, a grande maioria das pessoas fala e escreve errado o português no seu no seu dia a dia. Por exemplo: “Quando mim conseguir aprender o português correto vou tirar nota dez na escola”. Não vai mesmo... Só quando “eu conseguir aprender o português correto vou tirar nota dez na escola”...

Isso acontece em parte porque as pessoas não fazem o esforço necessário para aprender a língua portuguesa e em parte porque ela é sofisticada e, portanto, difícil mesmo de aprender. Somente os alunos mais determinados, motivados e persistentes conseguem aprender o português correto, o que não tem necessariamente relação direta como o nível de inteligência, já que 99% dos seres humanos são inteligentes, mas com a disciplina do aluno e com as condições adequadas de aprendizado, uma boa escola e bons professores, por exemplo.

Nesse aspecto, a grande maioria dos japoneses e seus descendentes são um exemplo a ser seguido: Eles realmente levam a sério a educação básica, o ensino médio e o ensino superior. Não é à toa, portanto, não é por acaso, que estão entre as nações mais desenvolvidas.

No caso da crase, especificamente, existem algumas regrinhas de aplicação que podem ajudar quem ainda não está totalmente familiarizado com ela.

Ela pode ser aplicada quando se faz a comparação da frase em questão (aquela frase em que você tem dúvidas se vai crase ou não) com uma frase semelhante, mas com a mudança do substantivo feminino por um substantivo masculino qualquer, desde que o sentido da frase seja mantido ou não seja muito diferente.

Por exemplo: “Eu fui à indústria procurar emprego”. Compare essa frase com esta aqui. “Eu fui ao departamento de recursos humanos daquela indústria procurar emprego.” Note que o sentido da frase não mudou, e no caso do substantivo masculino usou-se a palavra “ao” em vez de “à”, portanto na primeira frase desse parágrafo a crase está correta.

A crase pode ser aplicada quando se faz a comparação de duas frases semelhantes e com praticamente o mesmo sentido, mas uma com a preposição “para” e o artigo feminino “a” e outra com a preposição “para” e o artigo masculino “o” e, a partir de então, faz-se a substituição da primeira frase por uma terceira frase com o uso da crase. Por exemplo: “Júnior foi para a escola bem cedo, não queria perder as aulas de reforço com a professora de português”. “Júnior foi para o colégio bem cedo, não queria perder as aulas de reforço com a professora de português”. Agora vem a solução. “Júnior foi à escola bem cedo, não queria perder as aulas de reforço com a professora de português”. Agora compare essas três frases anteriores, desse parágrafo, elas têm praticamente o mesmo sentido, mas quando o substantivo feminino escola é substituído pelo substantivo masculino colégio não há necessidade de crase. Outra frase possível a seguir. “Júnior foi ao colégio bem cedo, não queria perder as aulas de reforço com a professora de português”.

Os pronomes demonstrativos “aquele”, “aquela”, “aqueles” e “aquelas” podem receber acento grave (crase) no seu “a” inicial, desde que haja um verbo ou um nome relativo que peça a preposição “a”. Por exemplo: “Sempre vou àquela escola fazer aulas de reforço com o professor de português, pois quero tirar nota dez na prova”. Para ter certeza de que essa frase anterior exige crase faça a seguinte comparação. “Sempre vou para aquela escola fazer aulas de reforço com o professor de português, pois quero tirar nota dez na prova”. As duas frases anteriores, deste parágrafo, estão corretas. Mas há uma ressalva a fazer aqui. “Sempre vou àquele colégio fazer aulas de reforço com o professor de português, pois quero tirar nota dez na prova”. Esta última frase está correta, mesmo considerando o substantivo masculino colégio, pois há o encontro, contração ou fusão da preposição “a” (equivalente à preposição “para”) com a letra inicial da palavra ou pronome “aquele”.

REGRAS DE VERIFICAÇÃO
Para saber se a crase é aplicável em uma frase use as chamadas regras de verificação:

Substitua a preposição “a” da frase em questão por outra preposição, o “para”. Se, com a substituição, o artigo definido “a” permanecer, então a crase é aplicável. “Pedro viajou à Região Nordeste”. “Pedro viajou para a Região Nordeste”. Note que as duas frases tem o mesmo sentido, então a crase é aplicável na primeira frase entre aspas desse parágrafo.

Agora preste bem atenção. “Pedro viajou a Presidente Prudente”. Essa frase anterior está correta e note que nela não há crase. Para tirar a dúvida faça a seguinte comparação. “Pedro viajou para Presidente Prudente”. Percebeu que nessa segunda frase entre aspas não há necessidade do artigo “a” logo após “para” ? Caso contrário a frase ficaria meio estranha. Veja. “Pedro viajou para a Presidente Prudente”. Só faria sentido assim. “Pedro viajou para a cidade de Presidente Prudente”. Ou assim. “Pedro viajou à cidade de Presidente Prudente”.

Para ter certeza de que o uso da crase está correto, use a seguinte regrinha. Troca-se o complemento nominal, após “a”, de um substantivo feminino para um substantivo masculino. Se, com essa troca, for necessário o uso da combinação “ao”, então a crase é aplicável. “Madalena presta relevantes serviços à comunidade”. “Madalena presta relevantes serviços ao bairro”. Note que o sentido da frase, se não idêntico mas parecido, foi mantido, e nessa troca de “à” para “ao” chega-se à conclusão de que a crase é adequada na primeira frase entre aspas, pois nela há o substantivo feminino comunidade. “Fique atento ao portão de desembarque, pois Pedro chegará daqui a um minuto, no voo das oito”. “Fique atento ao portão de desembarque, pois Pedro chegará daqui a uma hora, no voo das oito”. Note que em nenhuma dessas duas frases há necessidade da combinação “ao”. Portanto não há necessidade de crase nessa última frase entre aspas. Mas atenção, é possível o uso da crase no seguinte contexto. “Chegarei às oito horas e quarenta e cinco minutos, no próximo voo”.

SEMPRE HÁ CRASE
  • Na indicação do número de horas. Exemplo: “Por favor, me espere no portão de desembarque, pois chegarei às oito horas e quarenta e cinco minutos”.
  • Quando há expressões diretamente relacionadas à moda e culinária. Exemplo: “Vestido à francesa”. “Pizza à calabresa”
  • Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas. Exemplo: “Às vezes penso no estado de saúde da minha mãe”. “Devido à falta de luz, a partida de futebol foi suspensa”. “Saíamos da sala de entrevista, à medida que respondíamos todas as perguntas da recrutadora”.

NUNCA HÁ CRASE
  • Antes de palavras masculinas. Exemplo: “Entrega a domicílio”.
  • Antes de verbos. Exemplo: “A Inglaterra estava disposta a reagir ao avanço de Hitler”.
  • Antes de pronomes que não aceitem o artigo “a”. Exemplo: “Falei a cada uma de minhas primas sobre o dia e horário da festa de aniversário da minha sobrinha”. “Ele dirigiu-se a ela e falou sobre o perigo de nadar ali, pois havia risco de afogamento”. “Refiro-me a esta moça que participou da entrevista, pois tem boas referências”. “Parabéns a você, nesta data querida!”.
  • Em expressões formadas por palavras repetidas. Exemplo: “Estivemos face a face, durante a entrevista, e ele me pareceu um bom candidato ao cargo”
  • Antes de nome de cidade que não utiliza antes o artigo feminino. Exemplo: “Vou a Recife te visitar”.

CASOS FACULTATIVOS

Aqui você escolhe usar ou não usar crase.
  • Antes de nomes próprios de pessoas do sexo feminino. Exemplo: “Pode ficar tranquilo, já dei o recado à Carmem”. “Pode ficar tranquilo, já dei o recado a Carmem”.
  • Antes de pronomes possessivos femininos. Exemplo: “Agradeço pelos momentos agradáveis a sua mesa, a janta estava ótima”. “Agradeço pelos momentos agradáveis à sua mesa, a janta estava ótima”.
  • Frases com a preposição até. Exemplo: “Fomos até a cachoeira, aproveitamos cada momento bom da viagem”. “Fomos até à cachoeira, aproveitamos cada momento bom da viagem”.

EXCEÇÕES

As palavras terra, casa e distância são casos especiais de crase. A preposição a antes da palavra casa só recebe o acento grave quando vier acompanhada de um modificador, uma extensão ou complemento do sentido da frase, caso contrário não ocorre a crase. Já com a palavra terra (chão firme) também só ocorre crase quando vier acompanhada de um modificador, uma extensão ou complemento. Quanto à palavra distância, só haverá crase se esta estiver especificada.

Exemplos:
  • Chegamos cedo a casa.
  • Chegamos cedo à casa de meu pai.
  • Os jangadeiros voltaram a terra.
  • Os jangadeiros chegaram à terra procurada.
  • Ele voltou à terra dos avós.
  • Farei um curso a distância.
  • Estamos à distância de cinco quilômetros da casa de meu pai.

CONCLUSÃO
De fato, a língua portuguesa é complicada, mas isso não é motivo para desistir de aprendê-la corretamente. Pense como um desafio a ser vencido, pense na sala de aula como um campo de futebol, uma quadra de basquete ou vôlei, ou, ainda, uma piscina olímpica de natação, nos quais há desafios a serem vencidos, difíceis sim, mas possíveis de serem superados.

Além das aulas presenciais com material didático oficial, busque auxílio, se necessário, de materiais de apoio disponíveis na Internet.

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