AÇÚCAR MASCAVOSACAROSE (AÇUCAR COMUM)LACTOSE (AÇUCAR LÁCTEO)FRUTOSE (AÇUCAR DE FRUTAS)MALTOSE (AÇUCAR DE AMIDO)DEXTROSE OU GLICOSE
INTRODUÇÃO
Logo acima, um exemplo de marca de açúcar cristal vendido nos supermercados brasileiros, para ser usado em receitas culinárias. Logo abaixo, um exemplo nacional de usina de açúcar e etanol, a Costa Pinto, localizada no município de Piracicaba, estado de São Paulo, de propriedade da holding Raízen / Cosan, que produz a partir da principal matéria-prima, a cana-de-açúcar, cujo subproduto, o bagaço, é utilizado para gerar energia elétrica.
O açúcar é uma substância alimentar doce, geralmente
cristalizada, granulada e seca, extraída da cana-de-açúcar, da beterraba, do
milho e de outros vegetais, ou presente em alimentos naturais como o mel de
abelhas, por exemplo, mas neste caso na aparência viscosa ou pastosa. De modo
geral, açúcar é um termo genérico para carboidratos cristalizados e secos,
viscosos ou úmidos, em forma de xarope, por exemplo, comestíveis ou ingeríveis,
principalmente sacarose, maltose, lactose, dextrose ou glicose e frutose, principalmente monossacarídeos e
oligossacarídeos pequenos. A sua principal característica é o sabor
adocicado e a sua capacidade de tornar as receitas culinárias mais saborosas,
muitas vezes tornando o amargo em um delicioso adocicado, como a infusão do
café, por exemplo.
Em culinária, quando se fala em "açúcares",
costuma-se excluir os polióis
dessa definição, restando todos os monossacarídeos e dissacarídeos. No singular
e na linguagem popular, "açúcar" costuma se referir à sacarose, em
seu estado granulado, semicristalino
e seco, identificando outros açúcares por seus nomes específicos, como, por
exemplo, glicose e frutose.
A produção e o comércio de açúcar influenciaram a
história brasileira e mundial de várias maneiras, por séculos. Ele é
considerado uma commodity e tem forte influência sobre o desenvolvimento econômico
e social das comunidades produtoras. Aqui no Brasil, sua influência sobre a
economia popular é ainda mais acentuada, pois geralmente o açúcar está intimamente
relacionado à produção de etanol (álcool combustível) e de energia elétrica, já
que a estrutura agroindustrial produtiva da indústria sucroalcooleira ou sucroenergética brasileira é a principal produtora de açúcar e etanol, ao contrário dos Estados
Unidos e Europa Ocidental, por exemplo, que produzem açúcar também a partir da beterraba,
também em larga escala.
Aqui no Brasil, desde o ano 1500, quando foi
iniciada a colonização do país, o açúcar esteve entre os produtos que, infelizmente,
motivaram o colonialismo (no mau sentido), a escravidão, guerras e/ou
resistências ao avanço de nações invasoras interessadas na terra agricultável
(invasão holandesa em 1624, por exemplo) e as migrações (êxodos, inclusive) domésticas
e internacionais causadas por disputas de terras. Por outro lado, com o fim do
Império e o início da República, em 1889, com o fim da escravidão e o início do
trabalho remunerado, em 1888, a agroindústria do açúcar passou a produzir,
gradativamente e de fato, riqueza combinada com distribuição de renda, com
desenvolvimento social, ao contrário dos séculos anteriores.
DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
O açúcar é um produto alimentar cristalizado, solúvel
em água, inodoro (com pouco ou nenhum cheiro) e de sabor adocicado, extraído de
vegetais, geralmente cana-de-açúcar e beterraba, e com alta concentração de
energia. A palavra açúcar é usada para indicar qualquer molécula de carboidrato
simples usada como adoçante natural em receitas culinárias e produtos alimentícios
industrializados. O produto alimentar artificial equivalente ao açúcar é o
adoçante dietético líquido ou granulado, com pouquíssimo ou praticamente nenhum
nutriente, geralmente fabricado a partir do ciclamato de sódio e da sacarina sódica,
vendido em supermercados. Mas há também outras opções de adoçantes dietéticos,
produzidos a partir de matérias primas vegetais.
O aspecto mais comum do açúcar é de um granulado, fino
e brilhante. O açúcar cristal e o açúcar refinado possuem uma propriedade, a
luminescência, que faz com que eles brilhem quando próximos de alguma fonte de
luz. Eles lembram vagamente o aspecto das areias finas e brancas de algumas
praias do litoral brasileiro e caribenho. O açúcar comum, cristal e refinado,
tem aspecto cristalizado ou esbranquiçado e inodoro, ou seja, não tem cheiro ou
seu cheiro é bem sutil.
O açúcar é um carboidrato solúvel em água, com gosto
doce e, geralmente, faz parte dessa definição os açúcares simples, como a
glicose, a frutose e a ribose, por exemplo, e os açúcares complexos, como a
maltose, a lactose e a sacarose, e os açucares trissacarídeos, como a
melisitose.
Muitos tipos de açúcares fazem parte de compostos
naturais.
HISTÓRIA E PRODUÇÃO
A cana-de-açúcar é uma gramínea perene de médio porte
com origem no sudeste asiático, por sua vez compreendido por Brunei, Camboja,
Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã, posteriormente
levada para a Índia por exploradores espanhóis. Essas duas regiões, sudeste da
Ásia e sul da Ásia, respectivamente, cultivavam a cana-de-açúcar há milhares ou
centenas de anos nessa região do planeta, cujos ramos foram então trazidos para
o Brasil poucos anos depois do início da colonização portuguesa, em 1500 depois
do nascimento de Jesus Cristo.
Mas há também historiadores que afirmam que a
cana-de-açúcar já estava no Vale do Indo (Índia) há mais tempo, há milhares de
anos. Uma das primeiras menções à cana-de-açúcar teria aparecido em manuscritos
antigos chineses datados do oitavo século antes do nascimento de Jesus
Cristo. Séculos depois, ao redor de 500 a.C, por exemplo, habitantes do
subcontinente indiano faziam grandes cristais de açúcar para facilitar o transporte
e armazenamento. Esses cristais, chamados khanda, eram semelhantes aos pães de açúcar, que eram a principal forma de açúcar até o
desenvolvimento do açúcar granulado e em cubos no final do século XIX.
Já o mel de abelhas era usado na antiguidade, no Egito
Antigo, por exemplo, com maior frequência para se adoçar os alimentos. Aliás, ele é
mais saudável (mais rico em nutrientes, inclusive) que o açúcar
obtido a partir da cana-de-açúcar.
A cana-de-açúcar atual tem um caule de cerca de 2
metros de altura, cuja casca protege do frio, do calor, do vento e da chuva, a
parte interna, mais ou menos úmida, rica em matéria prima para produção de sacarose, ou seja, açúcar. O seu nome científico é Saccharum Officinarum e mais da metade do açúcar comercial consumido no planeta é produzida a partir dela.
O açúcar moderno, usado na culinária, é uma substância
alimentar obtida a partir da industrialização do caldo da cana-de-açúcar e/ou
da beterraba. Também é possível obter açúcar a partir do milho, mas este tipo
de açúcar obtido a partir do milho tem sido alvo, nos anos mais recentes, de
críticas de uma parte da comunidade médica, por, segundo ela, aumentar o número
de casos de pessoas com problemas de saúde, principalmente excesso de
triglicérides.
Os primeiros engenhos (fábricas antigas) de açúcar no
Brasil foram construídos em São Vicente, no estado de São Paulo, em 1531, mas o
número maior de engenhos a partir de então se concentrava na Região Nordeste do
Brasil, principalmente Pernambuco. O Brasil se tornou, a partir dos séculos
XVII e XVIII, num dos maiores, talvez o maior, exportador de açúcar do mundo,
abastecendo principalmente a Europa Ocidental, com milhões de arrobas exportadas
anualmente, produzidas, infelizmente, a partir do trabalho braçal de escravos
negros trazidos da África.
Até o século XIX, o Brasil tinha quase um monopólio
ocidental na fabricação de açúcar, quando, a partir de então, a tecnologia de
fabricação de açúcar a partir da beterraba nos Estados Unidos e na Europa Ocidental,
tornou-se tecnicamente e economicamente viável, embora até hoje menos competitiva que o açúcar produzido a partir da cana-de-açúcar. Mesmo assim, ainda hoje o
Brasil é um grande exportador de açúcar de cana-de-açúcar, com produção
eficiente e relativamente barata, com alto grau de mecanização. O país é,
atualmente, o segundo maior produtor de açúcar produzido a partir da cana-de-açúcar do
mundo, logo atrás da Índia, que, segundo economistas, se firmará como um dos maiores produtores mundiais de sacarose de cana-de-açúcar.
Historicamente, o açúcar se manteve pouco importante,
economicamente, até que os antigos indianos descobriram métodos de transformar
caldo de cana em cristais de açúcar, que eram mais fáceis de se armazenar e
transportar. O açúcar cristalizado foi descoberto no tempo da dinastia Gupta,
ao redor do século V. Navegantes indianos levaram açúcar por várias rotas de
comércio. Monges budistas viajantes levaram métodos de cristalização de açúcar
para a China.
Durante o reinado de Harsha, entre os anos 606 e 647 depois
do nascimento de Jesus Cristo, na Índia do Norte, enviados indianos para a
China na época Tang ensinaram o cultivo de cana-de-açúcar depois que o
imperador Li Shimin demonstrou interesse por açúcar. Pouco depois, a China
estabeleceu cultivos de cana-de-açúcar no Século XVII. Documentos chineses muito
antigos confirmam ao menos duas missões chinesas para a Índia para obter
tecnologias para o refino de açúcar, iniciadas em 647 d.C.
A cana-de-açúcar foi uma cultura de acesso limitado e o
açúcar cristalizado e seco foi mercadoria rara durante muito tempo. Os cruzados
levaram açúcar para casa na sua volta à Europa após suas campanhas na Terra
Santa, onde eles encontraram caravanas carregando um tal de "sal
doce", que, na verdade, era açúcar cristalizado, ou sacarose. No começo do
século XII, Veneza adquiriu algumas vilas perto de Tiro e organizou
propriedades rurais para produzir açúcar para exportar para Europa, onde ele suplementou o mel como a única outra forma de adoçante. O cronista cruzado
Guilherme de Tiro, escrevendo no final do século XII, descreveu o açúcar como
"muito necessário para o uso e saúde da humanidade".
Historiadores afirmam que os italianos participaram da
expansão agrícola das ilhas portuguesas do Oceano Atlântico por volta do século XV. A
técnica de produção açucareira já era difundida no Mediterrâneo e o produto
refinado em Chipre era considerado de primeira qualidade, envolvendo segredos
industriais. Tanto que, em 1612, o Conselho de Veneza ainda agia nesse sentido,
proibindo a exportação de equipamentos, técnicos e capitais oriundos da
indústria. Naquela época, comerciantes de açúcar se tornaram ricos. Veneza, no
auge de seu poder financeiro, foi o principal centro de distribuição e comércio
de açúcar para a Europa.
No início do século XV, deu-se uma viragem importante
na história do açúcar. O infante D. Henrique resolveu introduzir na Madeira a
cultura agrícola da cana-de-açúcar. O projeto correu bem e, em breve, Portugal já
vendia açúcar ao resto da Europa. Por outro lado, com a passagem do cabo da Boa
Esperança, os portugueses passaram a viajar para a Índia com bastante
regularidade. Nessa época, os portugueses tornaram-se, assim, os maiores negociantes
de açúcar e Lisboa a capital da refinação e comércio desse produto. Normalmente
associa-se o açúcar a uma origem sul-americana. No entanto, foi apenas na época
dos chamados descobrimentos, pelos portugueses e espanhóis, que a cana fez a
sua viagem até esta parte sul do continente americano. O navegador italiano Cristóvão
Colombo, por exemplo, um dos intermediários dessas viagens, trouxe alguns exemplares de
cana-de-açúcar provenientes das Canárias para plantar em São Domingos, a atual
República Dominicana.
A cultura de cana encontrou, no continente americano,
excelentes condições para se desenvolver, e não foram precisos muitos anos para
que, em quase todos os países americanos colonizados pelos europeus, os
campos se cobrissem de cana-de-açúcar. Os navegadores portugueses apostaram nos
solos férteis das terras brasileiras para instalar plantações gigantescas (para
os padrões da época, é claro) de cana cultivadas com mão de obra escrava, e a “aposta”
foi “bem sucedida” do ponto de vista financeiro, embora tenha sido um desastre do ponto de vista humanitário. Os solos eram férteis e o
clima, o mais adequado. Nessa época, na Europa, o açúcar era um produto de tal
maneira cobiçado que foi apelidado de “ouro branco”, tal era a riqueza que
gerava.
O açúcar foi um artigo de luxo na Europa antes do
século XVIII. Tornou-se amplamente popular nesse século e tornou-se artigo de
primeira necessidade no século XIX. Essa mudança de gosto e o aumento da demanda
popular pelo açúcar como ingrediente básico da culinária trouxe grandes mudanças sociais e
econômicas. Causou também a colonização das ilhas e nações tropicais onde as
plantações de cana com trabalho braçal intensivo seriam, tecnicamente e
economicamente, viáveis. Infelizmente, a demanda por mão-de-obra barata causou
a busca desenfreada e temerária por trabalhadores braçais pesados, o que
resultou no crescimento praticamente incontrolável, desenfreado e ganancioso do tráfico de
escravos oriundos da África, com milhões deles trazidos à força para o Brasil. Por
causa disso, o Brasil tem hoje, fora do continente africano, um dos maiores
números de descendentes de negros e uma das maiores proporções de população
negra do mundo.
Na década de 1990 os maiores plantadores mundiais de cana-de-açúcar, não necessariamente os maiores produtores de açúcar, eram Brasil, Cuba, Ilhas Maurício, Caribe, Havaí e Austrália. Na década de 2000 os maiores plantadores de cana-de-açúcar e produtores de açúcar foram Brasil, Índia, China, México e Tailândia. Na década de 2000 cerca de metade do açúcar consumido no mundo foi produzido pelo Brasil e pela Índia. Em 2019 a Índia se tornou a maior produtora de açúcar do mundo.
Na década de 2000, o Brasil possuía um parque agroindustrial composto por mais de 400 usinas de etanol e açúcar. Atualmente, o país possui mais de 440 usinas de etanol, açúcar e energia elétrica produzida a partir do bagaço de cana, a chamada cogeração de energia de biomassa. Porém, na década de 2010, do total de usinas brasileiras cerca de 5% estavam falidas e cerca de 15% estavam em recuperação judicial, o que pode ser interpretado como um sinal de que os governos Federal, estaduais e municipais e a iniciativa privada precisam buscar uma solução conjunta, que poderia passar, inclusive, pela expansão da infraestrutura para introduzir na rede pública o excedente de energia elétrica produzida pelas usinas.
Na década de 2000 cerca de 85% da produção brasileira de cana-de-açúcar estava localizada nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo e o restante 15% estava localizado em outros estados, principalmente na Região Nordeste, como, por exemplo, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
TIPOS DE AÇÚCAR
De
modo geral, os açúcares são formados por moléculas de carboidratos com 3 e 12
átomos de carbono. Eles são fonte rica de energia para animais e humanos. A
frutose é o açúcar presente naturalmente em frutas. A lactose é o açúcar presente naturalmente no leite de origem animal em geral. A sacarose é o açúcar encontrado na cana-de-açúcar, do qual se produz o açúcar cristal e o açúcar refinado:
- Açúcar mascavo ou açúcar mascavado (açúcar bruto): É
um açúcar petrificado, de coloração variável entre caramelo e marrom, resultado
da cristalização do caldo-de-engenho ou mel-de-engenho, e ainda com grande teor
de melaço. Também é chamado de açúcar moreno, açúcar bruto ou gramixó. Há quem diga que esse é um dos melhores tipos de açúcares de sacarose que existe, melhor até que o açúcar cristal, mais saudável, inclusive;
- Açúcar demerara: É um açúcar granulado de coloração
amarela, resultante da purgação do açúcar mascavo e com teor de melaço em sua
composição, mais utilizado para exportação.
- Açúcar refinado granulado: É um açúcar puro, sem
corantes, sem umidade ou empedramento e com cristais bem definidos e
granulometria homogênea. O açúcar refinado granulado é muito utilizado na
indústria farmacêutica, em confeitos, xaropes de excepcional transparência e
mistura seca em que são importantes pelo aspecto, escoamento e solubilidade.
- Açúcar refinado amorfo: É um açúcar com baixa cor, com
dissolução rápida, granulometria fina e brancura excelente, o refinado amorfo é
utilizado no consumo doméstico, em misturas sólidas de dissolução instantânea,
bolos e confeitos, caldas transparentes e incolores.
- Açúcar cristal: É o tipo de açúcar mais comum, mais
barato, e, de longe, o mais consumido no Brasil. Ele é composto por cristais maiores
que os cristais do açúcar refinado, mais transparentes e levam mais tempo para
serem dissolvidos em água. Depois do cozimento passa apenas por um refinamento
leve, que retira 90% dos sais minerais. Por ser econômico e render bastante, o
açúcar cristal aparece com frequência em receitas de bolos e doces;
- Glaçúcar: É conhecido também como "açúcar de
confeiteiro", com grânulos bem finos, cristalinos, produzido diretamente
na usina, sem refino e destinado à indústria alimentícia, que o utiliza em
massas, biscoitos, confeitos e bebidas;
- Xarope invertido: Com 1/3 de glicose, 1/3 de frutose e
1/3 de sacarose, solução aquosa com alto grau de resistência à contaminação
microbiológica, que age contra a cristalização e a umidade. É utilizado em
frutas em calda, sorvetes, balas e caramelos, licores, geleias, biscoitos e
bebidas carbonatadas;
- Xarope simples ou açúcar líquido: É um açúcar transparente
e límpido, é também uma solução aquosa, usada quando é fundamental a ausência
de cor, caso de bebidas claras, balas, doces e produtos farmacêuticos;
- Açúcar orgânico: É um produto de granulação uniforme,
produzido sem nenhum aditivo químico, tanto na fase agrícola como na
industrial. Pode ser encontrado nas versões clara e dourada. Seu processamento
segue princípios internacionais da agricultura orgânica e é anualmente
certificado pelos órgãos competentes. Na produção do açúcar orgânico, todos os
fertilizantes químicos são substituídos por um sistema integrado de nutrição
orgânica para proteger o solo e melhorar suas características físicas e
químicas. É possível evitar doenças da cultura com o uso de variedades mais
resistentes e o combate à pragas, como a broca-da-cana, por exemplo, com seus
predadores naturais, como as vespas, por exemplo;
PROCESSO DE FABRICAÇÃO
Logo acima, um mapa simplificado com a localização das principais produtoras de etanol e açúcar do Brasil, muitas delas também geradoras de energia elétrica. São grandes e importantes geradoras de empregos diretos. Logo abaixo, uma imagem da colheita totalmente mecanizada de cana-de-açúcar, a principal matéria-prima para a fabricação de etanol e açúcar.
Grande parte do açúcar consumido no planeta é
produzida a partir da industrialização da cana-de-açúcar e da beterraba. Nos
Estados Unidos, por exemplo, a produção de açúcar a partir da industrialização
da beterraba utiliza todos os anos cerca de 600.000 hectares de grandes plantações
de beterraba. Aqui no Brasil, grande parte do açúcar consumido e exportado é
produzida a partir da industrialização da cana-de-açúcar em usinas de álcool
combustível (etanol) e açúcar, que também produzem energia elétrica a partir do
bagaço de cana, que é o subproduto da produção de açúcar e álcool. Essa é uma
das explicações para a competitividade do açúcar brasileiro no mercado
internacional, já que as usinas conseguem se manter otimizando suas instalações para a produção simultânea ou alternada de açúcar e etanol, com a renda extra,
complementar, da energia elétrica, inserida na rede pública de distribuição de
energia para o consumo popular.
Nos Estados Unidos, cerca de metade do açúcar consumido
e exportado é produzida a partir da beterraba. Aqui no Brasil é diferente, com
a produção de açúcar concentrada na produção agrícola de cana-de-açúcar, com
cerca de 6.000.000 de hectares ocupados por plantações de cana-de-açúcar, o equivalente a cerca de 3,5% do total de área agricultável disponível do país, com
colheitas programadas entre abril e novembro, nas regiões Sudeste, Sul e
Centro-Oeste e colheitas entre setembro de um ano e março do ano seguinte nas
regiões Nordeste e Norte, embora essas duas últimas regiões produzam apenas 10% do
etanol consumido no Brasil.
As usinas de álcool e açúcar brasileiras são eficientes
na produção a partir da cana-de-açúcar, pois essa gramínea é altamente
produtiva, com grande concentração de matéria prima por tonelada, protegida por seu caule
revestido com uma casca mais ou menos resistente. As plantas agroindustriais
brasileiras mais modernas conseguem produzir cerca de 120 kg de açúcar ou 90 litros de etanol por tonelada de cana-de-açúcar processada. As plantações de cana-de-açúcar brasileiras são consideradas eficientes, elas produzem, em média, cerca de 90 toneladas por hectare, o suficiente para produzir cerca de 8.000 litros de etanol.
Para efeito de simples comparação, um hectare de milho nos Estados Unidos produz apenas 3.500 litros de etanol. Além disso, o custo brasileiro de produção de açúcar a partir da cana-de-açúcar é de apenas 1/3 (um terço) ou 33% do custo de produção de açúcar a partir da beterraba. Porém, há detalhe importante, lá a agricultura e a pecuária são altamente subsidiadas pelo governo. Isso explica porque o produto americano continua competitivo no mercado mundial, mesmo não tendo a forma e o processo de produção mais eficientes.
Na década de 1970, antes da Crise Mundial do Petróleo e antes do programa governamental Proálcool, o Brasil produzia anualmente mais de 100.000.000 de toneladas de cana-de-açúcar, passando a produzir mais de 200.000.000 de toneladas na segunda metade dessa década. Na década de 1990, o Brasil produziu anualmente, na média, mais de 270.000.000 de toneladas de cana-de-açúcar. Na década de 2000, o Brasil produziu anualmente mais de 470.000.000 de toneladas de cana-de-açúcar, em média, com esse volume processado por cerca de 360 usinas de etanol e açúcar. Na década de 2010, o Brasil conseguiu ultrapassar a marca de 600.000.000 de toneladas de cana-de-açúcar por ano, chegando a quase 620.000.000 em 2019, por exemplo.
A grande maioria das usinas de álcool e açúcar
brasileiras está concentrada nos estados de São Paulo, Paraná, Pernambuco,
Alagoas, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Espírito Santo, nesta
ordem decrescente em quantidade. Não por acaso, São Paulo e Paraná estão entre
os estados mais ricos do Brasil, com melhor distribuição de renda e qualidade
de vida.
De modo geral, a maior parte das plantações de
cana-de-açúcar no Brasil está sobre terras arrendadas pelas usinas, com
contratos de arrendamento de médio e/ou longo prazos, mas também há plantações
de cana-de-açúcar em terras de propriedade dos próprios usineiros ou das próprias pessoas
jurídicas (holdings) proprietárias das usinas, de modo geral a no máximo 50
quilômetros das usinas, por uma razão de controle de custos com logística.
Também por uma razão de controle de custos e de
praticidade, a maior parte das frotas de caminhões usadas para o transporte da
cana-de-açúcar das terras até às usinas é terceirizada, com contratos de prestação de
serviço por safra ou de médio e longo prazos, dependendo de cada caso. A grande maioria das usinas brasileiras já faz a colheita totalmente mecanizada, que é ambientalmente ou ecologicamente mais correta. A cana-de-açúcar
chega na usina em caminhões, que, após passar pela balança e pela extração de
amostra para análise em laboratório (pagamento da cana pelo teor de sacarose),
segue para a indústria, para o início do processo de moagem. A cana é lavada e introduzida
nos picadores, nos desfibradores e na moenda, com a finalidade de extrair o
máximo possível o caldo de cana, usado para a fabricação de álcool e açúcar. A
cana desfibrada alimenta a moenda, onde é adicionada água quente para se
extrair mais caldo.
Após a cana-de-açúcar passar pela moenda, o caldo é submetido a tratamento químico com cal e submetido a tratamento físico com calor, para reduzir a umidade, com a formação dos cristais, por sua vez submetidos à centrífuga para separação do melação residual. De todo o processo industrial sobra um
resíduo ou subproduto, o bagaço de cana, que é
enviado às caldeiras para ser queimado e gerar calor necessário para se
transformar a água em vapor de alta pressão, alimentando todo o processo de
fabricação e destilação.
Em 2019, o Brasil produziu mais de 30.000.000 (milhões) de toneladas de açúcar, principalmente a partir da cana-de-açúcar, e mais de 30.000.000.000 (bilhões) de litros de etanol, também principalmente a partir da cana.
MAIORES GRUPOS SUCROENERGÉTICOS
DO BRASIL (2018)
|
EMPRESA
|
PRODUTOS
|
RECEITA
|
EMPREGADOS
|
Raízen
/ Cosan
|
Açúcar,
etanol e energia
|
R$ 79 bilhões
|
30.000
|
Cargill
/ Cevasa / SJC
|
Açúcar
e etanol
|
|
10.000
|
Copersucar
|
Açúcar
e etanol
|
R$ 28 bilhões
|
640
|
Tereos
/ Guarani
|
Açúcar,
etanol e energia
|
R$ 10 bilhões
|
20.000
|
Glencore
/ Glencane
|
Açúcar
e etanol
|
|
|
Biosev
/ Louis Dreyfus
|
Açúcar,
etanol e energia
|
R$ 7,6 bilhões
|
16.000
|
Bunge
|
Soja,
etanol e açúcar
|
R$ 3,8 bilhões
|
4.500
|
São
Martinho
|
Açúcar,
etanol e energia
|
R$ 3,1 bilhões
|
12.000
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Nota:
Esse quadro é apenas informativo, portanto os números e valores acima são
aproximados, ou seja, podem não estar absolutamente precisos. A Bunge do Brasil
foi fundida em 2019 com a BP Bioenergia, dando origem à Bunge BP Bioenergia,
uma das maiores produtoras de etanol e açúcar do Brasil, com 11 unidades de
produção.
MERCADO
Em muitas partes do mundo, o açúcar é uma parte
importante da dieta humana, tornando os alimentos mais saborosos e fornecendo
energia alimentar. Depois dos cereais e óleos vegetais, o açúcar derivado da
cana-de-açúcar e da beterraba forneceram mais quilocalorias per capita por dia,
em média, do que outros grupos de alimentos. De acordo com a FAO – Food and
Agriculture Organization, um órgão da ONU – Organização das Nações Unidas, uma
média de 24 kg de açúcar, o equivalente a mais de 260 calorias por
dia, foi consumida anualmente por pessoa de todas as idades em todo o mundo na
década de 2000. Havia estatísticas que apontavam para uma tendência de pequena redução
do consumo de açúcar para a década de 2010, cerca de 10% em relação à década de 2000.
O consumo per capita (por pessoa) de açúcar nos
Estados Unidos, por exemplo, tem variado entre 27 kg e 46 kg anuais nos últimos 40
anos. Em 2008, o consumo total per capita americano de açúcar e adoçantes,
excluídos os adoçantes artificiais, atingia 60 kg por ano. Isso consistia em 29
kg de açúcar refinado e 31 kg de adoçantes derivados de milho por pessoa, estes
geralmente como ingrediente de produtos industrializados. Os brasileiros
consomem, a cada ano, cerca de 50 quilogramas de açúcar por pessoa.
O Brasil possui uma longa tradição na produção de açúcar a partir da cana-de-açúcar, desde a época colonial. O país tornou-se o maior produtor e exportador de açúcar do mundo, com os menores custos de produção, em consequência do uso de tecnologia e gestão mais eficiente no uso dos recursos produtivos disponíveis. Metade da produção brasileira é exportada, o que gerou, na média, na década de 2000, por exemplo, divisas de cerca de US$ 6 bilhões por ano para a balança comercial. Na década de 2000 o Brasil exportou açúcar cristal e refinado principalmente para a Rússia, o maior cliente do país. Na década de 2010, o Brasil exportou açúcar principalmente para Bangladesh, Índia, Argélia, Egito e Emirados Árabes Unidos. A cultura de cana-de-açúcar ocupou cerca de 60% das lavouras do estado de São Paulo na década de 2010, excluindo dessa porcentagem as pastagens para agropecuária. Esse estado produz cerca de metade do açúcar consumido e exportado pelo Brasil.
RISCOS À SAÚDE
Segundo a comunidade médica, o consumo excessivo de
açúcar pode causar doenças coronárias, diabetes tipo II, problemas
neurológicos, doença renal crônica, problemas de aprendizagem e síndrome
metabólica, e seu consumo excessivo está associado à doença hepática gordurosa não alcoólica.
É aconselhável, portanto, consultar um médico ou nutricionista para saber qual o
limite de consumo de açúcar adequado para cada pessoa e sua eventual
substituição pelo adoçante dietético, caso necessário.
De modo geral, trabalhadores braçais e atletas consomem mais energia que trabalhadores mentais, por isso é impossível estabelecer uma mesma dieta, uma dieta padronizada, para toda a população. A única solução é cada pessoa buscar orientação de médico ou nutricionista para saber qual a alimentação mais adequada.
REFERÊNCIAS
E SUGESTÃO DE LEITURA
- Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcar
- Nova
Enciclopédia Ilustrada Folha - Larousse / Cambridge / Oxford / Webster
- Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_do_Brasil
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