ARGAMASSA (CONSTRUÇÃO CIVIL)

ARGAMASSA
ARGAMASSA HIDRÁULICA
ARGAMASSA AÉREA
ARGAMASSA COMPOSTA
REBOCO
CHAPISCO
EMBOÇO

INTRODUÇÃO
A argamassa é uma mistura homogênea de agregados miúdos, geralmente ou na maioria das vezes areia, aglomerante inorgânico ou mineral e água, contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser preparada no canteiro de obras ou em instalação própria e então levada imediatamente ao canteiro de obras. Ela é usada sobretudo no assentamento de tijolos, para revestimento de alvenarias, como o reboco, por exemplo, e para o assentamento e rejuntamento de cerâmicas, incluindo pisos e azulejos.

Ela é um aglomerado (não confundir com aglomerante, que por sua vez é um dos materiais que compõem o aglomerado) preparado com areia, cimento e/ou cal e água, usado no assentamento de tijolos e/ou revestimento de paredes, tetos e pisos. Mas é possível também preparar ou obter-se, em vários casos, argamassas específicas para alguns tipos de serviços e/ou já comprá-las prontas ou pré-preparadas para uso, embaladas inclusive, são as chamadas argamassas industrializadas, muito comuns hoje em dia em países desenvolvidos e em desenvolvimento, inclusive no Brasil.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
A argamassa é um material homogêneo e aglutinante usado nos assentamentos de tijolos, blocos e cerâmicas e para revestimentos de alvenarias, como, por exemplo, o reboco usado sobre paredes brutas, por exemplo. Geralmente ou na maioria das vezes ela é preparada com areia, água e cimento e/ou cal. Geralmente, ela é uma pasta composta de aglomerante e água, misturado a um material inerte, como a areia, por exemplo, para diminuir a contração e torná-la mais econômica.

Mas há também argamassas compostas apenas de aglomerante e água. Até mesmo uma simples mistura de cal ou gesso com água pode ser considerada uma argamassa. Mas, atenção, nesse caso o seu uso é restrito a alguns casos específicos. Para evitar confusões, o engenheiro civil e/ou o mestre de obras deve acompanhar e se manter informado regularmente sobre os tipos ou sobre as composições de argamassas que estão sendo usados em cada fase da obra para evitar uso inadequado de argamassas frágeis em determinados trabalhos em que a robustez, resistência e durabilidade são necessárias.

Todo reboco é uma argamassa, mas nem toda argamassa é um reboco. O reboco é apenas um dos tipos de argamassa, existem inúmeros tipos ou composições, muitas delas industrializadas e semipreparadas inclusive, que são compradas quase prontas, secas e embaladas, nas quais se acrescenta apenas água para torná-las imediatamente prontas para uso. A argamassa é um dos mais importantes materiais de construção, é praticamente impossível fazer um imóvel de alvenaria sem argamassa, é impossível colocar em prática hoje em dia uma obra de construção sem argamassa.

As argamassas mais comuns são constituídas de cimento, areia e água, com ou sem cal acrescentada. Em alguns casos, costuma-se adicionar outro material, como, por exemplo, saibro, barro, caulim ou resinas para a obtenção de propriedades especiais. Argamassas industrializadas contêm aditivos que podem melhorar suas características. A argamassa funciona como uma cola que permite unir diversos materiais de construção e pode-se acrescentar algum componente a fim de melhorar a sua adesão. Da mesma forma, certos aditivos podem fazer com que a argamassa adquira propriedades impermeabilizantes. No caso de argamassas poliméricas, os aglomerantes são normalmente resinas sintéticas e o agregado é o pó de pedra.

As argamassas são empregadas nos seguintes trabalhos:
  • Assentamento de tijolos e blocos, cerâmicas, inclusive azulejos e ladrilhos, e tacos de madeira;
  • Rebocos de paredes e tetos;
  • Contrapiso;
  • Impermeabilização de superfícies;
  • Regularização de superfícies (tapar buracos, eliminar ondulações, nivelar e aprumar), tais como paredes, pisos e tetos;
  • Dar acabamento (liso, áspero, rugoso ou texturizado) às superfícies;
  • Chapisco;
Chama-se traço a proporção em volume ou em peso entre os componentes das argamassas, como o cimento, a cal e a areia, por exemplo, que varia de acordo com a finalidade e as características desejadas da argamassa. O traço é a relação ou proporção entre os elementos sólidos que estão na composição das argamassas. Por exemplo, um traço de argamassa com 1 de cimento por 2 de areia significa que para uma parte de cimento, 50 quilogramas, por exemplo, devem ser acrescentadas duas partes de areia, ou 100 quilogramas, por exemplo.

Assim como o concreto, as argamassas também se apresentam em estado plástico ou “cremoso” nas primeiras horas de preparação, mas com o passar das horas e dias endurecem, ganhando resistência, resiliência e durabilidade. Esse processo chama-se cura da argamassa.

As argamassas devem ser resistentes o suficiente para poder suportar os esforços e pesos dos demais componentes de um imóvel em alvenaria, janelas e portas, por exemplo; para suportar as ações naturais externas dos agentes atmosféricos, chuva e vento, por exemplo; para adiar o máximo possível o desgaste natural; e, na medida do possível, suportar eventuais choques mecânicos causados, por acidente ou descuido, pelos usuários.

Elas devem resistir também, na medida do possível, à ação das águas, quando parte da estrutura está imersa ou inundada, no caso de uma piscina de alvenaria, por exemplo, e deve resistir à umidade, quando parte da estrutura está enterrada, como é o caso das fundações em geral.

De modo geral, a resistência da argamassa aumenta com o passar do tempo. Os traços de areia e cimento, por exemplo, atingem cerca de 1/3 (um terço) de sua resistência total em apenas um mês, e daí por diante, até completar o endurecimento.

TIPOS DE ARGAMASSAS
As argamassas podem ser classificadas segundo sua finalidade, segundo sua composição e segundo suas características físico-químicas ou propriedades.

Quando a classificação das argamassas leva em consideração a sua finalidade ou uso temos os seguintes tipos de argamassas:
  • Argamassas para revestimento de paredes, pisos e tetos e/ou para assentamento de revestimentos, neste caso cerâmicas ou pedras naturais, como o porcelanato, o azulejo e o granito, por exemplo.
  • Argamassas para assentamento de alvenaria, usadas para unir blocos ou tijolos, por exemplo. Dependendo do tipo de bloco ou tijolo, podem ser usadas diversas técnicas de assentamento com argamassa. Geralmente ela é colocada, fiada por fiada, sobre os tijolos ou blocos com colher de pedreiro, mas em alguns casos podem ser utilizadas também bisnagas.
As três, quatro ou cinco primeiras fiadas de uma parede de blocos ou tijolos devem ser revestidas inicialmente com uma camada de argamassa de impermeabilização, que protege a parede contra a penetração da umidade e agentes externos. Pra quem não sabe, uma fiada é uma fileira horizontal de tijolos, elas vão sendo somadas umas às outras, até completar uma parede.

Quando a classificação das argamassas leva em consideração as suas características físico-químicas e/ou propriedades temos os seguintes tipos de argamassas:
  • Argamassas aéreas, que possuem em sua composição aglomerante que faz pega somente em contato com o ar. Entre os exemplos de aglomerantes com essas características estão a cal e o gesso.
  • Argamassas hidráulicas, que possuem em sua composição aglomerantes que fazem pega tanto em contato com o ar como em contato com a água. Entre os exemplos estão as cales hidráulicas e os cimentos.
  • Argamassas mistas, que são formadas por dois aglomerantes diferentes, um que faz pega com o ar e outro que faz pega com a água.
Quando a classificação das argamassas leva em consideração a sua composição temos os seguintes tipos de argamassas:
  • Argamassas simples, que possuem apenas um aglomerante, o cimento, por exemplo.
  • Argamassas compostas, que possuem vários aglomerantes. Entre os tipos mais comuns de argamassa estão o reboco e o emboço, por exemplo, que possuem cimento e cal. Mas existem também outras argamassas com outras composições, com outros aglomerantes.
Quando a classificação das argamassas leva em consideração a proporção de aglomerante e de areia usados na sua preparação temos os seguintes tipos de argamassas:
  • Argamassas gordas, que possuem uma quantidade, volume e/ou peso maior de aglomerante em relação à quantidade de areia, com o aglomerante preenchendo assim o que se costuma chamar na construção civil de vazios da areia.
  • Argamassas magras, que possuem uma quantidade, volume e/ou peso menor de aglomerante que a quantidade de areia, não sendo o suficiente para preencher o seus vazios.
Quando a argamassa gorda é preparada tendo o cimento como o aglomerante, consegue-se um nível ou grau mais elevado de impermeabilidade. De modo geral, a preparação da argamassa com areias finas exige uma quantidade maior de aglomerante para alcançar um nível mais alto de impermeabilidade.

ARGAMASSAS PARA REVESTIMENTO
De modo geral, são aplicadas três camadas de argamassas em uma parede a ser revestida:
  • O chapisco, que é a primeira camada fina e rugosa de argamassa aplicada diretamente sobre os tijolos ou blocos já assentados para formar as paredes. Sem o chapisco, que é a base do revestimento, as camadas posteriores de argamassa e de acabamento podem descolar e cair com o passar do tempo.
  • O emboço, que é uma camada intermediária de massa um pouco mais espessa, aplicada sobre o chapisco, para regularizar a superfície da parede, piso ou teto.
  • O reboco, que é a massa fina que dá o acabamento final.
Geralmente, o reboco tem em seu traço areias mais finas, pois servem para dar o acabamento ao revestimento. Há, ainda, casos em que o chapisco pode ser o único revestimento, como em muros, por exemplo. De qualquer forma, somente o engenheiro civil e o mestre de obras podem dispensar a aplicação de qualquer uma dessas etapas, seja o emboço ou seja o reboco, portanto o pedreiro ou o seu ajudante deve sempre consultá-los antes.

Para dar o acabamento final, mais refinado, mais elegante, sobre as argamassas de revestimentos podem ser aplicados produtos específicos, como, por exemplo, a massa corrida, a tinta, as areias quartzo, o estuque veneziano, entre outros. Geralmente se aplica a massa corrida e sobre ela a tinta.

ASSENTAMENTO DE REVESTIMENTOS
Vários tipos de revestimentos, como, por exemplo, cerâmicas e pedras naturais, entre elas os azulejos e os mármores, são aplicados sobre uma base, que pode ser um emboço, por exemplo. Para essa aplicação são utilizadas as argamassas, que podem ser as argamassas simples, preparadas no próprio canteiro de obras, ou as chamadas argamassas industriais, que já são compradas quase prontas em embalagens. Geralmente, quando se assenta produtos mais sofisticados e refinados, portanto mais caros, como porcelanatos e mármores, por exemplo, opta-se pelo uso de argamassas industrializadas, principalmente as argamassas colantes.

As argamassas industriais são uma forte tendência da construção civil, elas tornam os trabalhos de construção dos imóveis mais práticos e mais ágeis, com qualidade superior, inclusive, e seus preços são razoavelmente acessíveis. Para o assentamento de porcelanatos e mármores com argamassas industriais, que são compradas embaladas, no canteiro de obras acrescenta-se apenas a água e, após obter-se um material pastoso, espalha-se com uma desempenadeira denteada.

No piso, utiliza-se uma camada de contrapiso e pode-se dar o acabamento sobre essa camada. O contrapiso é uma camada de argamassa de regularização e de nivelamento.

ARGAMASSAS INDUSTRIALIZADAS
No Brasil, é cada vez mais comum o uso de argamassas industrializadas, ou seja, a mistura dos componentes secos é realizada em uma planta industrial, o produto é embalado e vendido quase pronto para uso. Assim, no canteiro de obras, apenas deve ser acrescentada água à mistura prévia. As argamassas industrializadas para aplicação de revestimentos cerâmicos são conhecidas como argamassas colantes. Elas apresentam os sub-tipos AC-I, AC-II, AC III e ACIIIE, segundo a norma NBR 14081.

O sub-tipo AC-I é recomendado para o revestimento interno, com exceção de saunas, churrasqueiras e estufas. O sub-tipo AC-II é recomendado para pisos e paredes externos com tensões comuns de cisalhamento. O sub-tipo AC-III é recomendado para pisos e paredes externos com elevadas tensões de cisalhamento e piso sobre piso. O sub-tipo AC-IIIE é recomendado para ambientes externos, muito ventilados e com insolação intensa.

ARGAMASSAS POLIMÉRICAS
Outro sub-tipo de argamassa industrializada é a argamassa polimérica. O seu principal uso é o assentamento de tijolos ou blocos na construção de alvenarias. Por necessitar de uma quantidade relativamente pequena de material para unir os blocos ou tijolos, uma parede construída com argamassa polimérica apresenta juntas mais finas do que uma parede construída com argamassa convencional.

Ao contrário das argamassas AC, que são comercializadas em pó, a argamassa polimérica é comercializada já em estado pastoso e pronto para a utilização, sem nem mesmo necessitar adição de água. Por se tratar de um produto elastomérico, a argamassa polimérica também apresenta elevada flexibilidade, o que pode proporcionar vantagens estruturais ao sistema construtivo.

RECOMENDAÇÕES
Para a obtenção de uma argamassa de boa qualidade, deve-se levar em consideração:
  • A qualidade do cimento e da cal, principalmente verificando se é de um fabricante certificado;
  • A qualidade da areia, que deve apresentar grãos duros e limpeza, livre de torrões de barro, galhos, folhas e raízes antes de ser usada.
  • A água, que também deve ser limpa, livre de barro, óleo, galhos, folhas e raízes.
Outro ponto a ser observado é a forma como se faz a mistura, que pode ser feita de forma manual, em betoneiras ou em centrais de mistura. Para a obtenção de uma boa mistura, deve-se utilizar preferencialmente meios mecânicos, como a betoneira ou as centrais.

Uma característica importante da argamassa ainda fresca é a trabalhabilidade, com plasticidade e com capacidade de aderência inicial. Em alguns usos, como no revestimento, é adicionado um quarto componente à mistura, que pode ser a cal, por exemplo. De todos os materiais plastificantes disponíveis, o mais recomendado é a cal hidratada.

Quando endurecida, a argamassa dever apresentar resistência e resiliência, de forma a suportar adequadamente os esforços sem se romper.

A ÁGUA
A água usada para preparação de argamassas deve ser pura e limpa. Não é aconselhável o uso de água salgada do mar para preparação de argamassas. Além disso, se possível mantenha fresca a temperatura da água, nem quente e nem gelada, pois a água quente acelera a pega e a água gelada retarda a pega.

Deve-se evitar o uso de água com impurezas, como, por exemplo, sais, ácidos e graxas ou óleos. Além disso, os cloruretos e os sulfatos de metais terrosos retardam a pega e os carbonatos alcalinos aceleram a pega, portanto eles só devem ser usados na preparação das argamassas se houver a clara intenção do engenheiro civil ou do mestre de obras de retardar ou acelerar a pega, embora essas técnicas tenham o inconveniente de prejudicar um pouco a resistência posterior da argamassa.

As águas turvas ou pardas de rios devem ser evitadas, as águas de charcos que contêm terra também devem ser evitadas, além da água do mar. As melhores águas para preparação de argamassa são as águas de rios, riachos e córregos, desde que transparentes, a água da chuva e, é claro, a água de poços semi-profundos ou artesianos, desde que não contenha sais.

As águas magnesianas também devem ser evitadas na preparação da argamassa.

VEJA TAMBÉM

REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA
  • Manual do Construtor / João Baptista Pianca
  • Dicionário Larousse
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/Argamassa
  • Dicionário Michaelis

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