ESTRUTURA DAS MADEIRAS
PRODUÇÃO FLORESTAL
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE
SISTEMAS DE PRODUÇÃO FLORESTAL
FLORESTA NATIVA
FLORESTA PLANTADA
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO
RESERVA LEGAL
INTRODUÇÃO
A
produção florestal é a atividade agrícola e agroindustrial de
cultivo, colheita e transformação de matéria-prima lenhosa de
origem vegetal em bens de consumo ou produtos de valor agregado. Na
produção florestal a matéria-prima pode ser proveniente de
florestas plantadas e/ou de florestas nativas, neste caso desde
que, é claro, a extração seja devidamente autorizada ou permitida
pela lei ou por autoridades ambientais.
Na grande maioria dos casos, a produção florestal é o plantio de árvores
destinado à venda da madeira in natura ou tratada, dos produtos
derivados da madeira ou outros produtos derivados das árvores, como a celulose e o papel, por exemplo. A
grande maioria das florestas plantadas no Brasil são destinadas à
produção de produtos florestais madeireiros e produtos florestais
não madeireiros, como a celulose e o papel, por exemplo.
Para
quem não sabe, crianças em idade escolar, por exemplo, a expressão ou o termo matéria-prima é usada para definir uma substância qualquer, em
estado bruto ou pouco elaborada, obtida na natureza, com a qual se
fabrica alguma coisa, em um contexto de cadeia produtiva. A
matéria-prima é um elemento básico de uma indústria ou
agroindústria, extraído diretamente da natureza. Por exemplo, o petróleo é a matéria-prima utilizada para a fabricação do óleo diesel, da gasolina e do querosene.
Já
a cadeia produtiva é um conjunto de etapas consecutivas, industriais
e/ou agroindustriais, pelas quais a matéria-prima e/ou insumo vão passando e sendo transformados, desde a fase inicial de produção
até o consumo final de um produto ou prestação de um serviço. A
cadeia produtiva do setor florestal é uma atividade econômica
complexa e diversificada, com produtos e aplicações energéticas e
industriais.
SISTEMAS
DE PRODUÇÃO FLORESTAL
Um
sistema de produção florestal é o conjunto de processos agrícolas
e agroindustriais necessários para a produção de produtos
madeireiros e não madeireiros provenientes de florestas plantadas e/ou florestas nativas, mas neste caso específico somente com prévia autorização governamental. Os produtos florestais madeireiros de maior
importância comercial são aqueles destinados à produção de papel
e celulose, carvão vegetal para usos variados, madeira
serrada, produtos de madeira sólida e madeira processada.
Dentre os exemplos de produtos madeireiros estão os palanques, que podem ser usados para a construção de cercas, geralmente nos pontos em que há necessidade de maior resistência, como nas esquinas com os esticadores; as lascas, também utilizadas para construção de cercas, porém com menor resistência, pois são mais finas; e os caibros, geralmente utilizados na construção civil, na construção de residências, por exemplo, como um dos principais integrantes estruturais dos madeiramentos de telhado; dentre outros.
PRODUTOS
MADEIREIROS
Os
produtos madeireiros são todos aqueles materiais lenhosos obtidos a
partir do processamento direto da madeira extraída ou colhida nas ou
das florestas plantadas. Também é todo o material lenhoso passível
de aproveitamento na indústria moveleira e na construção civil, na cidade e na zona rural, para madeireiras ou serrarias, para fazendas e sítios, incluindo as
estacas, os palanques, as lascas, os caibros, as lenhas, as ripas, as
vigas, os compensados, as réguas, os postes, as tábuas, os mourões, as pranchas e os esticadores, dentre outros.
A
celulose, por exemplo, é um dos principais e mais importantes produtos obtidos a
partir da produção florestal, ela é utilizada em larga escala como
matéria-prima para a fabricação de papel para impressão em
gráficas e escritórios, papel para uso escolar, como matéria-prima
para fabricação de embalagens, fraldas dercartáveis, absorventes íntimos e papel higiênico. Talvez você não
saiba, mas a celulose também é usada na produção de cosméticos e alimentos
industrializados, como, por exemplo, salsichas, iogurtes, doces, sopas
semi-preparadas, queijos e sorvetes, dentre outros.
A
celulose é um dos protagonistas da agroindústria mundial, ela
também é usada na fabricação de produtos de beleza, incluindo
cosméticos e maquiagens, lentes de contato, entre outros. Já o
carvão vegetal é utilizado em residências, para assar carnes, por
exemplo, e também é usado na indústria metalúrgica, incluindo
algumas das etapas de processamento de cobre, por exemplo, para
evitar o contato do oxigênio do ambiente com o material metálico
derretido ou fundido.
Ela é utilizada na fabricação de cápsulas para medicamentos, revestimentos de comprimidos, produtos dermatológicos (para pele) e produtos odontológicos.
PRODUTOS
NÃO MADEIREIROS
Os
produtos não madeireiros são todos aqueles produtos não lenhosos
obtidos a partir do processamento direto das matéria-primas de
origem vegetal extraídas diretamente das árvores, incluindo as
resinas e o látex, essas as matérias-primas dos plásticos e borrachas, e incluindo também os cipós, os óleos, as sementes e/ou mudas, as plantas
ornamentais, as plantas medicinais, entre outros exemplos.
As
gomas, as ceras, as fibras tanantes, os corantes e produtos
aromáticos são mais exemplos de produtos extraídos diretamente das
árvores.
BASE TEÓRICA
A madeira é um tecido lenhoso obtido a partir do caule das árvores, usado como combustível, na produção de celulose e papel e na obtenção de outros insumos da indústria e da agroindústria. Nas plantas dicotiledôneas e coníferas, a madeira é composta de células mortas que conduzem água, da raiz até as folhas, onde se dá o fenômeno de fotossíntese e evapotranspiração.
A fotossíntese, por sua vez, é a formação de carboidratos a partir do bióxido de carbono, da água e dos raios solares, processo que ocorre nas células clorofiladas de plantas verdes, com o oxigênio resultante sendo emitido na atmosfera, em grande quantidade ou volume, o que ajuda a manter o ciclo da vida no planeta. Nas palmeiras, a madeira é composta por feixes de células condutoras em tecido fibroso e duro.
Na maioria das espécies de árvores, a parte periférica e menos dura, chamada alburno ou borne, do caule conduz a água e a seiva, captadas pelas raízes e levadas então por meio do sistema vascular do caule e dos galhos até as folhas, flores e frutos. A parte mais dura e robusta do caule é chamada de cerne e sua principal função é estrutural, ou seja, manter a árvore de pé. Por isso, a madeira obtida a partir de árvores nobres são apreciadas na construção civil, na fabricação de móveis, instrumentos musicais e como detalhes decorativos em inúmeros objetos e veículos de luxo.
O papel é um dos principais produtos industrializados obtidos a partir do processamento da madeira. Ele é uma folha seca, fina e consistente, preparado com elementos fibrosos de origem vegetal e que serve para diversas atividades, como escrever, desenhar, pintar, imprimir publicações em geral e embrulhar mercadorias. Já o papelão é um tipo de papel mais resistente e que o papel almaço, para produção em larga escala de caixas de papelão, embalagens e capas de livros e outras publicações.
FLORESTAS
PLANTADAS
As
florestas plantadas são aquelas produzidas pelo ser humano, a grande
maioria delas com a intenção óbvia de obter lucro a médio e longo
prazos. A maioria das florestas plantadas no Brasil são equiânias,
ou seja, são formadas por árvores da mesma idade, são formadas por
uma única espécie de árvores para cada plantação ou propriedade,
portanto são florestas plantadas de monocultura, embora haja
exceções. Também a sua maioria tem como objetivo a produção de
produtos madeireiros, embora existam florestas plantadas com fins de
recuperação de áreas degradadas e lazer ou turismo, por exemplo.
Em
geral, essas florestas são plantadas em grande escala por pessoas
físicas e/ou empresas que irão utilizar ou comercializar os seus
produtos derivados. No entanto, a questão de escala é relativa, e
muda conforme regiões e países e em alguns locais, as plantações
de árvores também são plantadas por pequenos proprietários para
consumo próprio e venda da madeira às agroindústrias, já que a
floresta, ao contrário da maior parte das culturas agrícolas, não
se perde tão facilmente com secas, chuvas excessivas e outras
variações do clima.
ETAPAS
O Brasil se tornou, nos anos mais recentes, mais precisamente em 2017, o maior exportador de produtos de papel, celulose e madeiras do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. De modo geral, a maioria dos sistemas de produção de florestas plantadas no mundo é composta
pelas seguintes etapas:
MAPEAMENTO
O
mapeamento tem o objetivo de criar condições para o planejamento e
controle da floresta que será implantada. Faz-se um mapeamento
utilizando diversas técnicas, como topografia, por exemplo, este o método mais
comum para pequenas áreas; sensoriamento remoto; geoprocessamento
com auxílio de aparelho receptor de sinais GPS de satélites;
aerofotogrametria realizada por meio de aeronaves e/ou drones; dentre outros. Os
mapas gerados serão a base para a divisão da área total em áreas de
plantio, estradas, travessões, talhões, benfeitorias e áreas de
preservação obrigatórias por lei.
PLANEJAMENTO
O
primeiro momento de planejamento acontece antes da implantação da
floresta plantada. Esse planejamento é que vai determinar as áreas
de plantio, os métodos e recursos utilizados e um primeiro
cronograma de implantação. Seu objetivo é fazer com que o novo
povoamento florestal atinja os objetivos para os quais está sendo
iniciado.
O segundo momento é o planejamento operacional, que acontece todos
os anos, meses, ou com qualquer periodicidade que o (s) administrador
(es) considere (m) necessária. Esse tem o objetivo de execução e
acompanhamento das atividades necessárias para a sobrevivência ou viabilidade técnica e econômica da
propriedade rural e/ou da empresa que empreende a atividade
agrícola.
CONSTRUÇÃO
DE ESTRADAS
A
criação de estradas e travessões em florestas plantadas tem a
função de viabilizar a movimentação necessária de máquinas,
implementos agrícolas e automóveis nas etapas de preparo do solo,
plantio, adubação, irrigação (quando for o caso), tratos
culturais, inventário e extração ou colheita. As estradas e
travessões devem passar por manutenção periódica e limpeza para
que tenham também a eventual utilidade de dificultar o alastramento
de fogo em casos de acidentes, fenômenos naturais ou sabotagens. Além disso, é justamente por meio da movimentação dos caminhões pipa ou caminhões bombeiros que os funcionários da fazenda chegarão até os pontos críticos para apagar o fogo.
A
localização das estradas e dos travessões é planejada
antecipadamente para facilitar o transporte da madeira e/ou de seus
derivados, evitando, sempre que possível, grandes declividades e
áreas alagadiças. Além disso, a manutenção periódica e/ou conservação das estradas e travessões é necessária para evitar erosões, o que dificultaria a movimentação dos caminhões pipa ou caminhões bombeiros.
PREPARO
DE SOLO
O
preparo de solo consiste em criar as condições necessárias para o
plantio e desenvolvimento da floresta. Os métodos dependem de vários
fatores e precisam ser analisados em cada caso.
PLANTAÇÃO
É
possível plantar florestas com mudas ou sementes. A escolha depende
mais da espécie escolhida e da tecnologia disponível, mas na
maioria dos casos as plantações são realizadas com mudas.
ADUBAÇÃO
As
plantas possuem necessidades nutricionais que nem todos os tipos de
solo podem suprir. Como qualquer cultura agrícola, algumas florestas
necessitam de fertilizantes. O número e épocas de aplicação variam com a situação.
TRATOS
CULTURAIS
Os
tratos culturais são as atividades necessárias para o crescimento
da floresta e sua adequação aos objetivos de produção. A poda é
um exemplo de trato cultural para diminuir a formação de nós,
visando produção de madeira para serraria.
INVENTÁRIO
FLORESTAL
O
inventário florestal é a ação que busca conhecer a floresta para
otimizar a sua utilização. É executado periodicamente ou meses
antes da colheita da floresta, e gera conhecimento qualitativo (quais
espécies, condições de sanidade, etc.) e quantitativo (quantidade
de árvores, de volume de madeira, etc.) sobre o povoamento
florestal.
Nas décadas mais recentes, foi implantada a técnica de contagem de unidades de árvores com uso de mapeamento por drones.
PROTEÇÃO
FLORESTAL
A
proteção florestal consiste em ações que visam proteger a
floresta de incêndios, pragas, doenças e quaisquer elementos que
ameacem a integridade do patrimônio florestal. Envolve monitoramento
e intervenções quanto necessárias.
COLHEITA
E TRANSPORTE
A
colheita florestal é a fase em que se retira da floresta o que foi
produzido. Para o produto mais comum (madeira) os métodos evoluíram
do manual (machados e serrotes manuais), passando pelo
semimecanizado (motosserras), até chegar a uma intensa mecanização.
REFORMA
E CONDUÇÃO
Algumas
espécies florestais, como o eucalipto, por exemplo, podem brotar e
crescer novamente depois de seus caules terem sido colhidos. A
reutilização dessas raízes que não foram arrancadas no
momento da colheita chama-se condução. A reforma é o ato de
plantar a floresta novamente. Para as espécies que permitem ambas as
opções, a decisão de usar um ou outro método considera vários
aspectos e é importante para o sustento da atividade.
PRINCIPAIS CULTURAS FLORESTAIS BRASILEIRAS (2005
ATÉ 2015)
|
ESPÉCIES
|
ESTADOS PRODUTORES
|
PRODUTOS
|
Eucaliptos
|
MG, SP, PR, BA, SC, RS, MS, ES, PA, MA, GO, AP, MT, TO e PI
|
Celulose
e papel
|
Pinus
|
MG, SP,
PR, BA, SC, RS, MS e ES
|
Celulose
e papel
|
Acácia
|
AP, MT,
PR, RR, RS e AM
|
Energia,
carvão, cavaco para celulose, painéis de madeira, tanino para uso em
curtumes, adesivos, uso petrolífero e borrachas
|
Seringueira
|
SP, MS,
MG e TO
|
Energia,
celulose e borracha
|
Paricá
|
PA, MA
e TO
|
Lâmina
e compensado, forros, palitos, papel, móveis e acabamentos
|
Teca
|
MT, PA
e RR
|
Uso
nobre na construção civil e na indústria naval, principalmente em portas,
janelas, lambris, painéis, forros, assoalhos e decks, móveis, embarcações e
lâminas decorativas
|
Araucária
|
PR, RS,
SC e SP
|
Serrados,
lâminas, forros, molduras, ripas, caixotaria, estrutura de móveis, fósforo,
lápis e carretéis
|
Pópulus
|
PR e SC
|
Fósforos,
partes de móveis, portas, marcenaria interior, brinquedos, utensílios de
cozinha
|
Segundo
um estudo conjunto do SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural e do SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas, o Brasil tem atualmente cerca de 30.000.000 de
hectares de áreas de pastagens em estágio ou estado de degradação, ou seja,
em situação precária, com produtividade baixa ou quase nula para
produção intensiva de gramíneas para consumo de bovinos de corte e
de leite. A recuperação dessas áreas é possível mas demandaria
algum tempo e investimentos em correção de solo e adubação, com
um trabalho planejado de aplicação de calcário, gesso agrícola e
fertilizantes.
Por
outro lado, o Brasil assumiu um compromisso na ONU - Organização das Nações Unidas de recuperar pelo menos
50% dessas áreas degradadas de pastagens entre os anos de 2010 e
2020, com objetivo de aumentar a produtividade sem necessidade de
desmatamento desenfreado de matas nativas, o que, por sua vez, teria
consequência ambiental negativa.
A
plantação de florestas pode ser uma alternativa às pastagens, com
combinação de recuperação ambiental e produtividade com
lucratividade.
Caso
o produtor tenha interesse em produzir celulose, por exemplo, deve ter em mente
que não é economicamente viável plantar florestas a mais de 150
quilômetros do local da agroindústria ou fábrica.
ESTRUTURA DAS MADEIRAS
De modo
geral, as espécies de árvores utilizadas para produção madeireira, incluindo
construção civil, papel e celulose, são compostas de raiz, que é o elemento
fixado no solo, para captação de água e nutrientes; do caule ou tronco, que é a
principal e mais robusta estrutura de sustentação da árvore, incluindo os
troncos, as folhas e os frutos; e, finalmente, os galhos, fixados e/ou
originados a partir do caule.
As folhas são
os órgãos responsáveis pela respiração e pelo processo de fotossíntese,
enquanto os frutos e flores são os órgãos responsáveis pela reprodução. De modo
geral, as sementes estão localizadas dentro dos frutos, que são consumidos por
animais, que, por sua vez, espalham as sementes naturalmente, seja por simples
descarte ou por meio das fezes.
O principal
objetivo da agroindústria de produção de madeira, papel e celulose é a obtenção
do caule, formado por camadas concêntricas e cilíndricas, da base do caule até
o seu topo. Começando do lado externo do caule para o seu lado interno, há a
epiderme ou casca, a camada puberosa, a líber, o alburno, o cerne e a medula.
Mas há também uma classificação acadêmica mais simples, contendo a casca, o
lenho e a medula, também da parte externa para a parte interna.
A medula é a
parte mais ou menos mole, menor firme, que localiza-se bem no centro do caule,
da base do caule até na sua parte superior. Já o lenho, conhecido também como
corpo lenhoso, é a parte compreendida entre a medula e a casca. Já a casca,
como o próprio nome diz, é, obviamente, a parte superficial do caule.
Já o corpo
lenhoso possui subdivisões, também camadas concêntricas e cilíndricas, que são
o cerne e o alburno. O primeiro, o cerne, é parte mais valiosa da madeira, é
dura, compacta e pouco sujeita a ataques de insetos e vermes. Já o alburno é a
parte exterior do corpo lenhoso que envolve o cerne. O alburno é mais claro,
tem pouca consistência e contém uma massa de substâncias putrescíveis e
sujeitas a ação de insetos e vermes.
A alimentação
de uma árvore é realizada por meio da seiva, que é um fluido nutritivo que
viaja da raiz até os troncos, para cima e para baixo, nos sentidos ascendente e
descendente, de forma análoga ao sangue nos humanos. O crescimento das árvores
é análogo ao crescimento dos seres humanos, ou seja, ele é mais rápido nos
primeiros anos de vida e vai diminuindo de intensidade com o passar dos anos,
até alcançar a estabilidade quando já adulta, quando não cresce mais.
É difícil,
mas é possível, encontrar defeitos genéticos ou defeitos causados por insetos,
vermes, doenças ou condições climáticas extremas quando a árvore ainda está de
pé. É possível, mas é caro, realizar a análise da situação ou condição atual de
uma árvore por meio da extração de amostras no seu caule, por meio de sondas
metálicas. Dentre as anormalidades encontradas estão pé-de-galinha (fenda, com podridão,
bolor e mau cheiro), os nós, fibras torcidas (causadas pelo vento forte), madeira
picada (causada por insetos), fermentação da seiva (causada pelo calor e sol
forte, com pouco espaço para ventilação entre as árvores de um talhão), o
caruncho (um inseto intruso e parasita, corroendo a madeira) e a cárie seca
(uma espécie de úlcera ou lepra, que vai destruindo os tecidos vivos do caule,
pouco a pouco, que se manifesta com o aparecimento de cogumelos junto ao tronco),
dentre outros.
Para uso na construção civil, por exemplo, a madeira
recém cortada ainda está verde e úmida e não deve ser utilizada na construção
civil antes de passar por um processo de secagem, composto pela evaporação e/ou
solidificação de sua estrutura. Esse processo industrial ou agroindustrial é
realizado por meio de estufas, que são grandes fornos, com ar quente, nos quais
a temperatura pode chegar até 50 graus, por dias seguidos.
FLORESTAS
NATURAIS
As
florestas naturais, conhecidas também como mata nativa, são as
florestas formadas naturalmente ao longo dos séculos, sem a
intervenção humana. A sua exploração indiscriminada, desordenada e
indisciplinada representa perigo para os ecossistemas, por isso a
maioria dos países está adotando controle e fiscalização rígidos.
No
Brasil, a legislação atual exige que um plano de manejo seja aprovado
junto aos órgãos competentes para que se proceda a retirada
racional da madeira ou o aproveitamento também racional de outras
matérias-primas provenientes dessas florestas, como resinas, por
exemplo.
Tais
florestas são capazes de produzir madeiras nobres. Além disso são muito apreciadas para o turismo
ecológico.
Os
animais silvestres e as abelhas fazem parte desses ecossistemas, eles
são fundamentais para a preservação da biodiversidade e do
equilíbrio ecológico. As abelhas e outros insetos voadores são
responsáveis pela polinização das flores das árvores, que dão
origem aos frutos, cujo interior traz sementes. Esses frutos, por terem algum sabor, são consumidos por
animais silvestres das mais variadas espécies, voadores e terrestres, e, por consequência,
distribuem naturalmente e inconscientemente as sementes por meio de
seus excrementos ou simplesmente jogando fora as sementes enquanto consomem os frutos. Essa simbiose é vital para a conservação da
vitalidade das florestas, com a germinação de sementes para a
renovação contínua delas.
Se
um desses elos for quebrado, ou seja, se a humanidade perder o juízo
a ponto de eliminar os animais silvestres e/ou as abelhas, por exemplo,
no longo prazo poderá haver desequilíbrio ecológico e climático, com consequente escassez de recursos naturais.
Por exemplo, parte da umidade natural vital, originada no fenômeno de evapotranspiração, que se converte
posteriormente em chuvas para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul
do Brasil vem da região amazônica, em vários meses do ano, levada
pelos ventos. As árvores da região amazônica fazem parte desse
ecossistema que dá origem a essa mesma umidade, elas são
fundamentais para esse processo natural.
Para
efeito didático, é possível fazer uma analogia entre o meio
ambiente ou a natureza com um complexo quebra-cabeças. O Sol, a
atmosfera terrestre, os vegetais, a água salgada dos mares e a água insípida dos
rios, o solo, os lençóis freáticos e aquíferos, os animais silvestres e as
abelhas são peças insubstituíveis desse delicado quebra-cabeças.
São peças de dimensões e formatos únicos, que se encaixam
perfeitamente umas às outras, funcionando de forma coordenada, como se fossem engrenagens, por exemplo, para
suprir a humanidade de recursos naturais vitais para sua
sobrevivência.
CÓDIGO
FLORESTAL BRASILEIRO
É
importante que o internauta / leitor entenda o que é o Código
Florestal Brasileiro e entenda também que existem diferenças entre
as florestas plantadas, as florestas nativas e as reservas legais.
Desconhecer esses importantes aspectos da legislação brasileira
sobre o meio ambiente, sobre a agroindústria brasileira e sobre o
mercado brasileiro consumidor de produtos florestais é o mesmo que
ignorar quase completamente as regras e a dinâmica desse importante
segmento da economia brasileira.
A Lei 12.651 de 2012, conhecida também como Código Florestal Brasileiro, é a lei ambiental do Brasil. Ela é a
norma jurídica escrita e estabelecida pelo Poder Legislativo
Brasileiro sobre o que está relacionado com a conservação das
florestas naturais ou nativas e dos outros ecossistemas naturais
obrigatórios e protegidos por lei dentro das propriedades rurais.
Essa lei brasileira também define e determina as formas legais de
uso da terra e da água com fins lucrativos. É o Código Florestal Brasileiro
que determina a obrigação de preservação de áreas verdes
sensíveis e áreas verdes nativas dentro e fora das
propriedades privadas.
Esses
dois tipos de áreas, sensíveis e nativas, são chamados
oficialmente de APPs – Área de Preservação Permanente e RL –
Reserva Legal.
ÁREA DE
PRESERVAÇÃO PERMANENTE
As APP's - Áreas de Preservação Permanente são áreas sensíveis protegidas
por lei, dentro de propriedades rurais de pessoas físicas e/ou
jurídicas com fins lucrativos, cuja principal função é preservar
o equilíbrio do ecossistema, é preservar o equilíbrio ambiental.
Um dos exemplos mais evidentes da necessidade de criação,
manutenção ou conservação e monitoramento das APP's - Áreas de Preservação Permanente
são as matas ciliares, pois se elas não existissem haveria um alto
risco de assoreamento de rios, riachos, represas, lagos, nascentes, córregos e
lagoas. Assoreamento é a definição técnica dada para o acúmulo
ou depósito anormal de sedimentos, principalmente areia ou terra, em rios,
riachos, represas, lagos e lagoas, praticamente inviabilizando ou
dificultando a sobrevivência e reprodução de espécies de animais típicos da
região, incluindo os peixes.
O
Código Florestal Brasileiro considera APP's - Áreas de Preservação
Permanente margens de rios, cursos d'água, nascentes, lagos, córregos, lagoas e
reservatórios, topos de morros e encostas com declividade acentuada,
cobertas ou não por vegetação nativa. Essas áreas têm a função
ecológica ou ambiental de preservar os recursos naturais das
respectivas regiões, incluindo a água e as espécies animais
locais, a paisagem, a estabilidade geológica, o chamado fluxo
genético de fauna e flora, ou seja, a disseminação e germinação
de sementes das espécies vegetais locais e procriação das espécies animais.
É
importante entender que o ser humano é dependente dos recursos
naturais disponíveis na natureza. Entretanto, para que a natureza se
mantenha em equilíbrio e continue fornecendo recursos naturais é
preciso respeitar alguns de seus limites e as APP's - Áreas de Preservação
Permanente são alguns desses limites. Ultrapassar ou despeitar esses
limites causa desequilíbrio e o resultado de longo prazo é a
escassez de matéria-prima necessária para a sobrevivência humana.
As APP's - Áreas de Preservação Permanente são aquelas mais sujeitas aos
riscos de erosão do solo, enchentes e deslizamentos, caso suas
respectivas coberturas verdes sejam, por qualquer motivo, retiradas ou destruídas pelo ser humano.
RESERVAS LEGAIS
As
RL's – Reservas Legais são áreas de preservação obrigatórias
por lei dentro de propriedades privadas de pessoas físicas e/ou
pessoas jurídicas. Essas áreas devem ser mantidas praticamente
intocadas pelo ser humano, com sua cobertura vegetal original ou recompostas, embora seja possível, em casos muito específicos, a sua exploração econômica, como, por exemplo, a atividade de apicultura.
Elas, as RL's - Reservas Legais, têm a função de assegurar o uso econômico sustentável dos
recursos naturais, proporcionar a conservação da biodiversidade
local, abrigar e proteger a fauna silvestre e a flora nativa.
O
tamanho dessas áreas obrigatórias varia de acordo com a região
onde a propriedade está localizada. Na floresta da Amazônia Legal,
por exemplo, a Reserva Legal deve ser de 80% da área total da
propriedade rural. Já no cerrado da Amazônia Legal a Reserva Legal
deve ser de 35% da área total da propriedade. No restante do Brasil,
a Reserva Legal deve ser de 20% do total da propriedade, incluindo
Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa, este localizado na Região Sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul, além do Uruguai e parte da Argentina.
Nos
assentamentos rurais brasileiros a RL - Reserva Legal existe, mas nesse
caso o Governo Federal Brasileiro, por meio do INCRA – Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária, optou por separar para preservação uma
área grande e contínua de cada um dos assentamentos, uma boa ideia, já que se cada um desses pequenos
produtores rurais fosse obrigado a preservar 20% de seu respectivo lote, o que seria uma área de preservação muito
pequena, não seria alcançado o objetivo principal de preservação
de espécies vegetais e animais nativas, nascentes, córregos,
riachos, lagoas e rios.
MERCADO
O Brasil é, atualmente, o maior exportador de produtos florestais do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Entre as maiores empresas do setor estão a Suzano Papel e Celulose, a maior fabricante de celulose do mundo, e a Klabin S.A., também uma grande empresa do setor. De modo geral, nos
anos mais recentes, o Brasil exportou, em média, cerca de US$ 7
bilhões de dólares anuais em produtos florestais. Os principais produtos
de origem florestal exportados pelo Brasil são a celulose, o papel e
a madeira serrada, esta para diversos usos, incluindo na indústria
moveleira e na construção civil.
O
Brasil também importa produtos florestais, e não é pouco, cerca de
US$ 1 bilhão anuais, em média, considerando os anos mais recentes.
O Brasil também importa papel, borracha natural e celulose.
Apesar
de toda a polêmica envolvendo esse assunto, e não fazendo aqui
juízo de valor, a Região Norte do Brasil é a maior produtora e
fornecedora de produtos florestais madeireiros e não madeireiros para
as demais regiões do Brasil e para o exterior. Sob esse aspecto o
Serviço Florestal Brasileiro, em parceria com a Imazon, realizou em
2009 um estudo sobre os polos madeireiros da Amazônia.
Em
2004, na Amazônia Legal existiam 3.132 empresas madeireiras em
funcionamento. Sendo 60% serrarias, 32% microsserrarias, 6%
laminadoras e 2% fábricas de compensado. Essas empresas consumiram
24.000.000 de m³ (metros cúbicos) de toras, que resultaram em 10.000.000 de m³ de madeira processada, ou seja, madeira
serrada, laminados, compensados e produtos beneficiados.
Isso
representava um rendimento médio de processamento de 42% do volume
total. A maior parte da produção processada, o equivalente a 63%,
foi de madeira serrada. Os laminados e compensados totalizaram 21%
enquanto a madeira beneficiada, como portas, janelas, pisos, forros,
entre outros, totalizou 16% da produção.
Em
2009, na Amazônia Legal existiam 2.227 empresas madeireiras em
funcionamento. Aproximadamente 66% eram serrarias e 18% eram
microsserrarias. As beneficiadoras somaram 8%, as
laminadoras / faqueadoras somaram 6% e as fábricas de painéis somaram
pouco menos de 2%. Essas madeireiras extraíram em torno de 14.000.000 de m³ de madeira em tora, que resultou na
produção de quase 6 milhões de metros cúbicos de madeira processada.
Isso representou um rendimento médio de processamento de 41%. A
maioria, o equivalente a 72% dessa produção era madeira serrada com
baixo valor agregado, incluindo ripas, caibros, tábuas e similares.
Outros 15% foram transformados em madeira beneficiada com algum grau
de agregação de valor, incluindo pisos, esquadrias e madeira
aparelhada, e o restante, o equivalente a 13% em madeira laminada e
compensada.
No
mundo inteiro, o setor florestal tem importância como fornecedor de matéria-prima para a indústria da construção civil
e de transformação, principalmente a indústria moveleira. No
Brasil, apresenta-se ainda características mais singulares pelo fato
de o País estar entre os principais detentores de recursos
florestais abundantes, sendo um dos poucos que possui gigantesca área
de florestas tropicais.
O
Brasil possui uma grande cobertura florestal, a segunda maior
cobertura florestal do mundo, ficando atrás apenas da Rússia. O
Ministério do Meio Ambiente estima que 69% dessa cobertura tenha
potencial produtivo de madeira e derivados de árvores. Em
decorrência disso, o país desenvolveu uma estrutura produtiva
complexa no setor florestal, incluindo as florestas plantadas,
principalmente com pinus e eucaliptos, e suas relações com
produtores de equipamentos, insumos, projetos de engenharia e
empresas de produtos florestais.
Devido
ao seu potencial, o setor florestal brasileiro tem aumentado sua
participação no comércio mundial. Ao contrário do que se possa pensar, é possível, sim, extrair madeira de áreas florestais protegidas por lei, por meio de um planejamento de manejo sustentável, com prévia autorização das autoridades ambientais brasileiras, obedecendo a padrões legais.
Considerando
a média dos últimos dez anos, estima-se que o setor florestal
brasileiro, principalmente o de florestas plantadas, foi responsável por gerar cerca de 3,5% do PIB - Produto
Interno Bruto, o equivalente a cerca de US$ 37 bilhões anuais, e cerca de 5% das exportações totais do país, o equivalente a cerca de
US$ 7 bilhões anuais, sendo o setor de celulose responsável por cerca de US$ 3,5 bilhões anuais, o de madeira serrada, compensados e
produtos de maior valor agregado por cerca de US$ 2,5 bilhões anuais e o
de móveis por cerca US$ 1 bilhão anuais. O setor é ainda responsável
por gerar cerca de 7 milhões de empregos no Brasil.
O
Serviço Florestal Brasileiro está desenvolvendo, em parceria com o
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o projeto Contas Nacionais, que tem o objetivo de satisfazer os
interesses de análise e de formulação de políticas florestais e
ambientais para o País. Pretende-se identificar a existência de
possíveis ou prováveis falhas nas contas florestais e propor melhorias que
subsidiem a sistematização do setor florestal brasileiro no Sistema
de Contas Nacionais ainda mais afinado com as novas realidades,
atuais e futuras, da atividade florestal brasileira. Dessa forma,
pretende-se avaliar e dar a conhecer com mais precisão a efetiva
contribuição do setor florestal para a economia do país, através
da análise e detalhamento do Sistema de Contas Nacionais, com foco
nas atividades e produtos que evidenciem o setor florestal.
Apesar
de sua relevância na economia nacional, é um setor contraditório,
que ao mesmo tempo desenvolveu a silvicultura de florestas plantadas
com produção integrada e estrutura produtiva sofisticada e ética,
porém ainda convive com altos índices de desmatamento ilegal de
florestas nativas.
PROCESSADORAS DE MADEIRAS
MICROSSERRARIAS
Nas
microsserrarias, conhecidas também como pequenas serrarias, o
desdobro da madeira em tora é feito de maneira simples, através de
serras circulares, que funcionam com o uso de motores a diesel ou
elétricas, serras Induspan ou serras-de-fita horizontais (também
conhecidas como engenhos). Em geral, esses equipamentos são bastante
rudimentares e possuem baixo rendimento de processamento. As
microsserrarias são também caracterizadas por empregarem menos de
10 pessoas cada.
SERRARIAS
Nas
serrarias, conhecidas também como serrarias de médio e grande
portes, o processamento das toras ocorre por meio da utilização de
serras-de-fita, horizontais ou verticais, e em alguns casos serras
tipo Induspan. O produto acabado apresenta melhor qualidade (madeira
processada com dimensões mais precisas) e o equipamento permite o
processamento de quase todas as espécies de valor comercial.
O porte
da serraria varia de acordo com a quantidade de serras-de-fita que
ela possui, o que significa maior capacidade de processamento
instalada. Geralmente esse tipo de empresa madeireira emprega mais de
10 pessoas. Algumas serrarias realizam o beneficiamento de parte da
madeira. Porém, a maior parte da produção comercializada é de
madeira serrada bruta.
BENEFICIADORAS
As
beneficiadoras são aquelas empresas que realizam o beneficiamento da
madeira serrada. O beneficiamento consiste na geração de produtos
com maior valor agregado, tais como pisos, decks e forros. Como as
serrarias, essas empresas utilizam serras-de-fita para o desdobro das
toras, além de fazerem uso de plainas para o beneficiamento da
madeira serrada. A maior parte da produção é composta por madeira
serrada beneficiada.
LAMINADORAS
As
laminadoras são empresas que produzem lâminas de madeira de 1
milímetro a 3 milímetros de espessura para a fabricação de
compensados. Os equipamentos utilizados para o desdobro de toras
nesses empreendimentos são os tornos laminadores ou máquinas
faqueadoras.
FÁBRICAS
DE PAINÉIS
As
fábricas de painéis desdobram a madeira em tora e possuem a mesma
tecnologia empregada nas laminadoras, ou seja, utilizam tornos ou
faqueadoras. As lâminas de madeira são secas em estufas e,
posteriormente, submetidas à colagem e prensagem para a fabricação
de chapas de compensados.
GALERIA DE IMAGENS
PALANQUE (PARA CERCAS)
LASCAS (PARA CERCAS)
RÉGUAS (PARA CURRAIS)
PRANCHAS (PARA CURRAIS)
CAIBROS (PARA TELHADO)
RIPAS (PARA TELHADO)
REFERÊNCIAS
E SUGESTÃO DE LEITURA
- Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Produção_florestal
- CNA
– Confederação Nacional da Agricultura
- Senar
- Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
- SEBRAE
– Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
- IBGE
– Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
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