AERO BOERO AB-95

AERO BOERO AB-180 (DE 1970 ATÉ 2000)

AERO BOERO AB-115 (DE 1970 ATÉ 2000)

AERO BOERO AB-95 (DE 1960 ATÉ 1970)

INTRODUÇÃO

O clássico Aero Boero AB-180 é um pequeno e leve monomotor a pistão com capacidade para transportar duas pessoas em voos de treinamento, pulverização agrícola, aerodesporto (reboque de planadores), passeio e turismo, criado e desenvolvido na década de 1960 e fabricado em série e em larga escala na Argentina a partir da década de 1970 pela Aero Boero S.A., uma das principais fabricantes de aeronaves civis de pequeno porte da Argentina de 1960 até o ano 2000.

Já o também clássico Aero Boero AB-115 é um pequeno e leve monomotor a pistão, com capacidade para transportar duas pessoas em voos de treinamento, passeio e turismo, também criado e desenvolvido na década de 1960 a partir do projeto Aero Boero AB-95 e fabricado em série na Argentina a partir da década de 1970 pela mesma fabricante. Ambos os modelos, o Aero Boero AB-180 e Aero Boero AB-115, são irmãos, são semelhantes em quase tudo, exceto na motorização mais potente do Aero Boero AB-180.

Ambos os modelos de aeronaves, o Aero Boero AB-180 e o Aero Boero AB-115, foram adquiridos, em grande quantidade, em 1987, pelo Governo Brasileiro, por meio do então DAC – Departamento de Aviação Civil, conhecido atualmente como ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil, para integrar, por meio de comodato, a frota de aeroclubes brasileiros dedicados ao treinamento de novos pilotos.

A AERO BOERO

A Aero Boero S.A. foi uma fabricante argentina de aeronaves civis de pequeno porte, localizada na província (estado) de Córdoba, na Argentina. Essa empresa foi uma das principais fabricantes de aeronaves de treinamento e utilitárias agrícolas da Argentina, fabricando principalmente modelos para uso civil, fundada em 1956 pelos irmãos Héctor Boero e Caesar Boero, na época dois empresários do ramo de pulverização aérea de lavouras.

A empresa foi vítima das instabilidades econômicas e políticas na Argentina e no início da década de 2000 encerrou suas atividades de fabricação, manutenção e fornecimento de peças de reposição para aeronaves.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O clássico Aero Boero AB-180 é um pequeno e leve monomotor a pistão com asa alta, com trem de pouso convencional e com construção da fuselagem do tipo treliça de aço soldado, com tratamento anticorrosivo à base de cromato de zinco, com revestimento em tela da estrutura tubular, e construção das asas em alumínio com barras de compressão de aço, com as pontas em fibra de vidro, com sistema elétrico e com capacidade para transportar duas pessoas em voos de treinamento, passeio e turismo.

Ele foi desenvolvido e fabricado pela Aero Boero S.A. de 1970 até o ano 2000 para uso civil em geral, incluindo treinamento de pilotos, rebocador de planadores em aeroclubes, pulverização agrícola, passeio e turismo. Entretanto, hoje em dia é mais comum o seu uso para treinamento de pilotos civis e para rebocar planadores. O pequeno Aero Boero AB-180 tem capacidade para transportar um piloto instrutor e um piloto aprendiz, em missões típicas de treinamento para o curso de PP – Piloto Privado de Avião, o primeiro grau de instrução necessário para o futuro profissional de aviação civil.

Já o seu irmão Aero Boero AB-115 é semelhante em quase todos os aspectos, exceto na motorização, que é menos potente, portanto não adequada para rebocar planadores. Ele também é um clássico da aviação civil, um pequeno e leve monomotor a pistão com asa alta, com trem de pouso convencional e também com construção da fuselagem do tipo treliça de aço soldado, com tratamento anticorrosivo à base de cromato de zinco, com revestimento em tela, e construção das asas em alumínio com barras de compressão de aço, com as pontas em fibra de vidro, com sistema elétrico e com capacidade para transportar duas pessoas em voos de treinamento, passeio e turismo.

Ambos os modelos de aeronaves são muito simples, pequenos e leves. Eles estão entre os modelos de monomotores a pistão mais usados no Brasil para treinamento de novos pilotos, usados intensivamente pela maioria dos aeroclubes brasileiros para instrução dos aprendizes do curso de PP – Piloto Privado de Avião, com baixo custo de hora de voo, entre R$ 480,00 e R$ 580,00 na maioria dos aeroclubes.

Na verdade, esses dois modelos de aeronaves fabricados pela Aero Boero não são uma unanimidade entre pilotos brasileiros, praticamente todos eles reconhecem que o Piper J-3 Cub, o Neiva P-56 Paulistinha, o Piper PA-18 Super Cub e o Cessna 152 são mais dóceis, mais fáceis de pilotar. Por outro lado, os modelos Aero Boero AB-115 e Aero Boero AB-180 cumpriram e ainda conseguem cumprir aqui no Brasil sua função para a qual foram projetados, o treinamento de novos pilotos de avião nos aeroclubes brasileiros.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Os pequenos monomotores a pistão Aero Boero AB-180 e Aero Boero AB-115 foram criados e desenvolvidos pelos projetistas da fabricante argentina Aero Boero na década de 1960, utilizando como base para criação e desenvolvimento o antecessor da família Aero Boero AB, o pequeno monomotor a pistão Aero Boero AB-95, fabricado em série durante a década de 1960, com motorização Continental C-90 menos potente, com apenas 95 hp disponíveis na decolagem, até ser substituído na linha de montagem, no início da década de 1970, pelo Aero Boero AB-115, seu sucessor natural, com motorização Lycoming O-235 mais potente, com 115 hp disponíveis na decolagem, e pelo seu irmão Aero Boero AB-180, mais potente, com 180 hp disponíveis na decolagem.

Esses dois modelos de aviões, fabricados pela Aero Boero, fazem parte da família Aero Boero AB, uma série de aviões monomotores a pistão pequenos, extremamente econômicos e leves, composta pelo irmão mais velho Aero Boero AB-95, o modelo original, seguido pelo Aero Boero AB-115 e pelo Aero Boero AB-180, este com uma motorização mais potente, com motor Lycoming O-360, com 180 hp disponíveis na decolagem, portanto mais adequado para rebocar planadores.

VERSÕES DA FAMÍLIA AB

A família Aero Boero AB é composta por uma variedade de modelos dedicados ao treinamento de novos pilotos, pulverização agrícola, reboque de planadores, transporte aeromédico, turismo e passeio. A fabricação em série dos aviões dessa família foi iniciada na década de 1960 com o modelo original Aero Boero AB-95, seguida na década de 1970 pelos modelos Aero Boero AB-180 e Aero Boero AB-115, esses dois bem conhecidos da comunidade aeronáutica brasileira.

AERO BOERO AB-95

O clássico Aero Boero AB-95 é um pequeno e leve monomotor a pistão com capacidade para transportar duas pessoas em voos de treinamento, pulverização agrícola, passeio e turismo, fabricado em série e em larga escala na Argentina durante a década de 1960 pela então recém fundada Aero Boero S.A., uma das principais fabricantes de aviões da Argentina na época e nas décadas seguintes.

Ele é o modelo totalmente original da família e foi usado como base para a criação e desenvolvimento de vários modelos subsequentes, dentre eles as sub-versões Aero Boero AB-95A, com potência aumentada para 100 hp; Aero Boero AB-95A Fumigador, para pulverização agrícola; o Aero Boero AB-95B, com potência aumentada para 150 hp, para reboque de planadores; e Aero Boero AB-95-115, neste caso com a troca do motor da marca Continental C-90 pelo motor da marca Lycoming, com potência aumentada para 115 hp.

AERO BOERO AB-115

O clássico Aero Boero AB-115 é um pequeno e leve monomotor a pistão com capacidade para transportar duas pessoas em voos de treinamento, pulverização agrícola, passeio e turismo, criado e desenvolvido na década de 1960 e fabricado em série e em larga escala na Argentina a partir da década de 1970 pela Aero Boero S.A., que utilizou como base para sua criação e desenvolvimento o modelo original Aero Boero AB-95, mas com pelo menos uma mudança significativa, a troca do motor Continental C-90, com 95 hp, pelo motor Lycoming O-235, com 115 hp.

O motor Lycoming O-235 usado para tracionar o pequeno Aero Boero AB-115 possui 4 cilindros horizontais opostos e resfriado a ar, com carburador e dois magnetos no sistema elétrico. Já o sistema de lubrificação é do tipo cárter úmido, possuindo uma bomba de engrenagem que, por pressão, conduz o óleo para o motor.

O pequeno Aero Boero AB-115 é uma aeronave de asa alta de perfil NACA 23012. A asa e a nacele são feitas de liga de alumínio reforçado, e as pontas das asas fabricadas em fibra de vidro, enquanto a fuselagem e a empenagem são revestidas em tela com tratamento anticorrosivo na sua estrutura em tubos de aço soldados.

A versão de treinamento, sendo esta a mais comum, contém dois assentos em configuração tandem, com o aluno-piloto no assento dianteiro, e o instrutor no assento traseiro. Atrás do assento traseiro há um pequeno compartimento para bagagens, com uma capacidade de no máximo 25 kg. O assento dianteiro possui um cinto de três pontos, enquanto o traseiro tem um cinto simples, abdominal. Ambos os ocupantes entram e saem por uma única e larga porta no lado direito da cabine.

Os comandos de voo são duplicados, sendo o manche central, a manete de potência, pedais do leme e do freio mecanicamente conectados aos do assento traseiro. O manche e a manete de potência do assento traseiro podem ser removidos para levar passageiros.

Os comandos de voo primários são atuados diretamente por cabos e polias. Os ailerons são fabricados de liga de alumínio, enquanto o leme e profundor são feitos de tubos de aço revestidos em tela. Os flaps tem quatro posições (0º, 15º, 30º e 45º) e são atuados mecanicamente por uma alavanca na parte superior esquerda da cabine. O compensador do profundor está localizado no bordo de saída do mesmo, e é atuado por uma alavanca do lado esquerdo da cabine. O leme e o aileron esquerdo também possuem abas de compensador, porém estes só podem ser ajustados em solo.

Um motor Lycoming O-235-C2A arrefecido a ar, 115 hp, gira uma hélice metálica passo fixo de duas pás, modelo Sensenich 72 CK-050. O sistema de injeção de combustível utiliza um carburador FACET MA 3PA, equipado com aquecimento de carburador. O motor também é equipado com um alternador Prestolite, dois magnetos Bendix Scintilla S5LN e um motor de arranque Prestolite. O lubrificante é armazenado no cárter. O sistema de lubrificação também inclui um radiador de óleo na entrada de ar do motor.

O motor pode ser alimentado com Avgas de 80/87, 100LL ou 100/130 octanas. São dois tanques de combustível feitos de alumínio, fixados por cintos metálicos na raiz de cada lado da asa. A quantidade de combustível é medida por dois vidros mostradores separados, um em cada lado da cabine. Há também duas seletoras de combustível, uma para cada tanque, podendo ser independentemente abertas ou fechadas.

A aeronave possui trem de pouso do tipo convencional. Cada uma das rodas do trem principal é fixada em três pontos: duas juntas articuladas, e um amortecedor. As rodas são feitas de liga de alumínio e magnésio, equipadas com freios independentes atuados hidraulicamente. A aeronave, entretanto, não possui freio de estacionamento, portanto quando estacionada deve ser necessariamente calçada. A bequilha é conectada ao leme por duas molas, mas também pode girar livremente quando destravada.

O painel de instrumentos é relativamente simples, utilizado para treinamento de voo básico, com instrumentos essenciais de voo como um velocímetro, um altímetro, um VSI e um simples coordenador de curvas. Os instrumentos de motor são tacômetro, dois instrumentos para pressão e temperatura do óleo e um amperímetro para o alternador. Para navegação, há uma bússola. O painel também possui um rádio Bendix / King VHF e um transponder Bendix / King, o que o torna apto a sobrevoar regiões metropolitanas.

A cabine é equipada com uma luz, que é ligada pelo mesmo interruptor das luzes de navegação, e sua luminosidade pode ser ajustada por um potenciômetro. A aeronave é também equipada com duas luzes para pouso, ambas no bordo de ataque da asa esquerda, mas estas não podem ser utilizadas continuamente por mais de cinco minutos.

Duas sub-versões do Aero Boero AB-115 também foram fabricadas, chamadas Aero Boero AB-115BS e Aero Boero AB-115-150, a primeira para transporte aeromédico, com uma maca fixada atrás do piloto, e a segunda com potência aumentada para 150 hp, para pulverização de lavouras;

AERO BOERO AB-180

O clássico Aero Boero AB-180 é um pequeno e leve monomotor a pistão com capacidade para transportar duas pessoas em voos de treinamento, pulverização agrícola, reboque de planadores, passeio e turismo, criado e desenvolvido na década de 1960 e fabricado em série e em larga escala na Argentina a partir da década de 1970 pela Aero Boero S.A., com pelo menos uma diferença significativa em relação ao seu irmão Aero Boero AB-115, a troca do motor Lycoming O-235, de 115 hp, pelo motor Lycoming O-360, mais potente, com 180 hp.

O motor Lycoming O-360-A1A usado para tracionar o pequeno Aero Boero AB-180 possui 4 cilindros horizontais opostos e resfriado a ar, com carburador e dois magnetos no sistema elétrico. Já o sistema de lubrificação é do tipo cárter úmido, possuindo uma bomba de engrenagem que, por pressão, conduz o óleo para o motor.

Algumas sub-versões do Aero Boero AB-180 também foram fabricadas, dentre elas a Aero Boero AB-180 RV, de alcance melhorado; a Aero Boero AB-180 RVR, para rebocar planadores; a Aero Boero AB-180 Condor, com turbocompressor, portanto com desempenho melhorado; a Aero Boero AB-180 Ag, para pulverização agrícola; a Aero Boero AB-180 SP, também para pulverização agrícola; e a Aero Boero AB-180 PSA, para treinamento de novos pilotos.

MERCADO

Parte do sucesso comercial da fabricante argentina Aero Boero S.A. nas décadas de 1980 e 1990 é devido ao aparente desinteresse de fabricantes brasileiras na época em oferecer modelos de aviões treinadores básicos a pistão pelo preço máximo imposto pelo Governo Brasileiro, de US$ 75 mil, em valores da época, o equivalente hoje a cerca de US$ 175 mil, o que levou o então DAC – Departamento de Aviação Civil, na época um órgão militar do Ministério da Aeronáutica, a buscar no país vizinho, a Argentina, uma solução razoável para o treinamento de novos alunos dos aeroclubes brasileiros, já que os modelos operados para treinamento na época, Dentre eles o Neiva P-56 Paulistinha e o Piper J-3 Cub já davam alguns sinais da idade dos respectivos projetos.

Por exemplo, na década de 1980 o Neiva P-56 Paulistinha não podia operar em áreas de tráfego aéreo mais intenso, pois ele não possuía sistema elétrico, portanto não estava equipado com transponder, o que, por sua vez, aumentava o risco de colisão com outras aeronaves no mesmo tráfego.

Na época, o Governo Brasileiro adquiriu 366 unidades de aviões da família Aero Boero AB para serem distribuídas aos aeroclubes brasileiros, por meio de comodato (empréstimo), a maioria das unidades, 306, do modelo Aero Boero AB-115, exclusivamente para treinamento, e algumas dezenas de unidades, 60, do modelo Aero Boero AB-180, mais potente, para treinamento e para rebocar planadores.

Atualmente, somente 160 unidades de aviões da família Aero Boero AB estão em condições de voo no Brasil. Isso acontece por vários motivos, dentre eles dois motivos principais:

Aviões de treinamento estão, naturalmente e obviamente, mais sujeitos a acidentes durante o uso, já que a função deles é justamente o treinamento de pilotos ainda sem experiência;
A grande maioria dos aeroclubes brasileiros não tem condições financeiras de fazer a restauração necessária para colocar essas aeronaves novamente em condições de voo;

A única solução aparente é o Governo Federal, por meio da ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil, recolher, literalmente, todas as unidades inoperantes de aviões de treinamento em posse de aeroclubes brasileiros, licitar serviços de restauração por oficinas homologadas / certificadas e, depois disso, redistribuir os aviões já em condições de voo aos aeroclubes, lembrando que um aeroclube, de modo geral, é uma instituição de ensino sem fins lucrativos.

FICHA TÉCNICA

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

AERO BOERO AB-115 (BS)