CHEVROLET MONZA

PROJETO J-CAR
CHEVROLET MONZA (BRASIL)
CHEVROLET CAVALIER (ESTADOS UNIDOS)
DAEWOO ESPERO (COREIA DO SUL)
OPEL ASCONA (EUROPA)
HOLDEN CAMIRA (AUSTRÁLIA)

INTRODUÇÃO
Logo acima e logo abaixo, imagens do antigo sedan de luxo brasileiro Chevrolet Monza, a versão nacional do carro mundial fabricado em larga escala pela General Motors, um grande sucesso de vendas, um dos maiores e mais duradouros frutos do Projeto J-Car da gigante americana fabricante de automóveis
Projeto J-Car foi um bem sucedido plano industrial privado de criação e desenvolvimento a nível mundial, a partir da década de 1970, de uma família totalmente original de automóveis de luxo de tamanho médio com carroceria monobloco, com fabricação em larga escala a partir da década de 1980 e baseada em uma plataforma comum da fabricante de automóveis americana General Motors, composta pelo Opel Ascona, Chevrolet Cavalier, Isuzu Aska, Chevrolet Monza, Holden Camira, Chevrolet Aska, Cadillac Cimarron e Oldsmobile Firenza, todos sedãs de luxo, a maioria com versões disponíveis com quatro portas.

O Chevrolet Monza, por exemplo, o clássico modelo original da década de 1980, com o qual a General Motors do Brasil disputava o segmento nacional de automóveis de luxo de tamanho médio, já na sua 1ª geração apresentava uma notável variedade de inovações tecnológicas e um bom nível de conforto para a época. Ele era considerado um automóvel moderno, confortável e elegante e esteve disponível no Brasil em várias versões, com carrocerias nos formatos sedan e hatch, com opções de duas portas para o hatch e duas e quatro portas para o sedan.

 geração do Chevrolet Monza despertou a atenção, a admiração, o respeito e o desejo da classe média brasileira e, em algumas versões mais sofisticadas, até da classe alta. O modelo Chevrolet Monza sedan de quatro portas e três volumes, nas versões Monza SL/E e Monza Classic, por exemplo, esteve durante anos seguidos, praticamente uma década, no centro das atenções das revistas especializadas brasileiras, entre elas Quatro Rodas e Auto Esporte, e esteve presente também nas rodas de conversas de final de semana da burguesia brasileira, inclusive.

O modelo Chevrolet Monza sedan foi um legítimo representante da General Motors no segmento de automóveis médios de luxo, estava baseado na Plataforma J-Car. Ele é um automóvel de três volumes fabricado no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Dando início à produção e comercialização do Chevrolet Monza no Brasil em 1982, a General Motors colocou à disposição do consumidor brasileiro as suas primeiras versões com carroceria hatch de duas portas. Com a reação imediata e positiva desse mesmo consumidor de classe média, refletida no volume total de vendas, com mais de 33.000 unidades fabricadas logo no primeiro ano de fabricação, a General Motors deu continuidade, em 1983, ao desenvolvimento do Projeto J-Car no Brasil, com o lançamento da versão de três volumes do Chevrolet Monza, com opções de duas e quatro portas, também com grande sucesso de vendas.

Nas décadas de 1980 e 1990, os principais concorrentes da Família J-Car da General Motors  brasileira foram o econômico sedan Ford Del Rey, um derivado do Ford Corcel; o bonito, então moderno e também econômico sedan Ford Verona, disponível em duas versões de duas portas; o  confortável sedan Volkswagen Santana, em versões de duas e quatro portas; o bonito e então moderno sedan de luxo Fiat Tempra, com quatro portas e, nos primeiros anos de fabricação, em duas versões de acabamento.

A GENERAL MOTORS
A General Motors é uma grande e tradicional fabricante americana de automóveis, caminhões e pick-ups. Em 2018, por exemplo, ela foi a quarta maior fabricante de veículos do planeta, com mais de 7,1 milhões de unidades fabricadas. Em 2014, por exemplo, ela foi a terceira maior fabricante de veículos do planeta, com mais de 8 milhões de unidades fabricadas. Ela foi fundada em 1908 nos Estados Unidos pelo empresário americano William Durant e está sediada em Detroit, no estado de Michigan. Ela foi formada a partir do agrupamento de várias outras indústrias do ramo automotivo. Em 1921, o alto executivo americano Alfred Sloan Junior assumiu o controle da organização, dando início a um amplo programa de profissionalização das sua gerências, o que contribuiu para torná-la a líder mundial na fabricação de automóveis naquela época.

Atualmente, a General Motors está presente em quase todos os países do mundo, com mais de 396 instalações de diversos tipos e finalidades, incluindo fábricas próprias, de suas subsidiárias ou de empresas nas quais tem participação societária, atuando inclusive na importação e comercialização de automóveis de suas marcas, fabricados em outros países. Ela emprega, no total, mais de 250 mil pessoas e possui no seu portfólio várias marcas, entre elas a Buick, a Chevrolet, a Cadillac, a GMC, a ACDelco, esta uma fabricante de peças e componentes automotivos, e a Daewoo, da Coreia do Sul, com uma participação societária de pouco mais de 50% nesta fabricante.

A subsidiária brasileira da General Motors é a General Motors do Brasil, ela foi a segunda maior fabricante e vendedora de veículos do Brasil em 2019, incluindo automóveis e pick-ups, com mais de 475 mil unidades vendidas, entre nacionais e importados. Em 2014, por exemplo, ela também foi a segunda maior fabricante e vendedora, com mais de 578 mil unidades vendidas. Ela foi fundada no Brasil em 1925, mas nos primeiros cinco anos de suas atividades aqui só montava no Brasil os automóveis quase prontos importados dos Estados Unidos. Somente a partir de 1930 a General Motors do Brasil possou a fabricar, de fato, automóveis no Brasil.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Logo acima e logo abaixo, o Chevrolet Monza com carroceria hatch de duas portas, o primeiro modelo de automóvel do Projeto J-Car lançado pela General Motors do Brasil, fabricado em larga escala e vendido no Brasil de 1982 até 1988, com motorizações de aproximadamente 1.600 cilindradas, 1.800 cilindradas de 2.000 cilindradas, dependendo do ano e da versão fabricada, incluindo o Monza SR 2.0S, o esportivo da família
O Projeto J-Car, conhecido também como Projeto J, foi a primeira proposta concreta de automóvel mundial da General Motors após a crise do petróleo da década de 1970. Antes daquela época, as grandes fabricantes americanas General Motors, Ford e Chrysler estavam acostumadas a fabricar grandes e pesados automóveis porque havia poucos questionamentos dos consumidores americanos sobre os níveis de consumo de combustível. Havia então uma forte inclinação do mercado americano por automóveis espaçosos e confortáveis, colocando os quesitos de consumo de combustível em segundo plano.

Veio a crise do petróleo e então esses grandes fabricantes passaram a projetar e fabricar os chamados automóveis mundiais, ou seja, conceitos padronizados de projeto e fabricação que aproveitavam o máximo possível o que havia de melhor em peças, partes e componentes disponíveis nas matrizes e em cada uma de suas respectivas subsidiárias, em todos os continentes, combinando os melhores e mais bem sucedidos conhecimentos e experiências da tecnologia automotiva sobre a fabricação de plataformas comuns eleitas pelas respectivas matrizes, com lançamentos quase simultâneos de modelos padronizados de automóveis em várias partes do planeta.

A General Motors, a Ford, a Chrysler e a Fiat, que já competiam entre si pela preferência dos consumidores americano e europeu, passaram a enfrentar também as gigantes japonesas que, aliás, já estavam acostumadas a fabricar automóveis pequenos e econômicos e, portanto, não precisavam passar por nenhuma adaptação. A General Motors, a Ford, a Chrysler (pronuncía-se Cráislâr) e a Fiat entenderam que precisavam unir as forças de suas respectivas subsidiárias para criação de projetos padronizados e conjuntos dentro de seus grupos, para competir em seus respectivos mercados, com redução de custos com criação e desenvolvimento, com economia de escala e eficiência nos processos de manufatura, com intercâmbio de peças fabricadas em lugares onde seus custos de produção estavam mais competitivos em cada momento. Surgiram assim os primeiros representantes do conceito de automóvel mundial, o Chevrolet Cavalier (conhecido também como Opel Ascona, na Europa, e Chevrolet Monza, no Brasil), o Ford Escort, um grande sucesso de vendas, o Chevrolet Chevette e o Fiat Uno, também um grande sucesso de vendas.

Do lado da General Motors, o Projeto J-Car foi criado em conjunto pelas áreas de projeto e estilo da matriz americana e de suas subsidiárias na Alemanha, na Austrália, na Inglaterra, no Japão, na Africa do Sul e no Brasil. Em valores atualizados, foram gastos cerca de US$ 8 bilhões (dólares) no Projeto J-Car e entre as principais características positivas do novo modelo de automóvel estavam a tração dianteira; a motorização transversal; o comando de válvulas no cabeçote; os para-choques em resina plástica; o bom coeficiente de penetração aerodinâmica; os bancos dianteiros com encosto de cabeça; os cintos de segurança de três pontos; o limpador / lavador do vidro traseiro, com desembaçador elétrico; a suspensão independente na dianteira e semi-independente na traseira; e os pneus radiais.

Talvez os internautas / leitores mais jovens ainda não entendam o que significava naquela época esse conjunto de características positivas. Eram inovações tecnológicas que representavam um novo salto de qualidade, modernidade e performance em relação aos modelos anteriores, mais antigos, de automóveis, um divisor de águas, como se costuma dizer dentro do meio empresarial, resultando em mais economia de combustível, mais conforto, mais segurança, manutenção mais simples e barata, mais elegância e bom valor de revenda, entre outras vantagens.

Os primeiros esboços do Projeto J-Car foram criados em 1977, sob supervisão direta da matriz americana. Esses desenhos foram criados em conjunto pelos engenheiros e designers americanos, brasileiros, alemães, australianos, ingleses, japoneses e sul-africanos. Os primeiros esboços foram compartilhados por várias subsidiárias da General Motors, com cada uma delas opinando sobre cada etapa de evolução dos desenhos, até se chegar a um padrão aceitável pela matriz americana. A princípio, tratava-se de uma família completa e moderna de automóveis de tamanho médio e um bom nível de conforto e tecnologia, incluindo um modelo perua. A General Motors estava lançando um modelo de automóvel para disputar uma faixa de mercado com poucos concorrentes, entre eles o Ford Corcel, o Volkswagen Passat e o Dodge Polara, todos esses disponíveis no Brasil a partir da década de 1960, e o Ford Corcel II e Ford Del Rey, disponíveis também no Brasil a partir das décadas de 1970 e 1980, respectivamente.

A proposta da General Motors do Brasil, por exemplo, era a de criação, desenvolvimento e fabricação em larga escala de uma família totalmente original de automóveis de tamanho médio no Brasil, na fábrica paulista de São Caetano do Sul, com um índice majoritário de nacionalização de peças, partes, componentes e mão de obra nos processos de fabricação. Em caso de sucesso do Projeto J-Car, a maior parte das ideias criadas e desenvolvidas para o Chevrolet Monza na versão hatch seriam estendidas para outro modelo derivado, o sedan médio de luxo Chevrolet Monza, nas versões Monza SL e Monza SL/E. Se havia intenção concreta e a decisão efetiva da General Motors do Brasil de lançar uma versão perua do Chevrolet Monza a fabricante conseguiu manter em absoluto sigilo essa possibilidade.

Inicialmente, a General Motors do Brasil optou pela fabricação em larga escala, na fábrica de São José dos Campos, interior do Estado de São Paulo, de uma mesma família de motores para o Chevrolet Monza, denominada Chevrolet OHC, com duas versões de cilindrada, uma de 1.600 centímetros cúbicos e outra de 1.800 centímetros cúbicos, com refrigeração a água, correia dentada e duas opções de combustível, gasolina e álcool ou etanol, ressaltando que naquela época ainda não existia a tecnologia flex, para usar simultaneamente os dois combustíveis. Mas com o passar do tempo e com o sucesso absoluto do Chevrolet Monza, a fabricante percebeu que seria tecnicamente possível e economicamente viável aproveitar essa mesma tecnologia de motorização para disponibilizar ao consumidor uma versão de cilindrada maior, com quase 2.000 centímetros cúbicos, acrescentando-lhe mais algumas inovações tecnológicas para manter os níveis de consumo sob controle, com aumento de desempenho.

MODELO E VERSÃO
LANÇAMENTO
Monza hatch 1.6, duas portas, gasolina e etanol, 75 cv e 12 kgfm, 4 marchas
1982
Monza hatch 1.8, duas portas, gasolina, 86 cv e 14 kgfm,
1983
Monza sedan 1.8, duas e quatro portas, gasolina, 86 cv e 14 kgfm, 5 marchas
1983
Monza sedan 1.8, duas e quatro portas, 86 cv e 14 kgfm, câmbio automático
1984
Monza sedan 1.8, duas e quatro portas, etanol, 90 cv e 15 kgfm, 5 marchas
1984
Monza hatch SR 1.8, duas portas, 99 cv e 16 kgfm, 5 marchas
1985
Monza sedan 1.8 Classic, duas e quatro portas, 99 cv, 5 marchas
1986
Monza sedan 2.0, duas e quatro portas, 95 cv e 16 kgfm, 5 marchas
1987
Monza hatch SR 2.0, duas portas, 110 cv e 17 kgfm, 5 marchas
1987
Monza Classic EF500, quatro portas, injeção eletrônica, câmbio automático
1989
Monza sedan 2.0 e 1.8, duas e quatro portas, computador de bordo
1990
Monza sedan reestilizado 2.0 e 1.8, duas e quatro portas, painel digital
1991

O Chevrolet Monza foi lançado 1982 e foi o automóvel mais vendido do Brasil em 1984, com mais de 70.000 unidades fabricadas, superando inclusive os populares Volkswagen Fusca e Chevrolet Chevette, menores e mais baratos. Foi a primeira vez na história da indústria automobilística ou automotiva brasileira que um automóvel de luxo de tamanho médio chegou ao topo do ranking dos mais vendidos. É claro que as fabricantes concorrentes Ford e Volkswagen passaram a agilizar seus lançamentos e incrementar seus produtos então atuais do mesmo segmento para melhorar suas vendas. O Volkswagen Santana e o Ford Del Rey foram as respostas a esse sucesso da General Motors, mas não foi o suficiente, tanto que anos mais tarde vieram novos lançamentos para fazer frente ao avanço da General Motors no mercado brasileiro, incluindo o Ford Verona, o Fiat Tempra, o Ford Versailles e o Volkswagen Apollo.

O Chevrolet Monza foi um grande sucesso de vendas no mercado brasileiro também em 1985 e 1986, com mais de 75.000 unidades e 81.000 unidades vendidas, respectivamente. Um resultado surpreendente até mesmo para a própria General Motors do Brasil e para a holding General Motors nos Estados Unidos, resultado de uma combinação equilibrada de características mecânicas positivas que agradaram aos típicos consumidores brasileiros das classes média e alta, com robustez suficiente para enfrentar as duras condições das estradas, rodovias, ruas e avenidas brasileiras.

As versões de três volumes, conhecidas também como versões sedans, principalmente as versões de quatro portas do Chevrolet Monza, eram bem resolvidas no aspecto estético e de projeto de carroceria monobloco, com bom espaço para pernas e cabeças dos cinco ocupantes e com bom acabamento interno, com tecidos finos. Essas versões, principalmente a Monza SL/E e a Monza Classic foram símbolos de status no Brasil por vários anos, até a liberação do Governo Brasileiro, no início da década de 1990, para a importação de automóveis mais chiques fabricados por grandes e tradicionais marcas, como Mercedes-Benz, BMW, Audi, Volvo, Alfa Romeo, Jaguar e Lexus.

A ABERTURA DO MERCADO
O mercado brasileiro está, atualmente, entre os dez mais importantes no mundo para praticamente todas as grandes montadoras multinacionais. Entretanto, nas décadas de 1970, 1980 e 1990 este mesmo mercado já era grande. O sucesso do Chevrolet Monza, do Chevrolet Chevette e de outros modelos de fabricantes concorrentes, como Ford Escort, Fiat Uno e Volkswagen Gol reforçou essa impressão e despertou a atenção e curiosidade de praticamente todas as grandes montadoras multinacionais americanas, japonesas, europeias e sul-coreanas, embora somente na década de 1990 a maioria delas decidiu entrar definitivamente no mercado brasileiro, seja por meio de importações ou seja por meio de fabricação própria, em larga escala, em território nacional.

As gigantes multinacionais General Motors / Chevrolet, Volkswagen, Ford e Fiat já estavam no Brasil naquela época e a abertura do mercado promovida pelo então presidente Fernando Collor de Mello acelerou os planos de investimentos de várias outras montadoras estrangeiras, que queriam entender melhor o mercado nacional e identificar os nichos de mercado mais adequados para serem explorados comercialmente. A fórmula ou receita de sucesso dessas quatro grandes multinacionais americanas e europeias que já estavam instaladas no Brasil foi seguida pelas demais estreantes: Robustez; manutenção simples e barata; baixo e/ou razoável custo de aquisição; e bom e/ou razoável valor de revenda;

O mercado brasileiro é pragmático e a propaganda boca-a-boca ainda tem influência sobre a decisão de compra do consumidor. Isso significa, para quem não é brasileiro, não mora no Brasil e ainda não sabe o significado dessa expressão popular, que um consumidor satisfeito em geral fala bem do produto e estimula ou influencia outro consumidor a comprar mais uma unidade do mesmo produto, resultando em algo como se fosse uma reação em cadeia positiva, resultando em um sucesso de vendas. É um mercado que se comporta com alguma resistência no início, mas passa a fazer propaganda gratuita do produto se experimentar e se sentir satisfeito.

Antes da década de 1990, havia um pretexto ou argumento, seja lá como for, de “proteção” à indústria nacional em geral, na forma de uma ampla reserva de mercado. O que em tese seria uma forma de proteger e gerar empregos no Brasil, acabou se tornando ao longo dos anos em um entrave para a modernização e competitividade da indústria nacional em geral, em praticamente todas as áreas da indústria nacional, na maior parte dos segmentos da economia, com uma espécie de comportamento acomodado, indiferente às inovações tecnológicas e excessivamente conservador.

Para enfrentar o avanço das marcas internacionais mais chiques de automóveis no mercado nacional no início da década de 1990, já que o consumidor brasileiro estava deslumbrado com as inúmeras opções sofisticadas de automóveis dotados de alta tecnologia e excelente acabamento, as fabricantes nacionais agilizaram seus lançamentos e melhorias de seus produtos, o que resultou no lançamento do Fiat Tempra, um projeto de primeiro mundo, bonito, bem projetado e bem fabricado, o novo Volkswagen Santana, um modelo reestilizado sobre a mesma plataforma do Volkswagen Santana original, e, enfim, o carro mais chique fabricado até então pela General Motors do Brasil, o Chevrolet Monza Classic EF500, com injeção eletrônica e acabamento interno em couro, uma alusão à vitória do ex-piloto de Formula Indy Emerson Fittipaldi, na tradicional prova 500 Milhas de Indianápolis, nos Estados Unidos, em 1989.

A essa altura do campeonato o sedan de tamanho médio Ford Del Rey já mostrava sinais evidentes de projeto tecnologicamente e esteticamente ultrapassado, então a Ford do Brasil entendeu que precisava de algo melhor para ocupar o seu lugar, optando assim pela produção nacional do sedã médio de luxo Ford Versailles, fruto da união da Ford do Brasil com a Volkswagen do Brasil, dando origem assim à Autolatina, a holding nacional das duas fabricantes. Mas ainda assim não foi suficiente, a Ford do Brasil decidiu então importar o sedan médio de luxo Ford Mondeo, um carro bonito, moderno, bem projetado e bem fabricado, enquanto a Volkswagen do Brasil optava pela importação do novo Volkswagen Passat, também com várias características positivas e totalmente diferente do antigo Volkswagen Passat vendido até a década de 1980 pela Volkswagen do Brasil.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Logo acima e logo abaixo, imagens da segunda geração do Chevrolet Monza de quatro portas, com novo design, o sedan de luxo atualizado da General Motors do Brasil, modernizado a partir do início da década de 1990 para enfrentar a concorrência acirrada dos modelos importados  por grandes fabricantes americanos, europeus, japoneses e sul-coreanos
Na década de 1980 a General Motors do Brasil deu início ao Projeto J-Car, composto por um modelo hatch de entrada de tamanho médio, totalmente original, e caso ele conseguisse alcançar um número expressivo de vendas, na sequência viriam os seus irmãos sedans de duas e quatro portas, o Monza SL e Monza SL/E, aquele mais simples, para taxistas e locadoras de veículos, e este mais sofisticado, para executivos e famílias típicas de classe média. Todos esses modelos passaram a ser fabricados em série e vendidos em grande quantidade na década de 1980, todos com opções movidas a gasolina e opções movidas a álcool. Vale relembrar que na época não havia ainda a tecnologia de motorização flex, que permite adicionar gasolina e álcool, simultaneamente, em qualquer proporção, nos tanques de combustível.

O Chevrolet Monza hatch começou a ser produzido em série em 1982 como um automóvel de nível médio de acabamento, mas alguns anos depois ficou evidente para o fabricante a preferência do consumidor brasileiro pelas versões sedans de duas e quatro portas, modelos de automóveis com três volumes bem definidos, o cofre / vão do motor e o próprio motor; o habitáculo, ou seja, a parte do automóvel em que se acomodam motorista e passageiros; e, é claro, o porta-malas.

O Chevrolet Monza sedan conseguiu inclusive alcançar um nível de penetração aerodinâmica bem razoável para a sua época, com CX de 0,39, portanto podia ser considerado um automóvel aerodinâmico, pois a disposição transversal do  motor desde a sua primeira geração possibilitou um pouco de ousadia estética e aerodinâmica. O Chevrolet Monza da  geração foi projetado desde o início com suspensão independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, com pneus radiais 185/70, com rodas com aro de 13 polegadas.

No início da década de 1980, a modesta motorização refrigerada a água de 1.600 cilindradas do Chevrolet Monza hatch desenvolvia 75 cavalos de potência e 12 kgfm de torque, o que resultava em um desempenho razoável, digamos, com 15 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, em condições normais. Estava evidente então para a fabricante e até para os consumidores mais detalhistas e bem informados que, se havia intenção de manter no Chevrolet Monza sedan, maior e mais pesado, o desempenho conseguido pelo modelo Chevrolet Monza hatch, menor e mais leve, então seria necessário aumentar a cilindrada do motor para tracionar o Chevrolet Monza sedan. Assim, a General Motors decidiu pela motorização de 1.800 cilindradas no Chevrolet Monza sedan, praticamente mantendo a performance do modelo.

Foi por meio do Chevrolet Monza que a General Motors do Brasil contribuiu para introduzir na década de 1980 várias inovações tecnológicas no mercado nacional de automóveis de tamanho médio, várias delas inéditas no Brasil, inclusive. Ela ajudou a introduzir no mercado nacional na década de 1980 a motorização transversal; o comando de válvulas no cabeçote, com fluxo cruzado da mistura ar-combustível, com admissão de um lado e escapamento de outro, aproveitando melhor assim energia cinética dos gases; o distribuidor montado no cabeçote, acionado pela árvore do comando de válvulas; os para-choques em resina plástica; os bancos dianteiros com encosto de cabeça; os cintos de segurança de três pontos; o limpador / lavador do vidro traseiro, com desembaçador elétrico; a suspensão independente na dianteira e semi-independente na traseira; e os freios a discos ventilados na dianteira; entre outras inovações.

O bloco do motor, com quatro cilindros em linha, era disposto em posição transversal, o que significa mais segurança em caso de colisões frontais, pois nessa posição o risco do bloco invadir o habitáculo de passageiros do carro é menor. A partir das versões do Chevrolet Monza sedan com motorização de 2.000 cilindradas, lançadas a partir de 1987, mais inovações tecnológicas foram introduzidas, dentre elas mudanças no desenho da câmara de combustão; substituição de componentes do motor por outros mais leves e resistentes, incluindo as bielas; tudo isso resultando em um desempenho melhor, mas mantendo praticamente os mesmos níveis de consumo de combustível das versões de 1.800 cilindradas. Um ano depois, praticamente todas as inovações tecnológicas do motor Chevrolet OHC 2.0 foram adotadas também no motor Chevrolet OHC 1.8, melhorando assim os números de desempenho e consumo deste.

O Projeto J-Car se encaixa no segmento de nível médio de automóveis, que é aquele segmento em que o peso do monobloco e das demais peças, partes e componentes que formam os respectivos veículos, possibilita a adoção de motorizações econômicas e/ou médias, com volumes variando entre 1.500 cilindradas até 2.000 cilindradas. No Brasil, os automóveis dessa família foram disponibilizados ao consumidor com opções de 1.600 cilindradas até 2.000 cilindradas, começando com a  motorização de 1.600 cilindradas, com carburador e refrigerada a água, na década de 1980, até chegar à então moderna motorização de 2.000 cilindradas, na década de 1990, com injeção eletrônica e refrigerada a água, esta uma das melhores motorizações fabricadas no Brasil na década de 1990.

Na década de 1990, a versão top de linha do Chevrolet Monza, o Monza Classic EF500, foi o primeiro automóvel sedan fabricado no Brasil com injeção eletrônica. Ele era oferecido pela Chevrolet com ar condicionado e direção hidráulica, bancos com revestimento em couro, faróis de neblina, travas e vidros com acionamento elétrico, volante com regulagem de altura, vidros traseiros com desembaçadores elétricos, aparelho de som, rodas de liga leve e freios a discos ventilados nas rodas dianteiras, temporizador para luz interna e faróis, câmbio automático de quatro marchas, alarme anti-furto com bloqueio preventivo da ignição, isolamento acústico melhorado, entre outros itens de conforto e segurança. Essa versão mais sofisticada do Chevrolet Monza sedan conseguiu alcançar a marca de 11 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h.

Em 1990 foi introduzido no Chevrolet Monza sedan o computador de bordo, disponível como opcional, possibilitando ao condutor do veículo o acompanhamento de números de performance e consumo de combustível. Em 1991 chegou então a tão aguardada reestilização do Chevrolet Monza sedan, com nova frente e nova traseira, além de painel com mostrador digital de velocidade. A partir de 1992 todas as versões do Chevrolet Monza passaram a ser fabricadas com injeção eletrônica de série. Em 1993 a General Motors do Brasil disponibilizou no Chevrolet Monza a opção de freios ABS, que evitam o travamento das rodas em frenagens mais acentuadas.

MERCADO
Logo acima e logo abaixo, imagens de uma das primeiras versões do Chevrolet Monza sedan. Com um olhar atento, percebe-se o equilíbrio e a elegância das formas internas e o cuidado do fabricante em projetar um automóvel com dimensões moderadas, com o máximo possível de conforto por dentro, com espaço suficiente para cabeças e pernas de todos os ocupantes.
O Chevrolet Monza foi fabricado até 1996, somando quase 15 anos de fabricação ininterrupta, sendo substituído então pelo Chevrolet Vectra de 2ª geração, ressaltando que a  geração deste já era importada pela General Motors do Brasil desde o início da década de 1990. O veterano Chevrolet Monza foi um sonho de consumo da classe média brasileira por cerca de 10 anos e conseguiu resistir firme por alguns anos ainda na disputa pelo mercado brasileiro de automóveis médios de luxo, mesmo após a chegada de badalados modelos importados de marcas tradicionais e famosas no início da década de 1990.

O Chevrolet Monza foi um dos maiores sucessos comerciais da história da indústria automobilística brasileira, por cerca de 10 anos seguidos ele disputou o topo do cenário da indústria automotiva nacional com o Volkswagen Gol, com o Ford Escort e com o Fiat Uno. Foram mais de 600.000 unidades de Chevrolet Monza vendidas no mercado brasileiro e quase 1.000.000 de unidades vendidas em vários mercados sul-americanos, incluindo o Brasil, o Chile, a Colômbia, a Venezuela e o Uruguai.

Ele foi um dos principais responsáveis pelo bom desempenho de mercado da General Motors do Brasil nas décadas de 1980 e 1990, com alguns anos de liderança de mercado, inclusive. A criação, o desenvolvimento e a fabricação em série e em larga escala do Chevrolet Monza no Brasil veio atender a uma demanda reprimida do consumidor brasileiro por automóveis médios mais modernos e eficientes. Essa demanda era parcialmente atendida pelo Ford Corcel II e pelo Volkswagen Passat, cujos projetos já davam sinais de envelhecimento, o peso da idade, tanto que a Ford e a Volkswagen, por sua vez, decidiram agilizar os lançamentos dos então modernos Ford Verona, Ford Versailles e Volkswagen Santana.

O Chevrolet Monza foi substituído em 1996 pelo Chevrolet Vectra de 2ª geração, que por sua vez foi substituído na década de 2000 pelo Chevrolet Vectra de 3ª geração, mais elegante e mais moderno que o modelo anterior. O Chevrolet Vectra de 3ª geração foi substituído em 2011 pelo Chevrolet Cruze, e com este a General Motors entrou definitivamente na disputa pelo mercado de automóveis premium de tamanho médio, até então dominado pela BMW, pela Mercedes-Benz, pela Audi, pela Alfa Romeo, pela Volvo, pela Jaguar e pela Lexus.

Foi-se o tempo em que somente marcas premium conseguiam fabricar carros sedans médios realmente muito bons, atualmente grandes fabricantes populares já conseguem competir em pé de igualdade com elas, com automóveis de alta qualidade. Durante a década de 2010, esse segmento estava bem abastecido de opções. Bastava o consumidor prestar mais atenção, sem pressa, aos respectivos portfólios, comparando bem todas as opções disponíveis, dentre elas o próprio Chevrolet Cruze, o Ford Fusion, o Volkswagen Jetta, o Mitsubishi Lancer, o Citroen C4 LoungeHonda Civic, o Toyota Corolla, o Hyundai Elantra, o Renault Fluence, o Kia Optima, o Subaru Legacy e o Volkswagen Passat.

É um caso semelhante ao contexto atual das grandes fabricante populares de relógios de pulso, basta prestar bem atenção à faixa premium de relógios da Dumont, da Orient, da Technos, da Omega e da Mondaine, um mais bonito que o outro, bem fabricados e bem projetados.

FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

MONZA CLASSIC SE (1991 / 2ª GERAÇÃO)
  • Capacidade: 5 pessoas, incluindo o motorista;
  • Carroceria: Sedan médio, com monobloco de aço e quatro portas;
  • Comprimento: Aprox. 4,5 metros;
  • Entre-eixos (espaço interno): Aprox. 2,6 metros;
  • Largura: Aprox. 1,7 metro;
  • Altura: Aprox. 1,4 metro;
  • Motorização (potência / torque): 2.0 de 8 válvulas (99 cavalos / 16 kgfm);
  • Motorização: 4 cilindros em linha, transversal, com carburador de corpo duplo;
  • Motorização: injeção eletrônica (opcional);
  • Taxa de compressão: 8,8:1;
  • Aceleração 0 a 100 km/h: Aprox. 13 segundos;
  • Consumo cidade: Aprox. 8 km/litro (com ar ligado);
  • Consumo rodovia: Aprox. 12 km/litro (com ar ligado);
  • Transmissão: Manual de 5 velocidades;
  • Transmissão: Automática de 4 velocidades;
  • Direção: Hidráulica;
  • CX (aerodinâmica): Aprox. 0,34 (bom);
  • Tração: Dianteira;
  • Freios: Discos ventilados na frente, tambores atrás, com servo;
  • Rodas e pneus: Liga leve, aro 14, 185/65 R14;
  • Suspensão dianteira: Independente, McPherson, braços triangulares, molas e barra;
  • Suspensão traseira: Semi-independente, eixo de torção, molas helicoidais e barra;
  • Peso vazio / com: Aprox. 
  • Nível de ruído: 68 decibéis (100 km/h);
  • Porta-malas: 410 litros;
  • Preço: Aprox. R$ 15.000,00 (usado / bom estado de conservação);

ONDE COMPRAR

VEJA TAMBÉM

REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Chevrolet_Monza
  • General Motors do Brasil: Imagens
  • Wikimedia: Imagens

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