VOLKSWAGEN VOYAGE (1ª GERAÇÃO)

PROJETO BX
VOLKSWAGEN GOL
VOLKSWAGEN VOYAGE
VOLKSWAGEN PARATI
VOLKSWAGEN SAVEIRO
AUTOLATINA

INTRODUÇÃO
Logo acima e logo abaixo, imagens publicitárias oficiais da dianteira e da traseira do antigo Volkswagen Gol, de primeira geração, o modelo nacional quase totalmente original de automóvel compacto popular fabricado em larga escala pela Volkswagen do Brasil, um grande sucesso de vendas, o sucessor natural do Volkswagen Fusca no Brasil
O Projeto BX foi um bem sucedido plano industrial privado de criação e desenvolvimento, a partir da década de 1970, e fabricação em larga escala no Brasil, a partir na década de 1980, da  geração de uma família quase totalmente original de automóveis populares compactos de carroceria monobloco, baseada em uma plataforma comum, totalmente original, da fabricante de automóveis brasileira Volkswagen do Brasil, a subsidiária da matriz alemã Volkswagen, composta pelo Volkswagen Gol, o modelo original hatch, e seus derivados Volkswagen Voyage, o sedã, Volkswagen Parati, a perua, e Volkswagen Saveiro, a pick-up leve utilitária.

O Vokswagen Gol, por exemplo, o antigo modelo original da década de 1980, que praticamente nada ou quase nada tem a ver o Volkswagen Gol atual, já na sua 3ª geração, é um automóvel compacto de formato hatch de duas portas. Já a  geração do Volkswagen Voyage, nas suas primeiras versões de duas portas, é um derivado do antigo Volkswagen Gol, é um automóvel sedan compacto fabricado no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Dando continuidade ao Projeto BX, a Volkswagen do Brasil passou a fabricar também na década de 1980 a Volkswagen Parati, nas suas primeiras versões de duas portas. Ela também é um derivado do antigo Volkswagen Gol, é um automóvel compacto de formato perua, fabricado no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. E para concluir a formação de uma família completa de automóveis econômicos e populares, a Volkswagen do Brasil lançou a utilitária Volkswagen Saveiro, uma pick-up leve também baseada no Volkswagen Gol.

Nas décadas de 1980 e 1990, os principais concorrentes da Família BX da Volkswagen brasileira foram o econômico sedan Ford Corcel II, a 2ª geração do Ford Corcel, o sedan e hatch compactos Chevrolet Chevette, o econômico, bonito e então moderno hatchback Ford Escort, na sua  e 2ª gerações, o econômico e então moderno hatch Fiat Uno e seus derivados Fiat Premio, o sedan, Fiat Elba, a perua, e Fiat Fiorino, a pick-up, o econômico hatch Chevrolet Corsa e seu moderno derivado Corsa Sedan, e a robusta pick-up Ford Pampa, entre outros.

O GRUPO VOLKSWAGEN

O grupo alemão Volkswagen é um dos maiores fabricantes de automóveis e utilitários do mundo, incluindo caminhões e ônibus. Também fazem parte do Grupo Volkswagen a Porsche, famosa fabricante de automóveis esportivos de alto luxo, a Scania e a MAN, duas grandes e conhecidas fabricantes de caminhões para transporte rodoviário de cargas, a Audi, uma das maiores e mais conceituadas fabricantes de automóveis de alto luxo do planeta, a Lamborghini, da Itália, a Seat, uma fabricante espanhola de automóveis populares, e a Ducati, fabricante de motos de alta performance.

Em 2017, por exemplo, o Grupo Volkswagen foi o maior fabricante de automóveis do planeta, com mais de 10,4 milhões de unidades fabricadas, incluindo os números de vendas da Audi, da Seat e da Porsche. Aqui no Brasil, em 2016 a Volkswagen do Brasil foi a 3ª maior fabricante de veículos do Brasil, com quase 230 mil unidades fabricadas.

CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Logo acima e logo abaixo, o Gol GTS, uma das mais completas versões do Volkswagen Gol na época, vendida em larga escala nas décadas de 1980 e 1990, com motorização AP1800, bancos Recaro e câmbio mecânico de cinco marchas. Na época, um objeto de desejo de muitos brasileiros, principalmente dos mais jovens.
Os primeiros esboços do Volkswagen Gol foram criados no Brasil na década de 1970 por iniciativa da Volkswagen do Brasil, a subsidiária da gigante alemã Volkswagen. Esses desenhos foram criados em conjunto pelos engenheiros e designers brasileiros José Vicente Martins, George Yamashita e Marcio Piacasteli, e pelo engenheiro alemão Philipp Schmidt. Os primeiros esboços foram avaliados no Brasil e na Alemanha pelo então presidente mundial da Volkswagen Rudolf Leiding que entendeu e compreendeu a proposta de uma família completa e então moderna de automóveis populares. Há quem diga que a verdadeira intenção da administração da Volkswagen do Brasil na época era substituir o Volkswagen Fusca, mas isso não estava bem claro dentro da empresa.

A proposta era a de criação, desenvolvimento e fabricação em larga escala na então nova linha de produção de automóveis de passeio da Volkswagen do Brasil no município de Taubaté, interior do Estado de São Paulo, de um automóvel compacto e econômico no Brasil, quase totalmente original, com alto índice de nacionalização de peças, partes, componentes e mão de obra nos processos de fabricação. Em caso de sucesso do Projeto BX, a maior parte das ideias criadas e desenvolvidas para o Volkswagen Gol seriam estendidas para três outros modelos derivados, o sedan compacto Voyage, a perua compacta Parati e a pick-up leve Saveiro.

Como a linha de produção do então moderno motor aspirado de 1.600 cilindradas, com refrigeração ou arrefecimento a água, que tracionava o Volkswagen Passat, estava com sua capacidade produtiva no limite, a solução temporária foi adotar a já velha e ultrapassada motorização de 1.300 cilindradas, com arrefecimento a ar, que impulsionava o Volkswagen Fusca, para tracionar o então novo produto da Volkswagen do Brasil, o Volkswagen Gol. Além disso, o acabamento das primeiras versões do Volkswagen Gol era muito simples, despojado e totalmente básico, com muito plástico barato no painel e na parte interna das portas e um pouco de tecido barato nos bancos, um veludo preto.

O Volkswagen Gol foi lançado em março de 1980 e seu grande sucesso de vendas resultou na decisão óbvia e natural da administração da Volkswagen do Brasil de substituir o antigo automóvel compacto e econômico Volkswagen Fusca ou Volkswagen Sedan, a versão nacional do Volkswagen Kafer alemão, este um grande sucesso de vendas mundial da Volkswagen nas décadas de 1960, 1970 e 1980, com mais de 21.000.000 de unidades vendidas em quase todo o mundo. O Volkswagen Fusca ou Volkswagen Beetle (o nome do Fusca nos Estados Unidos), nas suas primeiras gerações (que praticamente nada ou quase nada tem a ver com os atuais e modernos New Beetle / Novo Fusca, este em linha de produção até 2019) foi um dos projetos mais bem sucedidos da indústria automobilística mundial, apesar da concepção antiga e totalmente ultrapassada.

Apesar de não ser um bom exemplo de automóvel espaçoso e também não ser um bom exemplo de design elegante e ousado, tendo recebido inclusive o apelido, pejorativo ou não, de “geração quadrada”, as primeiras versões da  geração do Volkswagen Gol foram um grande sucesso de vendas no mercado brasileiro, com mais de 1.000.000 de unidades fabricadas logo nos primeiros 10 anos de fabricação, um resultado surpreendente até mesmo para a própria Volkswagen do Brasil e para a holding Volkswagen alemã, resultado de uma combinação equilibrada de características mecânicas positivas que agradaram ao típico consumidor brasileiro das classes média e baixa, com robustez suficiente para enfrentar as duras condições das estradas, rodovias, ruas e avenidas brasileiras. Já as primeiras versões do Volkswagen Voyage e da Volkswagen Parati, aí sim melhor resolvidas no aspecto estético e de projeto de carroceria, com espaço razoável para pernas e cabeças dos cinco ocupantes, também foram um grande sucesso de vendas no Brasil.

CONTEXTO DA ÉPOCA

Logo acima, o pequeno motor AE1000 do Volkwagen Gol 1000, com 1.000 cilindradas, quatro cilindros em linha e carburador simples, com apenas 50 cavalos de potência e 7 kgfm de torque. Logo abaixo, o interior simples da versão popular do automóvel compacto da Volkswagen do Brasil, com somente o essencial em termos de equipamentos.

O mercado brasileiro está, atualmente, entre os dez mais importantes no mundo para praticamente todas as grandes montadoras multinacionais. Entretanto, nas décadas de 1970, 1980 e 1990 este mesmo mercado já era grande. O sucesso do Volkswagen Gol reforçou essa impressão e despertou a atenção e curiosidade de praticamente todas as grandes montadoras multinacionais americanas, japonesas, europeias e sul-coreanas, embora somente na década de 1990 a maioria delas decidiu entrar definitivamente no mercado brasileiro, seja por meio de importações ou seja por meio de fabricação própria em larga escala em território nacional.

As gigantes multinacionais Ford, General Motors / Chevrolet e Fiat já estavam no Brasil naquela época e a abertura do mercado promovida pelo então presidente Fernando Collor de Mello acelerou os planos de investimentos de várias outras montadoras estrangeiras, que queriam entender melhor o mercado nacional e identificar os nichos de mercado mais adequados para serem explorados comercialmente. A fórmula ou receita de sucesso dessas quatro grandes multinacionais americanas e europeias que já estavam instaladas no Brasil foi seguida pelas demais estreantes: Robustez; manutenção simples e barata; baixo e / ou razoável custo de aquisição; e bom e / ou razoável valor de revenda;

Na verdade, para ser mais preciso, algumas outras montadoras de automóveis já estavam e/ou já tinham passado pelo Brasil nas décadas de 1970 e 1980, entre elas a Toyota do Brasil, que fabricava em série um antigo SUV - Sport Utility Vehicle chamado Toyota Bandeirante, a versão nacional do Toyota Land Cruiser, mas a Toyota só decidiu fabricar automóveis sedans no Brasil a partir da década de 1990.

O mercado brasileiro é pragmático e a propaganda boca-a-boca ainda tem influência sobre a decisão de compra do consumidor. Isso significa, para quem não é brasileiro, não mora no Brasil e ainda não sabe o significado dessa expressão popular, que um consumidor satisfeito em geral fala bem do produto e estimula ou influencia outro consumidor a comprar mais uma unidade do mesmo produto, resultando em algo como se fosse uma reação em cadeia positiva, resultando em um sucesso de vendas. É um mercado que se comporta com alguma resistência no início, mas passa a fazer propaganda gratuita do produto se experimentar e se sentir satisfeito.

Apesar de toda a polêmica envolvendo seu único mandato de presidente da república, não há como negar as decisões positivas tomadas por Fernando Collor de Mello em relação à economia de mercado no Brasil, de modo geral. Antes dele, havia um pretexto ou argumento, seja lá como for, de “proteção” à indústria nacional em geral, na forma de uma ampla reserva de mercado. O que em tese seria uma forma de proteger e gerar empregos no Brasil, acabou se tornando ao longo dos anos em um entrave para a modernização e competitividade da indústria nacional em geral, em praticamente todas as áreas da indústria nacional, na maior parte dos segmentos da economia, com uma espécie de comportamento acomodado, indiferente às inovações tecnológicas e excessivamente conservador.

Foi Fernando Collor também que tomou outras iniciativas, inclusive a de incentivar a fabricação de automóveis populares mais econômicos, com a redução do IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados para automóveis com menos de 1.000 cilindradas. A alíquota desse imposto foi reduzida de 37% para 20% e a reação do mercado brasileiro foi imediata, os chamados automóveis populares passaram a somar quase 70% de todo mercado nacional. Havia uma demanda reprimida no Brasil por automóveis bem econômicos e de manutenção bem simples e barata.

Na verdade, os automóveis populares não são uma unanimidade no Brasil. Há quem diga, por exemplo, que com a tecnologia aspirada atual são necessárias 1.500 cilindradas para mover com firmeza um veículo com 1.500 quilogramas de peso bruto, ou seja, o peso do próprio automóvel, mais o peso dos seus ocupantes, da bagagem e do combustível. Com os veículos dotados de motores com turbocompressor é um pouco diferente, pois o motor de 1.000 cilindras turbinado consegue tracionar de forma adequada até 1.500 quilogramas de peso bruto. O problema dos carros com motores aspirados de 1.000 cilindradas está nas ultrapassagens: Em rodovias sem duplicação, as ultrapassagens de carretas, ônibus e caminhões por automóveis com apenas 1.000 cilindradas exigem atenção redobrada dos seus motoristas, sem nenhuma margem para erros...

Quando a versão popular Gol 1000 foi lançada no Brasil, a Família BX, composta pelo Gol, pelo Voyage, pela Parati e pela Saveiro, já era a líder no mercado brasileiro de automóveis econômicos. Mas não há dúvida de que o lançamento do Gol 1000 em 1992 reforçou as vendas da Volkswagen nesse segmento.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Logo acima e logo abaixo, imagens do Volkswagen Voyage e da Volkswagen Parati, a primeira geração do automóvel sedan compacto de entrada e da perua de entrada, respectivamente, ambos fabricados pela Volkswagen do Brasil, também grandes sucessos de vendas
Na década de 1970 a Volkswagen do Brasil deu início ao Projeto BX, composto por um modelo compacto de entrada quase totalmente original, o pequeno Gol, e caso ele conseguisse alcançar um número expressivo de vendas, na sequência viriam os seus três modelos derivados, o Volkswagen Voyage, a Volkswagen Parati e a Volkswagen Saveiro. Todos esses modelos passaram a ser fabricados em série e vendidos em grande quantidade na década de 1980, todos com versões movidas a gasolina e versões movidas a álcool. Vale lembrar que na época não havia ainda a tecnologia de motorização flex, que permite adicionar gasolina e álcool, simultaneamente, em qualquer proporção, nos tanques de combustível.

O Volkswagen Gol começou a ser produzido em série em 1980 como um automóvel de nível de entrada da categoria hatch compacta, ou seja, um automóvel com dois volumes bem definidos, o cofre / vão do motor e o próprio motor e o habitáculo, ou seja, a parte do automóvel em que se acomodam motorista e passageiros. Não é um automóvel aerodinâmico, a disposição longitudinal do motor na primeira geração do Gol praticamente impossibilitou qualquer ousadia estética e aerodinâmica. O Volkswagen Gol da primeira geração foi projetado desde o início com suspensão McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, com pneus 155/80R13 comuns.

No início da década de 1980, a modesta motorização refrigerada ou arrefecida a ar de 1.300 cilindradas do Volkswagen Gol desenvolvia apenas 42 cavalos de potência e 9 kgfm de torque, o que resultava em um desempenho fraco, precisava de 30 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, em condições normais. Alguns anos depois, a Volkswagen reagiu às reclamações dos consumidores com a motorização também arrefecida a ar de 1.600 cilindradas, com 50 cavalos de potência e 10 kgfm de torque, o que resultava em um desempenho um pouco melhor, com 20 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, em condições normais.

O Projeto BX se encaixa no segmento de nível de entrada de automóveis, que é aquele segmento em que o baixo peso do monobloco e das demais peças, partes e componentes que formam os respectivos veículos, possibilita a adoção de motorizações econômicas e/ou médias, com volumes variando entre 1.000 cilindradas até 2.000 cilindradas. No Brasil, os automóveis dessa família foram disponibilizados ao consumidor com opções de 1.000 até 2.000 cilindradas, começando com a antiga motorização de 1.300 cilindradas, com carburador e refrigerada a ar, na década de 1980, até chegar à então moderna motorização AP2000 de 2.000 cilindradas, na década de 1990, com injeção eletrônica e refrigerada a água, esta uma das melhores motorizações fabricadas no Brasil na década de 1990.

Na década de 1990, a versão top de linha do Volkswagen Gol, na sua versão Gol GTi, foi o primeiro automóvel fabricado em larga escala no Brasil com injeção eletrônica. Ele era oferecido pela Volkswagen com bancos Recaro, faróis de neblina, travas e vidros com acionamento elétrico, vidros traseiros com desembaçadores elétricos, aparelho de som, rodas de liga leve e freios a discos ventilados nas rodas dianteiras.

O fabricante oferecia no Gol GTi a direção hidráulica e o ar-condicionado, na época considerados itens de sofisticação presentes apenas em versões mais caras de cada família de automóveis disponível no Brasil. Em 1997, o catalisador passou a ser uma exigência governamental no Brasil para todos os automóveis produzidos em larga escala. Enquanto isso, o Gol GTi era oferecido com ótimo câmbio mecânico de cinco velocidades ou marchas.

A versão popular do Volkswagen Gol, com motorização de 1.000 cilindradas, refrigerada ou arrefecida a água, foi lançada no Brasil em 1992 com o nome Gol 1000, com carburador e câmbio mecânico de 5 marchas. O seu motor desenvolvia modestos 50 cavalos e 7 kgfm de torque. A lista de equipamentos de série e opcionais era pequena, tratava-se de um automóvel simples, com acabamento espartano, lembrando, pelo menos em parte, o acabamento muito simples das primeiras versões do Volkswagen Gol nos primeiros anos de fabricação no Brasil, no início da década de 1980. Mesmo assim, a versão Gol 1000 foi um grande sucesso de vendas, com mais de 50% do número total de vendas do modelo Volkswagen Gol na década de 1990.

A versão Gol 1000 era movida pela motorização AE1000 de 1 litro na posição longitudinal, com quatro cilindros em linha, desenvolvido em conjunto pela Volkswagen do Brasil e pela Ford do Brasil. Essa motorização AE1000 foi usada também pela Ford do Brasil para mover o Ford Escort Hobby, a versão também popular do Ford Escort, mas neste caso fixado na posição transversal. Essa motorização popular é um derivado melhorado da antiga motorização CHT usada para mover os antigos Ford Corcel, Ford Del Rey, Ford Belina, e até mesmo os então modernos Ford Escort, com várias cilindradas, variando de 1,3 litro até 1,6 litro, dependendo de cada modelo.

O Gol 1000 combina a motorização 1.0 litro arrefecida a água, com câmbio Volkswagen de 5 marchas. Como era de se esperar, não podia ser diferente, o Gol 1000 é um automóvel compacto bem econômico, consumindo apenas 1 litro de gasolina para percorrer 10 quilômetros na cidade e 14 quilômetros na rodovia. Mas no aspecto de desempenho deixa a desejar, precisando de 25 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h na rodovia.

VOLKSWAGEN VOYAGE
Logo acima e logo abaixo, espaço interno razoável para quatro adultos e uma criança. Design dos assentos e do painel com linhas e cores simples, com acabamento também simples e sem ousadias estéticas, tudo dentro da média do mercado nacional na década de 1980.
O Volkswagen Voyage da  geração, da Família BX, é um automóvel sedan compacto e econômico, fabricado em larga escala no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Todas as versões do Volkswagen Voyage da  geração foram fabricadas com motorizações longitudinais, arrefecidas a água para uso moderado, urbano e rodoviário, com cilindradas variando entre 1,5 litro até 2 litros, com carroceria monobloco de aço, com suspensão semi-independente nas quatro rodas e a grande maioria das versões fabricada com duas portas. A maioria das versões do Volkswagen Voyage foi fabricada com acabamento simples.

O nome Volkswagen Voyage é uma alusão à palavra voyage, em francês, que significa viagem.

O carro foi projetado para cinco pessoas adultas no total, incluindo o condutor, mas na prática é possível transportar com razoável conforto quatro pessoas adultas e mais uma criança no centro do banco traseiro, com ou sem assento de elevação fixado, dependendo da idade. Um quinto ocupante adulto é possível, mas viajaria com algum desconforto. Nas rodovias, com cinco pessoas a bordo e bagagem, o comportamento do Volkswagen Voyage é normal, com estabilidade bem razoável, até mesmo nas primeiras versões fabricadas.

No Brasil, nos primeiros anos de fabricação, lá atrás, no início da década de 1980, as versões disponíveis do Volkswagen Voyage eram as básicas Voyage S e Voyage LS e a mais completa Voyage GLS. Todas essas versões saíam de fábrica com motor 1.5 aspirado, de oito válvulas no total, com carburador e refrigeração ou arrefecimento a água, que desenvolve modestos 65 cavalos de potência e cerca de 12 kgfm de torque, nas opções a gasolina.

Vale ressaltar que, de modo geral, o limite médio atual de velocidade estabelecido para as rodovias brasileiras é de cerca de 100 km/h para os chamados veículos leves de passeio, praticamente o mesmo limite de velocidade estabelecido por lei nas décadas de 1980 e 1990. Mesmo assim, essa motorização de 1.500 cilindradas das primeiras versões do Volkswgen Passat, fabricadas na década de 1980, ainda deixava a desejar. Como resposta às reclamações dos clientes, a Volkswagen disponibilizou a partir de 1983 a motorização de 1.600 cilindradas, com performance melhorada em relação à motorização anterior, com taxa de compressão mais alta, comando de válvulas e pistões e ignição eletrônica.

A partir de 1983, então, o Volkswagen Voyage passou a ter um conjunto bem equilibrado, com carroceria de dimensões bem razoáveis para o consumidor típico brasileiro de perfil familiar, honrando a proposta do fabricante de oferecer um veículo leve de passeio de uso moderado, dedicado a transportar a família, na cidade e na rodovia, nos dias se semana, para ir ao trabalho, para fazer compras e levar os filhos à escola, e nos finais de semana e feriados, para ir à praia de dia e para ir à igreja à noite, lembrando que essa mesma motorização de 1.600 cilindradas não é mais fabricada, tendo sido substituída nas versões mais recentes de 2ª geração do Volkswagen Voyage, a geração atual, que não tem praticamente nada ou quase nada a ver com o Volkswagen Voyage da Família BX.

Na década de 1980, o sedan médio Volkswagen Voyage foi projetado e fabricado desde o início com duas portas. A tampa do porta malas é bem definida e dá acesso ao compartimento traseiro para cerca de 380 litros de bagagens, uma das razões para o seu sucesso no mercado brasileiro entre os automóveis médios nas décadas de 1980 e 1990, geralmente com preços mais acessíveis que os automóveis de luxo maiores, como o Volkswagen Santana, por exemplo.

O Volkswagen Voyage foi desenvolvido no Brasil, para o mercado brasileiro, e o resultado final foi considerado satisfatório pelo mercado nacional e considerado bem razoável pela imprensa, era uma das melhores opções nacionais entre os automóveis sedans compactos, com aproximadamente 2,4 metros de distância entre os eixos, e com mais 30 centímetros de comprimento total em relação ao Volkswagen Gol, resultando em um porta-malas com volume total de aproximadamente 380 litros.

Em 1987 foi lançado o Volkswagen Voyage com uma leve reestilização estética externa, com novo design dos faróis e das lanternas traseiras e novo design dos para-choques, em plástico envolvente. Essas mudanças estéticas foram discretas, mas deram ao automóvel um visual mais atraente para os padrões da década de 1980. A partir de 1987 a Volkswagen deu ao bem comportado Volkswagen Voyage o toque de classe que estava faltando, lançando uma versão mais completa, o Voyage GLS com motorização de 1.800 cilindradas, com performance superior, com painel reestilizado e com material de melhor qualidade, com interior bem mais bonito, com acabamento mais refinado, com tecidos de melhor qualidade no acabamento interno das portas e dos bancos, rodas de liga leve. Enfim, um carro nacional compacto de qualidade para os padrões brasileiros da época.

O Volkswagen Voyage da primeira geração, da Família BX, foi fabricado de 1981 até 1996, com mais de 800.000 unidades fabricadas, sendo mais 300.000 unidades em versões de exportação, inclusive para os Estados Unidos, mas lá com o nome trocado para Volkswagen Fox, que, aliás, não tem nada a ver com o atual hatch Volkswagen Fox fabricado em larga escala e vendido no Brasil. Ainda na década de 1990, o Volkswagen Voyage foi substituído então, aqui no Brasil, pelo Volkswagen Polo (não confundir com Volkswagen Apollo), mas a sua boa fama rendeu frutos, tanto que anos mais tarde, em 2008, uma nova geração do sedan compacto Volkswagen Voyage passou a ser fabricada no Brasil, bem mais moderna, com injeção eletrônica e com motorização transversal, inclusive, aproveitando do Volkswagen Voyage apenas o bom nome.

VOLKSWAGEN PARATI
Logo acima e logo abaixo, espaço interno razoável para quatro adultos e uma criança dentro da Volkswagen Parati, um dos modelos de peruas mais bem sucedidos no mercado brasileiro. Em versões básicas das décadas de 1980 e 1990, design dos assentos, do volante e do painel com linhas e cores simples, com acabamento também simples e sem ousadias estéticas.
A Volkswagen Parati da  geração, da Família BX, é um econômico automóvel do tipo perua, com dimensões compactas, fabricado em larga escala no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Todas as versões da Volkswagen Parati da  geração foram fabricadas com motorizações longitudinais, refrigeradas ou arrefecidas a água para uso moderado, urbano e rodoviário, com cilindradas variando entre 1,5 litro até 2 litros, com carroceria monobloco de aço, com suspensão semi-independente nas quatro rodas e todas as versões fabricadas com duas portas ou três portas, se levarmos em consideração a porta traseira que dá acesso ao seu porta malas. A maioria das versões da Volkswagen Parati foi fabricada com acabamento simples.

O nome Volkswagen Parati é uma homenagem do fabricante ao belíssimo e charmoso município litorâneo de Paraty, no Estado do Rio de Janeiro, um dos belos pontos turísticos do Brasil.

De forma semelhante ao Volkswagen Voyage, a Volkswagen Parati foi pensada pelos seus projetistas para transportar cinco pessoas adultas no total, incluindo o condutor, mas na prática é possível transportar com razoável conforto quatro pessoas adultas e mais uma criança no centro do banco traseiro, com ou sem assento de elevação fixado, dependendo da idade. Um quinto ocupante adulto é possível, mas viajaria com algum desconforto. Nas rodovias, com cinco pessoas a bordo e bagagem, o comportamento da Volkswagen Parati também é normal, com estabilidade bem razoável, até mesmo nas primeiras versões fabricadas.

No Brasil, nos primeiros anos de fabricação, as primeiras versões disponíveis da Volkswagen Parati eram a básica Parati S, a intermediária Parati LS e a mais completa Parati GLS. Todas essas versões saíam de fábrica com motor 1.5 aspirado, de oito válvulas no total, com carburador e refrigeração ou arrefecimento a água, que desenvolve modestos 65 cavalos de potência e cerca de 12 kgfm de torque, nas opções a gasolina. Esse motor é o mesmo que traciona o Volkswagen Passat da época.

Como o limite médio atual de velocidade estabelecido para as rodovias brasileiras é de cerca de 100 km/h para os chamados veículos leves de passeio, praticamente o mesmo limite de velocidade estabelecido por lei nas décadas de 1980 e 1990, os números de velocidade máxima da Volkswagen Parati não faziam muita diferença para o seu consumidor típico de classe média, com perfil familiar, que dava e ainda dá, naturalmente, prioridade aos aspectos de segurança, conforto e economia. Mesmo assim, essa motorização de 1.500 cilindradas das primeiras versões da Volkswagen Parati, fabricadas na década de 1980, também deixava e ainda deixa a desejar. Era uma reclamação comum dos proprietários do Volkswagen Voyage e da Volkswagen Parati e, como resposta às reclamações do clientes, a Volkswagen disponibilizou a partir de 1983 a motorização de 1.600 cilindradas em ambos, com performance melhorada em relação à motorização anterior, com taxa de compressão mais alta, comando de válvulas e pistões e ignição eletrônica.

A partir de 1983, então, a Volkswagen Parati também passou a ter um conjunto bem equilibrado, com carroceria de dimensões bem razoáveis para o consumidor típico brasileiro de perfil familiar, honrando a proposta do fabricante de oferecer um veículo leve de passeio de uso moderado, dedicado a transportar a família, na cidade e na rodovia, nos dias se semana e nos finais de semana e feriados.

Mas há um detalhe importante em relação à Volkswagen Parati da Família BX que não deve passar despercebido. Os designers da Volkswagen conseguiram algo quase impossível em uma perua (ou station wagon, em inglês), atrair também consumidores de perfil mais jovem, surfistas, inclusive, graças à combinação da configuração da carroceria com duas portas laterais e a terceira porta traseira bem inclinada, numa alusão aos automóveis esportivos de design mais ousado e atrativo.

Na década de 1980, a perua compacta Volkswagen Parati foi projetada e fabricada desde o início com duas portas. A terceira porta traseira é bem definida e dá acesso ao compartimento traseiro para cerca de 500 litros de bagagens, uma das razões para seu sucesso no mercado brasileiro entre as peruas compactas, nas décadas de 1980 e 1990, geralmente com preços mais acessíveis que peruas de luxo maiores, como a Volkswagen Quantum, por exemplo.

A Volkswagen Parati foi desenvolvida no Brasil, para o mercado brasileiro, e o resultado final foi considerado satisfatório pelo mercado nacional e considerado bem razoável pela imprensa, era uma das melhores e mais populares opções nacionais entre as peruas compactas, com aproximadamente 2,4 metros de distância entre os eixos, e com mais 30 centímetros de comprimento total em relação ao Volkswagen Gol, resultando em um porta-malas com volume total de aproximadamente 500 litros.

Em 1987 foi lançada a Volkswagen Parati com uma leve reestilização estética externa, com novo design dos faróis e das lanternas traseiras e novo design dos para-choques, em plástico envolvente. Essas mudanças estéticas foram discretas, mas também deram ao automóvel um visual mais atraente para os padrões da década de 1980. A partir de 1988 a Volkswagen também deu à bem comportada Volkswagen Parati o toque de classe que estava faltando, lançando uma versão mais completa, a Parati GLS, com motorização de 1.800 cilindradas, com performance superior, com painel reestilizado e com material de melhor qualidade, com interior bem mais bonito, com acabamento mais refinado, com tecidos de melhor qualidade no acabamento interno das portas e dos bancos e rodas de liga leve. Enfim, um carro nacional compacto de uso familiar de qualidade para os padrões brasileiros da época.

A Volkswagen Parati da  geração, da Família BX, foi fabricada de 1982 até 1995, com mais de 800.000 unidades fabricadas, inclusive para exportação para os Estados Unidos, mas lá com o nome trocado para Volkswagen Fox Wagon, que, aliás, não tem nada a ver com a atual perua Volkswagen Space Fox fabricada e vendida no Brasil até 2018. A Volkswagen Parati da bem sucedida Família BX foi substituída então pela sua derivada Volkswagen Parati de segunda geração, carinhosamente apelidada pelo mercado brasileiro de Parati Bolinha, uma alusão ao Volkswagen Gol de  geração, por sua vez também apelidado de Gol Bolinha, devido ao seu bonito design renovado, mais moderno, porém mantendo a mesma plataforma.

VOLKSWAGEN SAVEIRO
Logo acima, carroceria baseada na Volkswagen Parati, com praticamente as mesmas dimensões da parte dianteira do habitáculo do Volkswagen Gol. Logo abaixo, espaço razoável na caçamba para transporte urbano e rodoviário de cargas leves.
Volkswagen Saveiro da 1ª geração, da Família BX, é uma pick-up leve utilitária, com dimensões compactas, fabricada em larga escala no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Todas as versões da Volkswagen Saveiro da  geração foram fabricadas com motorizações longitudinais, para uso moderado, urbano e rodoviário, com cilindradas variando entre 1,6 litro até 1,8 litro, com carroceria monobloco de aço, com suspensão semi-independente nas quatro rodas. Várias versões da Volkswagen Saveiro foram fabricadas, algumas mais simples e outras com acabamento mais caprichado.

Ela foi lançada em 1982, pensada pelos seus projetistas para transportar duas pessoas adultas. A principal e óbvia função da pick-up ou picape leve utilitária fabricada em larga escala no Brasil nas décadas de 1980 e 1990 pela Volkswagen é transportar cargas leves em sua caçamba de dimensões razoáveis, com capacidade para até 570 quilogramas.

O nome Volkswagen Saveiro é uma alusão aos saveiros, que são pequenas embarcações de construção simples em madeira, usadas para transportar cargas e passageiros, principalmente no litoral da Região Nordeste do Brasil. Esses saveiros são embarcações usadas inclusive para transportar turistas em passeios pelo belíssimo litoral nordestino do Brasil.

No Brasil, nos primeiros anos de fabricação, as primeiras versões disponíveis da Volkswagen Saveiro eram a Saveiro S e Saveiro LS, basicamente com diferenças de acabamento. Todas essas versões saíam de fábrica com motor de 1.600 cilindradas, de oito válvulas no total, com carburador e refrigeração ou arrefecimento a ar, que desenvolve modestos 50 cavalos de potência e cerca de 10 kgfm de torque, nas opções a gasolina. Esse motor era o mesmo que tracionava o Volkswagen Fusca, este ainda em linha de produção na época em que a Volkswagen Saveiro foi lançada.

Para transportar cargas na caçamba da Volkswagen Saveiro, os projetistas da Volkswagen fizeram modificações ou adaptações na plataforma do Projeto BX, com uma variedade de mudanças estruturais e na suspensão. O compartimento de carga aberto da Volkswagen Saveiro teve sua base reforçada e no projeto da suspensão traseira foram incluídas molas helicoidais de ação progressiva, para manter a estabilidade da pick-up com a caçamba cheia ou vazia. Os amortecedores dianteiros foram recalibrados e no projeto da própria suspensão dianteira foi incluída uma barra estabilizadora. Somados a tudo isso, os freios passaram a ter uma válvula limitadora no seu eixo traseiro para evitar travamentos das rodas com a caçamba vazia.

A partir de 1986, a Volkswagen Saveiro passou a ter um conjunto bem equilibrado, com motorização de 1.600 cilindradas com arrefecimento a água, deixando o velho e ultrapassado motor boxer do Volkswagen Fusca para trás. Além disso, havia câmbio mecânico de cinco marchas, com carroceria de dimensões bem razoáveis para agradar o consumidor típico brasileiro de perfil profissional urbano, incluindo autônomos, como eletricistas, encanadores e pintores, por exemplo, honrando a proposta do fabricante de oferecer um veículo utilitário leve, com baixo consumo de combustível, para uso moderado urbano e rodoviário no transporte de cargas leves, incluindo máquinas e equipamentos.

A Volkswagen Saveiro foi desenvolvida no Brasil, para o mercado brasileiro, e o resultado final foi considerado satisfatório pelo mercado nacional e considerado bem razoável pela imprensa, era uma das melhores e mais populares opções nacionais entre as pick-ups leves, uma das mais vendidas, e competia diretamente com a Ford Pampa e com a Fiat Fiorino.

Em 1987 foi lançada a Volkswagen Saveiro com uma leve reestilização estética externa, com novo design dos faróis e novo design dos para-choques dianteiros, em plástico envolvente. Essas mudanças estéticas foram discretas, mas também deram ao automóvel um visual mais atraente para os padrões da década de 1980. A partir de 1988 a Volkswagen melhorou o acabamento interno da Volkswagen Saveiro, com painel de plástico injetado e acabamento dos assentos e da parte interna das portas um pouco mais caprichado em relação às versões anteriores.

A Volkswagen Saveiro da bem sucedida Família BX foi substituída então, em 1997, pela sua derivada Volkswagen Saveiro de 2ª geração, também carinhosamente apelidada pelo mercado brasileiro de Saveiro Bolinha, uma alusão ao Volkswagen Gol de 2ª geração, por sua vez também apelidado de Gol Bolinha.

A AUTOLATINA
As décadas de 1970, 1980 1990 foram marcadas por instabilidades de intensidade variável nas conjunturas econômicas brasileira e mundial, com recessões econômicas seguidas e crises de naturezas variadas em várias partes do mundo, com reflexos no Brasil. O mundo passou, por exemplo, pela crise do petróleo na década de 1970 e o Brasil sobreviveu a uma ditadura militar de 20 anos, iniciada na década de 1960 e só terminada na década de 1980.

Na década de 1980, o Brasil sobreviveu também a uma conjuntura econômica marcada por inflação altíssima, planos econômicos fracassados, baseados em congelamentos de preços e outras surpresas desagradáveis, descontrole dos gastos dos governos Federal, estaduais e municipais, reserva de mercado, poucos investimentos governamentais em infraestrutura de transportes e de saneamento, excesso de intervenção do Estado na economia por meio da burocracia estatal sobre o mercado, demasiada concentração de renda de pessoas físicas, empréstimo compulsório, desemprego alto e analfabetismo, entre outros problemas sociais.

Sobreviver a tudo isso era um exercício de paciência, determinação e perseverança, trabalho, inteligência e adaptabilidade das pessoas físicas e jurídicas. Então, em 1987 as duas grandes montadoras de automóveis brasileiras, a Ford do Brasil e a Volkswagen do Brasil, subsidiárias das matrizes americana e alemã, respectivamente, chegaram a um consenso sobre a necessidade de unir forças para melhorar os processos produtivos, ganhar competitividade e assim conseguir se manter no mercado, com redução de custos operacionais comuns, redução de custos com fornecedores comuns, ganho de escala, compartilhamento de tecnologias e instalações de produção.

Entre os exemplos mais evidentes dessa joint-venture (pronuncia-se djóin véntchâr) entre as duas montadoras brasileiras estava o uso comum das motorizações AE1000 e AE1600, ambas versões melhoradas da antiga motorização Ford CHT usada até então pela Ford do Brasil para tracionar seus automóveis fabricados e vendidos aqui, e o uso comum das motorizações AP1800 e AP2000 da Volkswagen, ambas versões usadas pela Volkswagen do Brasil para tracionar seus automóveis.

As motorizações AP1800 e AP2000 eram consideradas no Brasil o ponto de referência em termos de performance, durabilidade, economia de combustível e modernidade. Isso significa que as avaliações informais entre os consumidores de automóveis brasileiros e até mesmo as avaliações técnicas de publicações do gênero, como Quatro Rodas e Auto Esporte, por exemplo, usavam as motorizações da Volkswagen como o padrão aceitável, o paradigma, para tecer as comparações com as demais opções de motorizações disponíveis no mercado, de fabricantes nacionais e/ou estrangeiros.

Outro exemplo positivo da união entre a Ford do Brasil e a Volkswagen do Brasil foi o lançamento quase simultâneo de uma variedade de modelos de automóveis semelhantes na base tecnológica, mas diferentes na personalidade estética e no acabamento, incluindo o Ford Versailles, o derivado do confortável Volkswagen Santana, e o Volkswagen Logus e Volkswagen Pointer, os derivados do bonito Ford Escort.

A Autolatina era uma joint venture brasileira, detida pelo Grupo Volkswagen e pela Ford Company. Ela durou até 1996 e seu exemplo foi seguido também na Argentina, com uma união semelhante entre a Ford e a Volkswagen de lá. O modelo hatchback Ford Escort Guarujá, com quatro portas, motorização AP1800 e ótimo câmbio mecânico de cinco marchas da Volkwagen, foi um dos exemplos de produtos resultantes da união da Ford e da Volkswagen na Argentina.

Para a Família BX a consequência direta da formação da Autolatina no Brasil foi a adoção das motorizações AE1000 e AE1600 no Volkswagen Gol, no Volkswagen Voyage, na Volkswagen Parati e na Volkswagen Saveiro, respectivamente, mantendo as motorizações AP1800 e AP2000 em alguns desses modelos, nas versões mais completas.

MERCADO
Logo acima e logo abaixo, imagens de algumas das primeiras versões do Volkswagen Voyage e da Volkswagen Parati. Com um olhar atento, percebe-se a simplicidade das formas dos dois modelos, antes de serem submetidos aos face lifts em anos posteriores.
O Volkswagen Gol é o maior sucesso comercial da história da indústria automobilística brasileira. Ele já está na 3ª geração (algumas fontes falam em 5ª geração), que não tem praticamente nada ou quase nada a ver como o Projeto BX. A Volkswagen do Brasil já fabricou mais de 5.200.000 de unidades do Volkswagen Gol e somando todas as gerações, todos os modelos e todas as versões do Volkswagen Gol, do Volkswagen Voyage, da Volkswagen Parati e da Volkswagen Saveiro, são mais de 7.500.000 unidades fabricadas. É uma das famílias de automóveis mais bem sucedidas da história da indústria automobilística mundial.

Somando as exportações de todas as gerações do Volkswagen Gol e seus derivados Volkswagen Voyage, Volkswagen Parati e Volkswagen Saveiro, foram mais de 1.000.000 de unidades exportadas para mais de 50 países, incluindo Estados Unidos. Por outro lado, infelizmente, ele sempre foi considerado o carro mais roubado no Brasil, o que tem reflexo direto nos custos de seguro, cujos prêmios (valor pago pela contratação do seguro) são mais mais altos que os prêmios de modelos da concorrência.

O Projeto BX foi o principal responsável pela a liderança da Volkswagen no mercado brasileiro de automóveis nas décadas de 1980 e 1990. A criação, o desenvolvimento e a fabricação em série e em larga escala da Família BX no Brasil veio atender a uma demanda reprimida do consumidor brasileiro por automóveis mais modernos e eficientes. Essa demanda era parcialmente atendida pelo Ford Corcel II e pelo Chevrolet Chevette, cujos projetos já davam sinais de envelhecimento, o peso da idade, tanto que a Ford, a Fiat e a General Motors / Chevrolet, por sua vez, decidiram agilizar os lançamentos dos então modernos Ford Escort, Fiat Uno, Fiat Premio, Fiat Elba e, anos mais tarde, do Chevrolet Kadett, da Chevrolet Ipanema e do Chevrolet Corsa, respectivamente, para atender essas demandas.

A proposta inicial da Volkswagen do Brasil, a filial brasileira do Grupo Volkswagen, era a de um automóvel compacto, fácil de dirigir e com manutenção simples e barata. A Volkswagen do Brasil já tinha sofrido com alguns projetos fracassados na década de 1970, com alguns modelos de automóveis que não deslancharam, como a perua Volkswagen Variant II, por exemplo, portanto o próximo lançamento não podia falhar de jeito nenhum. E não falhou, o Projeto BX deu à Volkswagen uma posição confortável no mercado brasileiro por pelo menos 10 anos, até a chegada dos então modernos Ford Escort, Fiat Uno e Chevrolet Corsa, nas décadas de 1980 e 1990, respectivamente.

O Volkswagen Gol, o Volkswagen Voyage e a Volkswagen Parati substituíram também o Volkswagen Brasília em 1982, por sua vez também um grande sucesso de vendas da Volkswagen do Brasil, com cerca de 1.000.000 de unidades fabricadas. O Volkswagen Gol passou a ser o automóvel mais vendido do Brasil em 1987, mantendo esse posto no mercado brasileiro por 26 anos, tendo sido superado apenas pelo hatch compacto brasileiro Fiat Palio em 2014 e pelo hatch também compacto Chevrolet Onix em 2015.

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VEJA TAMBÉM

    REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA
    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Volkswagen_Gol
    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Autolatina
    • Volkswagen (divulgação): Imagens

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