COMEX (ECONOMIA)

COMÉRCIO EXTERIOR
COMÉRCIO INTERNACIONAL
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
FOREIGN TRADE (EM INGLÊS)
COMMODITY (EM INGLÊS)
COMÉRCIO


INTRODUÇÃO


comércio é a operação formal de compra e venda de mercadorias e a operação conjugada de compra e venda de mercadorias com a prestação de serviços relacionados. O termo comércio também é usado mundialmente para definir e conceituar a operação de intercâmbio (troca) comercial, nacional ou internacional, telecomunicações e comunicações, além de transporte nacional e internacional. Porém, no Brasil é mais comum o uso da expressão comércio para definir operações de compra e venda de mercadorias, enquanto a expressão serviço é mais usada para definir as demais operações, incluindo telecomunicações, comunicações e transporte.

A expressão commerce, em inglês, é usada para definir o transporte de mercadorias por via marítima ou aérea, e é usada também para definir compra e venda de moeda, o câmbio. A expressão trade (pronuncia-se treid), em inglês, é usada para definir as transações comerciais que estão relacionadas apenas a mercadorias. Nos Estados Unidos a expressão commerce é usada amplamente para praticamente todo tipo de atividade econômica, incluindo compra e venda de produtos e prestação de serviços.

Já o comércio exterior é o intercâmbio de bens e serviços entre países, com o objetivo de obter lucro. Atualmente a grande maioria dessas operações de compra e venda internacionais são realizadas por meio de moedas, geralmente o dólar e o euro, e, atualmente, a maior parte dessas operações de compra e venda são realizadas usando a língua inglesa ou o espanhol. O mercado de câmbio é o mercado de compra e venda de moedas estrangeiras.

O comércio exterior ou comércio internacional, em inglês foreign trade (pronuncia-se fórin treid), é a operação de troca de bens e serviços através das fronteiras internacionais ou territórios, geralmente por meio de moeda. Atualmente, com o fenômeno da globalização, o comércio internacional representa uma parcela significativa do PIB – Produto Interno Bruto da maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento e de economia razoavelmente aberta, incluindo o Brasil.

Na verdade, a grande maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento no mundo hoje não tem economia totalmente aberta. Apesar disso, o avanço das tecnologias de telecomunicações e de transportes em geral viabilizou o fenômeno da globalização (que tem relação direta com o comércio exterior), o surgimento das grandes empresas multinacionais ou, mais precisamente, transnacionais, resultando em um significativo aumento do comércio exterior, que já era importante nos séculos passados.

O termo commodity é usado internacionalmente para definir e conceituar qualquer mercadoria comercializada para obtenção de lucro. Porém, é muito mais comum o uso dessa expressão no Brasil e em outros países que participam do comércio internacional para descrever coisas que podem ser graduadas e comercializadas, principalmente produtos que podem ser comercializados por meio de bolsas de mercadorias, como o petróleo, o açúcar, o café, o suco concentrado de laranja, o algodão, a soja e o milho, entre outras.

Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, é um exemplo de ponto em que os grandes produtores e negociadores internacionais se reúnem ou se conectam, por telefone ou pela Internet, para a compra e venda de commodities, no plural.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O comércio exterior, conhecido também como comércio internacional e comércio externo, é a troca de bens e serviços através de fronteiras internacionais ou territórios. Na maioria dos países ele representa uma grande porcentagem do PIB – Produto Interno Bruto e é sim indispensável para a manutenção da trajetória ascendente do crescimento econômico dos países. Portanto, é impossível falar em geração de riqueza ou desenvolvimento econômico (e, consequentemente, distribuição de renda) sem falar de comércio exterior, é difícil (talvez impossível) um país totalmente fechado se desenvolver economicamente.


O comércio exterior está presente em grande parte da história da humanidade, como a rota da seda, por exemplo, mas a sua importância econômica, social e política se tornou crescente nos últimos séculos, principalmente com a chamada especialização produtiva dos países. Por exemplo, um país que consegue produzir mais e melhor determinados produtos, petróleo, calçados e têxteis, por exemplo, consegue vendê-los no mercado internacional a preços competitivos, exceto quando determinado produto estiver cartelizado.


O avanço industrial, das telecomunicações e dos transportes, a globalização e o surgimento das corporações multinacionais tiveram grande impacto no incremento do comércio exterior. O aumento do comércio exterior está relacionado com o fenômeno da globalização. O comércio exterior ou comércio internacional é uma disciplina da teoria econômica, que, juntamente com o estudo do sistema financeiro internacional, forma a disciplina da economia internacional.


O volume do comércio mundial aumentou vinte vezes desde 1950 até hoje e, curiosamente, o principal beneficiado com essa abertura econômica foi os Estados Unidos, que, por sua vez, aparentemente, está inclinado, agora, em 2025, a se fechar economicamente, num movimento inusitado.


A expressão comércio exterior é usada para definir a área da administração, tanto pública quanto privada, que gerencia as transações comerciais entre países, lidando com processos de negociação, exportação, importação e acordos internacionais. O objetivo é garantir que as operações sejam realizadas em conformidade com as normas alfandegárias e políticas econômicas.


O conceito ou o tema do comércio exterior voltou à pauta dos noticiários da imprensa mundial em 2025, com a imposição unilateral, por parte do Governo dos Estados Unidos, de impostos / tarifas / taxas sobre as transações comerciais realizadas pela iniciativa privada americana, geralmente importadores privados de produtos e serviços, o que, segundo economistas, acadêmicos e até a classe empresarial, aumenta seriamente o risco de inflação e/ou recessão interna, dentro dos Estados Unidos, e, provavelmente, até mesmo em todo o mundo.


HISTÓRIA DO COMEX

O comércio exterior, conhecido também pela sigla COMEX, Comex ou comex, não é algo novo. Na verdade, pode-se dizer que ele sempre existiu, desde o momento em que os seres humanos deixaram o comportamento nômade de lado, a cerca de 10.000 anos atrás ou 8.000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, e passaram a produzir mais do que o suficiente para seu próprio sustento, ou seja, desde que a humanidade alcançou a capacidade de produzir excedentes, principalmente excedentes agrícolas.

Há relatos razoavelmente confiáveis, registrados em escritos antigos e hieróglifos, do comércio internacional já nos tempos bíblicos, em que países influentes, como Egito, por exemplo, compravam mercadorias básicas e de luxo com origem em outros países, como madeiras, e exportavam produtos que produziam, como tecidos. Outros impérios, como Grego, Francês, Romano, Persa, Chinês, Britânico, Português, Espanhol e Babilônico, também realizavam, em larga escala, o comércio exterior. Na prática, isso significa o seguinte: O comércio exterior é inevitável, é impossível produzir bem e em grande quantidade tudo o que se precisa. Nenhum país é totalmente autossuficiente em termos de produção.

Do ponto de vista puramente acadêmico e/ou conceitual, o capitalismo teve origem durante a Revolução Industrial inglesa do século XVIII, após o fim do feudalismo, por sua vez no século XV ou XVI. Entretanto, na prática, é possível afirmar que o capitalismo, ou o sistema que deu origem ao capitalismo, teve início no mundo entre os séculos XI e XIV, nos quais já existiam as grandes navegações, incluindo a abertura de uma rota comercial pelo Oceano Atlântico, de Portugal até as Índias, passando a alguma distância de grande parte do litoral dos países africanos, rumo ao oriente, para o desenvolvimento das trocas comerciais, o que deu origem às burguesias europeias, o que equivale hoje à classe média dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. No Século XI, por exemplo, países do Oriente Médio e as Índias produziam e vendiam especiarias e temperos à grande parte dos países que atualmente formam a Europa Ocidental.

Infelizmente, no Brasil, após o início da colonização portuguesa do país em 1500 depois do nascimento de Jesus Cristo, deu-se início à produção em massa de uma variedade de produtos, incluindo o açúcar de cana e o café, com o uso intensivo de mão de obra de escravos negros trazidos dos países africanos. Por outro lado, felizmente, após a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, filha de Dom Pedro II, em 1888, teve início no país um grande fenômeno de imigração para o Brasil de trabalhadores remunerados de diversas nacionalidades, incluindo italianos, alemães e japoneses.

Um detalhe importante e curioso, apenas um ano após a abolição da escravidão no Brasil, a Princesa Isabel perdeu o trono e foi exilada, ou, mais precisamente, a Monarquia Brasileira foi abolida, e a senhora Isabel Cristina, juntamente com sua família, foram exilados por um golpe militar provocado por fazendeiros "insatisfeitos" com a abolição, e desde então a família passou a viver na França.

FORMAÇÃO EM COMEX

A curso superior em Comércio Exterior forma profissionais em planejamento, administração, controle e operacionalização de atividades de comércio exterior ou internacional. No programa da faculdade de Comércio Exterior os alunos aprendem sobre negociação, exportação, importação, logística, legislação aduaneira, legislação tributária e acordos internacionais, desenvolvendo habilidades estratégicas para lidar com negociações globais, análise de mercados estrangeiros e adaptação às regulamentações vigentes.


A grade curricular do curso superior em Comércio Exterior possui tópicos econômicos, logísticos, comerciais, financeiros, tributários e comunicacionais, vinculando aulas teóricas e práticas. Aqui no Brasil, há cursos de Comércio Exterior do tipo presencial e EAD – Educação à Distância. Após os alunos completarem a grade curricular, eles podem trabalhar em empresas importadoras e exportadoras, instituições financeiras internacionais, organizações governamentais relacionadas ao comércio exterior, órgãos de fiscalização aduaneira e consultorias de comércio internacional.


De modo geral, aqui no Brasil, o curso de Comércio Exterior é desenvolvido em nível de graduação tecnológica, com carga horária mínima de 1.600 horas e duração média de dois anos. O curso deve seguir um padrão previamente definido pelo MEC - Ministério da Educação, com a lista mínima e essencial de tópicos que devem ser estudados durante o curso. De modo geral, o objetivo é capacitar profissionais para lidar com transações de importação e exportação, gestão logística e aduaneira, negociações tributárias e cambiais, além de pesquisas e prospecção de mercados internacionais.


Durante a formação, os estudantes devem se aprofundar, por exemplo, em tópicos de gestão e planejamento de operações de comércio internacional, legislação tributária e aduaneira, negociações cambiais, contratos, logística internacional e análise de mercados. Também devem desenvolver habilidades em liderança, solução de conflitos e gestão de equipes.


INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

A internacionalização de uma empresa é o processo de planejamento e implementação de atividades ou operações produtivas e/ou de prestação de serviços em outro país ou vários outros países por meio de subsidiárias (filiais), de joint ventures com empresas, sociedades com sócio ou sócios pessoas físicas ou jurídicas, incluindo grupos econômicos, para assim atuar em outra ou outras localidades, fora do país de origem da matriz ou holding.

Um exemplo de empresa internacionalizada: A Ford Motor Company é uma multinacional, ou seja, é uma empresa transnacional, que atua na produção em larga escala de automóveis e utilitários, é uma das maiores fabricantes de veículos do mundo. A Ford está sediada em Detroit, nos Estados Unidos, e possui várias filiais espalhadas por vários continentes, incluindo uma filial no Brasil, uma de suas principais filiais, a Ford do Brasil, a primeira fabricante de veículos no Brasil, inaugurada em 1919, mas que, em 2021, deixou de fabricar automóveis no Brasil, principalmente em razão da carga tributária elevada sobre a produção nacional de veículos.

A internacionalização de empresas é o ato ou processo de levar a produção de produtos e/ou serviços para além do país de origem da empresa, ou seja, para além do país onde está sediada. Quando uma empresa expande suas atividades para além das fronteiras nacionais do país em que está sediada ela se torna um empresa multinacional ou transnacional. Dentre os objetivos principais da internacionalização de empresas estão aumentar a competitividade (inclusive aproveitando preços mais baixos de matérias primas e mão de obra, não fazendo aqui juízo de valor); e alcançar novos mercados, ou seja, e diversificar seu público alvo, para além das fronteiras nacionais.

LIBERALISMO E NEOLIBERALISMO
Liberalismo ou liberalismo (com inicial maiúscula ou minúscula) e o Neoliberalismo ou neoliberalismo (também com maiúscula ou minúscula) são dois conjuntos de teorias que dão ênfase e importância a uma menor intervenção ou participação direta, como competidores no mercado, dos governos em geral nas economias de seus respectivos países, dando preferência a um papel predominantemente regulador dessas economias, em vez de atuar diretamente na economia como fabricantes, comerciantes ou prestadores de serviços, seja na condição de competidores ou na condição de monopolistas. O liberalismo, por exemplo, teve origem no século XVIII, durante a Revolução Industrial inglesa.

O liberalismo e o neoliberalismo são definidos e conceituados como conjuntos de princípios e teorias políticas que têm como núcleo a defesa da liberdade política e econômica, que realmente são as chaves para o crescimento econômico baseado na realização pessoal e na necessidade de sobrevivência dos indivíduos e de suas respectivas famílias. Assim, os liberais se opõem ao forte controle dos Estados (o termo Estado usado aqui, com inicial maiúscula, tem o sentido de governos de países ou nações) nas respectivas economias e nas vidas particulares das pessoas em geral, como acontecia há décadas atrás na União Soviética comunista, por exemplo.

O conceito de Comércio Exterior tem, portanto, relação direta com o conceito de liberalismo e neoliberalismo. Os pontos principais do liberalismo em geral, o liberalismo simples e o liberalismo moderno, são a defesa da propriedade privada; a liberdade econômica do livre mercado; a mínima participação ou interferência do Estado nos assuntos econômicos da nação; e igualdade perante a lei, conhecida também como estado de direito;

O liberalismo simples, conhecido como liberalismo econômico, o primeiro a surgir, foi criado pelo filósofo inglês John Locke, no século XVII, e melhorado pelo filósofo e economista escocês Adam Smith, na mesma época. Porém, mesmo tendo sido melhorado por Adam Smith, o liberalismo econômico ainda tinha alguns problemas mal resolvidos, o que foi definitivamente solucionado no século passado, a partir da década de 1970, pelo neoliberalismo ou liberalismo moderno, por vários economistas e acadêmicos, entre eles os economistas Friedrich Hayek e Milton Friedman.

Na teoria de liberalismo econômico, os interesses conflitantes das pessoas físicas e jurídicas que competem em um mercado se resolvem por si mesmos, automaticamente ou de forma autônoma, digamos, em determinado contexto de oferta e procura, ou seja, o fenômeno da lei de mercado, que tende a aumentar os preços quando a oferta de bens e serviços é menor que a procura ou demanda e que tende a reduzir os preços quando a oferta é maior que a procura ou demanda, pode regular os preços sem necessidade da intervenção do Estado na economia.

Não é preciso ser um gênio para perceber que o simples liberalismo econômico, sem uma atuação reguladora dos três poderes, o executivo, o legislativo e o judiciário, é ingênuo porque não prevê e/ou não resolve alguns vícios do capitalismo, incluindo a formação de cartel de preços e os monopólios que tendem a ser formados pela iniciativa privada. É verdade que ainda não surgiu até hoje na história da humanidade um regime de administração pública melhor que a democracia capitalista, mas seria uma ingenuidade não prever e não criar mecanismos reguladores na sociedade, incluindo leis para evitar excessos em geral, como, por exemplo, eventuais desrespeitos de fabricantes, de comerciantes e prestadores de serviços aos direitos do consumidor.

Para solucionar esse problema de excesso de simplicidade surgiu o neoliberalismo ou liberalismo moderno, com regulamentações para evitar dumpings, monopólios, cartéis de preços e abusos contra o direito do consumidor.

GLOBALIZAÇÃO E COMEX

A globalização é um conceito em que os fenômenos econômicos tendem a potencializar a integração generalizada dos países ou nações, principalmente as suas culturas e educação. Do ponto de vista puramente conceitual, a globalização surgiu no século XV, mas ganhou força a partir do aperfeiçoamento e/ou avanço da ciência (pesquisa e desenvolvimento), da tecnologia (aplicação prática da ciência) e da difusão das culturas e compartilhamento de ideias e métodos de educação, a partir da segunda metade do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, mas principalmente a partir da década de 1970.


Portanto, o processo de integração da economia internacional, conhecido também como globalização, teve um paralelo com a popularização dos meios de comunicação e telecomunicação (jornais, revistas, TV’s, rádio, telefone e Internet) e a expansão e adoção dos ideais neoliberais a partir da década de 1970, tendo como principais defensores Margaret Thatcher, a primeira-ministra do Reino UnidoRonald Reagan, o 40º presidente dos Estados Unidos; e Mikhail Gorbatchov, presidente da então União Soviética; os três na década de 1980; dentre mais alguns.


A partir de então, o mercado (aqueles, pessoas físicas e pessoas jurídicas, que consomem produtos e contratam serviços) e as empresas multinacionais se tornaram os principais protagonistas desse período, os principais agentes do novo mundo globalizado, e a atuação das empresas por meio de redes, formando as chamadas cadeias globais de produção e/ou de suprimentos, foi possível graças às técnicas desenvolvidas pela Informática, pelas tecnologias agrícolas, pelos bens de capital e pelas tecnologias de transporte.


Além disso, a atuação dos respectivos Estados envolvidos no comércio exterior se voltou para a viabilização do funcionamento de uma economia com maior abertura e livre de encargos (só na teoria, porque na prática é impossível abrir totalmente os mercados), principalmente para aproveitar melhor os custos (matérias primas e mão de obra, por exemplo, não fazendo aqui juízo de valor) dos países com condições de oferecer mais por menos, sem a intervenção direta dos agentes estatais.


Nessa época, houve também um fortalecimento dos organismos multilaterais, intergovernamentais e instituições financeiras como OMC – Organização Mundial do Comércio, BM – Banco Mundial, FMI – Fundo Monetário Internacional e OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, responsáveis pela propagação do neoliberalismo, já implementado nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, estes conhecidos também como países emergentes.


O MERCOSUL

Oficialmente, o Mercosul – Mercado Comum do Sul é uma organização intergovernamental, é um bloco econômico em estágio de desenvolvimento e implementação, de países sul-americanos, formado atualmente por seis países membros, o Brasil, a Argentina, o Paraguai, Uruguai, a Bolívia e a Venezuela, embora este esteja suspenso temporariamente. Porém, na prática, o Mercosul é considerado nos meios acadêmicos e empresariais uma união aduaneira imperfeita, ainda em processo de consolidação.

O Mercosul é, atualmente, o principal bloco econômico da América Latina, criado no Brasil, pelo Tratado de Assunção, em 1991, e melhorado pelo protocolo de Ouro Preto, em 1994, formado por seis (cinco, na prática) países membros efetivos, incluindo o Brasil, seis países associados, incluindo o Chile, e um país observador, o México.

Entre os acordos já estabelecidos e seguidos, pelo menos em parte, por países membros do Mercosul está a livre circulação de bens e serviços dentro dos países do bloco econômico, além da criação de uma TEC – Tarifa Externa Comum, que é uma padronização das alíquotas de impostos incidentes sobre a importação dos países membros. Por exemplo, pela TEC – Tarifa Externa Comum se algum país europeu quiser comprar um produto qualquer, cultivado ou fabricado no Brasil e na Argentina, os dois países sul-americanos só poderão exportar para esse país europeu pelo mesmo preço.

O Mercosul é considerado por especialistas uma união aduaneira imperfeita, ainda com assimetrias, ou, numa linguagem mais simples, desproporções. O Mercosul tem moldes semelhantes ao de um mercado comum, mas não tão abrangente e profundo como a União Europeia, por exemplo, que já chegou ao estágio de uma união monetária, portanto já possui até uma moeda comum, o euro, com exceção do Reino Unido, que, aliás, já não faz mais parte da União Europeia.

O PIB - Produto Interno Bruto do Brasil representa cerca de 60% da soma das riquezas geradas por todos os países que compõem atualmente o Mercosul, os chamados Estados Partes. A população brasileira representa cerca de 75% da soma dos números totais de habitantes dos países que compõem atualmente o bloco.

De certa forma, de um certo ponto de vista, o Mercosul é considerado um mecanismo oficial de liberação de mercados. Para implementação do Mercosul foram criadas algumas instituições oficiais que trabalham, ou devem trabalhar, de forma coordenada, entre elas o Parlamento do Mercosul, criado pelo Tratado de Assunção.

CRIAÇÃO DO MERCOSUL

O Mercosul foi criado pelo Tratado de Assunção em 1991 pelo Brasil, pela Argentina, pelo Paraguai e pelo Uruguai, e, posteriormente, em 2006, teve a adesão da Venezuela como país membro, que, aliás, está suspensa. Atualmente, a Bolívia faz parte do Mercosul, a partir de 2019. Porém, a base teórica e prática para criação do Mercosul teve origem nas décadas anteriores, nas quais os respectivos governos já negociavam e já colocavam em prática ideias de associações e cooperação ou integração econômica, embora ainda de forma tímida e discreta, para e a partir da formação da ALALC – Associação Latino-Americana e ALADI – Associação Latino-Americana de Integração.

Equador, o Chile, a Colômbia, o Peru, o Suriname e a Guiana (não confundir com Guiana Francesa) participam do Mercosul como países associados, Estados Associados ou membros associados, não como membros efetivos, portanto não possuem poder de voto e de veto. De todos esses países, o Equador já manifestou claramente suas intenções de se tornar membro efetivo do Mercosul, o que pode ocorrer nos próximos anos, após a adaptação ou reforma de sua legislações para se adequar aos padrões dos quatro países membros efetivos.

Em relação ao Chile, parece haver ainda alguma relutância em se tornar um membro efetivo, por algum motivo, talvez pelo receio de engessamento de suas decisões sobre o comércio com países não formadores do Mercosul.

Para qualquer país latino-americano fazer parte do Mercosul como membro efetivo antes é preciso estar associado à ALADI – Associação Latino-Americana de Integração. Uma parte dos estudiosos no assunto afirmam que o Mercosul ampliou e melhorou o ciclo de exportações entre os países membros do bloco. Segundo eles, antes da criação do Mercosul os países membros não eram grandes parceiros econômicos.

Atualmente, agora, em 2025, entre as principais expectativas do Mercosul está a assinatura de um acordo de comércio do Mercosul com a União Europeia, impulsionado pelo nacionalismo exacerbado (exagerado mesmo) da extrema direita americana e/ou comportamento arredio (na prática, o fechamento de seu mercado interno) dos Estados Unidos, por meio do Governo Americano, em relação aos produtos e serviços europeus. Ou seja: "Se nós, os europeus, não podemos mais vender nossos produtos e serviços para os americanos então vamos focar em outros mercados, como o sul-americano, por exemplo".

RESULTADOS PRÁTICOS

Aqui no Brasil, o Mercosul não é uma unanimidade entre acadêmicos, empresários, jornalistas, intelectuais e até entre uma parte da classe política. Parece não haver consenso aqui no Brasil sobre os resultados práticos dos acordos relacionados ao Mercosul desde sua criação na década de 1990. Apesar disso, é possível afirmar que o Mercosul ainda é sim um importante meio de estímulo do comércio exterior entre os meios de produção brasileiros com os mercados consumidores argentino, paraguaio, uruguaio e boliviano. 

Há quem diga que entre os principais entraves para a implementação completa do Mercosul, na forma de uma união aduaneira e monetária, estão na Argentina e no Brasil. Lá na Argentina, por exemplo, os governos de esquerda ideológica atrapalharam por décadas seguidas a abertura das quatro economias do bloco, com imposição de tributos (impostos / tarifas / taxas) excessivos e/ou excesso de burocracia para a saída e a entrada de mercadorias e serviços do e no país. E pra quem achou que a extrema direita argentina iria mudar as coisas se enganou, se equivocou, pois continua difícil negociar com os argentinos.

No exterior, a opinião não parece ser muito diferente. Por exemplo, segundo a Câmara Internacional do Comércio, um órgão internacional que analisa e emite estudos sobre a economia da grande maioria dos países que participam do comércio internacional, que importam e exportam bens e serviços, o Brasil é considerado um país de economia fechada. Além disso, a carga tributária sobre produtos e serviços em geral no Brasil é elevada, e isso pode ser considerado uma assimetria, pois assim ele não consegue ganhar escala suficiente no mercado interno para tornar seus produtos de exportação mais competitivos. Explicando melhor, mesmo que a carga tributária que incida sobre produtos que são vendidos no Brasil não tenha relação direta com a carga tributária que incide sobre produtos de exportação (a carga tributária sobre exportação é mais baixa), ele precisa ganhar escala para se tornar um grande exportador, com preços competitivos.

Assim, o Brasil tem continua tendo dificuldade de assumir definitivamente o protagonismo do comércio exterior na América Latina e/ou na América do Sul. Isso significa o seguinte, o Brasil não consegue exportar muito para países sul-americanos, caribenhos e da América Central pois sua carga tributária interna é elevada, o que o impede de ser competitivo, pois sua escala é menor. E, "automaticamente", se ele não consegue exportar muito então também não consegue (ou não pode) importar muito, porque "se abrir demais quebra", em parte por causa da balança comercial deficitária e em parte por causa da carga tributária elevada sobre os produtores nacionais.

Explicando melhor, é bom considerar que uma abertura total e completa da economia brasileira para a importação de produtos e serviços seria um desastre. Na prática, lamento dizer, a economia brasileira não tem condições de competir com as economias altamente tecnológicas de outros países extremamente competitivos, como os Estados Unidos, o Canadá, os países que formam a União Europeia, a Coreia do Sul, a Austrália e o Japão. O Brasil não tem condições de competir abertamente nem com a China e com Índia, que fabricam uma grande variedade de produtos a preços baixos, em parte como consequência de mão de obra farta e muito barata.

Por outro lado, fechar totalmente a economia brasileira também seria um desastre, portanto é preciso encontrar um meio termo, um ponto de equilíbrio.

A principal característica do Mercosul é o estímulo ao mercado regional, principalmente dos países membros do bloco econômico. Vale ressaltar, nesse contexto de comércio exterior, que, por outro lado, se o Brasil tivesse hoje uma economia quase totalmente fechada, como tinha na década de 1980, por exemplo, com reserva de mercado para várias categorias de produtos, as pressões inflacionárias sobre o varejo em geral atualmente seriam muito maiores do que já são, e o atraso tecnológico aqui dentro seria um absurdo. Não por acaso o Brasil tem uma dolorosa e traumática hiperinflação na década de 1980 e em parte da década de 1990, por vários motivos, inclusive por excesso de gastos públicos e por sua economia fechada na década de 1980.

De fato, após a criação do Mercosul a Argentina passou a ser um dos principais destinos das exportações brasileiras, o que significa que, bem ou mal, uma parceria econômica com ela ainda é necessária para o Brasil manter sua atividade econômica dentro da normalidade. Com a entrada de um novo player, a Bolívia, as coisas podem melhorar um pouco, mas a maior esperança agora é um acordo com a rica Europa, que seja bom para ambos os lados, Mercosul e União Europeia.

O Brasil é o principal destino das exportações da Argentina, do Paraguai, da Bolívia e do Uruguai.

OUTROS OBJETIVOS
Entre os objetivos já alcançados pelo Mercosul está a dispensa da exigência de passaporte para a circulação de cidadãos dos países que formam o bloco, bastando apenas que o viajante porte sua carteira de identidade do país de origem. Em relação aos automóveis comercializados dentro dos mercados desses cinco países, as placas veiculares ou placas de identificação foram padronizadas também, principalmente para facilitar a circulação de veículos dentro deles. Na área da educação, também foram criadas facilidades, como, por exemplo, o reconhecimento dos diplomas para os profissionais formados em instituições de educação dos cinco países, apenas com algumas exigências mínimas, como, por exemplo, o Revalida.

Para os próximos anos, estão entre as pretensões dos governos que formam o Mercosul a ampliação das relações comerciais; o reconhecimento nos cinco países membros das formações profissionais conquistadas pelos cidadãos do bloco, incluindo a liberação da prestação dos serviços respectivos; a abertura dos cinco mercados para que empresas destes países possam participar de concorrências para prestação de serviços públicos; as legislações semelhantes em diversos setores, incluindo econômico, fiscal, político e comercial; e, finalmente, criação de uma moeda única para ser usada pelos cinco países.

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS

Atualmente, os principais destinos das exportações brasileiras são a China, a União Europeia, os Estados Unidos, o Sudeste Asiático e a Argentina. Em 2013, por exemplo, a China foi o principal destino das exportações brasileiras, com volume total de mais de US$ 32 bilhões, os Estados Unidos em seguida, com volume total de mais de US$ 16 bilhões, em terceiro a Argentina, com mais de US$ 13 bilhões, a Holanda, com mais de US$ 10 bilhões, e o Japão, com mais de US$ 5 bilhões.

Cerca de dez anos depois, mais precisamente em 2024, as exportações brasileiras foram principalmente para a China, Hong Kong e Macau, com US$ 95 bilhões, para União Europeia, com US$ 48 bilhões, para os Estados Unidos, com US$ 40 bilhões, para o Sudeste Asiático (incluindo Tailândia, Indonésia, Filipinas, Malásia e Singapura), com US$ 26 bilhões, e para o Mercosul, incluindo Argentina, com US$ 20 bilhões, sendo que desse total de US$ 20 bilhões para o Mercosul pelo menos US$ 13 bilhões foram para a Argentina, ou seja, os Hermanos ainda são importantes pra nós.

Considerando valores, em 2013, o principal produto de exportação do Brasil era o minério de ferro / aço e similares, com cerca de 13% do total; a soja, também com cerca de 13% do total; o petróleo, com cerca de 4% do total, mas aqui ressaltando que o Brasil exporta petróleo bruto e importa derivados de petróleo; o açúcar de cana, com cerca de 4% do total; e a carne de frango, com cerca de 3% do total das exportações brasileiras. Atualmente, as maiores exportações brasileiras são o petróleo, a soja, o minério de ferro / aço, o açúcar, as carnes em geral, o café e a celulose.

É importante entender que sempre ou quase sempre que algo ruim acontece na economia desses países citados acima há reflexos também negativos na economia brasileira, porque a lógica é simples.


PRINCIPAIS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS EM 2024

REGIÃO OU PAÍS

VALORES

China, Hong Kong e Macau

US$ 95 bilhões

União Europeia, incluindo Holanda

US$ 48 bilhões

Estados Unidos

US$ 40 bilhões

Sudeste Asiático, incluindo Tailândia

US$ 26 bilhões

Mercosul, incluindo Argentina

US$ 20 bilhões

NAFTA (México e Canadá)

US$ 14 bilhões

CAN (Colômbia, Equador e Peru)

US$ 8 bilhões

 

 



VEJA TAMBÉM


    REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_Comum_do_Sul
    • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Egito
    • Unigran - Universidade da Grande Dourados
    • Dicionário Michaelis - Consulte também a versão executiva do Michaelis
    • Dicionário Larousse
    • Wikimedia: Imagens

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