LOCKHEED CONSTELLATION

LOCKHEED L-049 CONSTELLATION (MODELO ORIGINAL)
LOCKHEED L-149 CONSTELLATION (ALCANCE MELHORADO)
LOCKHEED L-649 CONSTELLATION (ALCANCE MELHORADO)
LOCKHEED L-749 CONSTELLATION (ALCANCE MELHORADO)
LOCKHEED L-1049 SUPER CONSTELLATION (FUSELAGEM ALONGADA)
LOCKHEED L-1649 STARLINER (FUSELAGEM ALONGADA)
LOCKHEED C-69 CONSTELLATION (VERSÃO MILITAR)
LOCKHEED C-121 CONSTELLATION (VERSÃO MILITAR)
LOCKHEED “CONNIE” (APELIDO)


INTRODUÇÃO

Logo acima, o imponente Lockheed Super Constellation nas cores da Varig, uma das principais companhias aéreas brasileiras nas décadas de 1940, 1950 e 1960, uma das principais operadoras latinas desse modelo inovador de aeronave. Logo abaixo, a confortável e elegante cabine de passageiros dos Lockheed Super Constellation operados pela Varig, principalmente ligando o Brasil aos Estados Unidos, em algumas das principais rotas da companhia.

O Lockheed Constellation foi uma antiga aeronave quadrimotor a pistão de médio porte, com capacidade para transportar entre 40 e 80 passageiros em viagens interestaduais, internacionais e intercontinentais, dependendo da versão e da configuração de assentos adotada, projetada, desenvolvida e fabricada em larga escala nos Estados Unidos, a partir da década de 1940, pela então fabricante americana Lockheed Corporation, tornando-se na época uma das maiores fabricantes de aeronaves comerciais do mundo.


Os seus principais concorrentes no mercado mundial de transporte aéreo doméstico, internacional e intercontinental de passageiros e cargas durante as décadas de 1940, 1950 e 1960 foram os quadrimotores a pistão Douglas DC-6, Boeing 377 Stratocruiser e Douglas DC-7 e o quadrimotor turboélice Bristol Britannia.


LOCKHEED MARTIN

A Lockheed Martin é uma gigante americana dos ramos aeroespacial, espacial, aeronáutico, de defesa, de equipamentos médicos, de sistemas de energia solar e de sistemas nucleares, criada em 1995 a partir da fusão de duas grandes empresas dos ramos aeroespacial, espacial, aeronáutico e de defesa, a Lockheed Corporation e a Martin Marietta, se tornando a partir de então a maior contratante de defesa do mundo, com receita bruta de cerca de US$ 53 bilhões em 2018, por exemplo, graças, em grande parte, a contratos militares com o Governo dos Estados Unidos e com nações amigas, com mais de 105.000 empregados em várias partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos.


Entre os seus principais produtos e empreendimentos estão o míssil Lockheed Trident, lançado a partir de submarinos; o avião de patrulha militar Lockheed P-3 Orion, ainda em operação em várias forças armadas; o caça Lockheed F-16 Falcon, um grande sucesso operacional e de vendas; o caça Lockheed F-35 Lightning II, um dos aviões militares mais avançados do mundo; o turboélice militar Lockheed C-130 Hercules, também um sucesso operacional e de vendas; a empresa de lançamentos de satélites ULA – United Launch Alliance, em parceria com a Boeing Company; e a fabricante de helicópteros Sikorsky Aircraft, uma das maiores do mundo; entre outros.


Além disso, a empresa foi a fabricante de alguns dos mais tecnológicos produtos militares de suas respectivas épocas, entre eles o bombardeiro stealth Lockheed F-117 Nighthawk e o caça semi-stealth Lockheed F-22 Raptor, entre outros.


Já a Lockheed Corporation foi uma das duas grandes empresas antecessoras da Lockheed Martin, fundada em 1932, a partir da Alco Company, da Loughead Aircraft e da Detroit Aircraft. Entre seus produtos civis e militares mais tecnológicos de suas respectivas épocas estiveram os aviões de reconhecimento (espionagem, na verdade) Lockheed U-2 Utility e Lockheed SR-71 Blackbird, o caça a jato Lockheed P-180 Shooting Star, o cargueiro militar Lockheed C-5 Galaxy e o avião comercial de grande porte Lockheed L-1011 Tristar, um dos wide-bodies mais icônicos de sua época.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Logo acima, o Lockheed Constellation, um quadrimotor turboélice para transporte doméstico, internacional e intercontinental de passageiros. Ele foi usado intensivamente na América do Norte, na Europa Ocidental, na Ásia e até na América no Sul, principalmente nas décadas de 1940, 1950 e 1960, principalmente por grandes companhias aéreas, atraídas pela alta performance, pelo conforto, pela sofisticação, pelo refinamento e pelo bom alcance, considerando os padrões da época. Logo abaixo, o Lockheed Super Constellation nas cores da companhia aérea americana TWA, a companhia aérea lançadora do modelo.

O Lockheed Constellation (pronuncia-se Lóc-rríd Cónstelêchan) foi uma antiga aeronave quadrimotor a pistão de médio porte, com pressurização e com construção convencional em alumínio e ligas metálicas, com asas baixas e retas e com trem de pouso retrátil, com capacidade para transportar entre 40 e 80 passageiros em viagens interestaduais, internacionais e intercontinentais, dependendo da versão e da configuração de assentos adotada, projetada, desenvolvida e fabricada em larga escala nos Estados Unidos, a partir da década de 1940, pela então fabricante americana Lockheed Corporation, na época já uma grande fabricante de aeronaves militares, tornando-se, a partir de então, uma grande fabricante de aviões comerciais.


Embora o Lockheed Constellation tenha apresentado um problema técnico de confiabilidade dos seus potentes motores radiais a pistão Wright R-3350 Duplex Cyclone, durante a sua produção seriada, o que, inclusive, causou alguns acidentes graves, com o passar dos anos, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, ele se tornou um dos mais icônicos clássicos mundiais da aviação comercial, usado intensivamente em ligações intercontinentais entre Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental, América do Sul, principalmente o Brasil, África, Oceania e Ásia, inclusive sobrevoando oceanos, desertos e florestas, principalmente durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, transportando passageiros com um nível de conforto, sofisticação e refinamento inéditos na época, com a maioria das unidades civis ainda em condições de voo sendo convertida para transporte de cargas após esse período.


O seu projeto só não alcançou marca de 1.000 unidades fabricadas em série porque ele competia com outros grandes clássicos da aviação comercial da época, incluindo o Douglas DC-6, o Boeing 377 Stratocruiser e o Douglas DC-7, e porque, a partir de 1958 e 1959, começaram a entrar em serviço os primeiros modelos de aviões comerciais de grande porte, de alcance intercontinental, com motores a jato, o Boeing 707 e o Douglas DC-8, o que revolucionou completamente a aviação comercial da época e tornou todos os modelos de aviões comerciais a pistão obsoletos.


Foram fabricadas mais de 850 unidades de aviões da família Lockheed Constellation, principalmente para companhias aéreas americanas, europeias, asiáticas, sul-americanas, pelo menos uma australiana e pelo menos uma canadense, entre elas a TWA – Transcontinental and Western (posteriormente TWA – Trans World Airlines), a empresa lançadora do modelo, a Eastern Airlines, a Pan Am, a KLM Royal Dutch, a American Airlines, a Air France, a BOAC – British Overseas (posteriormente British Airways), a National Airlines, a Iberia Airlines, a Delta Airlines, a Lufthansa, a Northwest Airlines, a Qantas Airways, a TAP Portugal, a Trans-Canada (posteriormente Air Canada), a Aer Lingus e a Avianca, todas fabricadas nos Estados Unidos, em 15 anos de fabricação seriada. Aqui na América do Sul, ele foi usado por várias companhias, dentre elas as brasileiras Varig – Viação Aérea RiograndensePanair do BrasilReal Aerovias, principalmente nas ligações para Los Angeles, Miami e Nova York.


Nas décadas de 1940 e 1950 ele era considerado um dos mais modernos modelos de aviões comerciais para transporte de passageiros e carga, com a introdução da tecnologia de pressurização de fuselagem (cabine de passageiros e cabine de comando), permitindo a operação em altitudes de cerca de 7.000 metros, superior às altitudes padrão da época para aviões radiais a pistão não pressurizados, de cerca de 5.000 metros, lembrando que quanto mais alto o avião voa menos sujeito ao mau tempo ele é.


Entre as suas características mais marcantes estiveram a sua performance excepcional, com alta altitude de voo de cruzeiro, considerando os padrões da época, é claro; a sua boa flexibilidade operacional para operar em pistas de pouso pavimentadas de comprimento limitado; a pressurização da cabine de passageiros e do cockpit, que proporcionava mais conforto biológico aos passageiros e à tripulação, com menos ocorrências de enjoos e dores de cabeça; o amplo espaço interno, com espaço suficiente para passageiros com até 1,8 metro de altura, em média densidade;  e o cockpit moderno, para os padrões da época, inclusive homologado para voos por instrumentos.


CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Logo acima, a cabine de passageiros do quadrimotor a pistão para transporte intercontinental de passageiros Lockheed Constellation, atualmente exposto em vários museus aeronáuticos, principalmente nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, com um nível de conforto inédito na época. Logo abaixo, o então moderno cockpit do mesmo modelo de aeronave, com o que havia de mais avançado e preciso em aviônicos para uso civil na época, homologado para pousos por instrumentos, inclusive.

O clássico quadrimotor a pistão Lockheed Constellation nasceu a partir de um pedido especial de 35 unidades pela então companhia aérea americana TWA – Transcontinental and Western Airlines, a empresa lançadora do modelo, na época tendo como principal acionista o bilionário americano Howard Hughes, que também era piloto de aeronaves e um entusiasta da aviação. Esse pedido trazia uma variedade de requisitos de especificações da aeronave, padrão de acabamento e configuração da cabine de passageiros, inclusive com a exigência de um alcance de pelo menos 5.600 quilômetros non-stop, com reservas, velocidade de cruzeiro de mais de 500 km/h, pressurização de cabine de passageiros, altitude de cruzeiro de pelo menos 7.000 metros, espaço suficiente na cabine de passageiros para acomodar pelo menos 20 passageiros em camas (isso mesmo que você está lendo, camas) ou pelo menos 40 passageiros em assentos reclináveis em classe única, em baixa densidade, que, na prática, era uma espécie de primeira classe, já que na época as passagens aéreas em caras.


O avião foi projetado por engenheiros aeronáuticos da própria Lockheed Corporation, mas com o acompanhamento cuidadoso de Howard Hughes, que era considerado um cliente especial na época, um visionário da indústria aeronáutica e muito rico. Não havia nada parecido com o Lockheed Constellation, um avião ousado, inovador, sofisticado, elegante e com um acabamento interior refinado, considerando os padrões da época. O preço por cada unidade do avião, de quase US$ 500 mil, em valores da época, uma pequena fortuna por unidade, totalizando quase US$ 17 milhões, era o suficiente para cobrir pelo menos uma boa parte dos custos de desenvolvimento, por isso Howard exigia que todas as 35 unidades encomendadas fossem entregues a ele antes que as encomendas de outras companhias aéreas fossem atendidas.


O icônico Lockheed Constellation foi um sucesso de vendas da fabricante americana Lockheed Corporation durante nas décadas de 1940 e 1950, fabricado em larga escala principalmente para atender as encomendas de companhias aéreas americanas e europeias, desempenhando um importante papel no transporte aéreo de passageiros e de carga aérea nessas décadas, principalmente para transporte intercontinental. Entretanto, a partir da década de 1950, as tecnologias de motorização turboélice e motorização a jato, que, na verdade, não são muito diferentes entre si, começavam a se tornar tecnicamente e economicamente viáveis, com os primeiros representantes dessas duas categorias, o Boeing 707, o Vickers Viscount, o Douglas DC-8, o Lockheed Electra e o Sud Aviation Caravelle, com motores mais confiáveis, nascendo em ambos os lados do Oceano Atlântico, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, o que praticamente encerrou o reinado dos aviões radiais a pistão, que era o caso do Lockheed Constellation, do Douglas DC-6, do Boeing 377 Stratocruiser e do Douglas DC-7.


Apesar de algumas tragédias causadas por falhas de funcionamento dos seus motores radiais a pistão Wright R-3350 Duplex Cyclone, inclusive por superaquecimento dos cilindros, disparo de hélice e incêndio no cárter, a grande maioria dos passageiros que viajavam no Lockheed Constellation, um inovador modelo de aeronave intercontinental americano, estava deslumbrada com um nível inédito de performance, conforto, sofisticação e refinamento da aeronave, considerando os padrões da época.


ALTA TECNOLOGIA

O icônico Lockheed Constellation era a mais avançada aeronave comercial de sua época, com pressurização de cabine, velocidade de cruzeiro de mais de 530 km/h (alguns modelos mais potentes chegavam a 600 km/h), altitude de cruzeiro de 7.000 metros (alguns modelos chegavam a 7.800 metros), toaletes separados para tripulação e passageiros, galley para refeições quentes e frias, sistema de degelo nas asas, assentos reclináveis na cabine de passageiros, entre outros itens. Alguns anos após o início da produção seriada, ele passou a ser fabricado com ar condicionado na cabine de passageiros, isolamento acústico melhorado e radar meteorológico, o que representou mais um passo adiante em nível tecnológico e conforto aos passageiros.


Não havia, na época, nada no mundo mais avançado que o Lockheed Constellation, para uso comercial no transporte de passageiros.


O projeto do Lockheed Constellation foi elaborado durante a década de 1940 pela equipe de engenheiros da então fabricante americana de aviões militares Lockheed Corporation, com a participação dos projetistas Hall Ribbard, Kelly Johnson e Willis Hawkins, mas acompanhada de perto pelo então presidente da fabricante de aviões, Robert Gross, pelo presidente da TWA, Jack Frye, e, é claro, pelo dono da TWA, Howard Hughes, que chegou, inclusive, a pilotar os protótipos durante sua fase de desenvolvimento. Havia um empenho da equipe de projetistas em introduzir a então novíssima tecnologia de pressurização de cabine, anteriormente criada e desenvolvida em aviões experimentais militares pela própria Lockheed, a pedido do Governo dos Estados Unidos, mas que ainda não tinha chegado aos aviões comerciais.


A ideia era produzir em série e em larga escala um avião com grande alcance internacional e alcance intercontinental, com cabine de passageiros pressurizada, com boa velocidade de cruzeiro e um nível de confiabilidade suficiente para voos transoceânicos, para os padrões da época, com redundância de sistemas e aviônicos avançados, para os padrões época. Em tese, em caso de falha de um dos motores a aeronave teria condições de se manter em voo até uma parada de emergência mais próxima por meio dos motores remanescentes, uma característica necessária dos aviões intercontinentais da época.


Na verdade, para ser mais preciso, o avião quadrimotor a pistão americano para transporte comercial de passageiros Boeing 307 Stratoliner já possuía, na época, a partir de 1940, a tecnologia de pressurização de cabine, mas não chegou a ser fabricado em larga escala, com apenas 10 unidades fabricadas, portanto o Lockheed Constellation continua sendo considerado por historiadores o avião comercial que realmente introduziu, pra valer, a tecnologia de pressurização no mercado mundial de aviação comercial.


A pressurização de cabine é uma tecnologia de compressão ou bombeamento pneumático do ar interno do veículo aeronáutico para uma pressão superior à pressão do ar ambiente, em relação ao ar que cerca a cabine, do lado de fora do veículo. A tecnologia de pressurização de cabine também é utilizada em espaçonaves. O objetivo dessa tecnologia é manter a pressão do ar interno adequada para o conforto biológico do corpo humano, que sente dificuldades respiratórias, perda de consciência e outros problemas de saúde, como enjoos e dores de cabeça, por exemplo, a partir de 5.000 metros de altitude de pressão natural, sem auxílio de oxigênio complementar ou pressurização.


Não há consenso sobre a origem exata da tecnologia de pressurização, com os franceses, russos, alemães e americanos tendo desenvolvido tecnologias semelhantes a partir da década de 1930, mas é provável que a primeira tecnologia realmente viável de pressurização de cabine tenha sido desenvolvida pela fabricante americana de aviões civis e militares Lockheed Corporation, em seu modelo de avião bimotor a pistão militar Lockheed XC-35, em 1937, que não chegou a ser fabricado em série, seguido de iniciativas semelhantes de outros fabricantes.

 

Por outro lado, convencionou-se que o primeiro modelo civil de aeronave comercial fabricado em série e em larga escala com a tecnologia comercialmente viável de pressurização foi o quadrimotor a pistão para transporte intercontinental de passageiros Lockheed Constellation, em 1943, portanto nove anos antes da entrada em serviço de outro avião pioneiro da indústria aeronáutica, o de Havilland DH.106 Comet, o primeiro avião comercial a jato da história.


A capacidade de assentos dos primeiros modelos da família Lockheed Constellation variava conforme o perfil de cada companhia aérea, com opções de configurações mistas e configurações únicas, começando com uma configuração mista de dois ambientes, um com assentos convencionais e outro com camas, neste caso para um total de até 20 passageiros, ou uma configuração mais convencional com 40 assentos para passageiros, em classe única. As passagens eram caras, portanto acessíveis somente para uma elite de passageiros, com serviço de bordo impecável, com aeromoças refinadas e cultas, falando pelo menos duas línguas, além de sua língua nativa, um luxo.


DESEMPENHO E PIONEIRISMO

A fabricante americana Lockheed Corporation projetou o Lokheed Constellation com capacidade para pousar e decolar em pistas de pouso pavimentadas com comprimento limitado a cerca de 1.999 metros, mesmo lotado de passageiros. Uma prova de suas características positivas foi a sua operação intensiva, por cerca de 20 anos seguidos, ininterruptos, a partir de 1945, por algumas das maiores e melhores companhias aéreas americanas e europeias, como a TWA, a Air France, a American Airlines, a Lufthansa, a Delta Airlines, a KLM Royal Dutch, a Pan Am, a TAP Portugal, a BOAC (atualmente British Airways) e a Ibéria.


Com a entrada em serviço do Boeing 707 e do Douglas DC-10, a partir de 1958 e 1959, respectivamente, inaugurando assim a era do jato na aviação comercial, o Lockheed Constellation perdeu seu trono para esses aviões mais velozes, mais confortáveis, mais tecnológicos e mais confiáveis. A partir de então as unidades de Constellation em condições de voo foram, gradativamente, ano após ano, sendo convertidas em aviões cargueiros, sem reclamar, desempenhando suas funções de forma satisfatória.


Aqui no Brasil, o avião da Lockheed Corporation inaugurou, a partir da década de 1940, a era do voo intercontinental pressurizado pelas companhias aéreas brasileira Varig – Viação Aérea Riograndense, Real Aerovias e Panair do Brasil, com sucesso, embora infelizmente com um acidente grave com vítima fatal nas cores da companhia aérea gaúcha. Assim como no exterior, ele perdeu sua majestade para o Boeing 707 e o Douglas DC-8, mas sem reclamar de sua nova função, como avião cargueiro.


Em sua época, o Lockheed Constellation era superior a pelo menos dois de seus principais concorrentes, o Douglas DC-6 e Douglas DC-7, em quase tudo. Ele voava mais alto e mais veloz, tinha capacidade de passageiros e carga superior, era mais confortável e mais moderno. Só não era mais confiável que o Douglas DC-6, pois este era tracionado pelo motor Pratt & Whitney R-2800 Double Wasp, com menor número de falhas em pleno voo.


Na verdade, as versões Lockheed L-1049 Super Constellation podiam acomodar até 100 passageiros em classe única, em alta densidade, mas a grande maioria das companhias aéreas optava por configurações de média densidade, para até 80 passageiros, portanto com mais espaço entre fileiras de assentos, o que fazia jus ao preço alto das passagens na época.


VERSÕES DA FAMÍLIA CONSTELLATION

De modo geral, os aviões da família Lockheed Constellation eram clássicos projetos de quadrimotores de médio porte, com potente propulsão radial a pistão, com trem de pouso triciclo retrátil, com asas baixas e retas e cabines pressurizadas de construção semimonocoque convencional em alumínio e ligas metálicas, com capacidade para transportar entre 40 e 80 passageiros em viagens interestaduais, internacionais e intercontinentais.


Eles estiveram entre os primeiros modelos civis de aviões da década de 1940 com motorização radial a pistão da família Wright Duplex Cyclone, com 18 cilindros e um total de 55 litros, refrigerados a ar, com turbocompressor e injeção direta de combustível, de performance superior a outras famílias de motores radiais a pistão da época, com potência entre 2.000 hp e 3.700 hp, dependendo da versão. Essa família de motores foi utilizada também para tracionar o lendário bombardeiro americano Boeing B-29 Superfortress, usado pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, embora neste caso ainda sem a injeção direta.


A Lockheed Corporation utilizou como base para criação e desenvolvimento do Lockheed Constellation as asas do caça-bombardeiro militar bimotor a pistão Lockheed P-38 Lightning, utilizado intensivamente pelo Governo dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, mantendo basicamente o mesmo desenho das asas, mas, obviamente, com dimensões maiores.


As versões e sub-versões alongadas da família Lockheed Constellation, nomeadas como Super Constellation, foram, de longe, as mais fabricadas, com mais de 570 unidades vendidas, tanto civis quanto militares.  


LOCKHEED C-69 CONSTELLATION

LOCKHEED L-049 CONSTELLATION

O quadrimotor a pistão Lockheed L-049 Constellation foi o modelo original da família Lockheed Constellation, originalmente criado como um avião civil, para transporte comercial de passageiros, para atender uma encomenda da companhia aérea americana TWA – Transcontinental and Western Airlines, como cliente lançadora do modelo, planejado para entrar em serviço em 1943. Porém, antes de entrar em serviço como um avião comercial, as primeiras unidades fabricadas foram requisitadas pelo Governo dos Estados Unidos, para atender a Marinha e o Exército durante a Segunda Guerra Mundial, sendo renomeadas para Lockheed C-69 Constellation, lembrando que na época ainda não existia a US Air Force ou Força Aérea dos Estados Unidos.


Logo após a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1945, as unidades militares foram compradas pela TWA – Trancontinental and Werstern Airlines e incorporadas em sua frota de aviões domésticos e intercontinentais, com interior reconfigurado com camas e assentos para transporte de passageiros em viagens longas. Nessa companhia aérea americana ele estava configurado também para 44 passageiros, numa configuração convencional de média densidade, com assentos.


LOCKHEED L-149 CONSTELLATION

.

Versão melhorada da família Lockheed Constellation, para uso civil de companhias aéreas, com tanques de combustível adicionais, portanto com maior alcance. Na verdade, tratava-se de um versão retrofitada da família, utilizando como base as unidades já fabricadas do modelo original Lockheed L-049 Constellation.


LOCKHEED L-649 CONSTELLATION

Versão melhorada da família Lockheed Constellation, para uso civil de companhias aéreas, com peso máximo de decolagem aumentado para 42.600 kg, com tanques de combustível adicionais e motores mais potentes, portanto com maior alcance. O uso de quatro motores Wright R-3350 Duplex Cyclone, com potência de 2.500 hp cada permitiu melhorar o desempenho em pistas de pouso elevadas, em aeroportos quentes.


Com as melhorias, o preço por unidade aumentou para US$ 800 mil, em valores da época.


Uma sub-versão foi fabricada, a Lockheed L-649B Constellation, com trem de pouso e fuselagem reforçados.

 

LOCKHEED L-749 CONSTELLATION

LOCKHEED C-121 CONSTELLATION

Versão melhorada da família Lockheed Constellation, para uso civil de companhias aéreas, com peso máximo de decolagem aumentado para 48.000 kg, com tanques de combustível adicionais e motores mais potentes, portanto com maior alcance, inclusive com a capacidade de fazer voos intercontinentais entre Estados Unidos e Europa Ocidental sem necessidade de escalas para reabastecimento. Ele foi fabricado também para atender pedidos da US Air Force ou Força Aérea dos Estados Unidos e da US Navy ou Marinha dos Estados Unidos, renomeado para Lockheed C-121 Constellation.


Algumas sub-versões civis e militares foram fabricadas, a civil Lockheed L-749A Constellation, com trem de pouso e fuselagem reforçados, e a Lockheed VC-121B Constellation, o avião para transporte governamental do presidente dos Estados Unidos, o primeiro Air Force One da história dos Estados Unidos, na época utilizado pelo então presidente Dwight Eisenhower.


LOCKHEED L-1049 SUPER CONSTELLATION

Versão com fuselagem alongada da família Lockheed Constellation, com 5,6 metros a mais de comprimento total, portanto com maior capacidade de transportar passageiros, até 88 assentos confortáveis em uma configuração de média densidade, sem camas. Além disso, houve o acréscimo de radar meteorológico, uma maravilha tecnológica para a época, para melhorar a segurança operacional em dias chuvosos, aumento do peso máximo de decolagem para 54.000 kg e aumento da potência dos motores, para 2.800 hp cada.


Várias sub-versões foram fabricadas, incluindo a Lockheed L-1049G Super Constellation e a Lockheed L-1049H Super Constellation, ambas com inúmeras melhorias, utilizadas aqui no Brasil por companhias aéreas brasileiras.


LOCKHEED L-1649 STARLINER

Versão com fuselagem alongada da família Lockheed Constellation, com inúmeras melhorias, incluindo motores mais potentes Wright R-3350 Duplex Cyclone com potência aumentada para 3.400 hp cada, com maior capacidade de transportar passageiros e com asas totalmente novas. Foi utilizada intensivamente pela TWA – Transcontinental and Western Airlines, como um dos seus principais modelos para rotas intercontinentais, com alcance de até 11.000 quilômetros, mais do que suficiente para voar entre Houston, no Texas, até Paris, na França, por exemplo, sem escalas para reabastecimento no meio do caminho, algo impressionante na época.


MERCADO

O Lockheed Constellation foi um sucesso de vendas. Ele foi o primeiro avião comercial fabricado em série e em larga escala pela Lockheed Corporation, um dos principais aviões intercontinentais da época. Esse projeto tem uma importância histórica no contexto da aviação comercial pelo mérito de ter possibilitado a integração de continentes de forma nunca antes alcançada, com um nível de conforto sem precedentes até então, com autonomia verdadeiramente intercontinental, sem abrir mão de tecnologias consideradas avançadas para a época, como a pressurização de cabine. Ele foi largamente utilizado para transporte de passageiros e de cargas em todos os continentes, transportando milhões de passageiros, inclusive para o Brasil e a partir do Brasil, por companhias aéreas nacionais e estrangeiras.


Atualmente, a aeronave está aposentada, com algumas unidades disponíveis para visitação em museus, principalmente nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, e mais algumas unidades conservadas para demonstrações aéreas, uma delas de propriedade da fabricante de relógios de luxo Breitling.


CONSTELLATIONS DISPONÍVEIS PARA VISITAÇÃO

MUSEU

LOCAL

Pima Air & Space Museum

Estados Unidos (Tucson / Arizona)

Aeroporto Greenwood Lake (área aberta)

Estados Unidos (Nova Jersey)

Santa Cruz de La Sierra

Bolívia (anel viário de Santa Cruz)

Musée de l’Air et de l’Espace

França (Aeroporto Paris Le Bourget)

Museu TAM (atualmente fechado)

Brasil (São Carlos / São Paulo)

Museum of Flight

Estados Unidos (Seattle / Washington)

Air Mobility Command Museum

Estados Unidos (Dove / Delaware)

Museu Flugausstellung Hermeskeil

Alemanha (Hermeskeil)

Aeroporto Internacional de Munich

Alemanha (Munique)

Aeroporto Orlampa (Fantasy of Flight)

Estados Unidos (Lakeland / Flórida)

Aeroporto de Nantes (área aberta)

França (Nantes)

Aeroporto Rafael Hernández

Porto Rico

National Airline History Museum

Estados Unidos (Kansas City / Missouri)

Dutch National Aviation Museu

Holanda

National Museum of US Air Force

Estados Unidos (Wright-Patterson Base)

Lackland Air Force Base

Estados Unidos (San Antonio / Texas)

National Air and Space Museum

Estados Unidos (Virginia)

Charleston Air Force Base

Estados Unidos (Carolina do Sul)

Tinker Air Force Base

Estados Unidos (Oklahoma City)

Museum of Aviation

Estados Unidos (Warner Robins, Georgia)

Aerospace Museum of California

Estados Unidos (North Highlands)

Chanute Aerospace Museum

Estados Unidos (Rantoul / Illinois)

National Museum and Naval Aviation

Estados Unidos (Pensacola / Flórida)

Combat Air Museum

Estados Unidos (Topeka / Kansas)

Peterson Air and Space Museum

Estados Unidos (Colorado Springs)

Yanks Air Museum

Estados Unidos (Chino / Califórnia)

Naval Aviation Museum

Índia (Goa)

 

 


FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS


LOCKHEED L-649 CONSTELLATION

  • Capacidade: Aprox. 60 passageiros (média densidade);
  • Tripulação de cockpit: 1 piloto, 1 co-piloto e 1 engenheiro de voo;
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 600 km/h;
  • Comprimento: Aprox. 30 metros;
  • Envergadura: Aprox. 38 metros;
  • Altura da aeronave: Aprox. 7,3 metros;
  • Altura da cabine de passageiros: Aprox. 2 metros;
  • Motorização: 4 X Wight R-3350 Duplex Ciclone (2.500 hp / cada);
  • Hélices:
  • Teto de serviço: Aprox. 7.800 metros;
  • Vida útil da célula: Aprox.
  • Pista de pouso: Aprox. 1.999 metros (lotado / dias quentes);
  • Alcance: Aprox. 6.400 quilômetros (lotado / 75% potência / com reservas);
  • Peso máximo de decolagem: Aprox. 42.600 kg;


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lockheed_Constellation
  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Lockheed_Constellation
  • Wikimedia: Imagens

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