CONSOLIDATED PBY CATALINA

CONSOLIDATED PBY CATALINA (EUA)
VICKERS PBV CANSO (CANADÁ)
BOEING PB2B CATALINA (CANADÁ)
NAVAL PBN NOMAD (ESTADOS UNIDOS)
GIDROSAMOLET GST (UNIÃO SOVIÉTICA)
CONSOLIDATED XP3Y (PROTÓTIPO)


INTRODUÇÃO

Logo acima, o consagrado bimotor radial a pistão militar de transporte, patrulhamento marítimo e fluvial, busca e salvamento e reconhecimento, um dos mais importantes e bem sucedidos clássicos da aviação militar mundial, com mais de 3.300 unidades fabricadas, em várias versões, incluindo os modelos militares produzidos sob licença. Logo abaixo, um dos mais importantes e decisivos aviões da Segunda Guerra Mundial também foi utilizado por outras forças armadas, incluindo a FAB – Força Aérea Brasileira, inclusive durante e após essa grande guerra, até a década de 1980.

O Consolidated PBY Catalina é uma antiga aeronave bimotor de médio porte, do tipo hidroavião, com motorização radial a pistão, que possuía com capacidade para desempenhar funções militares de transporte de tropas e cargas, patrulhamento marítimo e fluvial, busca e salvamento e reconhecimento (espionagem), dentre outras funções militares e civis, projetada, desenvolvida e fabricada em larga escala a partir da década de 1930 pela então fabricante americana Consolidated Aircraft, principalmente nos Estados Unidos, embora algumas versões licenciadas tenham sido fabricadas também no Canadá e na antiga União Soviética, atualmente Rússia.


Ele foi projetado antes da Segunda Guerra Mundial, com fabricação em série iniciada em 1936, e ainda hoje é considerado uma das mais decisivas aeronaves dessa grande guerra, tendo desempenhado de forma eficiente funções de patrulha marítima / vigilância aérea; busca e salvamento de combatentes no mar; bombardeiro marítimo e terrestre; transporte logístico de cargas militares e combatentes; transporte de autoridades governamentais e militares de alta e média patentes; missões antissubmarino, inclusive com torpedos; reconhecimento militar (espionagem); e evacuação aeromédica; dentre outras missões.


Ainda hoje algumas dezenas de unidades dessa aeronave são utilizadas para combate a incêndios florestais em algumas partes do mundo.


A CONSOLIDATED AIRCRAFT

A Consolidated Aircraft foi uma das maiores e mais importantes fabricantes de aeronaves comerciais e militares do planeta. Ela foi fundada nos Estados Unidos pelo militar e industrial americano Reuben Fleet, em 1923, a partir da aquisição da massa falida das então fabricantes Gallaudet Aircraft e Dayton-Wright Company, dando origem, na época, a uma das principais fornecedoras de aeronaves militares para o U.S. Army ou Exército dos Estados Unidos e para a U.S. Navy ou Marinha dos Estados Unidos, lembrando que na época ainda não existia a U.S. Air Force ou Força Aérea dos Estados Unidos, que só foi criada em 1947, portanto depois da Segunda Guerra Mundial.


Entre seus principais executivos estiveram um dos maiores ícones da indústria aeronáutica mundial, o industrial americano Laurence Bell, que, posteriormente, fundou sua própria fabricante de aeronaves, a Bell Aircraft, por sua vez uma das primeiras fabricantes de helicópteros do mundo. Posteriormente, a partir de 1943, a Consolidated Aircraft passou por fusões e incorporações, inicialmente com a Vultee Aircraft, tornando-se então a Convair, consolidando a sua posição entre as maiores fabricantes de aeronaves do mundo, até ser comprada, em 1953, pela General Dynamics, e, em 1994, pela McDonnell Douglas, esta também uma das maiores fabricantes de aeronaves comerciais do mundo e uma das maiores empresas aeroespaciais do planeta, até 1997, quando foi comprada pela Boeing Company.


Nas décadas de 1920, 1930 e 1940, a Consolidated Aircraft e suas sucessoras estiveram entre as mais importantes fabricantes de aeronaves do mundo e entre seus principais produtos esteve o quadrimotor radial a pistão Consolidated B-24 Liberator, um dos principais bombardeiros da Segunda Guerra Mundial, com mais de 9.250 unidades fabricadas.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Logo acima, um dos mais importantes ícones da Segunda Guerra Mundial, o histórico hidroavião bimotor de uso militar Consolidated PBY Catalina, uma aeronave com capacidade para pousar e decolar em mares e rios, que chegou a ser operado intensivamente pelas principais forças aliadas durante essa grande guerra, incluindo a Marinha dos Estados Unidos e o Exército dos Estados Unidos, desempenhando papel honroso em inúmeras missões. Logo abaixo, o interior da aeronave, configurada para operações de busca e salvamento.

O Consolidated PBY Catalina é uma antiga aeronave bimotor de médio porte, de projeto anfíbio ou exclusivamente como aerobarco, dependendo da versão, com construção predominantemente convencional metálica, em alumínio e aço, sem pressurização e com trem de pouso triciclo retrátil nas versões anfíbias, com motorização radial aspirada a pistão e capacidade para transportar até 10 tripulantes militares, numa configuração de média densidade, principalmente em missões militares, projetada, desenvolvida e fabricada em larga escala a partir da década de 1930 nos Estados Unidos pela então fabricante Consolidated Aircraft, uma das maiores fabricantes de aviões militares da época.


Versões licenciadas do Consolidated PBY Catalina também foram fabricadas nos Estados Unidos, pela própria Marinha dos Estados Unidos, por meio da Naval Aircraft; no Canadá, pela Boeing Canadá e pela Canadian Vickers; e na antiga União Soviética, pela Gidrosamolet Transportnii; totalizando mais de 3.300 unidades, resultando no hidroavião militar mais vendido do mundo, em toda a história.


Por algum motivo, algumas fontes falam em mais de 4.000 unidades fabricadas, no total, enquanto outras falam em mais de 5.000 unidades.


Em uma de suas principais versões Consolidated PBY-5A Catalina, utilizada durante a Segunda Guerra Mundial pela Marinha dos Estados Unidos, pelo Exército dos Estados Unidos e pela FAB – Força Aérea Brasileira, por exemplo, ela era tracionada por dois motores radiais a pistão Pratt & Whitney R-1830-92 Twin Wasp, com hélices tripá metálicas, com 1.200 hp de potência em cada motor, o suficiente para um peso máximo de decolagem de 16.000 kg na água e uma velocidade de cruzeiro de 280 km/h, com 75% de potência.


Esse clássico avião de médio porte para uso predominantemente militar foi o hidroavião militar ou avião anfíbio militar mais vendido da história, com mais de 3.300 unidades fabricadas no total, incluindo as versões licenciadas, e um dos mais bem sucedidos projetos militares da história, principalmente nos aspectos operacionais. O projeto do Consolidated PBY Catalina tem uma importância histórica no contexto da Segunda Guerra Mundial e também no pós-guerra, neste caso pelo mérito de ter possibilitado a integração regional em diversos países de grandes dimensões, incluindo o Brasil, onde foi largamente utilizado para transporte de militares e civis e transporte de cargas leves para locais de difícil acesso, principalmente para a Amazônia Brasileira, seja como aeronave civil para transporte regional, atendendo mais de 40 municípios das regiões Norte e Centro-Oeste, nas cores da Panair do Brasil e Cruzeiro, até a década de 1960, seja para transporte militar, operado diretamente pela FAB – Força Aérea Brasileira, até a década de 1980, inclusive transportando médicos e medicamentos para locais de difícil acesso na Região Norte, incluindo a Amazônia, e em parte da Região Centro-Oeste.


O nome Consolidated PBY Catalina é uma homenagem do fabricante à Ilha Catalina ou Santa Catalina Island, localizada no Golfo de Santa Catalina, na costa oeste dos Estados Unidos, no estado norte americano da Califórnia, com seu litoral banhado pelo Oceano Pacífico. Até 1940, a aeronave recebia apenas a designação Consolidated PBY e o fabricante passou a adotar oficialmente o nome Consolidated PBY Catalina a partir de 1941, após uma encomenda de 30 unidades da Royal Air Force ou Força Aérea Real do Reino Unido, quando essa força aérea apelidou carinhosamente o avião de Catalina.


No meio aeronáutico, o Consolidated PBY Catalina é considerado um dos mais bem sucedidos projetos de aeronaves militares das décadas de 1930, 1940 e 1950, inclusive para transporte de tropas em trechos de até 4.000 quilômetros, em algumas versões, sem escalas para reabastecimento; para missões de busca e salvamento de militares e civis, em diversos contextos, inclusive em casos de acidentes aéreos envolvendo civis; para missões de patrulha marítima e fluvial, inclusive com a possibilidade de ser armado com bombas, metralhadoras e canhões; escolta marítima, para proteger embarcações amigas, militares e civis, dependendo de cada caso; para transporte logístico de cargas variadas; para transporte de autoridades governamentais e militares de média e alta patentes; e para assistência médica e humanitária em locais de difícil acesso; entre outras.


Apesar de alguns problemas técnicos, ele conseguiu alcançar a expressiva marca 40 submarinos destruídos antes, durante e após a Segunda Guerra Mundial, principalmente durante essa grande guerra. Ele só não foi mais eficiente na utilização de torpedos antinavios e antissubmarinos porque os Estados Unidos enfrentava, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, sérias dificuldades no desenvolvimento desses projéteis, alguns deles com menos de 20% de eficiência de acertos de alvos.


Embora seja uma aeronave antiga e totalmente ultrapassada tecnologicamente, trata-se de um dos mais respeitados veículos utilizados antes, durante e após a Segunda Guerra Mundial, com inúmeros casos em que sua presença no chamado teatro de operações foi realmente fundamental para o salvamento de vidas humanas na água, militares e civis; patrulhamento, localização, interceptação e destruição de alvos inimigos no solo e na água, principalmente navios e submarinos; missões de reconhecimento ou espionagem, embora neste caso sua eficiência fosse limitada pela baixa velocidade de cruzeiro.


Entre as explicações para o sucesso do Consolidated PBY Catalina, principalmente em sua versão melhorada Consolidated PBY-5A Catalina, estão o potente e confiável (para os padrões da época, é claro) motor radial a pistão Pratt & Whitney R-1830-92 Twin Wasp, com 1.200 hp de potência em cada motor, disponível na decolagem; a fuselagem robusta e aerodinamicamente bem resolvida, com construção convencional em alumínio e aço; asa com longarinas reforçadas e superdimensionadas, tornando lendária a solidez da aeronave, mesmo em situações críticas, em operações militares reais; manobrabilidade e docilidade de comandos, o que lhe rendeu mais um apelido carinhoso, o de Pata de Metal; o projeto prático, funcional e bem versátil, capaz de desempenhar diversas funções diferentes, a maioria funções militares, incluindo o patrulhamento marítimo, com armamentos embarcados, incluindo metralhadoras; o transporte logístico de materiais militares; o ataque leve ao solo e água, inclusive com bombas; a busca e resgate de militares e civis, incluindo náufragos e aeroacidentados; a evacuação aeromédica; o transporte de militares de alta e média patentes e, alguns casos, até de autoridades governamentais; o atendimento humanitário e médico em locais de difícil acesso, incluindo o transporte de médicos, enfermeiros e medicamentos; e até de reconhecimento ou espionagem, que, na prática, é quase a mesma coisa.


O seu projeto estava focado na operação simplificada, na medida do possível, com manutenção descomplicada, operando em pistas de pouso de comprimento limitado ou decolando a partir de mares, oceanos, rios e lagos, sempre com baixo índice de falhas de funcionamento dos sistemas hidráulico, elétrico e mecânico, considerando os padrões da época.


Anos mais tarde, já operando como aeronave civil, ele ganhou pelo menos mais uma função, o combate a incêndios florestais, como avião bombeiro.


HISTÓRIA

Logo acima, um dos mais eficientes e práticos hidroaviões de uso militar da história, fabricado em larga escala nas décadas de 1930 e 1940, o emblemático avião para uso predominantemente militar Consolidated PBY Catalina, um dos mais bem sucedidos veículos da Segunda Guerra Mundial, operado pelos Aliados e por nações amigas antes, durante e após essa grande guerra. Logo abaixo, o cockpit da aeronave, com instrumentos analógicos.

O icônico Consolidated PBY Catalina não é qualquer avião, ele é um avião especial. Quem projetou o Catalina sabia o que estava fazendo. Por exemplo, a asa-parasol possibilitava a fixação dos motores próximos à fuselagem, o que tornava a pilotagem possível mesmo em situações críticas, como, por exemplo, em caso de falha de um dos motores, pois a assimetria era tolerável.


Ele foi (e ainda é) o mais famoso hidroavião da história, o mais reverenciado e respeitado hidroavião da Segunda Guerra Mundial e do pós-guerra. Muitos que pilotaram o Catalina (a maioria já faleceu) falavam dele com um sentimento de respeito, de reverência, de admiração e até um pouco de saudade. Foram muitas missões de resgate de aeronautas militares das forças aliadas abatidos sobre o mar e de náufragos militares e civis de embarcações vítimas de forças inimigas realizadas com sucesso.


Há relatos de que o avião foi utilizado em operações de busca e salvamento sobre o mar com mais de 20 pessoas a bordo, incluindo a tripulação da própria aeronave, náufragos de embarcações, aeronautas militares e tropas de aviões abatidos, antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial, principalmente durante essa grande guerra, portanto sendo levado ao seu limite operacional. Outros relatos são ainda mais extremos: Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945, a aeronave teria pousado ou amerrissado no mar e teria sido então utilizada como se fosse um “bote salva vidas”, com mais de 50 náufragos do navio militar Indianapolis abrigados dentro da fuselagem, distribuídos sobre a fuselagem e sendo colocados sobre suas asas, para “protegê-los dos tubarões e/ou da água gelada e salgada do mar” até a chegada dos navios de socorro, já que esse número de pessoas ultrapassava o limite do avião, impossibilitando a decolagem.


O projeto do Consolidated PBY Catalina teve início há cerca de 87 anos atrás, mais precisamente em 1934, inicialmente como uma aeronave projetada para atender pedidos das divisões internas de aviação militar da U.S. Navy ou Marinha dos Estados Unidos e o U.S. Army ou Exército dos Estados, já que na época ainda não existia a U.S. Air Force ou Força Aérea dos Estados Unidos, inicialmente como um projeto de aerobarco ou bote voador, com capacidade de pousar e decolar a partir das águas do mar e dos rios, ou seja, no início ele ainda não tinha capacidade anfíbia, de pousar e decolar tanto na água quanto na terra, o que só ocorreu alguns anos depois, a partir da versão Consolidated PBY-5A Catalina, não por acaso a mais vendida.


O projeto foi focado em operações militares diversas, como, por exemplo, o patrulhamento marítimo, inclusive para atacar navios e submarinos com torpedos; o transporte logístico de materiais militares diversos, suprimentos em geral; o ataque leve contra navios e tanques, inclusive com bombas; a busca e resgate de militares e civis, incluindo náufragos e aeroacidentados sobre o mar; a evacuação aeromédica de militares e civis; o transporte de militares de alta e média patentes; o atendimento humanitário e o transporte de médicos, enfermeiros e medicamentos para locais de difícil acesso; e até de reconhecimento ou espionagem. Foram mais de 40 submarinos do Eixo destruídos pelo hidroavião americano, mas o número poderia ser maior, pois os torpedos americanos ainda não funcionavam bem.


Aqui no Brasil, nas águas territoriais brasileiras, o submarino alemão U-199 foi destruído pelo Consolidated PBY-5A Catalina da FAB – Força Aérea Brasileira, em 1943, pilotado pelo tenente Alberto Martins Torres. Para a execução dessa missão, a aeronave brasileira teve auxílio do avião de patrulha Martin PBM Mariner, da Marinha dos Estados Unidos, que também efetuou disparos. Lá no Atlântico Norte, em 1941, durante uma missão de patrulha, ele descobriu a presença do navio militar alemão Bismarck e transmitiu a informação para as Forças Armadas Britânicas, que trataram de afundar o couraçado.


Ele não foi o primeiro modelo de hidroavião militar da história, pelo contrário, naquela época era comum o uso de hidroaviões tanto na aviação militar quanto na aviação civil. Além disso, as Forças Armadas dos Estados Unidos já estavam em alerta sobre a possibilidade, probabilidade ou risco de um novo grande conflito em nível mundial, pois a Alemanha já dava sinais de insatisfação com os acordos de paz ou de cessar fogo e acordos de indenizações assinados no fim da Primeira Guerra Mundial e o Japão já dava sinais de ambições expansionistas no Oceano Pacífico, no Sudeste Asiático e, acredite, até contra a China.


Esse contexto geopolítico instável e perigoso acelerou os planos de modernização e incremento da frota de veículos militares em geral dos Estados Unidos, que, na época, já era uma das dez maiores do mundo. Embora os presidentes americanos da época, principalmente Franklin Roosevelt, e o Congresso dos Estados Unidos tentassem evitar a todo custo entrar em mais uma guerra, pois temiam perder popularidade, a probabilidade ou risco de entrar em mais uma Grande Guerra se tornou uma certeza com o audacioso ataque japonês contra a base militar de Pearl Harbor, na paradisíaca ilha do Hawaii ou Havaí, no Oceano Pacífico.


O antigo Consolidated PBY Catalina era um avião relativamente simples, fácil de pilotar, dócil, obediente aos comandos, não era um avião complicado, ele “não dava trabalho” de jeito nenhum, pelo contrário, bastava o piloto respeitar seus limites operacionais que raramente “algo dava errado”, era só não “abusar” dele. A maioria das ocorrências registradas com o Catalina tinha mais a ver com o contexto em que a aeronave estava (afinal, guerra é guerra), erros de operação ou condições externas desfavoráveis (mau tempo ou troncos flutuantes na água, por exemplo) do que com o projeto da aeronave.


Ele conseguia alcançar uma velocidade de cruzeiro razoável para a época, nada excepcional, de cerca de 280 km/h, com as manetes (ou os manetes) em 75% de potência, que era a porcentagem mais usada em condições normais de voo. Com as manetes em 85% de potência a velocidade podia chegar a 320 km/h, caso o vento não estivesse desfavorável. Para voos de patrulha, de translado ou de busca e salvamento, a potência utilizada era de 50% nas manetes, ou menos, com uma velocidade de cruzeiro econômica de apenas 200 km/h. Por isso ele ganhou mais um apelido, Tartaruga Voadora, inclusive aqui no Brasil.


Era um avião razoavelmente seguro, mas ainda precisava de melhoramentos e aprimoramentos, por isso foram criadas várias versões a partir do modelo original Consolidated PBY, cuja fabricação em série foi iniciada em 1936, com as primeiras entregas realizadas para a Marinha dos Estados Unidos e o Exército dos Estados Unidos, portanto antes da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, que, por sua vez, foi iniciada em 1939 (algumas fontes falam em 1937), mas com a entrada dos Estados Unidos apenas em 1941.


Como a fabricante americana Consolidated Aircraft não tinha condições estruturais de atender todos os pedidos de forças armadas de vários países, inclusive do Brasil, a solução encontrada foi licenciar a produção em larga escala do Consolidated PBY Catalina para as fabricantes canadenses Boeing Canada e Canadian Vickers, a primeira uma subsidiária da americana Boeing Company e a segunda uma subsidiária da britânica Vickers Limited; para a fabricante Naval Aircraft, de propriedade da própria Marinha dos Estados Unidos; e para a fabricante soviética Gidrosamolet Transportnii.


Durante a Segunda Guerra Mundial, parte das unidades usadas para patrulhamento e bombardeio marítimo contra forças japonesas no Oceano Pacífico foi pintada totalmente de preto, para dificultar a visualização à noite por forças inimigas, por isso essas aeronaves ganharam mais um apelido, Black Cats, ou, traduzindo, Gatos Pretos. 


Após a Segunda Guerra Mundial havia uma grande quantidade de aviões militares Consolidated PBY Catalina disponíveis para serem vendidos ao mercado militar e civil de nações amigas (amigas na época, pra deixar bem claro aqui) dos Estados Unidos, do Canadá, do Reino Unido e da Austrália, principalmente para forças armadas, já que o perfil do projeto da aeronave era predominantemente militar, a maior parte delas em ótimo estado de conservação.


Durante a década de 1950, as Forças Armadas dos Estados Unidos descomissionaram muitas unidades de Consolidated PBY Catalina ainda em condições de voo, muitos deles sendo vendidos a preços baixos para forças armadas de nações amigas (amigas na época) ou servindo de fonte de peças de reposição para unidades que ainda voavam em outras forças armadas.


No total, foram mais de 25 nações amigas dos Estados Unidos, do Canadá, do Reino Unido e da Austrália que operaram o Consolidated PBY Catalina e suas versões licenciadas, incluindo a Argentina, a África do Sul, o Brasil, o Chile, a China, a Colômbia, Cuba, a Dinamarca, o Equador, a Espanha, a França, a Indonésia, Israel, o Japão, o México, a Holanda, a Noruega, a Nova Zelândia, o Paraguai, o Peru, a Suécia, a União Soviética, as Filipinas e a Venezuela, entre outras.


A aeronave também foi operada por companhias aéreas regionais em várias partes do mundo.


A FAMÍLIA CATALINA

A família Catalina é composta por um modelo original de aerobarco ou bote voador e mais de 30 versões e sub-versões de aerobarcos e anfíbias projetadas, desenvolvidas e fabricadas a partir do modelo original, inclusive sob licença para a Boeing Canada, Canadian Vickers, Naval Aircraft e Gidrosamolet Transportnii, fabricadas nos Estados Unidos, no Canadá e na então União Soviética, atualmente Rússia.


Pra quem não sabe, o aerobarco ou bote voador é uma aeronave de asa fixa, um hidroavião, capaz de pousar e decolar somente na água, seja nos mares, rios e lagos. Ele possui uma fuselagem semi-estanque, ou seja, capaz de se manter sobre a água, sem afundar, de forma semelhante ou não muito diferente a uma embarcação, mas quando ganha velocidade suas asas dão-lhe sustentação, ou seja, a capacidade de voo. O aerobarco e o avião anfíbio são hidroaviões, mas a principal diferença entre eles é que o avião anfíbio é capaz também de pousar sobre pistas de pouso em solo, pois possui rodas.


O hidroavião americano possui construção convencional em alumínio e aço; asa para-sol e cauda cruciforme; asa molhada, ou seja, a própria asa é um tanque de combustível; e ailerons fabricados com cobertura de tecido, ou seja, entelados.


A primeira entrega do Consolidated PBY foi realizada em 1936 para a Marinha dos Estados Unidos. Com o passar dos anos e com o surgimento de versões melhoradas o avião alcançou sucesso entre forças armadas, inclusive a própria Marinha dos Estados Unidos, o Exército dos Estados Unidos, a Guarda Costeira dos Estados Unidos, a Royal Air Force ou Força Aérea do Reino Unido, a Royal Canadian Air Force ou Força Aérea do Canadá, a Força Aérea da Austrália e, é claro, a FAB – Força Aérea Brasileira.


O clássico hidroavião Consolidated PBY Catalina voou em todos os continentes do planeta e ainda hoje há dezenas de unidades em condições de voo, mantidas por colecionadores, por museus e, em alguns casos, até por serviços de combate a incêndios florestais.


A aeronave foi descomissionada na década de 1950 pela Marinha dos Estados Unidos e, posteriormente, na década de 1980, por outras forças armadas mundiais, inclusive pela FAB – Força Aérea Brasileira, por algumas razões, incluindo o limite de horas de voo da célula, o obsoletismo dos motores radiais a pistão, a impossibilidade de novos upgrades de aviônicos, a dificuldade de encontrar peças de reposição e o desempenho limitado, para os padrões da década de 1980.


CONSOLIDATED XP3Y

.

Protótipo de aerobarco ou bote voador oferecido em 1934 ao Governo dos Estados Unidos durante a concorrência ou licitação aberta para a fabricação de um novo modelo de hidroavião para a Marinha dos Estados Unidos e para o Exército dos Estados Unidos. Conhecido também como Consolidated XPBY, ele venceu a concorrência, oferecendo o melhor equilíbrio entre custo de aquisição, de cerca de US$ 90 mil, custo de manutenção, modernidade e eficiência.


CONSOLIDATED PBY-1

.

Modelo original de aerobarco, com fabricação seriada iniciada em 1936, baseado no protótipo Consolidated XP3Y, mas com algumas melhorias solicitadas pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, incluindo o motor mais potente Pratt & Whitney R-1830-64, com 900 hp de potência em cada motor, totalizando 1.800 hp disponíveis na decolagem.


Foram fabricadas 60 unidades, principalmente para a Marinha dos Estados Unidos.


CONSOLIDATED PBY-2

.

Versão com desempenho melhorado, com fabricação seriada iniciada em 1938, com reforço estrutural na fuselagem e na cauda, com mais de 50 unidades fabricadas, principalmente para a Marinha dos Estados Unidos.


CONSOLIDATED PBY-3

.

Versão com desempenho melhorado, com motor Pratt & Whitney R-1830-66, com 1.000 hp de potência em cada motor, com mais de 50 unidades fabricadas, principalmente para a Marinha dos Estados Unidos.

 

CONSOLIDATED PBY-4

.

Versão com desempenho melhorado, com motor Pratt & Whitney R-1830-72, com 1.050 hp de potência em cada motor, e bolhas de observação nas laterais da fuselagem, com mais de 30 unidades fabricadas, principalmente para a Marinha dos Estados Unidos.


CONSOLIDATED PBY-5 CATALINA

Versão com desempenho melhorado, com fabricação seriada iniciada em 1940, com maior capacidade de combustível, portanto com alcance maior, de até 4.000 quilômetros em algumas condições, inclusive usando combustível de maior octanagem, com motor Pratt & Whitney R-1830-82 ou Pratt & Whitney R-1830-92, com 1.200 hp de potência em cada motor, totalizando mais de 2.400 hp disponíveis na decolagem, com mais de 680 unidades fabricadas, principalmente para a Marinha dos Estados Unidos e para a Guarda Costeira dos Estados Unidos.


Foi a versão mais fabricada da família Catalina, incluindo algumas sub-versões notáveis, como o anfíbio Consolidated PBY-5A Catalina, com mais de 800 unidades fabricadas, operado inclusive pela FAB – Força Aérea Brasileira; o Consolidated PBY-IVA Catalina, para Força Aérea do Reino Unido; e o Gidrosamolet GST, com mais de 30 unidades fabricadas na União Soviética; totalizando mais de 1.500 unidades fabricadas.


A sub-versão Consolidated PBY-5A Catalina era anfíbia, ou seja, tinha capacidade para pousar e decolar tanto na água quanto em terra firme, canhão na cauda, radar, metralhadoras 12 mm, blindagem melhorada, atuadores hidráulicos e tanques de combustível autovedantes ou autoselantes.


CONSOLIDATED PBY-6A CATALINA

.

Versão melhorada, com radar e duas metralhadoras de nariz, sistema elétrico melhorado, empenagem traseira maior, principalmente a deriva, mantendo o motor Pratt & Whitney R-1830-92 da versão anterior, com os mesmos 1.200 hp de potência em cada motor, com mais de 170 unidades fabricadas no total, sendo 20 para a Marinha Soviética.


BOEING PB2B CATALINA

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Versão licenciada do Consolidated PBY-5 Catalina, fabricada pela Boeing no Canadá, com mais de 300 unidades fabricadas para a Força Aérea do Reino Unido e para a Força Aérea do Canadá.


NAVAL PBN NOMAD

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Versão licenciada do Consolidated PBY-5 Catalina, com tanques de combustível maiores, um sistema elétrico melhorado, fabricada nos Estados Unidos pela Naval Aircraft, com mais de 150 unidades fabricadas, sendo 138 alugadas para a Marinha Soviética.


VICKERS PBV CANSO

.

Versão licenciada do Consolidated PBY-5A Catalina, fabricada no Canadá pela Canadian Vickers, com mais de 380 unidades fabricadas, principalmente para a Força Aérea do Canadá e Exército dos Estados Unidos.


NO BRASIL

O bimotor anfíbio Consolidated PBY Catalina também foi operado intensivamente pela FAB – Força Aérea Brasileira. Esse avião bimotor radial a pistão foi operado intensivamente no Brasil até a década de 1980, quando foi substituído por aeronaves mais modernas e eficientes, principalmente os modelos com motores turboélice, como, por exemplo, o Lockheed P-3 Orion.


Nas décadas de 1940, 1950, 1960 e 1970, foram registrados no Brasil mais de 60 unidades de Consolidated PBY Catalina, operando em 6 companhias aéreas regulares, incluindo a Cruzeiro do Sul, a Panair do Brasil e a Lóide Aéreo, e operando na FAB – Força Aérea Brasileira, que utilizou as versões militares Consolidated PBY-5 Catalina, Consolidated PBY-5A Catalina e Consolidated PBY-6 Catalina para transporte de cargas e soldados, no atendimento humanitário à população brasileira em regiões inóspitas e isoladas do Brasil, principalmente na Amazônia.


A aeronave também foi utilizada pelo CAN – Correio Aéreo Nacional, no transporte de malotes postais e encomendas. Ao todo, foram mais de 30 unidades de versões militares do Consolidated PBY Catalina em uso intensivo pela FAB – Força Aérea Brasileira. A maioria desses aviões foi comprada diretamente das Forças Armadas Americanas e da Força Aérea do Canadá, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, principalmente para patrulhamento das áreas costeiras brasileiras.


O hidroavião Consolidated PBY Catalina, cuja designação oficial na Força Aérea Brasileira era Consolidated C-10, está exposto do MUSAL – Museu Aeroespacial, mantido pela própria FAB, no aeroporto Campo dos Afonsos, na cidade do Rio de Janeiro.


FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS


PBY-5A CATALINA

  • Capacidade: Até 10 tripulantes (missões de patrulha e ataque leve);
  • Capacidade de resgate: Até 16 vítimas (missões de busca e salvamento);
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 280 km/h (75% potência);
  • Velocidade de cruzeiro: Aprox. 320 km/h (85% potência);
  • Velocidade de longo alcance: Aprox. 200 km/h (50% potência);
  • Comprimento: Aprox. 20 metros;
  • Envergadura: Aprox. 32 metros;
  • Altura: Aprox. 6,2 metros (no solo);
  • Motorização (potência): 2 X Pratt & Whitney R-1830-92 (1.200 hp / cada);
  • Motorização: Radial a pistão, aspirado, 14 cilindros, refrigerado a ar, 30 litros;
  • Hélices: Metálicas, com três pás cada, velocidade constante;
  • Projetista: Isaac Laddon;
  • Teto de serviço: Aprox. 5.000 metros;
  • Alcance: Até 4.000 quilômetros (patrulha / 50% potência / com reservas);
  • Peso máximo de decolagem: Aprox. 16.000 kg;
  • Pista de pouso (terra): Aprox. 1.500 metros (lotado / dias quentes);


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Consolidated_PBY_Catalina
  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Consolidated_PBY_Catalina
  • Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Martins_Torres
  • Revista Voar
  • Wikimedia: Imagens

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