DOUGLAS DC-2

DOUGLAS DC-1 (PRÉ-SÉRIE)
DOUGLAS DC-2 (VERSÃO CIVIL)
DOUGLAS C-32 (VERSÃO MILITAR)
DOUGLAS C-33 (VERSÃO MILITAR)
DOUGLAS C-39 (VERSÃO MILITAR)


INTRODUÇÃO

Logo acima, o Douglas C-39, uma das versões militares do Douglas DC-2, utilizada pelo Exército dos Estados Unidos, antes da criação da US Air Force, a Força Aérea dos Estados Unidos. Logo abaixo, o Douglas DC-2, também da década de 1930, o pioneiro modelo original civil bimotor radial a pistão para transporte doméstico e regional de passageiros, um dos mais importantes clássicos da aviação comercial mundial, o antecessor do icônico best seller Douglas DC-3, por sua vez um grande sucesso mundial de vendas.

O Douglas DC-2 foi uma antiga aeronave bimotor de médio porte, com motorização radial a pistão e com capacidade para transportar até 14 passageiros em viagens intermunicipais e interestaduais (rotas domésticas), projetada, desenvolvida e fabricada em larga escala nos Estados Unidos pela então fabricante Douglas Aircraft na década de 1930, que utilizou como base para sua criação o antigo projeto de pré-serie do bimotor a pistão também radial para transporte doméstico e regional Douglas DC-1.


Três versões do Douglas DC-2 americano, uma fabricada na Holanda pela Fokker Aircraft, outra fabricada no Japão pela Nakajima Aircraft e outra fabricada no Reino Unido pela Airspeed Ltd, foram licenciadas para produção em série, embora tenham sido fabricadas em poucas quantidades. Os três modelos de aeronaves, o holandês, o japonês e o britânico, são semelhantes.


O principal concorrente do Douglas DC-2 foi o bimotor a pistão Boeing 247, também um produto avançado para época.


A DOUGLAS AIRCRAFT

A Douglas Aircraft foi uma das maiores e mais importantes fabricantes de aeronaves comerciais e militares do planeta. Ela foi fundada nos Estados Unidos pelo empresário americano Donald Douglas em 1921, foi posteriormente fundida, em 1967, com a também gigante fabricante aeroespacial americana McDonnell, dando origem na época à segunda maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, a McDonnell Douglas, até que, finalmente, foi comprada pela Boeing Company na década de 1990, consolidando a posição desta gigante aeroespacial, atualmente uma das maiores fabricantes de aeronaves comerciais do mundo e uma das maiores empresas aeroespaciais do planeta.


Ela foi uma grande e tradicional fabricante americana de aeronaves comerciais nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Ainda na década de 1960, a empresa foi fundida com a McDonnell, dando origem à segunda maior fabricante de aeronaves comerciais do mundo, uma das mais importantes, a McDonnell Douglas, cujos principais produtos comerciais eram o quadrimotor a jato intercontinental McDonnell Douglas DC-8, conhecido anteriormente como Douglas DC-8, cuja fabricação foi iniciada em 1958, o trimotor para viagens intercontinentais McDonnel Douglas DC-10, conhecido também como Douglas DC-10, cuja fabricação em série foi iniciada em 1971, e o bimotor para rotas domésticas McDonnell Douglas MD-80, um derivado do também bimotor doméstico Douglas DC-9, este com início da fabricação em série em 1965.


Posteriormente, na década de 1990, a McDonnell Douglas foi comprada pela Boeing, que manteve em linha de produção, por alguns anos ainda, o bimotor a jato McDonnell Douglas MD-95, renomeado para Boeing 717, um derivado modernizado do McDonnell Douglas MD-80.


PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Logo acima, o histórico bimotor para transporte doméstico e regional Douglas DC-2, um dos melhores aviões da antiga era da aviação comercial mundial, que chegou a ser operado intensivamente, por décadas seguidas, por mais de 35 companhias aéreas, em dezenas de países. Logo abaixo, o Douglas C-32, mais uma versão militar do Douglas DC-2.

O Douglas DC-2 foi uma antiga aeronave bimotor de médio porte, com construção totalmente metálica em alumínio, sem pressurização e com trem de pouso convencional retrátil, com motorização radial a pistão e capacidade para transportar até 14 passageiros em rotas domésticas e regionais, projetada, desenvolvida e fabricada em larga escala nos Estados Unidos pela então fabricante Douglas Aircraft na década de 1930, que utilizou como base para sua criação o antigo projeto de bimotor a pistão também radial para transporte doméstico e regional Douglas DC-1, que, na verdade, não chegou a ser fabricado em série.


Ele tem uma fuselagem cerca de metro mais comprida que a fuselagem do Douglas DC-1, portanto com capacidade para transportar dois passageiros a mais, mas mantendo o mesmo alto nível de conforto, para os padrões da época, é claro. O Douglas DC-1, por sua vez, era um avião de pré-série encomendado pela então companhia aérea americana TWA – Transcontinental and Western Air, a predecessora da TWA - Trans World Airlines. Além disso, o Douglas DC-2 era tracionado por dois motores radiais a pistão da extensa série Wright Cyclone R-1820, começando pelo Wright Cyclone R-1820-F2 de 710 hp em cada motor, cerca de 20 hp mais potentes, cada, que os motores radiais a pistão do Douglas DC-1. Com o passar dos anos, as sub-versões seguintes do Douglas DC-2 e suas versões militares receberam motores mais potentes, chegando até 875 hp, embora seja possível encontrar em museus alguns modelos retrofitados para até 975 hp, inclusive no Museu Nacional de Aviação da Holanda.


Esse clássico avião comercial e militar de médio porte para transporte doméstico e regional de passageiros e uso militar foi um dos produtos mais avançados da história do transporte aéreo regular. Ele foi um dos responsáveis por introduzir na aviação comercial e regular de médio porte a tecnologia de construção intensiva em metal, pois antes dele parte da estrutura dos aviões do mesmo tamanho era construída em madeira, portanto sujeita a apodrecimento causada pela umidade.


Com mais de 200 unidades fabricadas no total, incluindo as versões licenciadas para outros fabricantes e incluindo as versões militares, ele pode ser considerado sim um dos mais bem sucedidos projetos, principalmente nos aspectos comerciais e operacionais, embora possuísse alguns pontos fracos em seu projeto que precisassem ser melhorados, mas nada grave.


O projeto do Douglas DC-2 tem uma importância histórica no contexto da aviação doméstica e regional mundial pelo mérito de ter pavimentado o caminho para a criação, desenvolvimento e fabricação em série e em larga escala de um grande sucesso de vendas da aviação, um ícone do transporte aéreo de passageiros, o bimotor a pistão Douglas DC-3, que, por sua vez, possibilitou a integração regional em diversos países de grandes dimensões, incluindo o Brasil, onde foi largamente utilizado para transporte de milhões de passageiros e o transporte de cargas, a serviço dos Correios, inclusive.


No meio aeronáutico, o Douglas DC-3, por sua vez, é considerado um dos mais bem sucedidos projetos de aeronaves militares para transporte de tropas e um dos mais bem sucedidos projetos de aeronaves comerciais para transporte de passageiros em linhas domésticas, regionais e, em alguns casos, até internacionais. Esse avião é o predecessor de todos os projetos de aviões regionais atuais e das décadas passadas fabricados no planeta, ainda hoje é considerado uma inspiração filosófica para os projetistas de aviões regionais.


Embora seja uma aeronave antiga e totalmente ultrapassada tecnologicamente, a filosofia de trabalho usada na criação e no desenvolvimento do Douglas DC-3 ainda hoje é usada, pelo menos em parte, para a criação dos projetos atuais de aviões regionais, de diversos fabricantes, usados no transporte doméstico e regional de passageiros.


A explicação é simples, um avião regional deve ser prático, robusto, simples, funcional, seguro, econômico, inteligente, razoavelmente confortável, pelo menos, moderno e adaptado a aeroportos de dimensões limitadas, muitos deles cercados de bairros residenciais. O seu projeto deve ser focado na operação simplificada, na medida do possível, em pistas de pouso de comprimento limitado, com baixíssimo índice de falhas de funcionamento dos sistemas hidráulico, elétrico, eletrônico e mecânico, principalmente nas decolagens e nos pousos.


O Douglas DC-3 foi um dos primeiros modelos de aviões comerciais de porte médio equipados com piloto automático, uma maravilha tecnológica para a época. Antes dele, o Douglas DC-2, o predecessor do Douglas DC-3, já contava com piloto automático, fabricado a partir de 1934.


HISTÓRIA

Logo acima, um dos mais populares aviões comerciais do mundo na década de 1930 e 1940, o avião regional da Douglas Aircraft foi uma referência em conforto, tecnologia e desempenho na época, um dos preferidos pelos passageiros. Logo abaixo, mais uma versão militar do Douglas DC-2, o bimotor a pistão Douglas C-33, também operado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos.

O projeto do Douglas DC-2 teve início há quase 90 anos atrás, mais precisamente em 1933, inicialmente como uma aeronave projetada para atender pedidos de companhias aéreas americanas, principalmente da então TWA – Transcontinental and Western Air, e da companhia aérea holandesa KLM – Royal Dutch Airlines, para transportar com razoável conforto até 14 passageiros, inicialmente tracionado por dois motores radiais a pistão Wright Cyclone R-1820-F2, com 710 hp de potência em cada motor, posteriormente trocados por motores mais potentes da mesma família de motores Wright Cyclone R-1820.


Apenas um ano antes, mais precisamente em 1932, a Douglas Aircraft já havia criado, desenvolvido e fabricado apenas uma unidade de pré-série do Douglas DC-1, o irmão mais velho e mais curto do Douglas DC-2, também a pedido da TWA – Transcontinental and Western Air, de propriedade do milionário americano Howard Hughes. O primeiro avião da linhagem conhecida por décadas como Douglas DC, que significa Douglas Commercial Aircraft, foi o Douglas DC-1, conhecido também como Douglas Commercial Model One, um bimotor radial a pistão, mais curto que seus irmãos posteriores, para atender pedidos de companhias aéreas americanas, principalmente a TWA.


O Douglas DC-1 não chegou a ser fabricado em série, pois a TWA queria um avião maior, mais comprido, para atender a crescente demanda pelo transporte aéreo doméstico na época. Assim nasceu o Douglas DC-2, esse sim fabricado em larga escala, com capacidade para transportar com razoável conforto até 14 passageiros, e mantendo grande parte das características técnicas do Douglas DC-1, incluindo o então moderno sistema de aquecimento da cabine de passageiros, o trem de pouso retrátil e as hélices de passo variável. Esses três itens, somados a vários outros presentes no Douglas DC-2, tornou o modelo um dos mais modernos aviões comerciais da época, lembrando que se trata da década de 1930.


O Douglas DC-2 era o sonho da elite e da classe média americana da época, ele possuía galley e toalete e conseguia alcançar uma velocidade de cruzeiro bem razoável para a época, de cerca de 350 km/h. Era um avião razoavelmente seguro, mas ainda precisava de melhoramentos, principalmente para torná-lo mais obediente aos comandos e para permitir operações mais seguras em condições atmosféricas de baixa temperatura ambiente.


Ele possuía características indispensáveis para o transporte regional e doméstico de passageiros, entre elas a robustez, a simplicidade, a economia de combustível, a manutenção razoavelmente simples, e a flexibilidade operacional para pousar e decolar em pistas de pouso de comprimento limitado. Só pra se ter uma ideia, o Douglas DC-2 foi projetado desde o início para decolar com 14 passageiros e bagagem leve, em dias quentes, com 85% da capacidade total dos tanques, em uma pista de pouso de apenas 1.200 metros de comprimento.


O Douglas DC-2 foi considerado um divisor de águas dentro do mercado de transporte aéreo doméstico nos mercados mais desenvolvidos, principalmente Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental. A partir do Douglas DC-2, os usuários do transporte aéreo regular passaram a ter uma nova e melhor impressão sobre os níveis de segurança e conforto em suas viagens, fazendo jus ao alto preço das passagens na época.


Hoje em dia, se olharmos para trás e compararmos a tecnologia disponível na época com a tecnologia disponível atualmente, nos surpreendemos com os níveis de conforto e de segurança atuais em relação aos preços populares atuais das passagens aéreas. Mas é necessário lembrarmos que o Douglas DC-2 foi usado intensivamente no início da era do transporte aéreo regular, em que quase todos os insumos do serviço eram mais difíceis e, portanto, mais caros.


Na época, ainda na década de 1930, uma unidade de Douglas DC-2 custava para as companhias aéreas cerca de US$ 80 mil (dólares), o equivalente hoje a cerca de US$ 1,3 milhão (dólares), o preço a pagar por um produto inovador, de qualidade superior, à frente de seu tempo, com construção inteiramente em metal, já que na época parte dos aviões comerciais ainda eram fabricados com alguns elementos estruturais de madeira, sujeitos a falhas estruturais provocadas pela ação da umidade.


Só pra se ter uma ideia: Uma unidade nova de ATR-72, para 70 passageiros, custa em torno de US$ 28 milhões (dólares) e um Embraer E-190 E2 novo, para 100 passageiros, custa em torno de US$ 58 milhões, ambos em valores de tabela, lembrando que grandes companhias aéreas e grandes empresas de leasing (aluguel de aviões), que compram em grande quantidade, conseguem descontos.


MERCADO

Logo acima, a cabine de comando ou cockpit de um dos mais populares aviões comerciais do mundo nas décadas de 1930, 1940 e 1950, o bimotor a pistão Douglas DC-2, o primeiro modelo de série da linhagem Douglas DC. Logo abaixo, uma imagem da época em que viajar de avião era coisa chique. Naquela época, cavalheiros e damas vestiam o que havia de melhor em seus guarda-roupas, mesmo que para fazer uma simples viagem regional.

As primeiras entregas do Douglas DC-2 foram realizada em 1934 para a TWA – Transcontinental and Western Air e KLM – Royal Dutch Airlines, dos Estados Unidos e da Holanda, respectivamente. O sucesso comercial desse modelo de avião foi imediato, os passageiros gostaram do avião. No total, a Douglas Aircraft fabricou mais de 160 unidades civis do Douglas DC-2 e de suas sub-versões, todas com motorização mais potente que a motorização do modelo original. Também foram fabricadas versões militares do Douglas DC-2, renomeadas para Douglas C-32, Douglas C-33, Douglas C-39 e Douglas C-42, entre outros, para atender as Forças Armadas dos Estados Unidos e de outros países.


Durante a Segunda Guerra Mundial, a Douglas Aircraft se concentrou na fabricação do Douglas C-47, a versão militar do Douglas DC-3, por sua vez um derivado do Douglas DC-2, com fuselagem mais larga e motores mais potentes, operado intensivamente em missões de transporte de cargas e tropas, missões de patrulha e reconhecimento aéreo, lançamento de paraquedistas, transporte de feridos, busca e salvamento e, em alguns casos, até como bombardeiros.


PRINCIPAIS OPERADORAS CIVIS E MILITARES DO DOUGLAS DC-2

Australian National Airways

Austrália

Cruzeiro do Sul

Brasil

Panair do Brasil

Brasil

CNAC

China

SCADTA / Avianca

Colômbia

Deutsche Lufhansa

Alemanha

KLM

Holanda

Swissair

Suíça

American Airlines

Estados Unidos

Braniff Airways

Estados Unidos

Delta Airlines

Estados Unidos

Eastern Airlines

Estados Unidos

Pan Am – Pan American Airways

Estados Unidos

TWA – Transcontinental and Western

Estados Unidos

Pluna

Uruguai

Exército dos Estados Unidos

Estados Unidos

Royal Australian Air Force

Australia

Governo Federal da França

França

Luftwaffe (Força Aérea)

Alemanha

Exército do Japão

Japão

Força Aérea da Espanha

Espanha

Royal Air Force

Reino Unido

 

 


NO BRASIL

Algumas companhias aéreas brasileiras das décadas de 1930, 1940 e 1950 chegaram a operar o Douglas DC-2 no Brasil, entre elas a Aerovias Brasil, a Aerovias Minas Gerais, a Cruzeiro do Sul e a Panair do Brasil. Esse avião bimotor radial a pistão foi operado intensivamente no Brasil até a década de 1970, quando entrou em operação o turboélice bimotor Embraer EMB-110 Bandeirante, fabricado pela então principiante Embraer.


A principal função do Douglas DC-2 na época era fazer as ligações entre as capitais brasileiras e as cidades do interior, lembrando que na época as condições de conservação das rodovias brasileiras não eram boas, portanto a melhor e mais prática forma de viajar pelo país era o avião.


FICHA TÉCNICA
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

  • Capacidade: 14 passageiros (média densidade);
  • Tripulação: 1 piloto (comandante) e 1 co-piloto e 1 comissária;
  • Velocidade de cruzeiro (original): Aprox. 330 km / h;
  • Velocidade de cruzeiro (sub-versões): Aprox. 350 km / h;
  • Comprimento: Aprox. 18,9 metros;
  • Envergadura: Aprox. 26 metros;
  • Altura: Aprox. 5 metros;
  • Motorização / original (potência): 2 X Wright Cyclone R-1820-F2 (710 hp / cada);
  • Motorização / sub-versões (potência): 2 X família Wright R-1820 (até 875 hp / cada);
  • Teto de serviço (original): Aprox. 5.000 metros;
  • Teto de serviço (motor F52): Aprox. 6.800 metros (homologado);
  • Alcance (original): Aprox. 1.600 quilômetros (lotado / 75% potência / com reservas);
  • Peso máximo de decolagem (original): Aprox. 8.100 kg;
  • Peso máximo de decolagem (sub-versões): Até 8.400 kg;
  • Pista de pouso: Aprox. 1.200 metros (lotado / dias quentes);


REFERÊNCIAS E SUGESTÃO DE LEITURA

  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_DC-2
  • Wikipedia (em inglês): https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_DC-1
  • Wikimedia: Imagens

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